Aniversário do PT: O partido que evita o enfrentamento

Tempo de leitura: 4 min

Até quando esperar?

 por Fernando FF, via e-mail

No final da tarde de ontem, parti para o Parque Anhembi, em São Paulo, para ver de perto pela primeira vez a “presidenta” Dilma Roussef. Chegar ao local do evento programado para ser o palco do aniversário dos 34 anos do PT não foi moleza. Como se diz em tempos de Copa do Mundo, a “acessibilidade” é prejudicada pela falta de linha de metrô que atenda este complexo turístico que é considerado como o maior centro de exposições da América Latina.

Por causa disso, além dos R$ 3 de passagem do metrô, gastei mais R$ 20 para pegar um táxi da Estação Tietê-Rodoviária até o local da festa petista. Melhor gastar essa grana do que perder a carteira e os equipamentos de fotografia num trajeto arriscado de cerca dois quilômetros, sem policiamento e por onde é fácil esbarrar com grupos de zumbis do crack. Bom, só ao percorrer esse trecho eu já tinha três reivindicações para apresentar à Dilma e ao candidato petista ao governo de SP: mais linhas de metrô, mais segurança pública e mais saúde pública.

Cheguei uma hora antes do previsto para início da festa. O calor ainda estava forte às 18 horas. O clima ao mesmo tempo seco e poluído de São Paulo não nega as teorias do aquecimento global e efeito estufa. Lá na porta do auditório em forma de abóboda amarela não tinha tanta militância petista que impressionasse. Nos meus cálculos, o aniversário do PT em Sampa deve ter juntado no máximo duas mil pessoas.

Acho que a direção do partido visou a qualidade e não a quantidade da militância. Sem ofensas aos presentes na plateia, é claro. No palco, a constelação: governadores, ex-governadores, senadores, prefeitos, deputados federais, estaduais e vereadores de São Paulo e de vários estados do Brasil. Além, é claro, da convidada principal, a presidente Dilma Roussef e parte do staff da cúpula dos governos petistas formada por gente da era Lula e os noviços ministros de comunicação, Thomaz Traumann, e Arthur Chioro, da Saúde.

Eu que cheguei uma hora antes do horário previsto tomei um chá de cadeira de quase duas horas e meia. O evento começou somente por volta de 20h30. Nunca vi festa de aniversário mais espartana. Água para os convidados assentados nas cadeiras do palco do grande auditório e nada para a imprensa, que foi instalada e mantida incomunicada na banda esquerda das galerias superiores. Também não vi bolo e se não fosse pela apresentadora Negra Li ter puxado um mirrado “Parabéns para você”, no final do evento, eu teria esquecido até o motivo de estar ali (rimou).

E o motivo principal acabou sendo ver a Dilma de perto, tentar entender quem é a presidente do Brasil que o PT tem orgulho de dizer que lidera um “projeto democrático popular”, iniciado pelo presidente Lula, em 2002. Lá das galerias eu devo ter ficado a uns 50 metros de distância da Dilma e companhia, mas tentei superar isso com uma lente teleobjetiva. Tirei mais de 600 fotos do evento. Confesso: enchi o saco das autoridades da mesa principal com tantas explosões de flashes. Foi uma espécie de pequena vingança por ter sido mantido à distância dos sujeitos do meu interesse.

Um fotógrafo da “grande imprensa” disse que meu equipamento é medieval, já que a máquina fotográfica profissional dele, além de uma super lente em formato de canhão, tem milhares de asas e nem de flash precisa. O cara está certo. Ele trabalha para o baronato da comunicação brasileira e é um dos poucos profissionais da área que tem condições de usar um equipamento de quase R$ 50 mil. Eu sou apenas um cidadão tentando fazer comunicação de interesse público.

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Hoje em dia, com um smartphone de R$ 300, já é possível fazer comunicação, transmitindo ao vivo e on-line qualquer acontecimento, desde manifestações de protestos nas ruas, como as que aconteceram Brasil afora, em junho, até o aniversário do partido da presidenta. O ministro que está ligado nessa questão é o Traumann, da comunicação. Tinha mais de 30 mil pessoas acompanhando o evento on-line. Ele passou quase o tempo todo futricando no celular. Só parou para ouvir o último pronunciamento, o da chefe. Prestou uma atenção danada no que a Dilma disse. Quando o presidente do PT, deputado Rui Falcão, desancou golpistas da mídia, chamando-os de terroristas, momentos antes, ele não deu muita bola.

Afinal, o que a Dilma disse que fez o Traumann largar o celular? Resposta: desfiou dados e mais dados sobre o sucesso dos governos do PT. Dilma falou como pré-candidata por quase uma hora. Fez campanha onde já tem o voto de todos. Será que ao repetir à exaustão as estatísticas comparativas com governos de oposição a grande imprensa vai resolver publicar todas aquelas informações? Duvido muito.

O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já havia feito um discurso no mesmo tom. Disse que o PT nasceu para dar voz a quem não tinha. Doze anos depois de governos petistas, por enquanto, isso o povo ainda está aguardando com esperanças. É uma tarefa que está empacada atualmente, visto que uma proposta de democratizar a comunicação ainda não faz parte da plataforma eleitoral petista de 2014. Padilha tem só 42 anos de idade e está animado com a caravana Novo Horizonte Paulista. Aproveitou a oportunidade para colocar o dedo na ferida em relação aos detratores do seu projeto dourado, o Programa Mais Médicos, mas não nomeou seus adversários políticos ominosos.

