por Fernando Brito, no Tijolaço
Hermann Göring, ao ser perguntado pelo juiz Francis Beverley Biddle, no Tribunal de Nuremberg, se declarava-se culpado ou inocente das acusações de crimes de guerra, entre eles o extermínio de judeus, disse, simplesmente:
“No sentido da acusação, declaro-me não culpado”.
A Globo, na esteira do editorial onde abjura de suas ligações com o golpe militar, lançou um site Memória Globo onde, em uma área especial, pretende defender-se do que chama de “erros” e de “acusações injustas”.
A visão deste site, quero confessar aos leitores, paralisou-me pelas recordações e, talvez, até isso me impeça de ser aqui tão claro quanto desejaria.
Afinal, em várias das situações, sou testemunha, não apenas um narrador.
Começo pela edição do debate Lula x Collor, no segundo turno das eleições de 1989, quando eu era assessor de imprensa de Leonel Brizola, com quem assisti o debate da Globo. E não vou ser falso, e Lula sabe disso, que nos decepcionamos com o fato de sua inexperiência não tê-lo ajudado a voar na garganta de Collor pelo episódio Míriam Cordeiro.
Frustrados? Sim, porque achava Brizola – e não sem razão – que , ali, ele teria feito – como às vezes dizia no falar gauchesco, embora sempre pedisse perdão pelo chulo – Fernando Collor “se enfiar no cu de um burro”.
Mas não houve o massacre que se diz ter havido, em nenhuma hipótese. E Lula vinha numa linha francamente ascendente, a qual, inclusive, tinha feito com que ele, por 0,5% dos votos, tivesse tirado Brizola do enfrentamento final das eleições.
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Eu, pessoalmente, acompanhava o andamento da campanha, porque – numa surpresa até para mim – havia sido escolhido para formar uma comissão, ao lado do professor Cibilis Vianna (um dos melhores caráteres que já conheci) e do então deputado Vivaldo Barbosa, que administrava o apoio do PDT ao PT, que se representava por Luiz Gushiken, José Dirceu e Plínio de Arruda Sampaio.
E todos os informes que nos chegavam era de um avanço sólido da candidatura Lula.
Naquela noite, ou melhor, naquela madrugada, toca-me o telefone.
Não me recordo se a uma ou às duas da manhã.
“Morreu alguém”, disse a minha então mulher, Flávia.
De alguma forma, a premonição era verdadeira.
Do outro lado da linha, Octavio Tostes, meu querido e melhor amigo nos tempos de faculdade.
Aos prantos.
Conta-me da edição do debate, que ele fizera com as próprias mãos, mas sob ordens alheias.
Fala das determinações de Ronald de Carvalho (que, nos vídeos da Memória Globo, você verá negando isso) e de Alberico Souza Cruz, para que o debate fosse editado com um massacre de Collor sobre Lula.
Diz que fez porque outro que o fizesse, faria pior ainda, sem as objeções de consciência que tinha àquilo.
Chorava – perdão, Octavio, por revelar-lhe essa intimidade – copiosamente.
Naquele momento, confesso, não fui nada condescendente. Frio e seco, agi assim.
Disse-lhe, apenas, que cada um teria de viver com sua consciência.
E vi o quanto ele sofreu com isso, até sublimar-se pela verdade.
Octavio segue sendo, apesar da distância, meu querido amigo. O “primo”, como nos tratávamos e, espero, sempre nos trataremos.
Não falei com ele antes de narrar esta história. Estamos velhos o suficiente para que ela se escreva com letra maiúscula e vejo, orgulhoso do meu sempre companheiro de sonhos, o quanto ele assume toda a verdade no vídeo que gravou para o site da Globo, o último da página. Nada do que fala se contradiz àquilo que ouvi dele há 24 anos, embora agora ele, com honestidade, já não tente explicar-se.
Acho que é a primeira vez que, neste blog, falo de vivência pessoal.
Sou antiquado, do tempo em que se dizia, nas redações, que “jornalista não é notícia”.
Talvez um companheiro queira ouvir e relatar estas histórias, mas para mim é muito doloroso narrá-las.
É como ver Göringer dizendo que não sabia dos campos de extermínio.
Não posso ser objetivo e equilibrado.
Só posso ser ouvido como testemunha, não posso ser narrador.
Somos sobreviventes de um massacre, da ditadura e de sua expressão midiática, a Globo.
Não se nos espere imparcialidade.
