Erika Morhy: Em Belém, Ciro Gomes acena para mineração em terras indígenas
Tempo de leitura: 6 minEm Belém, Ciro Gomes acena para mineração em terras indígenas
Por Erika Morhy*, em Amazônia Real
Belém (PA) – O candidato Ciro Gomes (PDT) esteve em Belém nesta sexta-feira (16/09) em sua primeira visita à região Norte durante a campanha a presidente da República. Em conversa com jornalistas, ele voltou a falar de mineração em terra indígena, proposta já feita em outros debates e entrevistas.
Em Belém, porém, ele foi mais enfático e citou como exemplo o caso dos indígenas Cinta Larga, de Rondônia, que desenvolvem um projeto de mineração de diamantes, não aprovado pela legislação. A atividade é controversa, não é unanimidade, mas lideranças indígenas defendem a autonomia.
“Há uma discussão que não está pacificada no meu projeto sobre a viabilidade de terras indígenas explorarem, pelas próprias comunidades indígenas, ocorrências minerais”, disse, citando os Cinta-Larga, cuja realidade não pode ser parâmetro para outros casos de exploração de mineração em terra indígena, como, por exemplo, a situação da Terra Indígena Yanomami.
“Seria uma estatal, em que as comunidades indígenas teriam prevalência. Dariam a última palavra, para dizer como pode se fazer sustentadamente, em benefício da renda dessas comunidades e apenas se elas quiserem que assim seja”.
Ciro Gomes já defendeu a mineração em território indígena, desde que uma estatal pague royalties.
“Se as comunidades indígenas, e isso eu conheço por dentro, quiserem, a gente pode fazer de forma sustentável, com uma estatal controlada pela comunidade indígena”, disse ele, em seu canal no Youtube, nesta quinta-feira (15/09), segundo divulgou a CNN.
O candidato do PDT chegou à capital paraense acompanhado de apoiadores, mas sob um clima de pressão e de tensão dentro de seu próprio partido.
Nesta semana começou a circular a informação que um grupo de dissidentes do PDT optou por apoiar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em campanha pelo “voto útil”. Esse grupo deve lançar um manifesto.
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“Vamos ouvir agora uma pessoa muito especial”, anunciou Allan Pombo, vereador de Belém e secretário-geral do PDT no Pará. Ele já estava em cima do palco da casa de eventos Insano Marina Clube, na capital paraense, com todos os demais candidatos e anfitriões do presidenciável.
Ali aconteceu uma plenária com apoiadores. Antes mesmo de Pombo concluir a frase, a reportagem presenciou uma jovem presente, portando instrumento musical, comentando com a amiga ao lado: “O Lula”, insinuando ser o candidato petista a “pessoa especial”.
A jovem fazia parte do grupo de pessoas que foi ao local participar da plenária que reuniu candidatos pedetistas do Pará e foi um ato de campanha de Ciro.
Não foi a única vez que o nome de Lula foi citado durante a visita. Ciro precisou falar sobre o adversário durante a entrevista à imprensa paraense, quando foi questionado sobre o manifesto que dissidentes do PDT estariam preparando para apoiar Lula, em uma estratégia de voto útil para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições.
“Isso é mais uma mentira do Lula. Não existiu. Se você me mostrar uma assinatura de um pedetista, a gente volta a conversar”, rebateu Ciro.
O tema voltou a ser mencionado no início do pronunciamento do pedetista. “Você vota em quem você acredita. Se o seu candidato não passar, você vota no menos ruim depois. Por isso temos dois turnos nas eleições do Brasil”, afirmou.
“Estão forçando a barra. Tem gente com vergonha e medo de se manifestar e sofrer violência e ameaças. Há uma disputa de ódio e paixão”.
Apoio de ruralistas
O presidente do PDT no Pará é um tradicional agropecuarista, membro da diretoria executiva da Federação de Agricultura do Estado do Pará (Feapa) e ex-secretário extraordinário de Produção do Estado.
Trata-se de Giovanni Queiroz, um mineiro de 76 anos, notório opositor dos direitos indígenas. Um homem a quem o presidenciável não só apoia para a Câmara dos Deputados, como diz que quer como ministro em caso de vitória eleitoral.
Como pacificar a agenda ruralista, que tem pressionado os direitos indígenas? Para Ciro, parece ser tão fácil quanto para Simone Tebet.
