Eric Nepomuceno: À Venezuela o que era de Chávez

Tempo de leitura: 4 min

Chávez quis Maduro como sucessor. Mas nada garante que outros nomes mais próximos tenham aceito a escolha sem ressentimentos. Foto: TeleSur

O que fará , presidente da Assembléia Nacional? E Elias Jaua, chavista radical? E Francisco Arias Cárdenas, militar intelectualizado, influente entre os novos governadores? E o físico Adán Chávez, irmão mais velho do presidente morto e seu principal mentor ideológico? A análise é de Eric Nepomuceno.

Eric Nepomuceno, em Carta Maior

O processo, que era para ser lento na medida do possível, se precipitou de maneira inevitável – e talvez imprevista.

Na noite da segunda-feira, dia 4, o ministro venezuelano de Comunicação, Ernesto Villegas, informou oficialmente ao país que tinha havido uma piora considerável no estado de saúde do presidente Hugo Chávez.

O anúncio foi feito por uma cadeia de rádio e televisão, tarde da noite, e foi devastador para as esperanças de milhões de venezuelanos, que já vinham de uma prolongada tensão desde que, em dezembro passado, tinham sido informados que o câncer que afetava seu presidente desde meados de 2011 havia retomado com força.

Na tarde do dia seguinte, terça-feira, houve, primeiro, um novo impacto: Nicolás Maduro, vice-presidente, nomeado candidato a sucedê-lo pelo próprio Chávez, participou de uma solene reunião da direção político-militar da Revolução Bolivariana. Estavam lá todos os ministros, os 20 governadores estaduais filiados ao movimento encabeçado por Chávez, muitos prefeitos – e, claro, os mais altos mandos militares.

A ausência do presidente da Assembléia Nacional, Diosdado Cabello, tinha plena justificativa: a morte de sua mãe naquele mesmo dia.

Ou seja: o tempo previsto, ou esperado, para preparar a difícil e delicada transição do chavismo com Chávez para o chavismo sem Chávez encolheu de maneira dramática.

E depois da tal reunião solene, houve outro pronunciamento de Nicolás Maduro, para comunicar o que todos temiam, esperavam e pareciam não acreditar: a morte de Hugo Chávez.

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O tempo previsto – se é que alguém previu – para anunciar o desaparecimento do condutor máximo da Revolução Bolivariana, do Socialismo do Século XXI, foi cortado bruscamente. Aquilo que era óbvio, mas parecia adiável, aconteceu.

Chávez morreu sem assumir seu novo mandato presidencial, e deixou um herdeiro que não tem seu carisma, e muito menos seu peso nas Forças Armadas, onde afinal reside o verdadeiro núcleo do poder.

Agora, tudo são suposições na Venezuela. De concreto, além da morte de Chávez, apenas a certeza de que as diferentes correntes do chavismo tratarão de se entender, até mesmo para não desaparecer em estilhaços ao léu.

O projeto bolivariano alcançou resultados indiscutíveis em termos de mudança na estrutura social da Venezuela. E tudo isso aconteceu girando ao redor de um só eixo: o próprio Hugo Chávez. Que, como todo líder, teve à sua volta, em diferentes ocasiões, diferentes integrantes de um núcleo duro.

Ao longo de seus longos anos no poder, Chávez não construiu, ou não pôde construir, uma figura absolutamente leal para substituí-lo numa eventualidade qualquer – desde a mais funesta, que acabou ocorrendo, até uma eventualidade política.

Só recentemente, em dezembro passado, quando soube que o câncer que acabaria por matá-lo havia voltado e em condições extremamente agressivas, anunciou o nome que estava debaixo de uma vasta e meticulosa lupa desde alguns poucos meses, quando soube da própria fragilidade.

Chávez, com apoio dos cubanos, quis que fosse Nicolás Maduro, um dos nomes mais próximos nos últimos tempos. Nada garante, porém, que os outros nomes mais próximos tenham aceito essa escolha sem ressentimentos.

A partir de agora, cada movimento será decisivo, como num minueto impreciso que busca a precisão da sobrevivência. O que fará Diosdado Cabello, militar como Chávez, com grande influência nas Forças Armadas, presidente da Assembléia Nacional? E Elias Jaua, sociólogo bem formado e bem estruturado, vindo da extrema esquerda e um dos cabeças do radicalismo chavista mais radical? E Francisco Arias Cárdenas, também militar, um estranho militar intelectualizado, com forte influência entre os novos governadores saídos da caserna e eleitos em outubro passado? E finalmente, que fará o físico Adán Chávez, irmão mais velho do presidente morto e seu principal mentor ideológico?

Essas são algumas das muitas, muitíssimas perguntas que os venezuelanos se fazem. Mas há outras, mais urgentes e prementes.

O que será da Venezuela? E de Cuba? E da Jamaica, da Nicarágua, da Bolívia e, em boa medida, da Argentina? E do Equador? E das conversações de paz da Colômbia? E da Aliança Bolivariana? E da Unasul, que Chávez e o então presidente argentino Nestor Kirchner, junto com Lula, tanto impulsionaram?

Como se comportarão as forças armadas venezuelanas? Qual será a atitude da Força Aérea, considerada a menos chavista das forças militares?

A América Latina não perdeu apenas um presidente forte, polêmico, muitas vezes contraditório. Não perdeu apenas um símbolo de transformações reais. Não perdeu um líder – discutido, sim, mas dono de uma liderança indiscutível.

Perdeu isso e muito mais. Quanto? O tempo dirá. Mas perdeu muito, muitíssimo.

Na noite da morte do presidente Hugo Chávez, um amigo venezuelano me escreveu: “Era um gigante”.