Como jornalista, posso e devo escrever com paixão, mas nunca sem dar voz ao outro lado.
E, neste caso, sinto-em como o juiz Francis Biddle, que, quando Göering começou a falar, o mandou calar-se e o chamou à ordem: declara-se culpado ou inocente?
Eu não tenho dúvidas sobre o que declarar sobre a Globo.
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Cláudio
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“Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma.” >>> Joseph Pulitzer
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“Se você não for cuidadoso, os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” >>> Malcolm X
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Ley de Medios Já ! ! !
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[…] Fernando Brito: A Globo se defende em Nuremberg […]
katiusca
A GLOBO FOI PORTA VOZ DA DITADURA ….
Douglas da Mata
A gr(ô)bo sonega bem mais que impostos.
Sonegou-nos uma parte importante de nossa História.
E segue a sonegar a possibilidade que nos encontremos a revelação destes fatos e as reparações que são devidas a quem de direito…
FrancoAtirador
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A HISTÓRIA SECRETA DA REDE GLOBO
“Sim, eu uso o Poder”
(Roberto Marinho)
Por Daniel Heiz
Íntegra em:
(http://idiarte.files.wordpress.com/2010/06/globo_historiasecreta.pdf)
(http://www.luisemoreira.com.br/A-Historia-Secreta-da-Rede-Globo.pdf)
ÍNDICE
I- A REDE GLOBO E A NOVA REPÚBLICA
“O CHEFE AQUI SOU EU”. 13
“SIM, EU USO O PODER”. 21
NA REVISÃO DA ESTRATÉGIA, MARINHO CERCA TANCREDO. 28
ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES: UM ALIADO IMPRESCINDÍVEL. 32
MARINHO E MAGALHÃES: BONS NEGÓCIOS. 40
RADIODIFUSÃO BRASILEIRA: HERANÇA DA DITADURA. 51
Bahia. 52
Rio Grande do Sul. 53
Rio Grande do Norte. 54
Parajá. 55
Minas Gerais. 56
Espírito Santo. 57
Paraíba. 58
Pernambuco. 59
São Paulo. 60
No coração da Nova República. 61
O Ministro, seus amigos e parentes. 62
Os negócios da Família Tancredo. 68
O parceiro comercial de Sílvio Santos no Maranhão. 69
CENAS DE GANGSTERISMO. 70
II – SÍNTESE DA HISTÓRIA DA RADIODIFUSÃO NO BRASIL
INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA E PRIMEIRO SISTEMA NACIONAL: 1919 a 1945. 75
Interiorização da tecnologia: 1919 a 1930. 76
O primeiro sistema nacional de comunicações: 1930 a 1945. 77
A INTERNACIONALIZAÇÃO DO SISTEMA DE COMUNICAÇÕES: 1945 a 1987. 80
A contra-ofensiva imperialista: 1945 a 1950. 80
Retomada populista: 1951 a 1954. 81
Abertura da economia: 1954 a 1960. 82
Crise da democracia representativa: 1961 a 1964. 83
O sistema global: 1964 a 1987. 84
III – 1960 e 1961:0 CERCO À RADIODIFUSÃO
A PREPARAÇÃO DA INVASÃO. 89
A REDE GLOBO CAPITULA. 93
O namoro indireto. 97
IV – 1962: OS SÓCIOS ENTRAM EM ACORDO
COM O ACORDO, CHEGAM OS DÓLARES. 103
Constituição da TV Globo. 103
Começa a maré de dólares. 106
Assinatura dos contratos Globo/Time-Life. 106
O CONTRATO PRINCIPAL. 108
O CONTRATO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA. 113
V – 1963 a 1965: DA CLANDESTINIDADE AO ESCÂNDALO
1963: AGUARDANDO O GOLPE DE 1964. 121
A versatilidade de “O Globo”. 121
Mais dólares. 122
A comunicação devolvida. 122
1964: A ESTRATÉGIA EM PRÁTICA. 123
A primeira manobra oficial. 123
Outubro de 1964: a estratégia revelada.
