Jeferson Miola: Política do Banco Central é a continuidade do 8 de janeiro pela via do terrorismo econômico
Tempo de leitura: 3 minPolítica do Banco Central é a continuidade do 8 de janeiro via terrorismo econômico
Por Jeferson Miola, em seu blog
As taxas estratosféricas de juros do Banco Central causam desajuste permanente das finanças públicas e desequilíbrio fiscal crônico. São, por isso, um fator relevante de atraso e estagnação do país.
O aumento dos gastos do Tesouro com o pagamento de juros da dívida beneficia um punhado de rentistas, ao passo que reduz a disponibilidade de dinheiro público para o conjunto de obras, investimentos e políticas públicas direcionadas a dezenas de milhões de brasileiros.
O aumento do gasto do Tesouro para o pagamento de juros cria um círculo vicioso que obriga o governo ou [i] a cortar despesas essenciais, urgentes e prioritárias, ou [ii] a se endividar no mercado pagando juros absurdos, o que amplia ainda mais a necessidade de aumentar a arrecadação pública não para ampliar investimentos e políticas públicas, mas para transferir a rentistas.
Só nos dois últimos anos do governo Bolsonaro, o aumento dos gastos para o pagamento dos juros estratosféricos fixados pelo Banco Central representou um excedente de gastos de R$ 410 bilhões – quase quatro anos de Bolsa Família de R$ 600 turbinado com R$ 150 por criança de até 6 anos de idade.
A direção “autônoma” do Banco Central, nomeada pelo governo anterior, simplesmente despreza as diretrizes do governo eleito e mantém a política de juros altos, mesmo com o fracasso rotundo desta escolha.
Além do Banco Central não conseguir conter a inflação dentro da meta com a política de juros altos, em 2021 o desempenho foi ainda mais desastroso, quando a inflação ultrapassou o dobro da meta estabelecida pelo próprio Banco Central.
Esta realidade de “comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil” [Lei 179/2021] é causa justa para a demissão de Roberto Campos Neto, o presidente bolsonarista da instituição.
A despeito de todas evidências da realidade que indicam o fracasso da política de juros altos mantida “em nome do risco fiscal” [ata Copom], “o Brasil continuará a ter a taxa real, descontada a inflação, mais alta do mundo, quase 8% ao ano”, denuncia André Lara Resende em artigo no Valor [7/2/2022].
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Com isso, o Brasil segue na contramão da maioria de países desenvolvidos, que praticam juros reais negativos.
Qual a razão para isso?, pergunta Lara Resende, que responde: – “A necessidade de ancorar expectativas. Expectativas de quem? Do mercado financeiro, divulgadas pelos seus próprios analistas. Por que estariam ancoradas? Por causa do risco fiscal que eles mesmos decretaram ser muito alto e se encarregam de propagar por toda a mídia”.
Por fim, Lara Resende ironiza este raciocínio em looping do rentismo: “independentemente dos dados e da realidade, decide-se que o risco fiscal é alto. Estipula-se que o risco fiscal determina as expectativas de alta da inflação e que a alta de juros irá reverter o quadro”.
A autonomia do Banco Central [Lei Complementar nº 179/2021] sequestra a soberania popular, uma vez que retira do governo eleito a prerrogativa de realizar a gestão monetária e executar o plano de desenvolvimento escolhido nas urnas.
Dirigido pela equipe designada pelo governo fascista-militar, o Banco Central está sendo manejado para práticas de terrorismo econômico e de sabotagem para prejudicar o governo eleito em 30 de outubro.
A extrema-direita não aceita e não respeita a vontade soberana do povo brasileiro, e busca permanentemente desestabilizar e inviabilizar o governo Lula.
O 8 de janeiro foi a batalha mais violenta e mais audaz da guerra fascista contra a democracia.
E a política de juros altos do Banco Central representa a continuidade do 8 de janeiro – porém, pela via do terrorismo econômico e financeiro.
Leia também:
Jeferson Miola: Juros altos do BC custaram R$ 410 bilhões a mais para o Tesouro em 2021 e 2022
Comentários
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/FocPF36WcAE9BmY?format=jpg
“O presidente Lula está certíssimo ao questionar a ‘independência’
do Banco Central.
Se o BC não precisa prestar contas à sociedade brasileira,
ele responde a quem?
Dica: o Brasil tem a maior taxa de juro real DO MUNDO.
Quem ganha com isso?”
Deputado Federal GUILHERME BOULOS (PSoL/SP)
https://twitter.com/GuilhermeBoulos/status/1622604607514968065
“INDEPENDENTE?
Banco Central nas mãos de Roberto Campos Neto
não tem NENHUMA independência, continua
totalmente vinculado ao bolsonarismo.
Ou temos alguma dúvida que o presidente do BC
é alguém que Bolsonaro deixou infiltrado lá?
https://twitter.com/GuilhermeBoulos/status/1622935019915206663
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Zé Maria
https://twitter.com/i/status/1623081926360723456
“Vamos pedir a convocação de Campos Neto, Presidente do BC,
para dar esclarecimentos na Câmara sobre a manutenção
dos juros elevados.”
