Heloisa Villela: Corrente de solidariedade tenta tirar Assmaa dos bombardeios de Gaza. ‘Não aguento mais’, diz

Tempo de leitura: 4 min

Corrente de solidariedade tenta tirar Assmaa dos bombardeios de Gaza: ‘Não aguento mais’

Ela viveu no Brasil dos 4 aos 18 anos. Sobre o massacre em Gaza, questiona: “O que o mundo ainda está esperando?”

Por Heloisa Villela, no ICL Notícias

As bombas voltaram e o medo, agora, é ainda mais intenso. Mas não é um medo qualquer.

“Eu não tenho medo de morrer. Tenho medo de perder uma perna, quebrar o quadril. Aqui, é preciso muita força de vontade para não ficar maluco”, diz Assmaa Abu Jidian.

Desde que Israel abandonou o cessar-fogo  e as negociações com o Hamas, no dia 18 de março, depois de dois meses de trégua, o som dos aviões sobrevoando a região onde Assmaa mora não para. Ele atormenta os sobreviventes de Gaza durante as 24 horas de cada dia.

Um ferimento grave, na visão dela, é ainda pior do que a morte porque vai tornar ainda mais difícil cuidar da família.

Sem comida em casa, já que Israel impediu novamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza, ela não tem condição de alimentar os quatro filhos.

Assmaa tem plena consciência de que o limite entre a lucidez e a loucura é cada vez mais tênue em toda a região: “Quando uma mãe pega só a cabeça da criança dela, o que você quer que ela fale?”.

Esse foi o melhor exemplo que ela ofereceu para fazer o mundo entender a insanidade em que a família dela, e de tantas outras mães, vive hoje.

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Todas as vezes que a internet nos permite conversar, ela me faz a mesma pergunta: “O que o mundo ainda está esperando?”.

Assmaa cresceu em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Morou no Brasil dos 4 aos 18 anos, quando os pais se separaram. A mãe decidiu voltar à terra natal e assim, Assmaa se mudou para a Faixa de Gaza.

O pai chegou a dar entrada nos documentos de naturalização dela. Mas nunca completou a papelada.

Hoje, Assmaa não tem a cidadania brasileira, apesar do português fluente e dos boletins escolares que atestam os anos da infância, adolescência e começo da vida adulta passados no Brasil.

Agora, Assmaa sonha em fazer o caminho de volta. Ela ainda mantém contato com alguns colegas da escola e não vê saída para a família em Gaza, ou futuro para os filhos, se não conseguir cruzar a fronteira com o Egito.

As crianças tentam brincar entre os escombros e não têm nada para fazer porque não podem mais estudar. “Estragaram toda uma geração”, lamenta. O filho mais novo, de 8 anos, voltou a fazer xixi nas calças. “Eu também tenho medo, mas cada um manifesta de uma maneira”, explica a mãe.

Grupo de apoio tenta tirar Assmaa de Gaza

Cibele Deffune, professora de inglês, de canto e cantora de jazz em Curitiba, acompanha cada passo do desespero de Assmaa para se afastar de bombardeios e mortes.

Ela organizou um grupo de apoio à distância para ajudar a brasileira. Cibele não tem afinidade religiosa com Asmaa nem raízes familiares ligadas à Palestina. Mas tem empatia e fé na capacidade do ser humano de se unir em torno de causas justas para fazer mudanças aparentemente impossíveis. Por isso, criou uma campanha de fundos para tirar de Gaza a família de Assmaa.

Cibele contou ao ICL Notícias que tudo começou com as transmissões do jornalista Motaz Aziza. Durante meses, ele foi a principal voz de denúncia, direto de Gaza, com vídeos impressionantes da destruição e das mortes.

“Através dele, comecei a saber da barbárie”, diz. Daí por diante, ela mergulhou cada vez mais nas notícias vindas da Palestina.

A professora de Curitiba entrou em contato com alunos de medicina que estavam terminando o curso no Egito e de uma hora para outra não podiam mais pagar a faculdade porque as famílias perderam tudo em Gaza. A campanha de fundos deu certo. Hoje eles estão formados e alguns já trabalham para ajudar os parentes.

No último mês, Cibele conheceu Assmaa e não vai sossegar enquanto não tirar a brasileira de Gaza.

Assmaa chegou a comemorar o cessar-fogo. Mas ele durou apenas dois meses. E ela tem a impressão de que o ataque voltou com mais força ainda. Agora ela está convencida. Precisa deixar Gaza.

“Sinto como se fosse uma traição à minha terra, mas não aguento mais!”, disse. A única possibilidade, no momento, é o problema de saúde. Assmaa precisa de tratamento para uma lesão grave no ombro e em Gaza, não existe alternativa.

Algumas vezes, nesses casos, as autoridades permitem a saída do paciente e da família. O objetivo é chegar ao Cairo.

Esse é o primeiro passo. O mais difícil. Mas a rede de apoio no Brasil está levantando dinheiro para financiar a tentativa. Passagens para o Brasil, comida, advogado, deslocamento dentro do Egito…

Por isso eles estão divulgando os meios de arrecadação, para quem puder contribuir. A meta é arrecadar R$ 165 mil. Abaixo, os caminhos da arrecadação para quem puder colaborar.

Não é papel de jornalistas fazer campanha de fundos para ajudar essa ou aquela família. Mas também não é papel da humanidade olhar, impassível, o genocídio em curso na Palestina.

Gofundme

ou

Pix: patija@gmail.com

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Comentários

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Zé Maria

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“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas,
porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho
e tendes negligenciado os preceitos mais importantes
da Lei: a Justiça, a Fé e a Misericórdia;
devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!

Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais
o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro,
estão cheios de rapina e intemperança!

Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo,
para que também o seu exterior fique limpo!

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque
sois semelhantes aos sepulcros caiados, que,
por fora, se mostram belos, mas interiormente
estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!

Assim também vós exteriormente pareceis justos
aos homens, mas, por dentro, estais cheios
de hipocrisia e de iniquidade.

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque
edificais os sepulcros dos profetas, adornais
os túmulos dos justos e dizeis:
‘Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas!’

Assim, contra vós mesmos, testificais que sois filhos
dos que mataram os profetas.
Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.

Serpentes, raça de víboras!
Como escapareis da condenação do inferno?”

JESUS CRISTO
Em Pregação em Jerusalém.
Dias Antes de Ser Preso,
Torturado e Crucificado.

[Vide “Mateus 23-34” (ARA)]:
https://www.bible.com/pt/bible/1608/MAT.23.23-34.ARA

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