Jeferson Miola: Mercado quer inviabilizar Lula

Tempo de leitura: 3 min
Ilustração: Nanihumor.com

Mercado quer inviabilizar Lula

Por Jeferson Miola, em seu blog

O mestre Luiz Gonzaga Belluzzo ensina que “o mercado não é uma instância técnica do capitalismo, é uma instância de poder”.

É por isso que, na visão dele, o terrorismo financeiro em reação ao anúncio das medidas de ajuste do governo representa o “exercício do poder do mercado”. Agem como abutres rondando a carniça.

Belluzzo concorda que o “principal objetivo é inviabilizar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva” [entrevista ao Boa Noite do 247].

Dentre as medidas de ajuste anunciadas pelo governo, aquelas que incidem sobre o Salário Mínimo, BPC, Abono Salarial, Bolsa Família e FUNDEB [educação integral] representam, somadas, o montante de 199,2 bilhões de reais cortados entre 2025 e 2030.

Esta cifra, obtida com medidas que atingem sobretudo as pessoas mais pobres e as áreas sociais do orçamento, representam 61% dos cortes planejados pelo governo para este período, e que totalizam 327 bilhões de reais.

Com emendas parlamentares, Fundo Constitucional do DF, subsídios e subvenções, Lei Aldir Blanc, biometria, criação de cargos e com DRU o governo pretende reduzir outros R$ 121,8 bilhões [37%]. E os privilégios dos militares serão reduzidos em apenas R$ 6 bilhões, menos de 2% do total.

A proposta de isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil precisa ser compensada com uma tributação mínima de super-ricos. Com ela o governo busca neutralizar o desgaste político causado pela desaceleração da política de valorização do salário mínimo e seus impactos negativos na distribuição de renda.

O problema, porém, é que enquanto os efeitos sobre as aposentadorias, pensões, BPC, Abono Salarial já valerão a partir de 2025, a isenção de IR só entrará em vigor em 2026 – desde, contudo, que o Congresso aprove a tributação dos super-ricos, o que não é garantido.

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Apesar dos impactos do pacote centralmente sobre os setores que conformam a maioria do eleitorado lulista e podem abalar a popularidade do Lula, o mercado exige mais.

Quer obrigar o governo a abrir novos espaços orçamentários com cortes radicais nas áreas sociais para aumentar a rapinagem via juros.

O mercado não aceita o menor esforço de justiça tributária. Só aceita fazer terra arrasada das conquistas populares como os pisos constitucionais do SUS e da educação, o seguro-desemprego, o ganho real do salário mínimo, a vinculação dos benefícios previdenciários ao salário mínimo.

O ajuste que o governo se obrigou a fazer é uma consequência do pecado original cometido pelo próprio governo ao adotar o Novo Arcabouço Fiscal em substituição ao Teto de Gastos, uma amarra rígida e contracionista muito criticada por renomados economistas.

A trava que o governo se auto-impôs com a regra fiscal draconiana funciona, agora, como arma poderosa do rentismo para sabotar e desestabilizar o governo com terrorismo financeiro.

Bolsonaro estourou o Teto de Gastos em 795 bilhões de reais com a condescendência do mercado e sem enfrentar a brutal crise especulativa produzida neste momento.

Com Bolsonaro o Banco Central não cumpriu a meta de inflação em 2021 e 2022, mas o mercado não fez nenhum escarcéu, e Campos Neto não foi exonerado por “desempenho insuficiente”, como prevê a Lei de autonomia do Banco Central [art. 5º da Lei 179/2021].

Para provocar o caos, especular com o dólar e aumentar ainda mais os juros, o mercado cria um clima artificial de descalabro que, no entanto, contrasta com a realidade fiscal e econômica do Brasil.

O PIB cresce mais de 3% ao ano, o país tem o nível mais baixo de desemprego, a inflação está dentro da meta, cresce o comércio externo e as receitas públicas, e as reservas são de mais de 350 bilhões de dólares.

O Brasil tem um dos menores déficits fiscais dentre as principais economias do planeta. E uma relação dívida/PIB mais confortável que a maioria dos países, mesmo tendo legado de Temer e Bolsonaro um comprometimento de 80% do PIB com a dívida pública, que eles receberem de Dilma na proporção de menos de 40%.

O alvoroço criado pelo mercado tem motivação política e de pilhagem econômica; não tem nenhum amparo na realidade fiscal e econômica do país.

As oligarquias dominantes e sua mídia fazem de tudo para sangrar Lula.

A aposta de hoje no caos financeiro cobre o jogo eleitoral de 2026, por isso querem asfixiar o governo Lula, inviabilizá-lo programaticamente para assim tentarem derrotá-lo na eleição com um extremista envelopado com o rótulo de falso-moderado.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Zé Maria

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Um País como o Brasil que tem Mais de 365 Bilhões de Dólares em Reservas
Internacionais à Disposição do Banco Central para gerir a Política Cambial,
no sentido de “manter a funcionalidade do mercado de câmbio de forma
a atenuar oscilações bruscas da moeda local – o Real – perante o dólar,
dando maior previsibilidade e segurança para os agentes do mercado” (*)
não pode permitir que um Conspirador, de Má-Fé, por Inação Proposital,
a serviço de uma Elite Financeira de Especuladores Apátridas desestabilize
a Economia Brasileira para derrubar o Governo do Presidente Eleito.

*(https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/reservasinternacionais)

Ben Jr

Os homens do mercado querem amarrar as mãos do Lula.
Os juros estão nas alturas e a inflação não foi domada. E nem será. Num era só subir os juros conforme dizem os livros e os professores universitários que os( Mercado) ensinaram.

Insistem em seguir lições ortodoxas aprendidas em livros universitários e que não funcionam na vida prática de países MACROeconomia.
Quantas vezes o Bolsonaro-Guedes venderam dólares da reserva para segurar a moeda americana ?
Quem salvou o mundo em 1929 foi o KEYNES.
O certo agora era usar parte reserva para beneficiar o povo brasileiro. Ajudar no mercado que o povo conhece bem.
Mas graças a Deus só temos que aguentar mais 1 mês de um governo que dura 6 anos. Qto tempo os generais ficavam na presidência do Brasil ?

Arnon Pinto

O Sr Mercado ODIOU o governo propor tirar da contribuição do imposto de renda trabalhadores que ganham até 5000 mil REAIS de salário.
Os cães raivosos do mercado tão chiando SOBRETUDO por causa dessa medida.
Quem ganha até 5 mil reais é a imensa maioria no Brasil.
Isso que deixou o Sr Mercado PUTO.

Adivinha por que ?

” Não pode misturar as coisas ”
Segundo o Mercado.

O Mercado pensa que o povo é idiota.

marcio gaúcho

O mercado também quer uma nova Reforma da Previdência, desvinculação dos índices de reajustes oficiais e aumentos possíveis, abaixo da inflação. Para que sobre mais folga para eles, os rentistas e banqueiros.

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