Jeferson Miola: O impacto da corajosa declaração de Lula na consciência pública mundial

Tempo de leitura: 2 min

O impacto da declaração do Lula na consciência pública mundial

Por Jeferson Miola, em seu blog

A analogia que o presidente Lula estabeleceu entre o Holocausto judeu e as práticas de limpeza étnica do governo de Israel para o extermínio do povo palestino teve uma estrondosa repercussão na mídia internacional.

A declaração foi repercutida com destaque nos principais meios hegemônicos de comunicação dos EUA, Canadá, México, Europa, Austrália, Índia, África, América do Sul.

Além, claro, dos veículos da imprensa brasileira, israelense, árabe e dos meios progressistas de todas regiões do mundo.

O assunto foi destacado tanto no noticiário online no dia da declaração do Lula [18/2], como em matérias publicadas nas edições impressas de jornais do dia seguinte, neste 19/2.

Um levantamento parcial, não exaustivo, identifica publicações pelo menos nos seguintes veículos de grande circulação e audiência [tabela]:

Além das mídias impressas e digitais, o assunto foi amplamente divulgado por várias agências internacionais de notícias como a Bloomberg, ANSA/Agência Italiana, Xinhua e Associated Press.

E também foi transmitido pelo menos nos noticiários das TVs BBC News, Deutsch Welle, CNN Internacional.

Apoie o VIOMUNDO

Como um dos maiores líderes populares do mundo contemporâneo, chefe de Estado de um país com a relevância do Brasil e presidente temporário do G20, Lula acabou agendando no debate público internacional a centralidade da interrupção urgente da matança israelense nos territórios palestinos.

Na maioria, a ampla cobertura da mídia internacional segue o padrão editorial pró-sionista do mainstream midiático, que representa o massacre também informacional dos palestinos.

Apesar dessa realidade, no entanto, o poder de propagação da posição brasileira acerca da ofensiva genocida de Israel poderá ter reflexos relevantes na ampliação da consciência pública mundial sobre o Holocausto palestino.

A posição externada por Lula é um chamado de urgência. Abre um novo ciclo na abordagem desta terrível tragédia que criará novos constrangimentos para os líderes omissos e/ou cúmplices do genocídio israelense.

Lula estabeleceu a verdadeira linha vermelha: ou o mundo detém a monstruosidade nazi-sionista, ou então testemunhará vergonhosamente a “solução final” nos exatos moldes com que o regime nazista de Hitler procedeu em relação aos judeus [aqui, sobre O gueto de Rafah].

Netanyahu, o líder do regime nazi-sionista de Apartheid sabe perfeitamente disso. Daí a reação irada e ultrajante contra Lula e o governo brasileiro.

A posição brasileira tem o potencial de ampliar a pressão das sociedades nacionais sobre seus governos para exigirem o fim da barbárie sionista nos territórios palestinos.

A posição corajosa e digna do Lula confronta as potências mundiais, sobretudo os EUA e os governos vassalos europeus, a se posicionarem pela humanidade e contra a continuidade da barbárie nazi-sionista.

Leia também:

Jeferson Miola: Lula balizou o debate mundial sobre o genocídio palestino

Fepal: Lula tem razão e o mundo o apoia em sua denúncia do genocídio de Israel na Palestina

VÍDEO: ‘É fundamental comparar Gaza com o nazismo’, diz jornalista cujos pais foram vítimas do holocausto

Ibraspal: Todo apoio a Lula pelas declarações sobre o genocídio de Israel em Gaza e o nazismo de Hitler

Jeferson Miola: Lula tem razão; Rafah é o Gueto de Varsóvia de Israel

VÍDEO: “A maior das mentiras é que há um conflito judaico-palestino. Palestinos não odeiam judeus”, diz filho de sobrevivente do holocausto

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

https://t.co/98BIUGNsoD
https://twitter.com/oCafezinho/status/1759343381631656416

Entrevista Coletiva do Presidente Lula durante visita à Etiópia:

https://youtu.be/CORPjzpxAw8

Transcrição integral da Entrevista Coletiva do Presidente do Brasil,
Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita à Etiópia, em 18/02/2024:

Presidente Lula:
— Para mim, essa é uma das viagens mais importantes que eu fiz.
E certamente, de todas que farei, essa continua sendo uma reunião
extremamente importante, porque eu pude falar para quase que a
totalidade dos países africanos de uma única vez.
Se eu tivesse que visitar cada país seriam 54 viagens, o que seria
impossível fazer até o final do mandato.

