Jeferson Miola: Ataque a Lula é bóia de salvação de Israel para tentar sair do isolamento mundial

Tempo de leitura: 3 min
Ilustração: Carlos Latuff (carloslatuff)/Mint Press News

Ataque a Lula é bóia de salvação de Israel para tentar sair do isolamento mundial

Por Jeferson Miola, em seu blog

O isolamento mundial de Israel aumenta a cada dia. Acelera na mesma velocidade e na mesma proporção em que suas atrocidades sobem na escala de horrores.

Os EUA tardaram a manifestar discordância com Lula depois que ele equiparou a realidade vivida pelo povo palestino sob o regime nazi-sionista de Israel com a realidade padecida pelos judeus nos campos de concentração de Hitler na Alemanha dos anos 1933/1945.

A Administração Biden ensaiava aprovar no Conselho de Segurança da ONU a resolução da Argélia [20/2] de cessar-fogo imediato e de proibição da agressão terrestre no Gueto de Rafah.

Na última hora, porém, decidiu vetar, num gesto que pode ser interpretado como uma manobra para impedir o protagonismo decisivo do Brasil a partir da baliza estabelecida pelo presidente Lula sobre o genocídio palestino.

A sabotagem estadunidense contra o protagonismo do Brasil no mundo não tem nada de original.

Apenas repete a atitude do ex-presidente Barack Obama, que em 2010 detonou o acordo intermediado por Brasil e Turquia sobre o programa nuclear do Irã.

Para o império estadunidense, é inadmissível que um país estratégico como o Brasil se atreva a agir como gente grande na geopolítica mundial.

O alinhamento incondicional das potências européias e dos países satélites do EUA com Israel também já não mostra a mesma coesão histórica. Netanyahu não recebeu solidariedade de ninguém.

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Da extrema-direita com peso político internacional relevante, apenas a primeira-ministra italiana Georgia Meloni criticou a posição brasileira. Outros expoentes extremistas como Trump, Orkán, Milei, Zelensky etc, silenciaram.

Lula conseguiu uma repercussão estrondosa na mídia de todos os continentes.

Ainda que propagada com viés negativo, a informação catalisou o sentimento crítico da sociedade civil mundial, fator que contribui para aumentar a pressão social sobre os governos nacionais para que façam algo para deter urgentemente a limpeza étnica nos territórios palestinos.

Os reveses para Israel são notáveis. Até mesmo a realeza britânica, habitualmente discreta e omissa, agora clama pelo fim das monstruosidades em Gaza. “O mais rapidamente possível”, pede o príncipe William.

Com o auxílio da mídia hegemônica, a extrema-direita bolsonarista tenta instrumentalizar o discurso do Lula para a luta política hipócrita. E baseada em mentiras e trapaças.

O bolsonarismo aproveita para tentar recuperar a iniciativa política e sair do canto do ringue onde se encontra diante da possibilidade iminente da prisão do Bolsonaro. Os extremistas até articulam um processo de impeachment, mas o movimento não terá fôlego para prosperar, tal o descabimento.

Levantamentos mostram que o governo ganhou terreno nas redes sociais e mídias digitais, e até está conseguindo sobrepujar o extremismo.

Depois de amargar uma goleada de 9 a 1 no primeiro dia [18/2] de repercussão da opinião do Lula, gradualmente o campo de apoio do governo foi se encorajando na disputa pública; e, com isso, crescendo.

À medida em que não só Lula, mas também ministros do governo, políticos e parlamentares da base radicalizaram o enfrentamento às mentiras sionistas e repuseram a verdade, aumentou o ativismo digital das suas bases.

A métrica evidencia que no segundo dia [20/2] da luta contra a brutal propaganda sionista, o jogo virou, e já se percebe uma leve maioria pró-governo nas redes sociais.

Na mídia internacional tem goleada. As manifestações de apoio à opinião do Lula ganham por 7 a 3 nas postagens em inglês, segundo o DataFórum. Isso tem poder de pressão social por providências para o fim do genocídio.

