Elio Gaspari, na Folha de S. Paulo, sugestão de Julio Cesar Macedo Amorim
EDUARDO CAMPOS é candidato a presidente da República. É ou não é? Ele está na base de apoio do governo de Dilma Rousseff. Está ou não está? Segundo o senador Jarbas Vasconcelos, o simples fato de ele ter dito que “dá para fazer muito mais” mostra que é um dissidente. Mostra ou não mostra?
Nenhuma dessas perguntas foi respondida pelo governador. Seria cedo para fazê-lo, mas indo-se às ideias que Eduardo Campos defendeu desde a sua transformação em fenômeno federal, vai-se a um abissal silêncio. Ele poderia ter ido a uma universidade com um plano para fazer melhor na educação. Poderia ter ido a um seminário sobre saúde pública. Nada. Foi a São Paulo reunir-se com empresários. Se levou ideias ou buscou apoios, não ficou claro, pois nem ele expôs propostas nem os empresários mostraram suas oferendas. Até agora, o governador cumpriu uma agenda político-gastronômica da qual resultou uma única informação de conteúdo: o cozido que o senador Jarbas Vasconcelos lhe ofereceu leva carnes de segunda com pirão de farinha de mandioca.
Suas propostas são um acúmulo de platitudes. Diz coisas assim:
“Não há grande incômodo nas grandes massas. Não há na classe média esse sentimento, nem de forma generalizada no empresariado. Mas há, nesse instante, nas elites, grande preocupação com o futuro. Há o sentimento de que as coisas podem piorar”.
Seu melhor momento deu-se quando citou o avô, Miguel Arraes:
“Na política, você encontra 90% dos políticos atrás de ser alguma coisa. Dificilmente eles sabem para quê”.
Não era citação, mas carapuça. Nenhum comensal de Eduardo Campos enunciou o “para quê” e muito menos ele ofereceu uma pista.
Campos propõe-se a “renovar a política”. Durante a passagem da doutora Dilma por seu Estado um veículo do Instituto de Tecnologia de Pernambuco distribuía faixas louvando-o e uma jovem desempregada de 24 anos contou que prometeram-lhe R$ 20 para carregar a propaganda. Nas suas últimas campanhas presidenciais o PSDB alternou marquetagens, platitudes e cruzadas religiosas. Deu no que deu.
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Um candidato que está na base do governo mas não está é uma contradição em termos, coisa de uma época que passou. Candidatos que se fizeram de rogados foram fritos. Na última eleição municipal deu-se em São Paulo um fenômeno que merece ser estudado por quem pretenda vencer uma eleição majoritária. Depois de uma campanha na qual o PT tinha um poste e o PSDB um candidato relutante, o asteroide Celso Russomanno tinha 46% das preferências na zona leste da cidade. Em duas semanas, caiu para 24%, um desfalque estimado em 270 mil votos. Ele tinha fama como apresentador de programa de TV, sem partido forte ou tempo de propaganda gratuita. Na reta final, propôs uma tarifa de ônibus diferenciada: quem fizesse percurso maior pagaria mais. Tradução: o trabalhador que mora longe do serviço tomaria uma mordida. Russomanno não chegou ao segundo turno.
As eleições brasileiras não se decidem mais num joguinho de doações, marquetagens e alianças de cúpula. Como nos cozidos, esses ingredientes temperam o prato, mas, sem carnes, nada feito, pois tanto um bilionário como um esfomeado sabem quando não há substância no prato.
Comentários
Caracol
Grande fenômeno é aquele do qual não sendo fenômeno coisa alguma, se diz dele ser fenômeno. Aí vira fenômeno.
Um fenômeno que não é.
Fred Oliva
Estilo Gaspari as usual… Sempe preocupado em sugerir que sabe mais do que fala, toda implicatura de seu discurso acaba beneficiando Serra, direta ou indiretamente. É um tucano remunerado e não se fala mais nisso…
Isidoro Guedes
Gaspari, que tem lá suas simpatias pela ala serrista do PSDB, mas nem tudo o que escreveu sobre Eduardo é fora de propósito. Eduardo precisa sair da moita e dizer a que veio, se é candidato de oposição ou dissidente. Se é de oposição deve dizer o que de diferente faria e no que o governo errou para que ele trocasse de lado. Se é dissidente tem que dizer o que é que dá para fazer mais e melhor (e como é que se faz isso). Caso contrário realmente sua candidatura continuará como está: sem sentido e sem rumo.
