CPI do Murdoch joga luz nas relações com o poder

Tempo de leitura: 3 min

Internacional| 26/04/2012 | Copyleft

Murdoch expõe relações entre mídia e poder na Inglaterra

Testemunhos do magnata australiano Ruppert Murdoch e de seu filho James Murdoch perante a Comissão Leveson estão fazendo novos estragos no governo de David Cameron e ameaçam derrubar ministro da Cultura, Jeremy Hunt, por suspeita de tráfico de influência no negócio envolvendo a compra da BSkyB pela News Corporation, do grupo Murdoch. Robert Jay, da Comissão, insina possibilidade de um pacto fáustico dos conservadores com o grupo em troca do apoio de Murdoch nas eleições de 2010.

Marcelo Justo – De Londres, na Carta Maior

Londres – Os dias de comparecimento do magnata multimidiático australiano Ruppert Murdoch e de seu filho James diante da Comissão Leveson estão começando a deixar um rastro de vítimas. O testemunho de James na terça-feira e a publicação dos email’s que trocou com seu lobista Frederic Micel pela aquisição do pacote acionário da BSkyB, provocaram a saída, quarta-feira ao meio-dia, de Adam Smith, assessor especial do ministro da Cultura Jeremy Hunt, que por sua vez foi jogado contra as cordas.

No parlamento, o líder da oposição Ed Miliband exigiu a renúncia do ministro Hunt por sua proximidade com os Murdoch quando devia ser um “juiz imparcial do interesse público” sobre o tema da ameaça que podia representar para a liberdade de imprensa a compra de todo pacote acionário da BSkyB pela News Corp.

Hunt negou que tenha feito algo “inapropriado” e assegurou que não manteve nenhum contato direto com os Murdoch: sua permanência no cargo está por um fio.

Em suas mensagens a James Murdoch, o lobista cita Hunt diretamente ao falar do informe da agência reguladora de comunicação, Ofcom, sobre o tema.

“Hunt pediu-me novamente que encontrássemos todos os erros legais que pudéssemos detectar no informe da Ofcom e que propuséssemos algumas soluções fortes e de impacto. Está disposto a se reunir na próxima terça ou quarta para discutir nossa apresentação”, escreve Frederic ao filho de Murdoch.

De modo mais claro ainda, no dia prévio ao anúncio que Hunt faria informando a decisão do governo sobre o negócio, Frederic assegura que o ministro da Cultura havia passado a ele informação direta sobre seus planos. “Consegui informação sobre os planos para amanhã (o que é absolutamente ilegal!). Muitos problemas legais, Hunt está tratando de obter uma versão favorável a nós”, disse Frederic.

A lupa da comissão não se deteve no ministro. Em seu testemunho, James Murdoch reconheceu que o primeiro ministro David Cameron havia discutido o tema da aquisição da BSkyB com ele durante um almoço natalino em 2010, na casa de Rebekah Brooks, ex-diretora da News International, o braço britânico da corporação midiática de Murdoch. O primeiro ministro havia admitido seu almoço com Murdoch, mas, em mais de uma oportunidade, negou-se a informar o teor da conversa. Em suas perguntas, o responsável pela Comissão Leveson, Robert Jay, insinuou a possibilidade de um pacto fáustico dos conservadores com o grupo em troca do apoio de Murdoch nas eleições de 2010: a acusação é potencialmente devastadora.

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O apoio do “The Sun” aos conservadores foi tornado público e anunciado na primeira página do tabloide, mas James Murdoch negou que tivesse adotado essa posição em troca de favores do governo em temas como o da BSkyB ou do corte orçamentário na BBC, a “besta negra” do grupo Murdoch. Ruppert Murdoch fez o mesmo em seu testemunho nesta quarta-feira. O magnata australiano reconheceu seus frequentes encontros com os governos de Margaret Thatcher (1979-90), Tony Blair (1997-2007), Gordon Brown (2007-2010) e a atual coalizão conservadora-liberal democrata. Mas negou que, em algum caso, tenha trocado informação por apoio político.

Neste sentido, o mais explícito que disse foi que o ex-primeiro ministro trabalhista Gordon Brown declarou guerra a News International logo depois que o tabloide “The Sun” retirou o apoio ao trabalhismo e começou a respaldar o então líder da oposição David Cameron. Em uma declaração posterior, Brown negou que este diálogo tenha ocorrido e exigiu uma retificação de Murdoch que, nesta quinta-feira, prossegue com seu testemunho.