“Isso, tecnicamente, não tem mistério. O problema do Brasil é que nós precisamos transformar conversa fiada de esquerdismo de goela em controle do território. Qual é a proposta que o programa nacional de desenvolvimento faz? Zoneamento Econômico Ecológico. Pegar toda a consciência técnica extraordinária de um instituto (Emílio Goeldi), das universidades, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Descer no território, ordenando o território, dizer: ‘Aqui pode, aqui não pode’, quais são as alternativas econômicas que nós podemos oferecer, de maneira a ficar muito claro que, aqueles que invadem, que depredam, que assassinam, são marginais”, afirmou, sobre as ideias de seu governo, caso seja eleito.
Repetindo um discurso ambíguo em defesa da pauta ambiental, ele disse que é preciso fazer uma “reconversão produtiva”. Afirmou que não faz sentido, com as alternativas de reflorestamento que existem, desmatar para criar gado.
E lembrou que desmatar, inclusive, compromete o mercado dos produtos brasileiros no exterior, na medida em que as práticas insustentáveis hoje são usadas, na opinião dele, como uma espécie de “neoprotecionismo”.
Cercado por jornalistas, o presidenciável seguiu respondendo questões relativas à proteção ambiental, insistindo na tese de que o Brasil perdeu o controle de seu território.
“Nas grandes cidades, quem dá as cartas, de forma terrorista, são as facções criminosas. E no fundão do território brasileiro, nos grandes interiores, especialmente na Amazônia, mas também no Pantanal, na Caatinga, desmontamos as estruturas de comando e controle. E é preciso, obviamente, remontá-las”.
A título de exemplo, emendou: “No Amazonas, que é maior do que quatro países da Europa ocidental juntos, tem duas delegacias da Polícia Federal. E essas mesmas estão sem poder operar, porque não têm recursos, não têm estrutura, não têm nada. Nesses grandes vazios demográficos do Brasil o que impera é o narcotráfico e a lavagem de dinheiro, com caça, pesca ilegal”.
Prioridades
O pronunciamento de cerca de 20 minutos a um pequeno público presente girou em torno de questões como a fome e a pobreza.
Ciro citou as 34 milhões de crianças que passam fome no Brasil e as 125 milhões de pessoas que não conseguem fazer as três refeições básicas por dia, em um dos países que mais produzem e vendem alimentos no mundo.
Lembrou que 70 de cada 100 trabalhadores estão desempregados ou na informalidade, sendo que os segundos dedicam de 60 a 70 horas por semana ao trabalho, quando deveriam cumprir jornada de 44 horas, segundo a legislação trabalhista.
“O mais grave que está em jogo: com a informalidade, estamos mandando para a velhice pessoas com necessidade de medicamentos mais caros e sem garantia de aposentadoria. Serão 60 milhões de brasileiros em 15 anos”, destacou.
O presidenciável enfatizou que existem, no país, 66 milhões de pessoas humilhadas.
“São 80 de cada 100 pessoas que têm seu nome no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). Será que todo o povo brasileiro é desonesto? Isso é a nova escravidão”, definiu. Usando o mesmo paralelo, ele mencionou as seis milhões de empresas endividadas.
No intuito de mostrar que a situação atual da população é consequência de uma decisão política do atual governo, Ciro comparou os R$ 500 bilhões que foram repassados aos banqueiros, nos últimos 12 meses, com R$ 300 bilhões destinados a todos os outros setores, como saúde, educação, segurança e infraestrutura.
O presidente do MDB no Pará, Jader Filho, dividiu o palco do ato eleitoral com os pedetistas.
Apesar de ter a senadora Simone Tebet como candidata à Presidência, o partido do senador Jader Barbalho foi contemplado com o apoio do PDT no Pará para a reeleição do atual governador, Helder Barbalho, que acompanhou, quase simultaneamente, as agendas dos presidenciáveis Lula e Tebet no início do mês, em Belém.
Ciro reforçou o pedido de votos a Helder, que estava em campanha no interior do Estado.
Após a rápida passagem por Belém, o pedetista seguiu para Macapá (AP), onde também participou de um ato da campanha eleitoral.
“O sextou de hoje foi do jeito que a gente gosta – com muita andança pelo país e muita conversa com o nosso povo”, disse nas redes sociais.
*Erika Morhy é paraense, graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, e Bacharel em Psicologia. Atuou como assessora de comunicação em instituições de ensino e pesquisa na Amazônia, como Universidade Federal do Pará (UFPA) e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e organizações não-governamentais, como a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).É autora do projeto “Mulheres do mar: relatos biográficos de Salinas a Deir Ammar”, selecionado pelo Edital de Multilinguagens – Lei Aldir Blanc Pará, que resultou na publicação de livro homônimo e do áudio-documentário “Mulheres do mar”.