Fernando de Andrade Costa
Gaspari quer usar agora o chapéu da Dilma, é?
flavio jose
Gaspari deixa tua pseuda inocencia de lado. Dudu ja definiu o destino dele que é lutar ao lado de Jarbas e Marcos Maciel e o pernambucano ja percebeu a traição e vai dá o troco nas eleições.
Francisco Antonio da Silva
Esse cara aí é aquele que criou o termo “privataria” para critcar, na época o entreguismo tucano. Hoje vive abraçados com ele e ainda vem elogiar o traíra filho do Arraes, que se fosse vivo,o deserdaria. Hoje, o Gaspari faz parte do PIG e tem como hobby colecionar chapéus. Dizem que ele tem mais de mil.
JULIO*Dilma2014/Contagem(MG)
Quem é eduardo campos ? Meu avô já dizia, que em time que está ganhando não
se mexe !!!!
Julio Silveira
Os olhos azuis ele já tem e aparentemente não herdou do Arraes. Mas falando sério, vou ser sincero, estou pronto para votar num outro candidato que não seja a Dilma…desde que seja uma candidatura que venha do ambito popular, sincera novidade, com as caracteristicas de um Lula. E sinceramente, ainda. Sinceridade não parece ostentar o novo fenomeno politico da midia corporativa. O anterior, o Collor, eles se incumbiram de mudar de patamar, ainda que justificado, mas os motivos certamente não foram os mesmos da maioria da cidadania.
Me preocupa sobremaneira os fenomenos politicos que a midia corporativa resolve propalar para o publico. Fenomenos em que? Quais parametros para essa designação. Parece manipulação. Será fenomemo por atender a todos os requisitos de um pau mandado por eles?
Pereira
Esse texto me lembra do experimento mental proposto pelo físico Erwin Schrödinger. O experimento chamado de Gato de Schrödinger é muito semelhante a situação do Eduardo Campos, é um paradoxo.
Suponha que um gato seja trancado em um caixa de aço contendo um frasco com veneno (acido cianídrico) e no sistema exista um martelo ligado a um relé de tal forma que se o relé for ativado o martelo cai sobre o frasco de veneno e o gato é morto. Considere que dentro do sistema há uma partícula quântica tão pequena que um de seus átomos pode, na mesma proporcionalidade, decair ou manter-se constante. Caso ocorra o decaimento, então um contador Geiger ativará o relé através de uma descarga elétrica, matando assim o gato. Diz-se que enquanto a caixa estiver fechada, o gato não possui um estado definido. Ou seja, o gato não está nem vivo nem morto.
O experimento do gato de Schrödinger e o princípio da incerteza ao qual ele está ligado, é igual ao Eduardo Campos: enquanto ninguém abrir a caixa, não se sabe se ele está vivo ou morto.
Mateus Paul
O Paulo Henrique Amorim desconfia (e ajuda a abrir os olhos com relação a este cidadão) deste colunista aí. Mesmo que o texto esteja coerente, será que não há uma vontade em espinafrar o Eduardo Campos para abrir possibilidades a outros candidatos mais rodados (ou relutantes, segundo o texto)?
Fabio Passos
Ta todo mundo ligado: Candidato com apoio e simpatia do PiG… nao presta!
CARLOS
Sou nordestino, Pernambucano, ex- eleitor de Duduzinho alegria, e também desconfio e afasto-me de todo aquele que o PIG diz que é bom. Se é bom pro PIG, é ruim para o país.
Mário SF Alves
É isso aí e mais um pouco. E ficando só no isso aí, diria que o que é bom pro PiG é enfezadamente ruim para o Brasil Um País de Todos. Lógica. Pura lógica. E aí, meus caros, não há um milímetro sequer de espaço pra tergiversações manobristas de tipo REALPOLITIK.
Marco
O que não presta é cazndidato do PT e da direita.
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