Gerson Almeida: Envolvimento de Paulo Guedes no golpe vai muito além do silêncio cúmplice na reunião
Tempo de leitura: 4 minO núcleo econômico do golpe
Encarregado de drenar os recursos do orçamento público para assegurar a reeleição de Bolsonaro, Paulo Guedes e outros contribuíram com o golpismo
Por Gerson Almeida*, em A Terra é Redonda
O vídeo da reunião do alto comando golpista liberado ao público pelo STF mostra o estágio avançado da organização do golpe à democracia e sugere que a trama contava com um núcleo adicional aos seis já identificados e investigados pela Polícia Federal: um núcleo econômico, encarregado de drenar os recursos do orçamento público para assegurar a reeleição de Jair Bolsonaro.
É o que podemos depreender da fala de Jair Bolsonaro durante a reunião sobre a votação pela Câmara da “PEC das Bondades” e da vantagem eleitoral esperada “ela é necessária. Apesar de não ter sido feita para a eleição, não tem como não ganharmos a simpatia da população”.
Afirmação que evidencia a sua relevância para a conspiração golpista e explica a presença de Paulo Guedes no conluio.
É bom lembrar que essa PEC expandiu alguns programas sociais e instituiu novos auxílios emergenciais, utilizando mais de R$ 41 bilhões de recursos públicos para ações com validade apenas no período entre 1° de agosto e dezembro de 2022.
Ou seja, eram previstas para começarem um pouco antes das eleições e terminarem logo depois delas, sem haver qualquer previsão orçamentária que viabilizasse a continuidade desses benefícios no próximo governo.
O reconhecimento de que essa PEC foi concebida como uma ação meramente eleitoreira e não como uma política de proteção social, é algo que o próprio Jair Bolsonaro reconhece ao afirmar na reunião que “não tem como. Depois desta PEC da Bondade – a gente não está pensando nisso – termos 70% dos votos, mas vamos ter 49% dos votos”, fazendo uma referência direta ao objetivo de utilizar os recursos públicos para incidir na reversão da preferência da maioria à Lula, conforme indicavam as pesquisas eleitorais naquele momento.
Paulo Guedes ficou calado na reunião que discutia detalhes da preparação do golpe e tratava como fundamental para o seu sucesso uma ação na qual ele e a sua equipe haviam atuado decisivamente para viabilizar.
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O mais importante ministro do governo e representante dos interesses de grandes grupos financeiros, não titubeou e manteve um ruidoso silêncio cúmplice, mesmo quando, em alto e bom som, Jair Bolsonaro intimou todos a se posicionar: “Alguém quer falar? É obrigação falar se está errado”.
Ele estava seguro de que a sua contribuição era reconhecida por todos e não necessitava qualquer comentário adicional.
Para que não reste nenhuma dúvida da tramoia, quando essa Emenda Constitucional começou a tramitar, Paulo Guedes e a sua equipe chamaram a proposta de “PEC Kamikaze”.
Naquele momento, o texto previa que as medidas deveriam vigorar por dois anos, e não apenas até o fim de 2022, o que poderia aproximar a proposta de uma verdadeira política de proteção social.
Ao longo das discussões comandadas pelo ministro da Fazenda e sua equipe com os parlamentares bolsonaristas, acertaram que a proposta seria limitada a apenas cinco parcelas, sem previsão para a sua continuidade.
Feito este acordo, a proposta deixou de ser considerada “Kamikaze” e foi transformada em “PEC das Bondades”, um dos pilares da estratégia da continuidade de Jair Bolsonaro no poder.
Todo cidadão investido de cargo público está obrigado a cumprir com responsabilidade e honradez as suas obrigações funcionais e constitucionais, o que torna crime o silêncio diante uma violação flagrante da legalidade.
O envolvimento de Paulo Guedes, no entanto, vai muito além do silêncio cúmplice, pois a sua conduta ao longo do governo, especialmente no ano eleitoral, sustenta a hipótese de que ele liderava um dos núcleos fundamentais para o sucesso da intentona golpista, o núcleo econômico, e fez tudo aquilo que estava ao seu alcance para que ela fosse bem sucedida.
Paulo Guedes e nenhum dos demais presentes naquela reunião tiveram a honradez exigida de servidores públicos colocados diante de conspirações e atos ilegais, como foi a postura emblemática do oficial da FAB, Sérgio Macaco, que integrava o esquadrão paraquedista de resgate Para-Sar e se recusou a cumprir, em 1968, ordens do brigadeiro João Paulo Moreira Burnier para dinamitar uma represa e explodir o gasômetro do Rio de Janeiro na hora do rush, o que poderia assassinar milhares de pessoas.
O plano terrorista previa atribuir a culpa aos comunistas e legitimar um recrudescimento à repressão contra os opositores da ditadura militar.
Ao ser perguntado pelo seu superior, Burnier, se concordava com o plano, Sérgio Macaco respondeu de forma altiva e respeitando as suas obrigações funcionais e constitucionais: “Não. Não concordo. E enquanto eu estiver vivo isso não acontecerá. (…). Não me calo e darei conhecimento de tais fatos ao ministro”.
