‘Continuaremos a busca legal para anular a decisão injusta e exigir desculpas’, diz palestino extraditado em nota à imprensa

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Da Redação

Na manhã dessa terça-feira, 25/06, o professor Muslim Abuumar (@muslimbinimran) publicou em seu perfil de rede social este comunicado à imprensa sobre a ”infeliz” decisão da Polícia Federal brasileira de proibi-lo de entrar no País: 

Acabo de chegar à minha casa em Kuala Lumpur depois de uma viagem familiar malsucedida, para visitar o meu irmão no Brasil, que infelizmente foi prejudicada pela intervenção sionista, claramente devido às minhas atividades acadêmicas de apoio à luta palestina.

Esta árdua jornada incluiu uma decisão injusta da Polícia Federal de impedir a minha entrada no Brasil, emitida sob as ordens de um país estrangeiro imperialista que patrocina ativamente o genocídio israelense em curso em Gaza.

Ao chegar ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na noite de sexta-feira (21 de junho de 2024), vários policiais me abordaram na entrada do aeroporto [porta do avião] e me levaram, junto com minha família, para interrogatório.

As perguntas centraram-se nas minhas opiniões políticas e atividades acadêmicas em apoio à causa palestina.

Fui questionado sobre como falar em conferências acadêmicas internacionais sobre a Palestina, sobre a minha participação em fóruns internacionais organizados por grupos de reflexão internacionais e sobre a minha opinião sobre a guerra em curso em Gaza.

Fui muito claro ao afirmar que, como acadêmico e como palestino, acredito que Israel é um regime de apartheid que está a cometer um genocídio em Gaza e que deve ser levado à justiça, e que isto está em conformidade com o direito internacional e a posição do próprio governo brasileiro.

Após a sessão de interrogatório, na qual não foram fornecidos advogado nem tradutor, os agentes de segurança do aeroporto me informaram da decisão da Polícia Federal de impedir a minha entrada e de  minha família no país e de nos deportar imediatamente para o exterior.

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Rejeitei a ordem de deportação e pedi esclarecimentos sobre o motivo da proibição, principalmente porque possuo um visto válido de entradas múltiplas e já visitei o país anteriormente sem problemas.

Além disso, nunca violei nenhuma lei brasileira e sei muito bem que o governo brasileiro não vê a resistência palestina como terrorismo.

Nessa altura era muito claro que as ordens vinham de fora do país, de uma potência imperialista estrangeira que tem uma longa e obscura história de intromissão nos assuntos de outros países.

Nas 48 horas seguintes, com a ajuda de estimados ativistas palestinos, especialmente o chefe do Instituto Brasil Palestina, Dr. Ahmed Shehada, travei uma batalha legal contra a decisão injusta da polícia.

Enquanto isso, vários parlamentares e ativistas brasileiros travaram uma dura batalha política e midiática contra o influente lobby sionista no Brasil. Esta guerra de narrativas ainda continua.

O período de 48 horas incluiu a nossa detenção forçada dentro do hotel do aeroporto e a emissão de uma ordem judicial preparada às pressas, confirmando a proibição da polícia e a deportação imediata para fora do país.

A polícia apresentou um conjunto de alegações forjadas de apoio ao terrorismo devido à minha atividade acadêmica em apoio à causa palestina e à minha posição clara de apoio aos direitos palestinos e de denúncia da ocupação terrorista sionista da Palestina.

Infelizmente, o meu advogado de defesa não teve tempo suficiente para refutar estas acusações e alegações infundadas, que simplesmente violam a própria Constituição brasileira, que estipula que o Brasil respeita o direito internacional, e a lei brasileira que não vê a resistência palestina como terrorismo.

Para mim e para os ativistas brasileiros que apoiam os direitos palestinos, a batalha ainda não acabou, e continuaremos a busca legal para anular esta decisão injusta e exigir desculpas e indenizações. Estou absolutamente certo de que a justiça prevalecerá no final.

Muslim Abuumar 
Terça-feira, 25 de junho de 2024
Kuala Lumpur.

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