Dr. Rosinha: Moniz Bandeira mostra gravidade de situação na Ucrânia

Tempo de leitura: 4 min

Moniz Bandeira: “Ocidente apoiou putsch inconstitucional contra governo eleito, perpetrado, dentre outros, por milícias armadas de fascistas neonazistas, instrumentalizados pelos EUA e países da União Europeia ”

Embaixatriz pede parcialidade do Brasil

Dr. Rosinha, especial para o Viomundo

No dia 12 de março, o embaixador da Ucrânia, Rostyslav Tronenko e sua esposa, Fabiana Tronenko, estiveram na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados. Como pelo Regimento Interno da Câmara os embaixadores de países estrangeiros no Brasil não podem se manifestar, foi a embaixatriz da Ucrânia quem se manifestou.

A embaixatriz Fabiana Tronenko é brasileira, nascida em Curitiba, e lhe foi permitido fazer uso da palavra na Comissão. Ela fez um apelo para que o Brasil não fique imparcial na crise vivida pela Ucrânia e pediu apoio do nosso governo. Emocionada, por mais de uma vez pediu que o Brasil tome posição a favor da Ucrânia.

Disse a embaixatriz: “Nós necessitamos agora dos nossos países amigos; nós precisamos de um posicionamento do Brasil, não da sua interferência. Não que o Brasil chegue a interferir diretamente na situação, não é nada disso. É apenas um posicionamento, porque a situação que a Ucrânia está vivendo hoje é muito delicada”.

Na própria reunião, comentei com a senhora Tronenko que o Itamaraty já tinha divulgado uma nota pedindo uma solução pacífica para os problemas e que a solução passa pelo diálogo interno. Disse também que o nosso governo não pode ir além do que está disposto no art. 4º da nossa Constituição:

 A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I – independência nacional; II – prevalência dos direitos humanos; III – autodeterminação dos povos; IV – não-intervenção; V – igualdade entre os Estados; VI – defesa da paz; VII – solução pacífica dos conflitos; VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X – concessão de asilo político.

Nesse mesmo dia 12, na CREDN, foi aprovado um requerimento para a realização de audiência pública para debater essa questão. Sugeri que um dos convidados para esta audiência fosse o Prof. Moniz Bandeira, que infelizmente não pôde, por questão de saúde, aceitar.

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Transcrevo parte da mensagem, de 14 de março de 2013, que o Professor Moniz Bandeira enviou à Comissão agradecendo o convite e justificando a impossibilidade de estar presente:

Muito agradeço sua atenção e o honroso convite para participar de Audiência Pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional para debater a situação da Ucrânia, após as recentes manifestações populares, e a ocupação, por parte da Rússia, do território da Criméia. Infelizmente, não posso comparecer ao evento, uma vez que resido na Alemanha e minha situação cardíaca, aos 78 anos, não mais me permite uma viagem de 11/12hs, como para o Brasil.

Creio, entretanto, que a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, em consideração aos princípios de respeito à soberania e a autodeterminação dos povos, examinasse também o motivo pelo qual dois senadores americanos – John McCain (Partido Republicano) e Christopher Murphy (Partido Democrata) – participaram de manifestações em Kiev, interferindo nos assuntos internos de outro país, bem como a denúncia feita pelo economista Paul Craig Roberts, ex-secretário assistente do Tesouro no governo Reagan (1981-1989), de que ‘a Ucrânia ou a parte ocidental do país está cheia de ONGs mantidas por Washington cujo objetivo é entregar a Ucrânia às garras da União Europeia, para que os bancos da União Europeia e dos Estados Unidos possam saquear o país como saquearam, por exemplo, a Letônia; e simultaneamente enfraquecer a Rússia, roubando-lhe uma parte tradicional e convertendo esta área em área reservada para bases militares de Estados Unidos-OTAN.

