Izabel Noronha: Secretaria da Educação de SP afronta a todos

Tempo de leitura: 3 min

A lei tem que ser cumprida!
Não abriremos mão dos nossos direitos!
por Maria Izabel Azevedo Noronha
A Secretaria Estadual da Educação (SEE) não vem agindo corretamente em relação ao ano letivo de 2012, deixando mais de duzentos mil professores estaduais em estado de insegurança e expectativa, após antecipar a atribuição de aulas para 23 de janeiro. Isto ocorre em decorrência de sua relutância em cumprir a lei 11.738/2008 (lei do piso), que determina a recomposição da jornada de trabalho com a destinação de, no mínimo, 1/3 dessa jornada para atividades extraclasses.
O Estado é muito eficiente e rápido quando se trata de criar e cumprir leis que prejudicam os servidores públicos. Nesses casos, as razões políticas e administrativas sempre falam mais alto e às autoridades pouco importa os impactos dessas medidas na vida dos professores e demais trabalhadores dos serviços públicos. Quando se trata, porém, de cumprir leis que nos beneficiam, o Estado protela, tergiversa, recorre, enrola. Mas todas as leis, sejam quais forem, estão aí para serem cumpridas e não abriremos mão de nossos direitos.
No caso da SEE, o órgão responsável por realizar essa operação de enrolação e tentativa de escapar à lei é a Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos – CGRH, antigo DRHU. Dali partem as mais diversas hipóteses e “continhas” destinadas a tentar desmentir o óbvio: a rede estadual de ensino destina apenas 17% da jornada de trabalho dos professores a atividades extraclasses, qualificadas pela lei complementar 836/97 (plano de carreira) como Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) e Horário de Trabalho em Local de Livre Escolha pelo docente (HTPL). Esse percentual, pela lei 11.738/08 terá que ser elevado a 33% (HTPC e HTPL). No caso do professor com jornada de trabalho integral, por exemplo, que hoje permanece 33 horas em atividades com alunos, deverá permanecer 26 horas com alunos, 6 em HTPC e 8 em HTPL. É um fato. Não há discussão quanto a isso.
Desde agosto, quando essa questão se tornou absolutamente pacífica com a publicação do Acórdão do Supremo Tribunal Federal rejeitando a Ação Direta de Inconstitucionalidade movida por cinco estados (com apoio do Governo de SP) contra a lei 11.738/08, vimos alertando a SEE sobre a necessidade de adequar-se à legislação, preparando a atribuição de aulas e todo o processo educativo na rede estadual conforme as novas regras. Nada foi feito. Diante disso, ingressamos com ação judicial e obtivemos liminar para que a lei seja cumprida de imediato, na forma estabelecida nas leis 11.738/08 (federal) e 836/97 (estadual). O Estado recorreu e perdeu. Ainda assim, não publicou até o momento a resolução que regulará a atribuição de aulas de 2012, levando em conta a lei do piso.
A recomposição da jornada de trabalho não é assunto meramente corporativo. A lei 11.738/08 está embasada na necessidade de conferir mais qualidade à educação
brasileira, assegurando ao professor tempos que são inerentes à tarefa de ensinar: aqueles destinados às atividades com alunos (a maior parte), tempo para as atividades pedagógicas  letivas (que pode incluir a formação no próprio local de trabalho) e àquelas tarefas individuais que podem ser exercidas em qualquer local escolhido pelo docente, como a preparação de aulas, elaboração e correção de provas e trabalhos, leitura de livros e atualização etc. Isto é claramente reconhecido no despacho do juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública quando diz que o cumprimento da lei 11.738/08 interessa a professores e alunos, pois significa mais qualidade de ensino.
Ao não cumprir a lei a SEE afronta não somente a nós, professores, mas também a Justiça. O secretário anterior também descumpriu uma liminar em 2010, relativa à classificação diferenciada entre professores das “categorias” L e O, enquanto recorria da mesma, e sofreu processo por improbidade administrativa. É verdade que ele conseguiu cassar a liminar, mas é também verdade que ganhamos sentença favorável ao final da ação. Tivemos o bom senso de concordar com o juiz quanto à não aplicação no momento em que o ano letivo já havia há muito se iniciado, mas o bom senso falta agora à SEE, que pretende criar uma situação de fato, afrontando a todos. Não permitiremos. Ainda que a SEE ingressasse com o chamado “embargo declaratório” para fugir ao cumprimento da liminar, seu resultado não sairia a tempo de influir  atribuição de aulas de 2012.
Estamos atentos e em estado de alerta. Vamos às últimas consequências para que nos seja assegurado um direito já conquistado. Se necessário, vamos à greve, mas não abriremos mão da recomposição da nossa jornada de trabalho, pois é uma medida que respeita os professores e contribui para a melhoria do processo ensino-aprendizagem nas escolas estaduais de São Paulo.

