Jeferson Miola: Armínio Fraga no capitalismo de rapinagem

Tempo de leitura: 3 min
Ilustração: Renato Aroeira (@arocartum)

Armínio Fraga no capitalismo de rapinagem

Por Jeferson Miola, em seu blog

A proposta do Armínio Fraga de congelar por seis anos o salário mínimo que hoje é de 1.518 reais é uma indecência.

O poder de compra do atual salário mínimo, que seria de menos de 900 reais não fosse a política de aumento real implantada pelos governos petistas e interrompida por Temer e Bolsonaro, é insuficiente para atender as necessidades essenciais dos trabalhadores e suas famílias.

Só para comprar os itens alimentícios da cesta básica o trabalhador brasileiro gasta, em média, mais de 40% do salário mínimo. Em São Paulo o custo da cesta básica é o maior do país – R$ 851,82, quase 60% do salário mínimo.

Um detalhe: mais de 70% das famílias brasileiras sobrevivem com no máximo dois salários mínimos.

O Dieese calcula que em fevereiro de 2025 o salário mínimo deveria ser de R$ 7.156 para propiciar condições mínimas de sobrevivência de famílias de quatro pessoas.

Um país com as características econômicas do Brasil –uma das 10 maiores economias do mundo– teria todas as condições de planejar o aumento permanente do salário mínimo até atingir o patamar definido pelo Dieese em no máximo cinco anos.

O que compromete o Brasil de atingir esta meta, no entanto, é a existência de uma elite dominante parasita e predadora, que vive da rapinagem do orçamento público, e que moldou uma estrutura econômica altamente concentradora da renda e da riqueza nacional nas mãos de pouquíssima gente.

Armínio Fraga é uma das 141.400 pessoas que ganham muito mais [muito mais mesmo] que um milhão de reais por ano e que o governo propõe que paguem um mínimo de 10% de imposto de renda para permitir a isenção para 10 milhões de trabalhadores que ganham até cinco mil reais por mês.

Apoie o VIOMUNDO

Esse seleto grupo de ricaços que representam apenas 0,06% da população brasileira se recusa a pagar um mínimo de 10% de imposto.

Essa parcela ínfima de menos de 0,1% da população é quem manda de fato no Brasil e controla a renda e a riqueza do país. São os donos reais do Brasil.

Com apetite insaciável por dinheiro, não hesitam em promover terrorismo financeiro, como fizeram em dezembro passado especulando com o dólar em articulação com o parceiro bolsonarista que comandava o Banco Central.

A proposta do Armínio expressa o pensamento e o desejo íntimo dessa elite dominante. Eles não defendem o congelamento do salário mínimo para equilibrar as contas do governo, como alegam, mas sim para sobrar mais dinheiro para seu capitalismo de rapinagem.

Para isso, eles inclusive usam argumentos falsos. “Onde está o dinheiro no Brasil? Uma conta gigante é a previdência, e ela está piorando assustadoramente, todos os estudos mostram, são regras que precisam ser refeitas”, disse Armínio na Brazil Conference.

É uma mentira. O que está piorando assustadoramente é o pagamento do serviço e dos juros obscenos da dívida pública, que consumirão um trilhão e 600 bilhões de reais do Orçamento da União de 2025, que é de 5,9 trilhões de reais.

Já a Previdência Social, sempre tratada como Geni, representará uma despesa de 1,08 trilhão de reais, 60% menos que as despesas financeiras do Orçamento.

Além disso, a previdência terá uma arrecadação de 700 bilhões de reais. O déficit total da Previdência, próximo aos R$ 300 bi, é causado principalmente pela previdência rural, ao redor de R$ 200 bi.

A turma do Armínio está historicamente acostumada a um padrão escandaloso de acumulação de renda e capital às custas do Estado.

Eles não trabalham, vivem tão somente do saqueio do orçamento e dos fundos públicos. Ganham dinheiro e multiplicam seus patrimônios cobrando juros, sem fazer nenhum esforço e sem trabalhar.

São verdadeiros parasitas.

Enquanto suas contas bancárias e nos paraísos fiscais engordam sem uma única gota de suor, eles vagabundeiam luxuosamente pelo mundo pregando receitas de austeridade e desejando a escravidão eterna da maioria do povo brasileiro.

*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

Leia também

Paulo Kliass: É urgente Lula se pronunciar contra a independência do BC que avança no interior de sua equipe

Jeferson Miola: Com Galípolo, BC repete política contracionista de Campos Neto

Jeferson Miola: O Congresso diante de uma escolha nada difícil

Jeferson Miola: A emenda anônima e a corrupção premeditada

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Leia também