Folha de S. Paulo: Teori Zavascki era uma pedra no caminho de Moro e Dallagnol
Tempo de leitura: 5 minLava Jato articulou apoio a Moro diante de tensão com STF, mostram mensagens
Conversas indicam que Deltan discutiu com então juiz medidas para evitar desgaste por divulgação de planilhas com políticos
Da Folha, com Intercept Brasil*
Procuradores na linha de frente da Operação Lava Jato se articularam para proteger Sergio Moro e evitar que tensões entre ele e o Supremo Tribunal Federal paralisassem as investigações num momento crítico para a força-tarefa em 2016, segundo mensagens privadas enviadas por uma fonte anônima ao The Intercept Brasil e analisadas pela Folha e pelo site.
O objetivo era evitar que a divulgação de papéis encontrados pela Polícia Federal na casa de um executivo da Odebrecht acirrasse o confronto com o STF ao expor indevidamente dezenas de políticos que tinham direito a foro especial — e que só podiam ser investigados com autorização da corte.
O episódio deixou Moro contrariado por criar novo foco de atrito com o Supremo, um dia depois de ele ser repreendido pelo tribunal por causa da divulgação das escutas telefônicas que tiveram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como alvo naquele ano.
As mensagens indicam que os procuradores e o então juiz temiam que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, desmembrasse os inquéritos que estavam sob controle de Moro em Curitiba e os esvaziasse num momento em que as investigações sobre a Odebrecht avançavam rapidamente.
Os diálogos sugerem que o incidente foi causado por um descuido da Polícia Federal no dia 22 de março de 2016, quando ela anexou os documentos da Odebrecht aos autos de um processo da Lava Jato sem preservar seu sigilo, o que permitiu a divulgação do material por um blog mantido pelo jornalista Fernando Rodrigues na época.
Assim que soube, do dia seguinte, Moro escreveu ao procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, para reclamar da polícia e avisar que acabara de impor sigilo aos papéis.
“Tremenda bola nas costas da Pf”, disse. “E vai parecer afronta”, acrescentou, referindo-se à reação que esperava do Supremo.
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Moro avisou que teria de enviar ao tribunal pelo menos um dos inquéritos em andamento em Curitiba, que tinha o marqueteiro petista João Santana como alvo.
Deltan disse ter contatado a Procuradoria-Geral da República e sugeriu que o juiz enviasse outro inquérito, com foco na Odebrecht.
Horas depois, o procurador escreveu novamente a Moro para discutir a situação e sugeriu que não tinha havido má-fé na divulgação dos papéis pela PF.
“Continua sendo lambança”, respondeu o juiz, no Telegram. “Não pode cometer esse tipo de erro agora.”
Deltan procurou então encorajar Moro e lhe prometeu apoio incondicional.
“Saiba não só que a imensa maioria da sociedade está com Vc, mas que nós faremos tudo o que for necessário para defender Vc de injustas acusações”, escreveu.
Moro disse que temia pressões para que sua atuação fosse examinada pelo Conselho Nacional de Justiça e comunicou que mandaria para o Supremo os três principais processos que envolviam a Odebrecht, inclusive os que a força-tarefa tinha sugerido manter em Curitiba.
Deltan prometeu ao juiz que falaria com o representante do Ministério Público Federal no CNJ e sugeriu que tentaria apressar uma das denúncias que a força-tarefa estava preparando.
A medida permitiria que o caso fosse encaminhado ao STF já com os acusados e crimes definidos na denúncia.
Os diálogos analisados pela Folha e pelo Intercept fazem parte de um pacote de mensagens que o site começou a revelar no último dia 9.
O material reúne conversas mantidas pelos procuradores da Lava Jato em vários grupos do aplicativo Telegram desde 2014.
O vazamento das mensagens expôs a proximidade entre Moro e a força-tarefa e pôs em dúvida sua imparcialidade como juiz na condução dos processos da Lava Jato, obrigando-o a ir até uma comissão do Senado para se explicar na última quarta-feira (19).
Moro, que deixou a magistratura no ano passado para ser ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PSL), diz não reconhecer a autenticidade das mensagens obtidas pelo Intercept, considera sua divulgação sensacionalista e nega ter cometido ilegalidades na condução da Lava Jato –o que deve ser avaliado nesta semana pelo Supremo.
A força-tarefa da Lava Jato também não reconhece as mensagens como autênticas, mas, assim como Moro, não apontou indícios de fraude nos diálogos revelados.
Segundo a legislação, juízes devem se manter imparciais diante da acusação e da defesa.
Se estiverem de alguma forma comprometidos com uma das partes, devem se considerar suspeitos e, assim, ficam impedidos de julgar a ação.
Quando isso ocorre, o caso é enviado para outro magistrado.