E para mim, falar com os presidentes dos países africanos é sempre
um motivo de muito orgulho.

Primeiro, porque eu tenho claro — e gostaria que o Brasil tivesse claro —
de que nós temos que ter uma relação preferencial com o continente
africano.
Não só porque o continente africano faz parte da nossa história,
faz parte da nossa cultura, faz parte do nosso jeito de ser, do nosso jeito
de falar, do nosso jeito de cantar, faz parte da nossa cor, mas também
porque o continente africano é um espaço extraordinário de futuro
para quem acredita que o Sul Global vai ser a novidade do século XXI
na nova economia mundial.

Quando nós falamos de clima e quando nós falamos de transmissão
energética, quando nós falamos de agricultura de baixo carbono,
a gente olha o mapa do mundo e a gente vê dois espaços extraordinários:
um é no continente latino-americano, dentro do mapa do Brasil, e o outro
é no continente africano, com uma quantidade exuberante de milhões
de hectares de terras a serem exploradas para que a gente possa conduzir
a agricultura saudável que o mundo necessita, a agricultura de baixo
carbono que o planeta precisa e também a possibilidade de fazer com que
os países africanos, que durante muito tempo foram explorados…

Eu disse hoje na reunião com um presidente africano que desde
a Conferência de Berlim de 1884, quando a África foi dividida
para os países do velho continente, para a Inglaterra, para a França,
para a Alemanha sobretudo, este continente era um continente
autossuficiente na produção dos seus próprios alimentos.
Depois do processo de colonização, esses países, muitos deles,
deixaram de ser autossuficientes, e hoje dependem de comida
que vem dos países colonizadores, o que não tem nenhuma explicação.

Então, vir à África e dizer aos companheiros africanos e as companheiras
africanas que o Brasil não tem tudo, mas o pouco que o Brasil tem, a gente
quer compartilhar com o continente africano.
A gente quer devolver para eles, em forma de benefício, de possibilidade
e de desenvolvimento, aquilo que eles nos deram como força de trabalho
durante 350 anos, é um compromisso de fé.

É um compromisso que a gente tem que assumir cada vez mais,
porque acho que para um país em vias de crescimento como o Brasil,
um país com possibilidade extraordinária como o Brasil, a gente tem
que olhar apenas o nosso comércio com o chamado mundo rico,
para a gente perceber que com a maioria dos países considerados ricos
da Europa, o nosso comércio bilateral, o fluxo não ultrapassa 8 ou 9 milhões
de dólares.
E com os países em via de desenvolvimento, o nosso comércio é muito maior (e as possibilidades são enormes).
E por isso eu estou muito agradecido de estar vivo, de ter sido eleito
presidente da República para voltar ao continente africano e dizer:
“nós vamos recomeçar a fazer a política de entrosamento entre o Brasil
e o continente africano”.

Durante séculos, a gente olhou o mapa dos Estados Unidos, a gente olhou
para o mapa da Europa e a gente não via nem atrás de nós a América do Sul,
nem na nossa frente o continente africano.
Era como se pobres não nos interessassem.
E como eu estou convencido que os pobres são a solução do mundo
contemporâneo, é só dar a eles a oportunidade que eles precisam que
a gente vai perceber a sociedade de classe média, que a gente pode criar
nesse planeta.

Uma sociedade sem guerra, uma sociedade sem banalismo, uma sociedade
sem fake news, uma sociedade sem xenofobia, uma sociedade sem nenhum
tipo de preconceito, em que todos nós sejamos tratados em igualdade de
condições.

Bem, esse mundo está por ser construído e eu acho que a África é um
espaço extraordinário para isso.

