João Paulo Rillo: Alckmin, um encouraçado sem rumo no qual ninguém embarca
Tempo de leitura: 3 minPor João Paulo Rillo
NEM CORAÇÕES, NEM MENTES
por João Paulo Rillo*
Usar uma expressão de origem bíblica para justificar violência não é recurso inédito na história do marketing da extrema direita.
Diante do atentado a tiros sofrido pela caravana do Lula, seu adversário político, o ultracatólico Alckmin apostou na tática e declarou:” está colhendo o que plantou “(“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”, Gálatas 6:7).
A repercussão foi negativa e o governador tentou voltar atrás. Mas a lambança estava feita.
Mais do que revelar o caráter diminuto do homem que a proferiu, a declaração mostra a trapalhada de um político que, após décadas no poder, descobre-se sem discurso, sem programa e, segundo as pesquisas, sem eleitores.
Nem corações, nem mentes: Alckmin é um encouraçado sem rumo no qual ninguém embarca. E que, de repente, se vê tendo que falar a língua dos extremistas que ele mesmo ajudou a criar, correndo atrás de votos com perfil de Jair Bolsonaro.
A fala é tão nonsense que sequer resiste ao primeiro teste: o que mereceria, então, alguém que semeia como Alckmin?
Ele deve achar, por exemplo, que os policiais estão colhendo o que plantam com o aumento de 40% na morte de policiais militares no Estado em apenas um ano. Por isso não investe.
Apoie o VIOMUNDO
Que um cidadão que decide entrar na polícia civil, onde há um déficit de 12 mil policiais, diante da precariedade das condições de trabalho, está apenas colhendo o que plantou.
O que merece alguém que investe abaixo do mínimo constitucional em Educação, paga professores abaixo do piso, paga funcionários menos do que o salário mínimo, fecha delegacias, escolas, salas de aula, obriga crianças a comerem merenda enlatada com altos índices de sódio, gordura e conservante? Isso quando tem!
O que merece colher? Certamente, não a Presidência do Brasil.
Governador do maior e mais rico Estado do Brasil, postulante à Presidência desde 2006, Geraldo Alckmin nunca se interessou em construir um programa nacional. Ou não foi capaz. É o paradoxo do liberal: como posso ter um projeto de Estado quando meu projeto é eliminar o Estado?
A resposta da direita este ano parece estar não no conservadorismo econômico dos liberais e, sim, no perigoso conservadorismo da moral.
Assim, o homem que acumula sob si a maior máquina eleitoral do país, aparelhada por gerações e blindada por todos os lados, decide tentar tirar da cartola um discurso apolítico e perigoso, com mais pinta de rede social do que de República.
Muito se fala de uma crise na esquerda.
Mas a verdade é que a direita brasileira, ao implodir a democracia e as instituições republicanas, alimentou alguns monstros que, crescidos, não se contentam mais com os restos de seus donos.
Com experiência em ser devorado pelas próprias criaturas, o Dr. Frankenstein paulista chega a 2018 trocando os pés pelas mãos e mostrando que está disposto a tudo, até a ser avalista de atentado.
Enquanto Guilherme Boulos e Manuela D’Ávila sobem ao palanque com Lula em defesa da democracia, do outro lado do rio o cenário é de terra arrasada.
Para quem leva a política a sério, é triste e preocupante ver o governador de São Paulo jogando ossos para a cadela do fascismo em busca de voto.
Espero que sua caminhada seja interrompida em breve; não por um tiro, mas pelo voto popular.
*João Paulo Rillo é deputado estadual (Psol/SP)
Leia também:
Em ato, esquerda consolida frente única contra o fascismo; veja como foi
João Paulo Rillo
Vereador em Rio Preto e presidente do PSOL-SP.
Comentários
Julio Silveira
São Paulo de ex locomotiva da economia, passou a trator sobre a Democracia.
enganado
Não há o que se preocupar, só DEUS sabe qual dos dois é pior, ou seja, quem está abençoando quem. Mas com certeza qdo diabo viu os dois juntos correu o mais que pode para bem longe, para não pegar rebarba da carga negativa do ambiente.
Edgar Rocha
Alckmin fez vista grossa às milícias de policiais associadas ao crime organizado. O epicentro da criminalidade nacional é São Paulo, com o PCC e sua associação criminosa com o Estado, em especial com a forças de segurança.
Agora o Chuchu com gosto de jiló escorrega igual quiabo quando o tema é segurança pública. Com o apoio da Globo, esconde a gravidade do problema no Estado, transferindo o ônus da violência para o Rio e o Nordeste. Uma bomba-relógio.
A PM fecha com Bolsonaro. O PCC chantageia ao estilo “salve-geral”, milícias financiam crimes políticos capazes de fazer curvar até o governo golpista, como no caso de Marielle (balas de São Paulo, diga-se). Nem o crime organizado respeita este crápula, fascista e irresponsável. Periga a Globo preferir o Meirelles e traí-lo (uma queda de helicóptero viria a calhar, se ele encher muito o saco).
Enfim, a lavoura está pronta. Alckmin nem pensa em colhê-la. Nem é bom tentar. Acho que ele vai pedir um financiamento pro BNDES e declarar que foi atacado por uma praga de gafanhoto, atravessar o mar à pé e ir morar em Israel.
Andr
Não seria tão otimista assim.. ele tem grande chances principalmente com essa esquerda esfacelada.
FrancoAtirador
Os Candidatos da Globo Continuam Pagando Mico …
https://twitter.com/luisnassif/status/981239192859693058
Deixe seu comentário