Maria Izabel Azevedo Noronha é presidenta da Apeoesp ( Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e membro do  Conselho Nacional de Educação e do Fórum Nacional de Educação.

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Comentários

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rita

eu nao aguento mais esse psdb!

João-PR

Há um déficit de 300.000 Professores no país para o ano de 2012.
Também, quem quer trabalhar tanto para ganhar R$ 1.300,00 (dar aulas, preparar aulas, corrigir trabalhos e provas – sem final de semana).
A educação tem que sair do campo do discurso, e ser valorizada na prática.
Eu, particularmente (sou professor) estou reduzindo carga horária em escolas para me dedicar a outros afazeres. Posso dizer que estou cansado de remar contra a maré, ganhar mal, não ter reconhecimento nenhum (de governos e da sociedade como um todo). Já dei meu retorno ao país, que pagou meu Mestrado (fiz em uma Instituição Pública de Ensino Superior). Porém, o país não dá retorno aos seus professores. Ou se faz um choque de educação nesse país como um todo, ou exportaremos soja, minério de ferro, carne de boi e de frango pelo resto de nossa história.
Feliz 2012 a todos

Joel

Se os professores estão tão insatisfeitos com a Bebel, por que vivem reelegendo-a? Parece que há várias chapas concorrendo, sempre a dela ganha, por quê? Será que são esses mesmos professores que vivem reelegendo o PSDB em São Paulo? Se forem, bem feito. Agora é tarde para chorar.

ramos_toledo

Ê, Dona Bebel… Na última assembléia, tive que assistir, indignado, a senhora desrespeitar decisão de assembléia dos professores sob o argumento de que o governo de SP estava negociando com o sindicato e que a senhora traria grandes conquistas para a categoria da mesa de negociação. O fato é que a APEOESP, sob seu comando, perdeu legitimidade e combatividade, tornando-se um sindicato menor. A Madame se recusa a ir para o confronto, com medo de melindrar o Governo Federal do qual faz parte como Conselheira do CNE.

Sindicalista que coloca interesses partidários e de governo à frente das necessidades da categoria tem nome: Pelego.

@eduardoprado

O mais triste desta história é ter de reconhecer que Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da APEOESP, é pessoa desacreditada entre a categoria que ele representa e graças a sua má gestão o sindicato hoje não tem qualquer credibilidade junto aos professores da rede paulista. É até estranho a sra Maria Izabel Azevedo Noronha falar em greve. O sindicado, capitaneado por ela, hoje é incapaz de organizar uma simples assembléia ou paralização, que dirá uma greve. Os professores da rede siquer consideraram a hipoteses de aderir as recentes assembléias ocorridas no Centro de São Paulo por já estarem consados da encenação dos dirigentes sindicais e seu autorirtarismo, que impede o debate de ideias e a discussão, real, de propostas de ação para a categoria, que a cada dia, está mais e mais dividida.

    Paulo Roberto

    Eduardo, confesso que desconheço o assunto, mas a "Bebel" não estaria desacreditada porque a maioria dos professores paulistas é composta de eleitores do PSDB e, portanto, contra greve e outros tipos de manifestações ditas de esquerda?.

    lia

    Esse é o ponto. E tem sim aqueles que acreditam e que reconhecem as conquistas difíceis (vide o judiciário). Portanto, vamos à luta.