Depois, uma coisa extremamente importante, é que não tem explicação
para um país do tamanho do Brasil — a gente já teve um fluxo comercial com
a Nigéria de 10 bilhões de dólares, hoje esse fluxo é de apenas 1 bilhão e 700
milhões de dólares.
Não tem explicação, um país de 200 milhões de habitantes como o Brasil ter relações com a Etiópia de 126 milhões e a gente só tem 23 milhões de
dólares de fluxo comercial.
Mesmo com o Egito, que é a nossa maior balança comercial na África,
são 2 bilhões e 800 milhões de dólares, é muito pouco, é muito pouco.
Para um país que quer ter voz e vez no mundo, para uns países que
querem melhorar o nível de qualidade para os seus filhos, é muito pouco.

Então, eu vou voltar a dizer os companheiros brasileiros que trabalham
nas embaixadas brasileiras, aos nossos companheiros que trabalham
na área do comércio, de que nós precisamos voltar a ser mascates,
viajar esse mundo, conversar com todas as pessoas necessárias para
que a gente possa vender aquilo que o Brasil seja capaz de produzir
e para que a gente possa comprar aquilo que os outros países precisam
vender ao Brasil e o Brasil precisa.

É esse mundo que nós precisamos criar, que eu chamo de Sul Global.
É esse mundo novo que está em nossa frente, aos nossos olhos.
Não tem explicação que a gente não tenha isso na cabeça para a gente
fazer os investimentos necessários.

A questão da transição energética passa pelo Brasil e passa pela África.
A questão da produção de alimentos de baixo carbono passa pelo Brasil,
pela América Latina e pela África.
Então, nós temos que tirar proveito disso para que a gente possa fazer
com que o século XXI seja melhor para nós do que foi o século XX.
Então a viagem, para mim, ela é muito prazerosa, ela foi muito prazerosa
porque a gente pôde saber o prazer e a alegria que as pessoas têm de ver
o Brasil voltar a pisar no terreno africano.

Fazia parecer que o Brasil tinha desaparecido e o Brasil voltou, não apenas
por causa do samba, não apenas por causa do Carnaval, mas o Brasil voltou
por causa da política.
Porque agora o Brasil tem um governo que tem, sabe, relação privilegiada
com o continente africano.
Não só porque o Brasil precisa economicamente, mas porque o Brasil tem
dívidas históricas a pagar com solidariedade e com transferência de
conhecimento, sobretudo na questão da agricultura. Por isso, eu saio daqui
satisfeito.

Obviamente que mais um domingo sem ver o Corinthians jogar, nem sei se
vai ganhar ou se vai perder porque é com o Palmeiras hoje.
Mas, de qualquer forma, depois de um longo e tenebroso inverno de perder
tantos jogos seguidos, já ganhamos dois jogos seguidos. Eu volto pro Brasil
na expectativa de que quando eu descer no aeroporto o Corinthians tenha
ganhado o jogo.
E eu posso ser mais feliz ainda.

No mais, se vocês quiserem fazer uma ou duas perguntas sobre a minha
viagem.
Se for para perguntar coisa do Brasil, eu queria aconselhar vocês a
perguntarem quando a gente retornar para o Brasil.
Se for para perguntar coisa da África, pergunte o que quiserem, se não,
não vale a pena viajar.
A gente viaja para discutir a África e vocês perguntam de São Bernardo
do Campo.

Pergunta de jornalista
— Carien du Plessis, do The Africa Report (feita em inglês)

Presidente Lula
— Por muitas vezes as pessoas pensam que eu estou brincando
quando eu falo de boca cheia o nome Sul Global.
Porque nós já fomos conhecidos pelo planeta afora como os países pobres,
depois como países do terceiro mundo, depois como países em vias de
desenvolvimento, depois países semidesenvolvidos.
E agora somos os países em desenvolvimento.
Não senhor, nós agora somos a economia do Sul Global, que queremos
nos dar uma chance para que a gente faça com que o Sul Global, que tem
parte do que o mundo precisa hoje, possa ocupar o seu espaço na economia,
na política e na cultura mundial.
Obviamente que os BRICS são uma oportunidade excepcional.
Nós achamos que é possível trazer outros países da África para os BRICS.
Nós achamos que é possível outros países da África participarem do G20,
mas nós estamos apenas começando.
Estamos apenas começando e no G20, no Brasil, uma das coisas que nós
queremos discutir são as instituições financeiras que existem desde que
foram criadas a ONU, tipo FMI e Banco Mundial.