Pois era isso e muito mais. Agora é preciso ver o que fazer com seu legado.

E, principalmente, ver como assegurar à Venezuela e à nossa Pátria Grande o futuro que Hugo Chávez ajudou, com todos seus erros e acertos, com todas as suas conquistas e contradições, com todas as suas tragédias e esperanças, a planejar e sonhar.

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Comentários

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claret

Prezado Horridus Bendengó, adorei seu entusiasmo Bolivariano. Sei que lutarás até a morte por seus ideais, porém, aconselho a levar junto o José Genoíno ,pois caso as coisas não corram como o desejado,terás um especialista em rendição. Muito juízo, viu cara!

Bernardino

FRANCO ATIRADOR,quanta inteligencia e IRONIA a jugular do sr ZANCH está sangrando e claro no sentido CONOTATIVO
Quero lembrar ao distinto que a DEMOCRACIA REPRESENTATIVA esta falida no mundo CAPITALISTA,onde os parlamentares nao representam o povo que os escolheu e sim as CORPORAÇOES que financiam suas campanhas.isso é DOGMA entre os cientistas politicos.
Quanto ao DIREITO Constitucional,ele é lindo na RETORICA,porem na GEOPOLITICA atual é respeitado quem tem Grana de reserva e nao so isso BOMBA Atomica no Quintal guardadinha pra serpreender o invasor
Agora mesmo CHINA E RUSSIA nao deixaram o Tio SAM e assecla europeus invadirem a SIRIA,vetando as 8 resoluçoes no consselho da ONU,pois aquela are é vital para os interesses das duas potencias nucleares
como os EUA sao Bandidos e bandidos so respeitam a FORÇA ficadram quetinhos e latindo atraves de sua imprensa SAFADA!!!

Lula, no NY Times: “Se uma figura pública morre sem deixar ideais, seu legado chega ao fim” « Viomundo – O que você não vê na mídia

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Mardones

Com todo respeito à morte do Chavéz, mas essa história do blog do Nassif deve ser motivo de mobilização dos ‘sujos’.

abolicionista

Que a Venezuela não se perca sem seu grande líder.

Francisco

Há amparo legal para o atual presidente venezuelano. Ele foi dado pelo Supremo de lá. Tecnicamente, Chavez estava de licença médica.

Marat

Guardadas as proporções, temos um novo Che… um elemento a mais para combater o imperialismo e a globobalização!

Walter

Azenha, o blog do Nassif foi atacado essa semana pela 3a vez consecutiva. Você já está sabendo do caso? O Nassif não aparece nem no google e o blog sumiu!
~
Como o esquema TELEXFREE atua sobre o Google
Enviado por luisnassif, qua, 06/03/2013 – 19:25
Autor: Luis Nassif

Desde que o Blog passou a ecoar as denúncias contra a pirâmide TelexFree, já ocorreram os seguintes fenômenos:

1. Duas vezes tirado do ar por ataques de DoS.

2. Inicialmente, os ataques eliminaram do Google os links dos posts que denunciavam a pirâmide (e que estavam no topo da lista de buscas).

3. Agora conseguiram anular até os links das buscas do Google por meu nome. Coloco o Luís Nassif. O primeiro link obviamente é do blog. Clicando nos links, a pessoa é direcionada para uma página do próprio Google.

4. Nao consegui falar agora com o pessoal do Google, mas se alguém puder alertá-los, agradeço.

É importante a Polícia Federal agir rapidamente sobre esse pessoal, que é esquema barra-pesada.

PS – Correção. O IP da máquinas foi desativado para impedir os ataques que derrubaram duas vezes o Blog – e que se valiam dos links no Google para bombardear o servidor.

    abolicionista

    Walter, que absurdo, precisamos investigar isso com mais apuro! Onde consigo mais informações? De todo modo, enquanto não tivermos provas consistentes, produzir alarde pode ser um tiro no pé. É preciso cuidado jornalístico redobrado para não sermos desmentidos. Um abraço.

hc

O Chavismo pode acabar, mas quero ver um com espirito de Chaves para peita-lo.

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FrancoAtirador

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Não há tempo de lançar
um candidato ‘verde’.
É melhor ir de Maduro.
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jaime

Os obituários estão sempre cheios, pessoas morrem todos os dias; a morte é parte intrínseca da natureza humana e não seria diferente com Hugo Chávez. O que existe de diferente é a ideia subjacente à sua liderança e pela qual a luta de todos deve continuar. Se o povo venezuelano, seus políticos, seus líderes, não souberem entender isso, significa que não mereceram o líder que acabaram de perder.

Estevão Zanch

Neste exato momento temos uma pessoa exercendo a presidência sem nenhum amparo legal na constituição…

    FrancoAtirador

    .
    .
    Zanch, faz um favor pra nós:

    Pega o Joaquim, o Celso, o Ayres e o Gilmar,

    Coloca todos eles no jatinho do Cachoeira

    e leva lá pra Venezuela pra ajudar o Caprilles.

    E não esquece de levar o Reinaldo e o Policarpo

    pra dar aquela cobertura jornalística de Veja.
    .
    .

    Paulo Pavaneli

    Você é venezuelano?

    anac

    Bush foi colocado no poder após um golpe da Suprema Corte dos USA e ninguém nunca reclamou de sua ilegitimidade.
    A vontade de Chavez vai ser cumprida: Maduro será eleito presidente.
    Agora que o Chavismo começou e com plena força…
    Chaves virou mártir, Chavez virou mito. O herói da América Latina.

    Horridus Bendegó

    Largo tudo e vou me aliar aos venezuelanos na defesa do chavismo!

    Se preciso, fundaremos uma Brigada Internacional como a que lutou na Espanha!

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