Leia também:
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José do Vale: Minha militância no PDT, hoje arrastado pelo individualismo de Ciro Gomes
Comentários
Mario Borges
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/tv-de-pastor-bolsonarista-entra-na-mira-da-justica-por-assedio-moral-a-funcionarios/
Assédio moral em nome de Deus?
Mario Borges
Patrícia Lélis usa suas redes para denunciar estupros e orgias promovidos por Marco Feliciano
https://www.brasil247.com/brasil/patricia-lelis-usa-suas-redes-para-denunciar-estupros-e-orgias-promovidos-por-marco-feliciano
P.S: Estupros em nome de Deus?
Somenos essa notícia com a declaração do vocalista da banda Ultrage a Rigor sobre a menina que foi estuprada duas vezes.
Mario Borges
PARANÁ Pesquisas recebeu R$ 2,7 milhões do PL, de Bolsonaro, na pré-campanha
https://www.brasil247.com/brasil/parana-pesquisas-recebeu-r-2-7-milhoes-do-pl-de-bolsonaro-na-pre-campanha
Mario Borges
“No que Bolsonaro se baseia para dizer tamanha enormidade? Em nada. Em absolutamente nenhum dado estatístico além de uma pesquisa encomendada por uma associação de supermercadistas do Rio a um desconhecido instituto chamado “Brasmarket”. Nela, Bolsonaro lidera a eleição com 13 pontos de vantagem sobre Lula.
Mas essa pesquisa é confiável? Claro que não. Aliás, passou a existir em um obscuro site que está no ar há míseros 4 meses e, nesse tempo ridiculamente exíguo, o tal instituto já foi acusado de fraude.
O Instituto Brasmarket Inteligência em Pesquisa, que prevê a vitória de Bolsonaro no 1º turno das Eleições 2022, está sendo acusado de fraude pelo Tribunal Regional Eleitoral do PARANÁ (TRE/PR). A denúncia foi feita pelo Diretório Estadual do MDB do Estado”.
https://www.brasil247.com/blog/o-golpe-ja-comecou-e-ninguem-viu
Mario Borges
Complemento comentário anterior:
Esqueci de incluir na narrativa o General Hamilton Mourão. Mas devo lembrar que, apesar dele ser do Rio Grande do Sul ele vive às turras com o miliciano e muitas vezes tem dado declarações totalmente discordantes das dele. O miliciano parece ter pavor do general. Então, na pergunta final eu incluo o nome dele, ou seja, “….General Santos Cruz, vice-presidente Hamilton Mourão ou tem mais alguns?”
Mario borges
“O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência”.
Trecho profético do discurso de Dilma Roussef.
Mario borges
O senhor Edir Macedo pediu aos fiéis para fazerem um jejum de informações não religiosas nesta reta final da campanha eleitoral. Eu reitero a pergunta: o senhor tem medo dos fiéis tomarem conhecimento exatamente de quê ‘digníssimo’ pastor?
Mario borges
FATOS NADA CORRIQUEIROS
Aécio Neves – de Minas Gerais – não aceitou a derrota para Dilma no pleito de 2014;
No estado do Paraná fica o tal instituto de pesquisas Paraná que sempre dá resultados discrepantes com as pesquisas dos melhores institutos;
No Paraná ocorreu a famigerada lavajato que começou em março de 2014;
Após a morte de Eduardo Campos, no pleito, além da atuação oficial do marqueteiro, Aécio atacou violentamente Marina Silva no subterrâneo da internet – Facebook e fake news. Ralou para ultrapassá-la.
Dilma venceu. Depois se seguiu o impecheament dela com uma Câmara presidida por um evangélico natural do Rio de Janeiro – Eduardo Cunha;
O miliciano que nos governa – do Rio de Janeiro – homenageou o torturador dela na sessão;
Moro com a assessoria de Deltan – ambos do Paraná – prendeu Lula sem provas e o tirou da corrida presidencial cerca de 6 meses antes das eleições. Deltan é evangélico.
O general Vilas Boas que é do Rio Grande do Sul ameaçou o STF para não soltar Lula. Inclusive, o miliciano já agradeceu ao general publicamente dizendo que devia a ele a presidência da república ou algo assim. O homem é muito ‘inteligente’. A propósito, a Comissão Nacional da Verdade foi instaurada em 2011 no primeiro governo de Dilma.