Se essas instituições vão servir para ajudar a financiar o desenvolvimento
dos países pobres ou se essas instituições financeiras vão continuar
existindo para sufocar os países pobres.
O continente africano, não tenho o número preciso, mas é uma dívida
do continente africano da ordem de 860 bilhões de dólares.
Ou seja, uma dívida praticamente impagável por vários países.
A sugestão nossa é que os fundos que emprestaram esse dinheiro ou
as instituições financeiras deveriam levar em conta a necessidade
de transformar parte dessa dívida num ativo produtivo para que esse
dinheiro, ao invés de voltar para a instituição que emprestou,
volte para a construção de uma ferrovia, de uma rodovia,
de uma hidroelétrica, de uma termelétrica, ou seja, em alguma coisa
que signifique desenvolvimento do continente, que volte para a educação,
para uma universidade, um instituto de pesquisa.

Porque se a gente não mudar, essa será uma grande discussão que nós
queremos fazer no G20.
As pessoas precisam saber que nós queremos discutir muito o
funcionamento das instituições financeiras, e eu estou muito à vontade
para falar isso porque quando eu cheguei na Presidência do Brasil,
todos vocês são muito jovens, mas se lembram a vergonha que a gente
passava quando todo santo ano desciam dois técnicos do FMI para fazer
vistoria na contabilidade brasileira.
Todo ano.

Ou seja, um país que era a 12ª economia mundial receber todo ano
dois fiscais para saber se a gente estava fazendo as coisas direito ou não.
Então vocês sabem que quando eu cheguei a gente devia 30 bilhões para
o FMI, a gente não tinha dinheiro para pagar as nossas exportações.
Nós em apenas três anos resolvemos isso.
Nós pagamos a conta para o FMI, nós reduzimos a credibilidade do Brasil
junto às instituições financeiras, que essa é uma discussão que nós temos
que fazer.
Essas agências de avaliação, é preciso a gente criar uma agência para fazer
a agência e para fazer a avaliação dessas agências de avaliação,
para ver como elas avaliam os países, para ver qual é a credibilidade delas,
qual é a seriedade delas na avaliação que elas fazem dos países, ou a quem
que elas estão servindo quando elas fazem determinada avaliação negativa.

Então, graças a isso, vocês se lembram que em 2005 a China (a Índia)
atingiu, pela primeira vez na vida, a reserva de 100 bilhões de dólares.
E quando eu vi que a China (que a Índia) tinha feito uma reserva de 100
bilhões de dólares, eu fiquei pensando: “no dia que o Brasil conseguir
fazer uma reserva de 100 bilhões de dólares a gente vai estar muito,
muito, muito bem colocado na fotografia”.
Chegamos a fazer 370 bilhões de dólares de reserva.
O Brasil chegou a ser a quarta reserva internacional do mundo.

Isso permite que o Brasil seja como o Brasil é hoje.
Um país que mesmo desgovernado, como foi nos últimos quatro anos,
mesmo desgovernado, abandonado, o país tinha sustentação,
porque tinha um colchão que dava segurança, àqueles que ainda queriam
acreditar para investir no Brasil.

Então nós queremos discutir isso no G20, nós queremos fazer essa
discussão.
Vamos convidar os economistas mais importantes do mundo para fazer
essa discussão, porque nós precisamos disso.
Além disso, nós queremos discutir o funcionamento das Nações Unidas,
porque do jeito que está hoje, efetivamente a ONU não representa mais
as razões pelas quais ela nasceu, ou seja, ela não consegue resolver
nenhum problema e os membros do Conselho de Segurança são os
maiores produtores de armas, são os que detém as armas nucleares,
são os que têm direito de veto e são os que não cumprem nada do Conselho
de Segurança, porque não se submetem ao Conselho de Segurança.

Então, se a gente não aproveitar esse momento histórico e discutir esses
assuntos, nós nunca vamos discutir.

Ou seja, eu tenho dito aos companheiros presidentes, que eu tenho
conversado, que a gente não tem que esperar a boa vontade de alguém
que é fixo hoje no Conselho de Segurança, entender que é hora da gente
entrar no Conselho de Segurança.
Quem está não quer que ninguém mais entre.
Ou seja, quem tem que brigar para entrar somos nós que estamos de fora
que queremos construir uma nova geografia mundial balizada na realidade
local.