As mensagens mostram também que procuradores e policiais se mobilizaram em diversos momentos para manter o juiz como um aliado da força-tarefa, seguindo sua orientação até mesmo quando criticou uma procuradora cujo desempenho numa audiência lhe parecera fraco.
No caso da lista da Odebrecht, Deltan procurou o delegado Márcio Anselmo, que chefiava as investigações sobre a empresa, minutos depois de receber a reclamação do juiz.
“Moro está chateado”, escreveu. “Vai apanhar mais do STF, porque vai parecer afronta”, acrescentou, repetindo a palavra usada pelo juiz antes.
O procurador sugeriu que o policial fizesse uma análise mais aprofundada da lista para verificar se os valores correspondiam a contribuições políticas feitas legalmente ou não e fez um apelo.
“Por favor nos ajude a pensar o que podemos fazer em relação a isso”, escreveu.
Anselmo respondeu no fim do dia, de acordo com as mensagens.
Disse que correra para anexar os papéis aos autos dentro do prazo legal e que não via motivo para “todo esse alvoroço”, acrescentando a Deltan que parte do material já tinha sido exibido a três integrantes da força-tarefa um mês antes, quando foi encontrado.
Deltan afirmou ao delegado que ele cometera um erro na sua avaliação e pediu que fosse mais cuidadoso.
“O receio é que isso seja usado pelo STF contra a operação e contra o Moro. O momento é que ficou ruim”, explicou. “Vem porrada.”
No fim da noite, Moro pediu a Deltan que ajudasse a conter o grupo antipetista MBL (Movimento Brasil Livre), após um protesto em frente ao apartamento do ministro Teori Zavascki em Porto Alegre, em que militantes estenderam faixas que o chamavam de “traidor” e “pelego do PT” e pediam que deixasse “Moro trabalhar”.
“Nao sei se vcs tem algum contato mas alguns tontos daquele movimento brasil livre foram fazer protesto na frente do condominio.do ministro”, digitou Moro no Telegram, no fim da noite.
“Isso não ajuda evidentemente.”
Deltan disse que ia procurar saber, mas observou que talvez fosse melhor não fazer nada.
“Não sendo violento ou vandalizar, não acho que seja o caso de nos metermos nisso por um lado ou outro”, disse.
Mais tarde, o procurador disse que a força-tarefa não tinha contato com o MBL, e Moro não insistiu mais no assunto.
Em 28 de março, após receber manifestação formal do Ministério Público sobre os processos, Moro mandou para o STF dois inquéritos e uma ação penal que estavam em andamento em Curitiba, incluindo os autos com a lista da Odebrecht, para que Teori decidisse o que fazer com eles.
“O ideal seria antes aprofundar as apurações para remeter os processos apenas diante de indícios mais concretos de que esses pagamentos seriam também ilícitos”, anotou em seu despacho.
“A cautela recomenda, porém, que a questão seja submetida desde logo ao Egrégio Supremo Tribunal Federal.”
Em 22 de abril, Teori decidiu devolver os três processos a Curitiba, mantendo no STF somente as planilhas da Odebrecht que listavam políticos, que foram preservadas sob sigilo. Primeiro relator da Lava Jato no Supremo, Teori morreu num acidente aéreo em janeiro de 2017.
A retomada dos inquéritos foi importante para o avanço das investigações sobre a Odebrecht.
Nessa época, os procuradores já haviam convencido uma funcionária do departamento responsável por pagamentos de propina da empreiteira a cooperar e estavam começando a negociar acordos de delação premiada com os principais executivos da empresa.
Procurado, Moro afirmou que sempre respeitou o MBL e voltou a criticar invasão de celulares.
Já equipe de procuradores da Lava Jato não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Segundo levantamento feito pelo CNJ a pedido da Folha na semana passada, 55 processos foram abertos para examinar a atuação de Moro na Lava Jato e 34 já foram arquivados sem punição para o ex-juiz, incluindo diversas reclamações por causa da divulgação das escutas em 2016.
Ricardo Balthazar e Flavio Ferreira, da Folha; Rafael Moro Martins e Amanda Audi, do The Intercept Brasil
Comentários
Pereira
Tudo isso é muito estranho, Moro, Deltan, MBL… Aí morre Teori de forma totalmente suspeita… Sei não viu, existe uma indústria de de acidentes inexplicáveis. Investigações profundas devem ser feitas!
Zé Maria
CuméQuiÉ?!?
Em áudio ao MBL, Moro [ou terá sido o Ráquer?]
pede desculpas por tê-los [sic] chamado de “tontos”
[Marianna Holanda, no Estadão, 23/06/2019 17h15]
Zé Maria
Seria bom se o Deltan Dallagnol viesse a público explicar
essa história de falar com o representante do MP no CNJ
para aliviar as coisas pro lado do então Juiz Sergio Moro.