Tradução: Katarina Peixoto

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Comentários

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Nelson Marcondes: Sobre a queda dos juros « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] CPI do Murdoch joga luz nas relações com o poder […]

paulo roberto

Quero ver se por aqui nossos parlamentares vão ter coragem de convocar os jornalistas(?) para depor.

a. barbosa filho

Se a moda pega abaixo do Equador, vai faltar cadeia prá "barão da mídia" e para governantes cúmplices. Tem gente pelos lados do Esgoto arrumando as malas; nisso o mainardinho foi mais esperto…

    Cláudio

    E bota esperto nisso ! O cara, por alguma razão até o momento desconhecida (pelo menos por mim), se viu na iminência de ser pego com a boca na botija e, para prevenir, escafedeu-se muito antes de se sonhar com o que está acontecendo agora. Mas eu espero que o dele esteja guardado pra ser cobrado devidamente, ao seu tempo, com juros e correção monetária.

Marat

Vamos ver se o "nosso" Murdoque será pego…

erivaldosilva

Tivesse eu no lugar do bicheiro, faria um acordo com a Justiça e caguetaria todo mundo! Denunciaria o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB),revelaria o esquema de pagamento a parlamentares e a funcionário público E por último dedurava a mídia (A Veja se associou ao crime organizado para fazer jornalismo) em especial a revista Veja Enfim, jornalões E Folha de Paulo Estadão e O Globo.

RicardaoCarioca

Richa não quer PMs com estudo porque eles "se insubordinariam"
http://www.gazetadopovo.com.br/blog/caixazero/?id

Esses tucanos…

RicardaoCarioca

1o ato: Demotucanos e PiG se reuniram e definiram uma estratégia para Marconi Perigo: Peça investigação do PGR, mostre que você não tem medo, blá-blá-blá que o PiG irá lhe favorecer nas reportagens.

2o ato: Dedotucanos na CPMI pedem investigação de Agnelo e Perigo, como parte da encenação de 'lisura' oposicionista.

3o ato: Perigo chama o PiG (viram o JN ontem?), o Bonner, quase que pedindo desculpas pela reportagem, a anuncia e o repórter do PiG dá o microfone para o Perigo se defender.

Ato final: Após se lançar de peito aberto na CPMI e na mídia, Perigo é jogado no mar pelo PiG:
http://oglobo.globo.com/pais/em-gravacao-carlinho

Afinal, quantos Maconis Perigos valem um Cerra?

Filippini

Dentro do assunto e contexto.

Barões da Mídia fecham acordo contra a CPI

Link : http://www.rodrigovianna.com.br/radar-da-midia/ba

Marcelo de Matos

Seria preciso criar uma CPI para investigar o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e suas ligações com a mídia e os tribunais. Seu pedido de suspensão da Lei de Imprensa andou a toque de caixa naquela Corte. Outro pedido seu ao TSE foi atendido com a mesma celeridade: em 2002 consulta sua levou o tribunal à adoção do sistema de verticalização das alianças nacionais e estaduais. É o toma lá, da cá, que envolve mídia, tribunais e políticos. O site 247 publicou: “Principais grupos de comunicação fecham pacto de não agressão e transmitem ao Planalto a mensagem de que pretendem retaliar o governo se houver qualquer convocação de jornalistas ou de empresários do setor; porta-voz do grupo na comissão é o deputado Miro Teixeira; na Inglaterra, um país livre, o magnata Rupert Murdoch depôs ontem”. O site diz que Fábio Barbosa, presidente do grupo Abril e ex-presidente da Febraban, foi a Brasília para impedir a convocação de Civita: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/56341/G

    RicardaoCarioca

    A CPI da Veja já virou pizza. O texto da reportagem nesse link é revoltante. PT é frouxo mesmo. E o Miro Teixeira está lá na CPI (por que não o Brizola Neto) para garantir a blindagem do PiG. Vamos ver se a CPI do Cachoeira vai dar em alguma coisa.

    RicardaoCarioca

    Miro Teixiera do PDT entrou na CPI através de vaga cedida pelo PSDB para… adivinhem? Blindar o PiG. Que vergonha para o PDT.

Bonifa

O pacto fáustico (vender a alma ao diabo) dos conservadores com a mídia ameaça derrubar os dois na Inglaterra. Brasil e Inglaterra sintonizados completamente neste caso e neste momento. É impressionante.

Marat

Na mosca, ou melhor, nas moscas!

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