A cúpula do PT é muito elegante no sentido de se referir aos adversários políticos como “sujeitos ocultos e indeterminados”. Enquanto “eles” chamam Lula de “o maior canalha do Brasil”, com cobertura de imprensa em rede nacional, o governo apela a figuras de linguagem para não identificar quem são as ameaças ao “projeto petista de transformações econômicas, políticas e sociais do Brasil”. Essa era mais uma boa questão para a Dilma: “Até quando será possível o governo se esquivar do enfrentamento para propor algo mais que o povo brasileiro espera de um governo de esquerda?”

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Comentários

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Marcos Antonio Silva

É curioso que comentaristas raivosos tentem desqualificar o autor só porque ele propõe um debate sobre uma questão objetiva:“Até quando será possível o governo se esquivar do enfrentamento para propor algo mais que o povo brasileiro espera de um governo de esquerda?” – Eu desconfio que no dia de São Nunca ou no dia 29 de fevereiro próximo…

Alberto Santos Neto

“Até quando será possível o governo se esquivar do enfrentamento para propor algo mais que o povo brasileiro espera de um governo de esquerda?”
Até perderem , de uma vez por todas, o governo federal e os poucos governos Estaduais. Claro, que isto (o enfrentamento) só acontecerá se o PSDB em conluio com o Poder Judiciário e a nossa elite retrógrada, não colocarem todas as lideranças petistas na cadeia, inclusive o Lula. E não me venham dizer que isto não é possível, pois a história do Brasil está repleta de golpes violentos e reacionários. Como eleitor do PT desde sua fundação, estou tremendamente decepcionado e vendo, impotente, a situação política do país se degringolando. Caso a direita vier a tomar, novamente, o Poder, viveremos décadas de fascismo, onde, o povo, será massacrado em seus direitos sociais, econômicos e políticos. E grande parte disto será culpa da covardia do PT, que ao invés de combater esta direita reacionária, não fez outra coisa, a não ser, tentar agrará-la. É só olhar para o que acontece em Minas Gerais, que teremos uma boa idéia, do acontecerá ao Brasil, caso o Aécio venha a ser presidente do Brasil.

    ELIANA AZEVEDO

    Caro amigo, só gostaria de te dizer que, infelizmente faço de suas palavras as minhas. Concordo com vc! Vamos ter esperanças que as coisas mudem. E a mudança vm do povo, sempre!

Julio Silveira

O PT foi como foi como uma grande onda, surgiu forte e criativo no meio do oceano, mas a medida que se aproximava do continente foi perdendo força e vigor criativo, cedendo grandes espaços para as areias, que machucam e diminuem sua energia. Acabando por se transformar nessa marolinha, como todas os outras que o antecederam.

Rogério

Achei o texto imaturo e pouco objetivo. Reparem no uso de aspas em demasia. A palavra prepotência fica no paladar, uma vez lido. Mire nos fatos apenas. E só.
Seja como for, aqui no viomundo a qualidade da informação impera. Parabens a todos!

Lucas Gomes

esse texto é perfeito para responder uma coisa que petista adora perguntar: “por que é que esse pessoal não faz protesto contra o PSDB, blablabla, porque é que esse pessoal não faz manifestação pelo IPTU do Haddad, blablabla”.
Oras, a resposta é cristalina! Se nem o próprio PT puxa tais protestos, porque raios outras pessoas farão por eles??? Hoje em dia, e digo aqui ‘infelizmente’ com toda a sinceridade do mundo, infelizmente a militância do próprio PT tem vergonha de sair às ruas. Muitos devem ter até medo. Realmente merece isso o nome de “governo popular”?

    José Ricardo romero

    Boa Lucas. Tem toda a razão. Também penso assim e repito com você: infelizmente. Os políticos do PT (a militância é maravilhosa) parece que são iluminados e sabem coisas que nós, o comum dos mortais, não sabemos. Coçam o barrigão e dizem: esperem que vocês vão ver como vamos ganhar a eleição. Mas, ganhar a eleição para que? Para continuar assim, o que vem acontecendo a 12 anos?

maria meneses

Parece que tem medo do povo.Medo de dar a palavra ao povo. Oque está acontecendo ?

luciano

Eles fazendo uso da linguagem que lhes caracteriza estão perdendo eleição atrás de eleição. IMITAR PERDEDOR POR QUE?

Gersier

“A cúpula do PT é muito elegante no sentido de se referir aos adversários políticos como “sujeitos ocultos e indeterminados”. Enquanto “eles” chamam Lula de “o maior canalha do Brasil”,
Pois é,senti nojo do senhor zé,que deveria ser ministro da justiça,ao assitir pela Record ele bajulando essa mídia facista,cínica e hipócrita.O PT é como mulher de malandro,GOSTA DE APANHAR.Antes que esse mal me acometa,decidi não mais ficar dando em murro em ponta de faca,contra argumentando os jumentos alienados pelo PIG.

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