A geopolítica é outra diferente de 1945, diferente de 1948, diferente de 50.
O mundo é outro, então nós precisamos fazer com que haja uma representação mais robusta de mais países.

Por isso aqui nós defendemos a entrada, pode ter três países da África,
pode ter dois da América Latina, pode ter a Índia, pode ter a Alemanha,
pode ter o Japão.
Nós precisamos colocar mais gente e acabar com o direito de veto na ONU,
porque não é possível que um país sozinho possa vetar a aprovação de uma
coisa aprovada por todos os membros.

Então nós estamos construindo um novo mundo, vocês estão lembrados
que a gente em 2003 a gente dizia que um outro mundo era possível,
outro Brasil era possível.

Eu estou acreditando que é possível construir outro mundo.

A África é uma parte do mundo que pode crescer muito.

Os países ricos precisam acreditar no investimento, que tem que fazer
no continente africano.

E o Brasil, humildemente, quer trazer para a África aquilo que nós podemos
trazer, a experiência do sucesso da agricultura brasileira, não é só o sucesso
do agronegócio brasileiro.

Quando a gente fala do agronegócio brasileiro, a gente tem que lembrar
que o Brasil tem 4 milhões e 600 mil propriedades com menos de
100 hectares de terra, que são responsáveis pela produção de quase
80% das coisas que nós consumimos.
E é uma agricultura de muita qualidade.

Então tudo isso a gente pode trazer.
Nós aprovamos o nosso programa “Mais Alimentos”.
Nós vamos discutir para ver se a gente pode estender o programa
“Mais Alimentos” para o continente africano, para o continente
latino-americano, ou seja, para que os países pobres possam comprar
máquinas e implementos agrícolas mais barato, com o financiamento
mais longo, para que a gente possa aumentar a produção agrícola dos
pequenos e médios produtores.

Então, é isso.

E eu acho que, a cada vez que eu venho a África, a cada vez que eu converso
com um presidente da África.
Eu estava conversando com o presidente da Nigéria.
Eu não sei se vocês sabem, no final do século XVI, Lagos tinha 10 mil
brasileiros que moravam na cidade de Lagos.
Dez mil brasileiros.
Tem rua com o nome de coisa do Brasil.
O Brasil se afastou da Nigéria.
Ou seja, 10 bilhões de comércio, caiu para 1,7 bilhões.
180 bilhões de habitantes lá, 200 no Brasil.
E a gente não tem um voo.
Não tem um avião que transite entre Lagos e São Paulo.
Então nós vamos ter que discutir no Brasil internamente
e na África a nossa geopolítica, pra gente não ficar
dependendo de alguém que, para ir à Nigéria, ir à Europa
para depois descer para a Nigéria, não tem nenhum sentido.

A Etiópia tem um avião para o Brasil, mas no Brasil não tem avião
para a Etiópia.
É um contrassenso porque quem deveria ter mais interesse era
exatamente o país que pode ter mais indústria, que tem mais tecnologia,
sabe, mas lamentavelmente a cabeça do nosso país ainda é uma cabeça
muito elitista, muito subordinada à cultura europeia e aos Estados Unidos
e não pensa no mundo.
Nós queremos pensar, abrir esse mundo para que todos possam participar.
É isso.

Pergunta de jornalista
— Boa tarde, senhor presidente. Sou Américo Martins, da CNN Brasil.
Eu queria fazer uma pergunta de política internacional.
O principal tema neste momento discutido no mundo, é a morte do líder
opositor russo Alexei Navalny numa prisão no Círculo Polar Ártico lá na
Rússia.
Essa foi uma morte que está sendo muito criticada por muitos governos,
porque é muito suspeita devido, obviamente, ao histórico de direitos
humanos, desrespeito aos direitos humanos e autoritarismo do governo
do presidente Putin.
Eu queria saber por que o governo brasileiro não se manifestou sobre essa
morte até agora e se o senhor avalia que pode sim ser uma morte suspeita
ou não.

