João Franzin: O medo deixou a esperança no banco de reservas

Tempo de leitura: 2 min

O vídeo do PT

João Franzin, da Agência Sindical, via e-mail

O Partido dos Trabalhadores está veiculando vídeo institucional na televisão aberta, com repercussão nos sites, blogs e em outros meios. A ideia básica da peça é lembrar aos brasileiros a situação do País antes dos governos petistas, alertando para os riscos de se perder aquilo que foi conquistado.

Por se tratar de peça visual, essencialmente, o vídeo carrega nas imagens e cenas. Há um tom lúgubre em toda a narrativa: música, imagens, personagens, clima. Se está se falando de um passado pior do que o presente, há que se carregar nas tintas. Foi o que fez o marqueteiro oficial, João Santana, refletindo o ponto de vista do PT.

O vídeo é um movimento tático, dentro da luta maior pela hegemonia política da Nação. Em sintonia com um ensinamento do antigo (a guerra se ganha basicamente na defesa), o PT primeiro defende. Essa é uma qualidade e ao mesmo tempo um defeito da peça.

Está certo o partido ao mostrar suas realizações, comparar, indicar ganhos, defender e alertar para riscos de perdas concretas. É a qualidade. O defeito está em não sinalizar para o futuro, uma vez que o voto tem sempre um componente de esperança.

Outra observação. Ao expor pessoas que melhoraram sua vida e ascenderam socialmente (o IBGE atesta), o vídeo não mostra um único negro. Os negros são os mais pobres da população e, por extensão, entre os que subiram na vida, formam um destacamento grande e representativo.

Considero erro, também, não mostrar, ainda que de relance, a figura de Lula, pela força de sua história e identificação com os que vieram de baixo.

A esta altura do campeonato eleitoral, ninguém veicularia um vídeo em rede nacional sem antes testar sua reação ante grupos representativos do eleitorado. João Santana não colocaria em risco o próprio pescoço. A própria reação da mídia (colunistas, comentaristas, etc.), embora previsível, quero crer foi também pensada e calculada, porque isso é elementar nesse tipo de iniciativa.

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O PT, apesar da fadiga dos metais, é ainda um partido orgânico, com direção, quadros, militância e muitos simpatizantes. O vídeo fala ao coração da militância e atiça o petismo, que sempre é forte na reta de chegada das eleições.

Vou propor uma experiência. Exibir o vídeo a um grupo de dirigentes sindicais não-petistas e também a grupos de trabalhadores das categorias representadas, medindo a reação de cada grupamento. Até porque a reação dos supostos formadores de opinião da nossa imprensa já ficamos conhecendo no dia seguinte à estreia da peça.

João Franzin é jornalista da Agência Sindical

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Comentários

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Roberto Ribeiro

Realmente foi na veia, o PSDB, o PIG, o PSOL e a esquerda aliada da Direita anti-PT não gostaram.

FrancoAtirador

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É. Se depositar toda a Esperança

apenas na Manutenção do Resultado,

leva um empate aos 48′ do 2º tempo

e perde de goleada na prorrogação.

(Vide Atletico de Madrid x Real Madrid

na final da Copa dos Campeões da Europa):

(http://trivela.uol.com.br/pela-primeira-vez-um-derbi-municipal-na-decisao-da-champions-o-maior-classico-madrileno-da-historia)
(http://trivela.uol.com.br/contra-um-time-que-foi-puro-coracao-o-real-madrid-teve-que-mostrar-o-seu)
(http://trivela.uol.com.br/derrota-doi-mas-nao-derruba-grandeza-deste-atletico-de-madrid)
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Julio Silveira

Peraí, não vamos cair nessa esparrela da direita astuta quando querem associar aquele criticado terrorismo político, feito quando o Lula concorria a seu primeiro mandato, com esse cujos históricos estão aí visíveis para comparação.
Na tentativa direitista havia uma clara tentativa de associar a incógnita Lula ao caos, inclusive com uma mística de retrocesso pairando no ar, coisa que a direita usa sem pudor, mesmo em momentos de estabilidade política e econômica, mas estando eles em desvantagem no poder do país para fazerem valer todas as suas prerrogativas.
Agora a situação, para mim, é muito diferente. Trata-se de mostrar a uma população reconhecidamente de pouca memória, por que ela é trabalhada para tal e geralmente para beneficiar seus algozes, os avanços que alcançaram se compararmos com o periodo de perdas justamente quando foram governados pelos representantes partidários dos adversários. Não trato isso como um resgate do medo contra a esperança mas uma aula de historia que é e será certamente sonegada por quem tem o poder de escrever a historia hoje no Brasil. Para mim é obrigação do governo lutar para firmar sua marca na mente dos cidadãos e não permitir que seus adversários contem a sua historia de forma destorcida como tentam diuturnamente. Ao permitirem estarão aceitando que os trabalhadores, as classes sociais que tem merecido atenção deste governo de gente do povo, não tem competência para o poder, é o mesmo que se resignar com a senzala.

Mário SF Alves

“Está certo o partido ao mostrar suas realizações, comparar, indicar ganhos, defender e alertar para riscos de perdas concretas. É a qualidade. O defeito está em não sinalizar para o futuro, uma vez que o voto tem sempre um componente de esperança.”
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Perfeito o raciocínio.

Mas, desde quando, no Brasil, a esperança depende só do governo?
Desde quando?
E o cenário de crise internacional; de crise estrutural do capitalismo?
E a pressão interna por parte da grande mídia travestida de partido fora da lei?
E a pressão externa com o The Economist pedindo a cabeça do ministro Mantega? Mera circunstância?

    Mário SF Alves

    João,

    Com o devido respeito e reconhecendo a importância de sua crítica, mas o que dizer dos governos anteriores, não só o do FHC, que obviamente contou com integral e irrestrito apoio do poder de fato?

    E mais, o que dizer dos governos da ditadura empresarial-militar, tinham todo o poder para resolver o Brasil não tinham? E por que não o fizeram?
    _________________________
    Sobre a esperança.

    O Pré-sal é uma parte dela, não é?

    E o que daquilo que é infinitamente mais importante: a democratização dos meios de comunicação e a respectiva consolidação da Democracia no Brasil?

    Isso não é esperança?

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