Dezembro de 1964: inauguração frustrada, dólares, denúncia. 126
1965: A REDE GLOBO DECOLA E EXPLODE O ESCÂNDALO. 128
Redefinição tática, um novo contrato. 128
Anulado o contrato principal. 131
Marinho comunica a Castelo Branco; o General Geisel também sabia de tudo. 132
Cartório invadido; rasgada escritura da Rede Globo. 133
Inaugurada a TV Globo, Canal 4, e os dólares voltam. 133
A reafirmação da denúncia. 134
A prisão do “agente”. 134
Denúncia ao Ministério da Justiça. 135
Do Ministério da Justiça ao CONTEL. 135
Do CONTEL ao Banco Central. 135
Aberto processo no CONTEL. 136
Do Banco Central ao CONTEL. 136
Nova denúncia de Lacerda. 136
Do Ministro da Justiça ao CONTEL. 137
Do CONTEL da Rede Globo. 137
Da Rede Globo ao CONTEL. 137
Chega “Joe”, o outro “agente”. 138
Da Rede Globo ao CONTEL. 144
No CONTEL, parecer pede cassação da Rede Globo. 144
Enquanto isso, da Rede Globo pede mais concessões. 145
CONTEL pede todos os documentos. 145
Pedida criação de CPI. 145
CONTEL insiste junto à Globo. 146
Globo diz que não pode enviar documentos. 146
Selados os contratos. 147
Contratação de Walter Clark. 147
Dólares continuam chegando. 147
Demissão de Rubens Amaral. 148
VI- 1966 a 1968: DO ESCÂNDALO À LEGALIZAÇÃO
1966: CONDENAÇÕES E MANOBRAS. 151
Janeiro de 1966: A campanha de Calmon. 151
17 de janeiro de 1966: Castelo promete apurar. 152
A Standard Ou ameaça: “vamos estraçalhá-lo”. 153
18 de janeiro de 1966: recomeçam as remessas de dólares. 155
Criada Comissão de Alto Nível para investigar infiltração estrangeira. 155
20 de janeiro de 1966: empresários de comunicação lançam manifestos. 156
Globo responde a um CONTEL ineficiente e desaparelhado. 157
CONTEL confia na Comissão; Comissão mostra incompetência. 159
Globo quer fim da Comissão de Investigações; JB apóia. 161
Globo e JB desligam-se da ABERT. 163
11 de fevereiro: Associação Interamericana de Radiodifusão apóia ABERT. 162
Reclamatória de Rubens Amaral. 163
Calmon reeleito presidente da ABERT. 165
24 de março de 1966: Calmon dá coletiva à imprensa internacional. 165
Criada a CPI Globo/Time-Life. 166
Reações militares. 166
A intervenção de Roberto Campos 167
Rejeitado Parecer do DCI que pedia cassação 173
26 de abril de 1966: CONTEL decide “dar tempo” à Globo 174
Ministro da Justiça referenda CONTEL 177
20 de maio de 1966: CONTEL formaliza prazo da Rede Globo 117
Globo recorre da decisão do CONTEL e festeja com o presidente
Castelo Branco 179
CPI condena Rede Globo. 183
1967 e 1968: A “LEGALIZAÇÃO” DA REDE GLOBO. 185
Indeferido recurso da Rede Globo. 185
Globo não se conforma; Castelo “chuta” para frente. 185.
O Marechal Costa e Silva “legalizam” da Rede Globo. 189
VII – A CONSTRUÇÃO DA REDE GLOBO E O NOVO BRASIL
A ESTRATÉGIA GLOBAL. 193
O fortalecimento financeiro. 193
O apoio técnico: equipamentos, filmes, engenheiros, etc. 195.
No ar, a nova televisão brasileira: a estratégia global. 197.
Da Rede Globo e o Brasil pós-64. 200
VIII- RADIODIFUSÃO: O IMPASSE POLÍTICO
A SUBMISSÃO DO PÚBLICO AO PRIVADO. 209
O papel da Rede Globo e a “política” de radiodifusão. 213
O impasse jurídico e político da radiodifusão brasileira. 218
As bases da nova “política” de radiodifusão. 221
A “velha política” garante as novas tecnologias. 224
ANEXOS
Artigo 160 da Constituição 227
Documento de constituição da TV Globo Ltda. 231
Dólares recebidos pela Rede Globo 237
Principais disposições do Contrato Principal 243
Contrato de Assistência Técnica 251
Contrato de Arrendamento 259
Parecer aprovado por Castelo Branco 275
Parecer aprovado por Costa e Silva 291
Limite de posse de concessões nos anteprojetos do Código Brasileiro de Telecomunicações 297
Pedro
Globo, a história não te absolverá.