Continuando: veio a candidatura do miliciano à presidência e ele ganhou dentro de um contexto eu diria bastante ‘peculiar’. Moro deixou seu cargo de juiz para ser ministro dele.
O governo do miliciano está desde o início aboletado de generais de pijama, e dentre os principais expoentes estão o general Augusto Heleno – do Paraná – General Ramos – do Rio Grande do Sul – e o general Braga Neto – de Belo Horizonte – MG, estado de Aécio Neves e do aliadíssimo Romeu Zema (quem leu meus comentários anteriores sabe por que digo ‘aliadíssimo’). O General Santos Cruz – do Rio Grande do Sul – por sua vez não integra mais o governo.
O miliciano tem o apoio esmagador dos pastores evangélicos – dentre os quais está Silas Malafaia e Edir Macedo – ambos do Rio de Janeiro. O STF tem em sua corte um ministro terrivelmente evangélico nomeado pelo miliciano.
Desde que assumiu a presidência o miliciano comete uma série de crimes de responsabilidade e dormem na gaveta do presidente da Câmara Arthur Lira mais de 150 pedidos de impecheament mesmo porque foi criado um orçamento secreto para sustentar o bloco dele – o Centrão.
Pois bem. Eu fico pensando com os meus botões: desta turma quais estariam mancomunados diretamente com o miliciano e suas artimanhas na campanha eleitoral para se eleger à presidência da república? Quais teriam sido enganados ou usados já que ele se porta como cidadão do bem? O General Santos Cruz ou teria mais alguns?
P.S: Sobre a atuação subterrânea de Aécio Neves para cima da Marina a fonte é: https://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2021/08/cinco-anos-golpe-impeachment-dilma/
Aécio Neves não aceitou a derrota para Dilma no pleito de 2014;
No estado do Paraná fica o tal instituto de pesquisas Paraná que sempre dá resultados discrepantes com as pesquisas dos melhores institutos;
No Paraná ocorreu a famigerada lavajato que começou em 17 de março de 2014;
Após a morte de Eduardo Campos, no pleito, além da atuação oficial do marqueteiro, Aécio atacou violentamente Marina Silva no subterrâneo do Facebook. Ralou para ultrapassá-la.
Dilma vence. Depois se seguiu o impecheament dela com uma Câmara presidida por um evangélico natural do Rio de Janeiro – Eduardo Cunha;
O miliciano que nos governa – do Rio de Janeiro – homenageou o torturador dela na sessão;
Moro com a assessoria de Deltan – ambos do Paraná – prendeu Lula sem provas e o tirou da corrida presidencial cerca de 6 meses antes das eleições. Deltan é evangélico.
O general Vilas Boas que é do Rio Grande do Sul ameaçou o STF para não soltar Lula. Inclusive, o miliciano já agradeceu ao general publicamente dizendo que devia a ele a presidência da república ou algo assim. A propósito, a Comissão Nacional da Verdade foi instaurada em 2011 no primeiro governo de Dilma.
Veio a candidatura do miliciano à presidência e ele ganhou dentro de um contexto eu diria bastante ‘peculiar’. Moro deixou seu cargo de juiz para ser ministro dele.
O governo do miliciano está desde o início aboletado de generais de pijama, e dentre os principais expoentes estão o general Augusto Heleno – do Paraná – General Ramos – do Rio Grande do Sul – e o general Braga Neto – de Belo Horizonte – MG, estado do aliado Romeu Zema. O General Santos Cruz – do Rio Grande do Sul – por sua vez não integra mais o governo.
Atualmente temos um apoio esmagador dos pastores evangélicos – dentre os quais está Silas Malafaia e Edir Macedo – ambos do Rio de Janeiro. O STF tem em sua corte um ministro terrivelmente evangélico nomeado pelo miliciano.
Pois bem. Desde que assumiu a presidência o miliciano comete uma série de crimes de responsabilidade e dormem na gaveta do presidente da Câmara Arthur Lira mais de 150 pedidos de impecheament mesmo porque foi criado um orçamento secreto para sustentar o bloco dele – o Centrão.
Pois bem. Eu fico pensando com os meus botões: desta turma quais estariam mancomunados diretamente com o miliciano e suas artimanhas para se eleger à presidência da república? Quais teriam sido enganados ou usados já que ele se porta como cidadão do bem?
P.S: Umas das fontes: https://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2021/08/cinco-anos-golpe-impeachment-dilma/
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