Zé Maria
No dia 10/06/2019, o Corregedor Nacional do Ministério Público
instaurou Processo Administrativo Disciplinar (PAD) no CNMP
(Conselho Nacional do Ministério Público) contra Deltan Dallagnol,
coordenador [SIC] da Força-Tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba,
e contra os demais procuradores da República citados na série
de reportagens do “The Intercept Brasil”.
Na decisão, o Corregedor Orlando Rochadel determinou que
Deltan e os colegas da Lava Jato prestassem informações ao CNMP,
no prazo de dez dias, sobre as Mensagens entre o ex-juiz Sergio Moro
e o procurador Deltan Dallagnol, que foram divulgadas no domingo (9), mostrando que os dois trocavam colaborações em processos no âmbito
da Operação Lava Jato.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/apos-mensagens-vazadas-deltan-dallagnol-vira-alvo-de-representacao-em-conselho.shtml
.
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Pra quem será que o Dallagnol vai pedir ajuda no CNMP ?
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Zé Maria
Ficou mais que evidenciado que o Juiz Moro não iria enviar ao STF
os processos em que havia menção a pessoas com Foro Especial.
Aliás, quantos outros
Zé Maria
Mesmo após saberem que o Juiz Moro
chamou as nulidades fascistas do MBL de
“Tontos daquele movimento brasil livre”,
o Kim continua KataguiTonto
#TontosDoMBL
“Isso vem do Egito antigo:
se a verdade é ruim,
culpe o mensageiro.”
https://twitter.com/paulocoelho/status/1142849220061421569
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/D9vSvOiXsAAmcqR.jpg
O Juiz Sergio Moro em Conluio com Deltan Dallagnol, Suposto Coordenador
da Força Tarefa da #VazaJato no Paraná, sabia que estava atuando na
ilegalidade, ao não enviar ao STF os processos nos quais havia pessoas
com Foro Especial por Prerrogativa de Função (Privilegiado) no Supremo,
pois tinha pleno conhecimento dos cargos exercidos por elas.
https://pbs.twimg.com/media/D9vQZrQXkAIaR8n.jpg
https://twitter.com/GeraisConcertos/status/1142733755934760961
Zé Maria
Esse tal Delegado Federal Marcio Anselmo foi um
dos primeiros vazadores para alguns Jornais Paulistas.
Segundo o Jornalista Fausto Macedo, do Estadão,
foi responsável por iniciar as investigações da Operação Lava Jato, em Curitiba, à [sic] partir da retomada em 2013 [!]de um inquérito de 2009 [!] que estava parado, o
Delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo
Anselmo foi escolhido, ainda no Governo Temer, para
assumir a Coordenação-Geral de Repressão à Corrupção
(CGRC) da Polícia Federal, em Brasília.
Aliás, possivelmente para não haver ‘desgarrados’, o ex-juiz
Moro levou para Brasília quase todos os Policiais Federais
que exerciam cargo de Comando na Superintendência em Curitiba.
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/delegado-que-originou-a-lava-jato-assume-coordenacao-geral-de-repressao-a-corrupcao-da-pf/
abelardo
Ei! Vejam bem! O que será isso?
– Se parece com uma minúscula luminosidade surge na imensa escuridão.
– Sim, mas também parece com o início de uma diminuta chama embaçada, que está por trás de toda essa imensa cortina de fumaça.
– E como diz o ditado: Onde há fumaça…
Zé Maria
Vale destacar que, depois que o Ministro Teori Zavascki
já havia dado uma Golden Shower no Juiz Sergio Moro
– e tinha chamado de Curitiba para o STF os processos
que envolviam o ex-Presidente Lula – devido ao vazamento
ilegal das conversas telefônicas da então Presidente da
República Dilma Rousseff, a Força-Tarefa de Patifes
intensificou a Trama contra o STF que – segundo
entendiam – atuava contra a Operação Lava Jato,
ao menos enquanto o Ministro Teori estava vivo.
Isto é, foram os integrantes da Força-Tarefa de
Procuradores do MPF no Paraná e o próprio
Juiz Moro que disseminaram a idéia de que o STF
atrapalhava a Operação Lava Jato.
Deltan Dallagnol, por exemplo, após longa conversa
com o assustado Juiz Moro, disse ao Delegado Federal:
“O receio é que isso seja usado pelo STF
contra a operação e contra o Moro.”
O momento é que ficou ruim”
“Vem porrada [do Supremo].”
Cleiton do Prado Pereira
Como já temos antecedentes de pessoas que foram “acidentadas” no Brasil, este seria apenas mais um. Já tivemos Castelo Branco, Juscelino, Eduardo Campos, por que não o Teori e por coincidência todos contrários aos interesses da direita brasileira.
abelardo
O que parece ser um simples e ínfimo sinal de luz, em meio a imensa escuridão, já cria dúvidas se também não pode ser um diminuto início de chama embaçada , por trás da imensa cortina de fumaça. Onde há fumaça…….
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