Gersier
Lembro bem que o collor,dono de uma emissora de televisão que era afiliada à globo e de um grande jornal,teve o descaramento de questionar a compra por Lula de um simples aparelho de som,dizendo demagogicamente e cinicamente que ele,collor,”não tinha condições finaceiras de ter em casa um aparelho desses”.E o câncer do Brasil,a famigerada globo,deu um grande destaque a essa frase e como ainda hoje faz em conluio com os ministros(?)do stf partidarizado e fajuto,insinuam que Lula é um miliardário e corrupto.
Mario
Clube Militar responde a Globo: “Equivoco uma ova”.
http://www.advivo.com.br/luisnassif/
ricardo silveira
A Globo teve quase cinquenta anos para fazer autocrítica e não fez, porque nunca lhe foi conveniente, agora é, e resolve fazê-lo da forma mais desavergonhada, falsa, mentirosa, um arrependimento na suposição de enganar mais um pouco. Espero ainda ver esse câncer extirpado da vida brasileira.
Fabio Passos
A rede globo diz que cometeu um “erro”… mas continua mancomunada com os mesmos interesses que promoveram o golpe de 64.
A globo apoiou abertamente perseguição política, tortura e assassinatos!
E continua mentindo e manipulando para favorecer os candidatos da casa-grande.
Nas últimas eleições participou da fraude da bolinha de papel com jose serra.
Este joão roberto marinho deve pensar que todos os brasileiros são estúpidos quanto os leitores da revista veja…
wendel
Fernando Brito faz um desabafo do ocorrido naqueles tempos sombrios de manipulação do debate CollorXLula e tal qual a Globo, passados todos estes anos, vêm a publico, declarar a forma pela qual seu querido amigo, dos tempos da faculdade, Octávio Tostes, recebendo ordens superiores editou o debate!
Seria cômico, s não fosse trágico esta narrativa pelo simples fato que, após a “meia-culpa” da globo, todos os que foram co-autores, voluntários ou involuntariamente ficaram livres para assim se declararem!
“Não julgueis para não ser julgados” – já disseram há dois mil anos atrás, mas na atualidade, isto pouco importa, pois o mal que fizeram, os assassinatos que acobertaram, e as co-participações criminosas não merecem perdão!!!
Marcelo Ramos
Eu morava em Niterói nessa época, e assisti a esse debate. Infelizmente, realmente faltou a Lula essa experiência de “ir pra cima” de Collor e da Globo, de como é que se poderia deixar aquilo acontecer. Essa galera da Globo ainda vai ter que prestar contas.
Mudando de assunto, parece que o colega acima (ou abaixo) ainda não entendeu a relação da Globo com a ditadura.
Rodrigo Leme
Lei de Goodwin.
von Narr
Como assim? O que temos aqui não é um argumento, é antes de tudo um testemunho. As referências ao nazismo tem quase o valor de uma interjeição. O sr. sim está se baseando na falácia de Goodwin, ou seja, de que qualquer argumento que se utilize de palavras ligadas ao nazismo seria inválido.
rodrigo
Querido xará mais burrinho; lei de Goodwin por lei de Goodwin, nunca mais seríamos capazes de entender a montagem de um para-estado pela administração governamental do partido nazi para usufruto direto dos grandes conglomerados industriais-empresariais alemães. Algo bem parecido às necessidades da linha “liberal”…
Rodrigo Leme
Conhece ad hominem tbm, xará? Haja falta de conteúdo, hein?
rodrigo
Com “intelectuais profundos” como vossa senhoria, João Luiz Woerdenbag e Cavalos de Orvalho, só no ad hominem (tinha um que se dizia encarnação de um russo branco, não sei que fim levou) mesmo. Quem sabe no dia em que você saia da infância e entenda um pouco da adolescência? A vida nos ensina quem é capaz e quem não é de ouvir nossas idéias; infelizmente trolls costumam ser surdos…
Beijo
Mardones
Que bom que existem testemunham do crime.
josé fernandes
Quer dizer que se eu cometer um delito, sendo apoiado por um amigo ele é co-autor? sendo assim a globo e co-autora dos crimes da ditadura???????por apoia-la???
Athos
Se vc apoiar sim. Vc tem “parte” da culpa então deve ser “parcialmente” penalizado.
Agora “apoiar” quer dizer muita coisa. Genéricamente sim a Globo tem culpa no cartório e não pode falar nada a não ser seu mea culpa que ainda NÃO VEIO!!!
Jotage
Não Zé, ela é autora.
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