Ricardo J.F.Almeida

A atual afronta da parte do Governo do Estado de São Paulo, está sendo dirigida, diretamente, ao Judiciário. Se o Governo do Estado de São Paulo persistir no desrespeito a determinação do Tribunal, estará instalada as condições de anuncio do fracasso das referidas instituições. E no centro deste absurdo está a Educação Pública. Setor que deveria ter a atenção de todos os níveis de governos com investimentos e condições de trabalho decente. No entanto, em São Paulo, as contradições entre os discursos de campanha e a sua efetivação na prática diária, inexistem. Constatação de uma conduta autoritária e demagógica que vão minando as expectativas que toda a sociedade paulista e brasileira, que clamam por ter qualidade neste serviço público.

    Paulo Roberto

    O judiciário (minúscula, mesmo) paulista está mais preocupado em se esconder das auditorias do CNJ…

Antonio

A corrupção tucana engole tudo. Faz desmoronar o Estado, faz desmoronar a Educação Púlbica (é parte do projeto neoliberal), faz desmoronar a Segurança Pública e faz imperar o tráfico de drogas, faz desmoronar a Saúde, deteriora Serviços Públicos como Transportes, pois o dinheiro precisa escoar para outro lado, não para benfeitorias para a população,. pelo contrário, é preciso deteriorar o público para oferecer o privado caro e ruim, como é o caso da Eletropaulo, como é o caso da Educação, da Segurança, como é o caso das Telecomunicações e da Saúde, que é uma calamidade, pois os donos dos planos de Saúde comandam a Agência Nacional de Saúde ou as outras Agências Nacionais, como a de Eletricidade e de Telecomunicações, que estão à serviço das Empresas Privatizadas e não do povo brasileiro. O PSDB ferrou o Brasil e os Brasileiros e o malfeito ainda não foi desfeito.

Cleide

Isso é o circo da SEE, que a muito está com este espetáculo.

ramos_toledo

Ê, Dona Bebel… Na última assembléia, tive que assistir, indignado, a senhora desrespeitar decisão de assembléia dos professores sob o argumento de que o governo de SP estava negociando com o sindicato e que a senhora traria grandes conquistas para a categoria da mesa de negociação. O fato é que a APEOESP, sob seu comando, perdeu legitimidade e combatividade, tornando-se um sindicato menor. A Madame se recusa a ir para o confronto, com medo de melindrar o Governo Federal do qual faz parte como Conselheira do CNE.

Bebel, até onde lembro, sabe como se chama sindicalista que coloca interesses de governos e partidos à frente dos interesses de sua categoria?

PELEGO! Teu sobrenome, minha querida. Valeu por ter destruído o Sindicato dos Professores nesses últimos 8 anos. Tá na hora de você voltar à sala de aula, se é que ainda se lembra de como é uma.

ERALDO

TERGIVERSAR, PROTELAR, ENGANAR…ROUBAR DIREITOS, É UMA PRÁTICA COMUM DOS TUCANOS. EM MINAS GERAIS, ONDE O PROJETO MEGALOMANÍACO DO SENADOR HÍBRIDO(MINEIRO/CARIOCA) AECIM SE SOBREPÕE A TUDO E A TODOS, OS EDUCADORES ESTÃO SENDO TRATADOS COMO MARGINAIS PORQUE REVELARAM A FARSA DO CHOQUE DE GESTÃO E DO DEFICIT ZERO. MERAS JOGADAS DE MARKETING A ENCOBRIR A INCOMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA DO TUCANATO MINEIRO. A EDUCAÇÃO DE MINAS PEDE SOCORRO ÁS PESSOAS DE BEM DO BRASIL. QUEREMOS ACREDITAR NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, FAZENDO-O REAL EM NOSSO(?) ESTADO.

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