E o fato, Sr. Deputado Eduardo Barbosa, foi que o Ocidente apoiou um putsch inconstitucional contra governo eleito, perpetrado, dentre outros, por milícias armadas de fascistas neonazistas (dos partidos Svoboda e outras organizações de direita, racistas e anti-semitas), instrumentalizados pelos serviço de inteligência dos Estados Unidos e outros países da União Europeia.

Antes da derrubada do governo eleito de Viktor Yushchenko, recebi de um conhecido em Kiev essa mensagem, que bem confirma e demonstra o quanto a mídia manipula as informações sobre os acontecimentos na Ucrânia:

“Sim, efetivamente aqui está muito quente na rua (a temperatura chegou a -35 graus na semana passada). Eu fui ver as barricadas ontem à noite, na primeira linha diante dos integrantes da polícia militar. É bastante impressionante. Os opositores na rua que ocupam aquela área estão armados, muito bem organizados militarmente em companhias, fazem patrulhas em grupos de combate de dez pessoas, com capacetes e armas. Eu cruzei com dois sujeitos com uniformes da divisão SS Galicia (que lutou com os alemães contra os soviéticos em 1943-1945. Acho muito engraçado ver os políticos europeus fazendo grandes declarações sobre o ‘Maidan’ e a democracia quando praticamente todos esses tipos que enfrentam a polícia nas ruas são fascistas. É uma grande hipocrisia. Os euro-atlânticos estão prontos a se aliar com não importa quem (como os islamistas na Síria) desde que isso contribua para enfraquecer a Rússia”.

Ao tomar conhecimento da impossibilidade da sua presença, enviei uma mensagem, via internet, para o Prof. Bandeira. Na resposta entre outras coisas ele lembra “que o tratado com a Ucrânia permite que a Rússia mantenha um efetivo de até 25.000 soldados na Criméia”.

Em correspondência simples, o Prof. Moniz Bandeira mostrou que a situação na Ucrânia é mais grave do que deixou transparecer a embaixatriz Tronenko.

O governo brasileiro deve divulgar alguma outra nota sobre a Ucrânia, que não sei qual é. Mas a minha posição é contra o golpe de Estado patrocinado pelos EUA e pela União Europeia.

Dr. Rosinha, médico pediatra, é deputado federal (PT-PR). No twitter: @DrRosinha.

Leia também:

Santayana: O “ocidente” esqueceu-se dos russos e de suas matrioskas

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Comentários

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Devolvam a Criméia, fora Russos e ponto final.

Estão brincando com os Russos, eles querem ir além da Ucrânia, será que ninguém consegue enxergar isto. Fora da Ucrânia Russos, devolvam a Criméia a Ucrânia.

Roberto Locatelli

Vídeo mostra que os “rebeldes” que derrubaram o governo da Ucrânia, deram o golpe financiados. Os mascarados recebem dinheiro, seja na Ucrânia, Na Venezuela ou no Brasil.

http://actualidad.rt.com/actualidad/view/123275-ucrania-dinero-rebeldes-disturbios-protestas

Paulo Henrique Tavares

O bom de tudo isso é:
A direita vai se revelando.
O problema não é nem a Rússia nem a Ucrânia. O problema são os EUA e sua OTAN. Oras, a OTAN não foi concebida para lutar contra a “ameaça comunista” durante a guerra fria? então qual é a ameaça hoje? não existe nem comunismo, muito menos ameaça.
Ou seja, para encurralar a Rússia (que não é uma ameaça para ninguém) vale tudo (literalmente). Foram aos poucos: Afeganistão, Iraque, Líbia, Egito, Síria… e apenas tiveram de ser parados na Ucrânia.
E óbvio, para os endinheirados, a vida está em último lugar, o que interessa é expandir os mercados, mesmo que em direção a um país falido, politicamente sem norte e dirigido por fascistas golpistas.
Lembrar que os primeiros atos destes golpistas (que os EUA e Alemanha/Polônia) chamam de primeiro ministro foi proibir falar russo e o partido comunista.