GUILHERME BOULOS
Líder do MTST
Deputado Federal (PSOL/SP)
https://twitter.com/GuilhermeBoulos/status/1623081926360723456
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Cruz Credo
Hoje em uníssono bradam as manchetes da imprensa nacional: Lula ataca a independência do Banco Central e o Congresso não apóia a troca de comando ou da política de juros do Copom” Só o Lula para aguentar tanta esperteza e maldade.
Zé Maria
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“Impressionante como querem censurar Lula
de falar sobre juros e BC.
Ele nunca teve como prioridade mexer com BC,
mas ñ pode se calar diante de um juro criminoso,
q ñ encontra justificativa na realidade econômica
brasileira.
Essa parece a última trincheira do bolsonarismo
no poder.”
https://twitter.com/Gleisi/status/1622746333797879808
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Zé Maria
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E ainda existe Otário que acredita na Imprensa do Mercado
que diz o Banco Central não é Político, é Técnico. Bota Fake!
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Zé Maria
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Se nem tudo são Rosas
Nem tudo são Espinhos.
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“Uma ótima notícia, sobretudo, para os caminhoneiros.
A Petrobras reduzirá em 8,9% o preço do diesel
vendido por suas refinarias a partir de quarta.
O preço cairá de R$ 4,50 para R$ 4,10 por litro.
Fizemos o L para isso.”
ROGÉRIO CORREIA
Deputado Federal (PT/MG)
https://twitter.com/RogerioCorreia_/status/1623058086213591046
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Zé Maria
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“A Petrobras anunciou a redução
de R$ 0,40 no litro do diesel
para as distribuidoras, quase 9%.
Agora temos um governo que
se preocupa com a vida do povo
e com a economia do nosso país.”
Senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP)
https://twitter.com/RandolfeAP/status/1622996195919507456
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Zé Maria
https://t.co/2tEIJu4CqX
“Sob Nova Direção, Petrobrás Anuncia Redução no Preço do Diesel”
A empresa diz que a medida “tem como principal balizador a busca
pelo equilíbrio dos preços da Petrobrás aos mercados nacional
e internacional” https://tiny.cc/7r44vz
https://twitter.com/RevistaForum/status/1623020535532687364
Zé Maria
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A Mídia do Mercado mente sobre a relação +Juros = -Inflação
A Redução dos Preços dos Combustíveis e a Estabilidade Cambial
são Mais Importantes para reduzir a Inflação do que a Alta da SELIC.
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Zé Maria
Entrementes…
“Para o Banco Central Independente, a cada aumento de 1 ponto percentual
na taxa básica de juros, a dívida líquida do setor público (Dlsp) cresce R$38bi.
Como a Selic aumentou 11,75 pp entre Ago/20 (2%) e Dez/22 (13,75%),
o impacto na Dlsp foi de R$446,5bi.
Um gasto improdutivo.”
“Ao descontar da taxa selic anual de 13,75%,
a inflação acumulada em 12 meses de 5,79%,
resta como taxa real de juros de 7,52% ao ano,
a mais alta do mundo.
Com isso o banco central independente
contribui para manter o aceso ao rentismo
e apagado o crescimento econômico.”
Economista MARCIO POCHMANN
Professor e Pesquisador (UNICAMP)
https://twitter.com/MarcioPochmann/status/1623144694376026112
https://twitter.com/MarcioPochmann/status/1622777709498703872
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Pedro de Alcântara
No plano das denúncias, o artigo atinge pontos essenciais, porém, ao se manter no plano do economês, resultam pouco eficientes apontar os problemas, mesmo porque, em outro plano, se vamos à raiz da questão, os juros negativos de outros países não conseguiu alterar o panorama de pouco gás do capitalismo. O que vemos no Brasil nada tem de brasileiro. Global por natureza histórica, o capitalismo encontra-se no momento atual em sua fase de declínio. A fuga da produção, que já se tornou política de Estado, que gerou o fenômeno do Rentismo não tem solução nos quadros desse modo de produção. A realidade está clamando por transformações urgentes e o Lula é, em parte, porta-voz dessa tendência que já se tornou irresistível. É bem verdade que ainda, ainda prevalece a ilusão alimentada por uma visão economicista. O nó da questão, expressão muito cara a Descartes e à sua época, é que uma das leis fundamentais da acumulação capitalista, a taxa de lucro, tem de tal modo reduzido a rentabilidade das aplicações produtivas, que o dinheiro encetou uma fuga histórica sem retorno às tarefas produtivas. Este é o mal que nos atinge, mal comum a todos os países capitalistas, bem verdade que em graus diferentes em função da formação nacional de cada um. Em termos pessoais, Lula encarna uma força que se opõe à malandragem rentista. Ao trabalho! Esta seria sua palavra de ordem.
Zé Maria
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Agora, o Presidente do Banco Central é
o Presidente da República do Mercado.
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Zé Maria
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Aliás, mais do que ontem,
o Banco Central É o Mercado.
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