Presidente Lula
— Eu acho que é uma questão de bom senso. Você acabou de falar.
Ou seja, se a morte está sob suspeita, nós temos que primeiro fazer
uma investigação para saber por que o cidadão morreu.
Vamos acreditar que os médicos legistas vão dizer “o cara morreu disso,
daquilo” para você fazer um pré-julgamento.
Porque, senão, você julga agora que foi não sei quem que mandou matar
e não foi, e depois você vai pedir desculpas?

Para que essa pressa de acusar alguém?

Sabe quantos anos estou esperando [descobrirem] o mandante do crime
da Marielle? Seis.
E não tô com pressa de dizer quem foi, mas eu quero achar.
Quando eu achar vou dizer “foi fulano de tal”.
Não quero especulação.

Então, o cidadão morreu numa prisão, eu não sei se ele estava doente,
eu não sei se ele tem algum problema, como morreu um cidadão no avião
que veio para Etiópia trazer a delegação brasileira.
Vocês sabem que um rapaz morreu dentro do avião.
A gente vai culpar quem?
Tem que fazer a perícia para depois para depois saber o seguinte:
“olha, esse cara teve tal coisa e morreu”. Porque, senão, é banalizar
uma acusação.
Eu até compreendo os interesses de quem acusa imediatamente:
“foi fulano”.
Não é o meu mote. Eu espero que o legista aqui vá fazer o exame diga
do que o cidadão morreu.
É só isso.

Pergunta de jornalista
— Bom dia, presidente, tudo bem? Renato, da Folha de São Paulo.
Presidente, eu preciso perguntar sobre a fuga dos presos de Mossoró.
Só queria saber uma avaliação do senhor e se o senhor considera que
houve falhas e de quem.

Presidente Lula
— Eu não queria responder sobre o Brasil, mas eu vou responder.
Primeiro, a primeira pessoa que disse que estaria fazendo uma
sindicância para apurar se houve participação de alguém que
trabalhava no presídio de segurança máxima foi o ministro
Lewandowski.
Dito isso, nós estamos à procura dos presos, esperamos
encontrá-los e, obviamente, queremos saber como é que
esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu.
Só faltaram contratar uma escavadeira.
Eu não quero acusar, mas teoricamente parece que teve
a conivência com alguém do sistema lá dentro.

Como eu não posso acusar ninguém.
Eu sou obrigado a acreditar que uma investigação que está sendo feita
na polícia local e pela Polícia Federal nos indica amanhã ou depois
de amanhã o que aconteceu no prédio de Mossoró.

Nós construímos esses presídios desde 2005, é a primeira vez que fogem
as pessoas de um presídio [federal].
Isso significa que pode ter havido relaxamento e nós vamos saber de quem. Só isso.

Pergunta de jornalista
— Tudo bem, presidente, Lúcia Müzell, da Rádio França Internacional [RFI]
para o Brasil.
No Egito o senhor prometeu uma nova ajuda para a agência de refugiados palestinos em Gaza.
A gente gostaria de saber de quanto vai ser esta ajuda, quando vai ser e também qual o objetivo do Brasil anunciando esta medida num contexto em que vários países estão suspendendo a ajuda por suspeita de conexões entre funcionários da agência e o grupo Hamas.
O senhor criticou inclusive no Egito esta suspensão.
Num contexto também que eu gostaria de talvez relacionar com o contexto da Venezuela em que a agência de direitos humanos da Venezuela, da ONU na Venezuela, funcionários estão sendo expulsos de lá, 72 horas para eles saírem.
Eu gostaria de saber se o senhor se pronuncia sobre isso também.

Presidente Lula — Eu não tenho as informações do que está acontecendo na Venezuela, da briga da Venezuela com a ONU.
Eu posso responder essa pergunta com precisão quando eu chegar ao Brasil e tiver uma reunião com a política externa brasileira e saber.

Mas veja, é muito engraçado! É muito engraçado.

Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar contribuição
para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o
tamanho da consciência política dessa gente?
E qual é o tamanho do coração solidário dessa gente, que não está vendo
que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio!
Porque não é uma guerra entre soldados e soldados.
É uma guerra entre um exército, altamente preparado, e mulheres e crianças.