Como disse Celso Amorim, Lula sacudiu o mundo e isolou Netanyahu. As ofensas infames, mentiras e provocações do chanceler sionista contra Lula são sintomas do desespero israelense com essa realidade.

Quanto mais violentos os ataques e as infâmias do regime nazi-sionista ao presidente Lula, tanto maior será a repulsa mundial a Israel e tanto maior será a influência do Lula na cena mundial.

O mundo inteiro dá razão a Lula, porque é impossível negar que o sionismo pratica contra os palestinos as mesmas barbaridades que Hitler praticava contra os judeus.

Não é uma questão de escala, mas de método idêntico. Até mesmo se fosse uma questão de escala, os Holocaustos de povos originários e colonizados significaram aniquilamentos de magnitudes superiores ao extermínio de judeus sob a Alemanha nazista.

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Zé Maria

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O Presidente Lula e o Embaixador da Palestina no Brasil,
Ibrahim Alzeben, plantam uma muda de Oliveira no Jardim
da Embaixada, em Brasília. (Foto: Ricardo Stuckert/PRBR)

Entrevista: IBRAHIM ALZEBEN
Embaixador da Palestina no Brasil

Concedida ao Repórter da CartaCapital Leonardo Miazzo.

“Esse Ataque Contra o Presidente Lula cabe dentro
desse Genocídio Generalizado que o Governo de ‘isRéu’,
o Governo de Netanyahu e seu Gabinete de Guerra
e de Extermino estão dirigindo Contra o Povo Palestino.”

“Genocídio tem Várias Formas.
Matar é uma forma, cometer Massacres é outra,
tratar de Subornar Jornalistas é Outra.
Genocídio tem várias formas, entre elas,
atacar todos os que denunciam os Crimes de Israel.”

“Como Ser Humano, Político ou Diplomata, não consigo ainda achar
uma Palavra para descrever o que aconteceu e está acontecendo
em Gaza.
Até a Palavra ‘Holocausto’ fica Pequena, até a Palavra ‘Genocídio’
fica Pequena.
Alguém tem de descobrir e dar exatamente o Tamanho da Barbárie
que está acontecendo em Gaza.”

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, afirmou em entrevista a CartaCapital que a reação do governo de Israel a declarações do presidente Lula (PT) sobre os ataques contra a Faixa de Gaza é parte de uma estratégia de genocídio do povo palestino.
O objetivo, no caso das críticas ao petista, seria calar vozes solidárias ao enclave.

Desde 7 de outubro, dia em que militantes do Hamas invadiram o território israelense e deixaram mais de 1,1 mil mortos, a ofensiva terrestre e aérea de Israel contra Gaza matou cerca de 30 mil pessoas, em sua maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde local.

Em um tom que gerou indignação no Itamaraty, Israel declarou Lula “persona non grata” por comparar indiretamente a ofensiva contra Gaza ao Holocausto.

Nesta terça-feira 20, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, voltou a cobrar um pedido de desculpas e disse que a afirmação do presidente é “um cuspe no rosto dos judeus brasileiros”.

Na segunda-feira, Lula chamou de volta para consultas o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer.

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, também convocou para uma reunião o embaixador israelense Daniel Zonshine e expôs a insatisfação com o tom da reprimenda.

Na noite desta terça, em sua reação mais incisiva, Vieira afirmou que
a diplomacia de Israel escreveu uma “vergonhosa página” ao acusar Lula
“com recurso a linguagem chula e irresponsável”.
Ele classificou como “algo insólito e revoltante” a conduta de Tel Aviv.

Leia os destaques da entrevista de Ibrahim Alzeben à CartaCapital:

CartaCapital (CC): Qual a sua avaliação sobre a declaração de Lula e as respostas de Israel?

IBRAHIM ALZEBEN (IA): Israel está perdendo o equilíbrio, tanto o governo quanto a cabeça do governo.
Estão perdendo o equilíbrio porque estão sendo encurralados pela opinião pública, pelas expressões internacionais.
Há uma condenação popular e governamental global contra o genocídio.