Escolheu honrar suas obrigações, mesmo que essa postura tenha lhe custado à perda da patente de oficial e até a sua morte, em 1994, não tenha conseguido restabelecer seus direitos, algo que só ocorreu em 1997.
Diante de situação semelhante, 55 anos depois, os presentes na referida reunião permaneceram calados e concordaram em participar ativamente, ou na condição de cúmplices, de uma trama golpista contra a democracia brasileira e escolheram a trair as suas responsabilidades constitucionais e o compromisso de defender a democracia, através da qual lhes foi conferido o direito de acesso ao poder de Estado.
Crimes contra os quais a democracia não pode deixar de se defender.
*Gerson Almeida é sociólogo, ex-vereador e ex-secretário do meio-ambiente de Porto Alegre, foi secretário nacional de articulação social no governo Lula 2.
Leia também:
Lelê Teles: O incauto culto ao inculto cadáver insepulto
Milly Lacombe: Teria sido um golpe miliciano com apoio liberal
Comentários
Zé Maria
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“Plano do Golpe Poderia ter sido Revelado ou Denunciado
por Integrantes da Reunião de 5 de Julho de 2022.
Preferiram o Silêncio dos Covardes, a Exemplo do Ministro
Paulo Guedes e Outros Tantos.”
Por Aldo Fornazieri*, na Carta Capital
A Polícia Federal finalmente tornou pública a estrutura de comando da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. No fundamental, a coordenação era de Bolsonaro e de alguns militares da ativa e da reserva, dois ou três integrantes da PF e alguns civis.
Esse comando tinha consciência de que o golpe só teria êxito se houvesse um significativo engajamento militar.
Os acampados, as turbas que invadiram a sede dos Três Poderes, eram massa de manobra, ou para provocar a decretação de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou para levar a uma operação militar mais direta.
Embora existissem, segundo a PF, seis núcleos operacionais, a estrutura golpista era rudimentar.
A incitação ao golpe circulava de forma mais ou menos livre em redes militares e a reunião de 5 de julho de 2022, registrada em vídeo, revelou que, além de personalidades grotescas, não havia nenhum plano estratégico consistente.
O golpe poderia ser revelado ou denunciado por integrantes da reunião, a exemplo do ministro Paulo Guedes e outros tantos.
Preferiram o silêncio dos covardes.
*Aldo Fornazieri é Doutor em Ciência Política pela USP.
Foi Diretor Acadêmico da Fundação Escola de Sociologia
e Política de São Paulo (FESPSP), onde é Professor.
É o Autor da Obra “Liderança e Poder”.
https://www.cartacapital.com.br/opiniao/golpe-de-aloprados/
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Zé Maria
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O Golpe Econômico foi Mais que Endossado pela Mídia.
A Imprensa Tradicional defendeu com Unhas e Dentes
os Regimes Neo e Ultraliberais implementados no País.
Daí o Antipetismo Radical Expresso na Linha Editorial
e nos Artigos de C@lunistas dos Veículos de Imprensa.
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Zé Maria
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Historicamente, o Golpe Neoliberal Federal vem
desde o Governo FHC (PSDB), de 1995 a 2002,
parcialmente interrompido nos Períodos dos
Governos do PT (Lula e Dilma), de 2003 a 2015,
e se aprofundando desde o Golpe de 2016 que
derrubou a Presidente da República Eleita.
E os Governos Estaduais acompanharam
o Ritmo dos Respectivos Chefes do Poder
Executivo Federal, em Cada Período.
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Zé Maria
Os Últimos 2 Governadores do Rio Grande do Sul
acompanharam o Golpe Neoliberal Federal.
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“Câmara de Vereadores de São Leopoldo/RS
aprovou uma moção de apoio à instalação da CPI
da CEEE Equatorial e RGE na Assembleia.
Vereadores do PT e do PDT assinaram juntos.
A Câmara enviará à Assembleia Legislativa do RS
o apelo aos deputados para que a CPI investigue
o péssimo serviço de energia elétrica.”
https://twitter.com/MiguelSRossetto/status/1758275287282762096
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Hoje [16/02] faz um mês que o RS ficou no escuro
pela incompetência da CEEE Equatorial e da RGE.
Está chovendo de novo…
Quem mora aqui está pensando:
-Vai faltar luz?
Hoje faz um mês que propus a CPI para investigar
o péssimo serviços das empresas de energia…
Falta apenas uma assinatura!”
MIGUEL ROSSETTO
Deputado Estadual (PT-RS).
Sociólogo e Mestre em Políticas Públicas.
Foi Deputado Federal, Vice-Governador do RS
com Olívio Dutra além de Ministro de Lula e Dilma.
https://twitter.com/MiguelSRossetto/status/1758487204358140185
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https://pbs.twimg.com/media/GGatDChbkAAyzwo?format=jpg
Deputados Estaduais do Rio Grande do Sul que até agora assinaram
o pedido de CPI para investigar as concessionárias de energia no RS.
https://twitter.com/giovanigrizotti/status/1758282980878127370
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