Olha, se teve algum erro nessa instituição que recolhe dinheiro, puna-se
quem errou, mas não suspenda a ajuda humanitária para um povo que está
há quantas décadas tentando construir o seu Estado.
O Brasil não apenas afirmou que vai dar contribuição — eu não posso dizer
quanto porque não é o presidente que decide, é preciso ver quem é que
cuida disso no governo, para saber quanto é que vai dar — como o Brasil
disse que vai defender na ONU a definição do Estado palestino ser
reconhecido definitivamente como Estado pleno e soberano.

É importante lembrar que em 2010 Brasil foi o primeiro país a reconhecer
o Estado palestino.

Eu preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande.

O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino
não existe um nenhum outro momento histórico.
Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus.
Então não é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno.
Você deixar de ter ajuda humanitária.
Quem vai ajudar a construir aquelas casas que foram destruídas?
Quem vai restituir a vida de 30 mil pessoas que já morreram?
70 mil que estão feridos?
Quem vai devolver a vida das crianças que morreram,
sem saber porque estavam morrendo?
Isso é pouco para mexer com o senso humanitário dos dirigentes políticos
do planeta?

Então, sinceramente, ou os dirigentes políticos mudam o seu comportamento com relação ao ser humano, ou o ser humano
vai terminar mudando a classe política.

O que está acontecendo no mundo hoje é falta de instância de deliberação.

Nós não temos governança!

Eu digo todo dia:
a invasão do Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU.
A invasão da Líbia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU.
A invasão da Ucrânia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU.
E a chacina de Gaza não passou pelo Conselho de Segurança da ONU.

Aliás, as decisões tomadas pelo Conselho não foram cumpridas e tampouco
foi cumprida a decisão penal tomada agora no processo da África do Sul [na CIJ].

O que nós estamos esperando para humanizar o ser humano?

É isso que está faltando no mundo.

O Brasil continua solidário ao povo palestino.
O Brasil condenou o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar
o que o Exército de Israel está fazendo na Faixa de Gaza.

Gente, boa viagem para vocês.”

https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/entrevistas/entrevista-coletiva-do-presidente-lula-durante-visita-a-etiopia

.

Zé Maria

https://t.co/yMIWqtXe20

Le Figaro, Jornal de Linha Editorial Conservadora da França,
compara Palestinos a Judeus Massacrados por Adolf Hitler
na Alemanha Nazista durante a 2ª Guerra Mundial.

Médico Francês retorna de Gaza e compara Situação
de Palestinos à de Judeus no Gueto de Varsóvia.

O Le Figaro publica nesta segunda-feira (19) testemunhos de um grupo
de médicos franceses que passaram duas semanas em missão humanitária
no Hospital Europeu do sul da Faixa de Gaza, onde 300 pessoas são
socorridas diariamente.

Dois médicos descreveram ao Le Figaro o drama vivido pelos civis palestinos.

Um deles comparou a situação com a de judeus perseguidos pelo regime
nazista.

https://twitter.com/oCafezinho/status/1759620258401235173

(Fonte: RFI, via O Cafezinho):
https://www.ocafezinho.com/2024/02/19/jornal-conservador-frances-compara-palestinos-a-judeus-massacrados-por-hitler/

Zé Maria

O Assessor Especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República Celso Amorim afirmou que o Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva
não vai pedir desculpas por criticar o genocídio em Gaza:

“[Lula] não tem nada do que se desculpar”, afirmou.

Lula deixou claro que quer manter o posicionamento contra as ações
[genocidas] do governo israelense, mas também quer reforçar que
a crítica não se estende ao povo judeu.

[Fonte: Jornalista Teo Cury, da CNN]

JOAO PAULO DE SOUZA

Excelente! Alguém tem que abrir os olhos do mundo, que se diz civilizado, mas permanece inerte perante a barbárie perpetrada por um Estado forte e protegido contra um Povo fraco (sem Estado, por causa do imperialismo capitalista), mas destemido e altaneiro.
Parabéns ao Presidente Lula.

Zé Maria

.

Cedo ou Tarde, alguma Autoridade Mundial “Com Culhão”

precisaria falar o que o Lula falou aos Quatro Ventos:

“ísRéu pratica Holókauston* Contra Crianças e Mulheres”.