Eles querem com essa atitude [contra Lula] calar as vozes solidárias e seguem aquele genocídio.
Genocídio tem várias formas.
Matar é uma forma, cometer massacres é outra, tratar de subornar jornalistas é outra.
Genocídio tem várias formas, entre elas atacar todos os que denunciam seus crimes.

Esse ataque contra o presidente Lula cabe dentro desse genocídio generalizado que o governo de Israel, o governo de Netanyahu e seu gabinete de guerra e de extermino estão dirigindo contra o povo palestino.

Lembramos hoje também a cumplicidade dos Estados Unidos [EUA] de usar o veto [no Conselho de Segurança da ONU] contra uma resolução da Argélia que estabeleceria um cessar-fogo para poder enviar ajuda humanitária.

Quando um mandatário denuncia é um ato soberano, um ato humano que deve ser elogiado.

CC: Qual é a situação em Gaza, mais de quatro meses após o início da ação isralense?

IA: É um genocídio, e a situação é de calamidade pública.
Setenta e cinco por cento (75%) da Faixa de Gaza está destruída
ou semidestruída, não há lugar para viver.

Temos mais de 100 mil entre mortos e feridos, contabilizando também
8 mil desaparecidos que, por lógica, estão mortos.
Não é fácil desaparecer naquele lugar, a não ser que esteja sob os escombros.

Estão faltando água, medicamentos e alimentos.

Sobram mortes, feridos, corpos em decomposição, doenças
que se espalham, necessidades primárias em todos os sentidos.

É um estado que não sei se aconteceu na Segunda Guerra Mundial.

A situação é terrível, independentemente de espaço e tempo.

Se vamos comparar com a primeira e a segunda guerras, é pior,
porque está acontecendo no século XXI, com tanta comunicação.
O mundo está vendo.
É uma guerra televisionada, transmitida por voz e imagem.
É incrível que isso aconteça e o mundo não intervenha da maneira que deve,
diante de tanta agressividade por parte de Israel e do encobrimento desses
crimes por parte dos Estados Unidos [EUA] e de algumas potências ocidentais.

Ao menos na Europa alguns países estão exigindo o cessar-fogo,
e esperamos que essa movimentação consiga dar frutos antes que Israel
volte a massacrar 1,6 milhão de habitantes que estão em Rafah [no sul da Faixa de Gaza].

O mundo precisa agir rapidamente, porque esses [1,6 milhão de] palestinos
estão correndo o risco de ser massacrados.

CC: Diante da incapacidade do Conselho de Segurança da ONU,
qual é o caminho mais viável para uma solução?

IA: O único caminho é o Conselho de Segurança,
[de outra maneira]não tem como.

Somente rezar, porque a Corte Internacional de Justiça, em primeiro lugar, não toma decisões tão rápidas.

Outra coisa: para implementar um cessar-fogo é o Conselho de Segurança, responsável pela paz, mas que está sendo agora, pela posição dos Estados Unidos [EUA], cúmplice nesta guerra de extermínio.

Não temos outra saída a não ser rezar, lamento dizer isto, com esta
impotência que estamos sentindo frente ao mundo, que não consegue agir, pela posição dos Estados Unidos [EUA], pela agressividade, pelo genocídio.

Não sou especialista na Língua Portuguesa.
Como ser humano, político ou diplomata, não consigo ainda achar uma palavra para descrever o que aconteceu e está acontecendo em Gaza.
Até a palavra ‘holocausto’ fica pequena, até a palavra ‘genocídio’ fica pequena.
Alguém tem de descobrir e dar exatamente o tamanho da barbárie que está acontecendo em Gaza.

https://www.cartacapital.com.br/mundo/ataque-contra-lula-e-parte-do-genocidio-generalizado-imposto-por-israel-diz-embaixador-da-palestina

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Gustavo Ballejo

Oi Jeferson
Concordo plenamente contigo!!
Quiçá tivesse sido mais apropriado comparar com a decisão de Hitler de arrasar a cidade de Lídice na República Tcheca como represalia pelo atentado da resistência tcheca contra Heydrich quem governava a tchecoslovaquia ocupada durante a segunda guerra mundial!!

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