Sérgio Vianna

Como ficou claro que Obama tomou uma invertida absolutamente contundente no episódio da Criméia, qualquer leitor mais atento percebe o quanto a mídia brasileira é submissa e mal informada, pois o observador da cena patética desempenhada por europeus e norte-americanos pode aferir com clareza o viés torto e míope dessa mídia que prega e defende o golpe, aqui, na Ucrânia e em qualquer lugar.
A resposta da Criméia – governo, parlamento, povo no plebiscito – arrasou com as investidas oportunistas dos eternos terroristas de fato – os Estados Unidos.
Um fato porém não pode ser deixado de lado, a triste colaboração do governo alemão, justamente pelo apoio aos golpistas da Ucrânia que defendem o nazismo, o racismo e o fascismo. Angela Merkel está cuspindo na sua história.

    wendel

    Sergio, não vejo motivos para sua indignação com a Merkel!!
    Se não sabe, até hoje a Alemanha, não assinou a paz, e continua sendo um pais ocupado pelas forças vencedoras!!
    Pesquise um pouco mais, e verá que nada do que os governantes(?) da Alemanha após a II GG, tem muito a ver com os interesses do seu povo, a não ser servir de bode expiatório em trabalhar para pagar indenizações!

Fabio Passos

Os ianques adoram apoiar fascistas, racistas e neo-nazistas em golpes contra a democracia mundo afora.
A Crimeia escapou… por enquanto.
O mundo inteiro, inclusive o Brasil, está sob risco de sofrer com a violência e o arbítrio destes larápios e assassinos sanguinários.
Os ianques são os maiores terroristas do planeta.

    Urbano

    Esse apoiar é bondade de sua parte Fábio Passos… Os ianques são porta-estandartes desde tempos imemoriais. E depois que despojou hitler do avançado know-how, então… A democracia deles, decantada em versos e prosas, foi só pano de fundo para a propaganda enganosa do regime. No auge dessa democracia de fancaria, assassinaram num pequeno espaço de tempo um presidente e um senador de uma mesma família. Sem contar que já haviam assassinado outro presidente muito antes; e se sabe lá quantos políticos mais tenham sido assassinados, se não de chofre, mas através dos mais diversos chás da meia-noite, e que existem ainda hoje, na versão aeroespacial…

    Urbano

    Afrodescendentes contrários ao regime imposto a eles foram mortos de cacho, principalmente as lideranças. Dizimaram todas as nações indígenas, assim como fizemos aqui também.

    Fabio Passos

    E estes ladrões genocídas tem grandes aliados aqui no Brasil. A começar pela mídia-lixo-corporativa…

    Mário SF Alves

    http://www.youtube.com/watch?v=oYldNMjpKTw

luca brevi

Claro e muito claro!Oque foi fazer na Ucrania o republicano Mackain?A Criméia é independente e eles tem todo o direito de fazer escolha.A escolha foi bem feita,a Russia.Viva a Russia!!!!

Mário SF Alves

Nada como beber direto na fonte.

E o que dizer da informação a seguir?

Disso:

“Creio, entretanto, que a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, em consideração aos princípios de respeito à soberania e a autodeterminação dos povos, examinasse também o motivo pelo qual dois senadores americanos – John McCain (Partido Republicano) e Christopher Murphy (Partido Democrata) – participaram de manifestações em Kiev, interferindo nos assuntos internos de outro país,…”

E disso:

“…bem como a denúncia feita pelo economista Paul Craig Roberts, ex-secretário assistente do Tesouro no governo Reagan (1981-1989), de que ‘a Ucrânia ou a parte ocidental do país está cheia de ONGs mantidas por Washington cujo objetivo é entregar a Ucrânia às garras da União Europeia, para que os bancos da União Europeia e dos Estados Unidos possam saquear o país como saquearam, por exemplo, a Letônia; e simultaneamente enfraquecer a Rússia, roubando-lhe uma parte tradicional e convertendo esta área em área reservada para bases militares de Estados Unidos-OTAN.”

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