*Holókauston = Palavra Grega que significa
“Sacrifício em que a Vítima é Queimada Viva”,
ou “Sacrifício pelo Fogo”.

Em Hebraico, “Shoah”, que significa, literalmente,
“Destruição, Ruína, Catástrofe”.

É o termo utilizado para denominar o Fenômeno
de “Destruição Sistemática – Perseguição, Exclusão
Sócio-Econômica, Expropriação, Trabalho Forçado,
Tortura, ‘Ghetoização’ e Extermínio Étnico”.

Mais recentemente, a historiografia também inclui as demais vítimas
do nazismo no conceito de Holocausto:
1,5 milhão de opositores políticos (sobretudo comunistas e social-democratas);
3 milhões de prisioneiros de guerra, 20 milhões de russos (centenas desses incluídos na categoria de inimigos políticos e prisioneiros de guerra);
600 mil sérvios,
500 mil sinti e roma (“ciganos”),
200 mil poloneses,
200 mil maçons,
70 mil deficientes físicos e mentais,
15 mil homossexuais,
5 mil testemunhas de Jeová,
além dos denominados “a-sociais” e
dos negros.

Utilizamos aqui o termo “sinti e roma” (“Sinti und Roma”),
porque o termo “cigano” (“Zigeuner”) tornou-se pejorativo
e, por isso, a historiografia utiliza os termos “sinti” e “roma”,
os dois maiores grupos de ciganos da Europa, sendo o primeiro,
“sinti”, o de ciganos não-nômados (estabelecidos na Alemanha
há seis séculos) e o segundo, “roma”, de ciganos nômades,
cuja maioria tem crença católica.

Há diferenças entre as políticas nazistas direcionadas aos diferentes
grupos de vítimas.
Houve uma política de extermínio total contra os judeus, sinti e roma,
eufemisticamente denominada de “Solução Final da Questão Judaica” (“Endloesung der Judenfrage”) e “Solução Final da Questão Cigana”
(“Endloesung der Roma und Sinti Frage”), respectivamente.

Os eslavos fizeram parte da política de extermínio, mas não do extermínio
total (como o caso de judeus e sinti e roma):

Eslavos deveriam também sobreviver, para se tornarem “Escravos do Estado
Nazista”.

Os judeus, sinti, roma e eslavos foram vítimas do programa de “extermínio
pelo trabalho” (“Vernichtung durch Arbeit”).

Os judeus, os sinti e os roma foram vítimas de experimentos médicos.

Nos guetos foram confinados em grande parte os judeus, mas em alguns
deles também sinti e roma, e os “Guetos” faziam parte do “Extermínio Deliberado – Por Fome, Doenças ou Exaustão – desses Seres Humanos”.

(Fonte: PPGHDL/ FFCLH / USP: https://diversitas.fflch.usp.br/holocausto-e-anti-semitismo)

.

Zé Maria

.

Bebês, Crianças, Adolescentes e Mulheres Palestinas

são “Personae Non Gratae” no Estado Sionista de isRéu.

https://twitter.com/i/status/1757200613497008530

E Árabes e Muçulmanos, em geral, também se incluem aí.

.

Zé Maria

https://bit.ly/46D0zFj
https://pbs.twimg.com/media/GCdpcXyWwAAiScu?format=jpg

As Atrocidades Cometidas pelos Sionistas Contra os Palestinos

são Muito Piores do que Aquelas Praticadas pelos Nazi-Fascistas.

https://twitter.com/i/status/1758833099478028306
https://twitter.com/SouPalestina/status/1758833099478028306

Zé Maria

https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/464/amz/worldservice/live/assets/images/2014/04/07/140407083111_ruanda_genocide3_464x261_afp_nocredit.jpg

O Governo Sionista de isRéu pode ter razão,
o Genocídio de Palestinos em Gaza pode
não ser como o Holocausto de Judeus, mas
sim Mais Parecido com o Massacre de Ruanda.

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/04/140407_ruanda_genocidio_ms

Deixe seu comentário

Leia também

Política

Manuel Domingos Neto: Questões correntes

Inquérito da PF, golpistas, comandantes militares, kids pretos, prisões, Múcio, Lula…

Política

Jeferson Miola: O CNPJ do golpe

Cumplicidade corporativa e institucional