Cabral desiste de demolir Célio de Barros e diz que concessão do Maracanã está ‘em suspenso’
CAROLINA DE OLIVEIRA CASTRO, em O Globo
O contrato de concessão do Maracanã ao consórcio formado pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG está “em suspenso”, anunciou ontem o governador Sérgio Cabral.
A concessionária continua à frente da administração do estádio, mas, disse Cabral, terá, a contar de ontem, 20 dias para decidir se pretende continuar. Motivo: a decisão do governador de não mais demolir o Parque Aquático Julio de Lamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros, que dariam lugar a dois edifícios-garagem com um complexo de lojas, tirou do consórcio a perspectiva de receita de R$ 19 milhões anuais. Sem esse dinheiro, como o próprio Cabral reconhece e o consórcio argumenta, será difícil arcar com o custo mensal de R$ 4,1 milhões do Maracanã.
O estado ainda terá de gastar R$ 10 milhões para recuperar o Célio de Barros, que virou canteiro de obras e depósito de entulho na reconstrução do Maracanã. No inicio da semana, Cabral já havia anunciado que pouparia o Julio de Lamare.
Ontem, estendeu a decisão ao estádio de atletismo. Segundo o consórcio, o Maracanã se tornará, praticamente, “insustentável” sem as fontes de receita que seriam geradas a partir da demolição dos dois equipamentos. Com as mudanças inesperadas no contrato, o consórcio vai estudar a nova realidade e decidir se devolve ou não o Maracanã e o Maracanãzinho à administração pública.
A concessionária ainda não pagou nem a primeira parcela do aluguel do Maracanã (são 35 anos de concessão, pelo contrato). Cabral defendeu o modelo de concessão do estádio, mas ressalvou:
— Daremos 20 dias para o consórcio estudar as mudanças. Hoje, (o destino da concessão) está em suspenso — disse o governador.
— Continuo acreditando que a gente adotou o modelo de PPP (Parceria Público-Privada) ideal, que deixaria o Maracanã mais confortável para o público. Mas, diante do pedido de tempo, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) vetou a construção de edifícios-garagem ali e da Justiça (uma liminar impede a demolição), e de todos os apelos dos atletas, optamos por manter o Célio de Barros.
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O presidente do consórcio que administra o Maracanã desde 9 de julho, João Borba, foi político e preferiu não adiantar o que vai fazer. Porém, deixou clara sua preocupação com as contas que a concessionária terá de arcar.
— Com a informação que o governo nos dá agora, evidentemente, temos de voltar ao nosso plano de negócios. Fui pego de surpresa. Não contava com essa possibilidade. Vamos precisar refazer as contas e os estudos para ver se o Maracanã é possível de ser mantido somente com as receitas do estádio — afirmou.
O governo do estado pode atender o “clamor das ruas” com a decisão de não demolir, mas assume um problema que não tinha. O Célio de Barros está em petição de miséria. A arquibancada tem problemas estruturais graves, a pista foi destruída nas obras do Maracanã e a torre de provas foi indevidamente destruída. Além disso, placares eletrônicos e uma gaiola de provas avaliada em US$ 25 mil foi roubada. Já o Julio de Lamare está pronto para ser reaberto.
Desgaste político
Além do desgaste político gerado pela decisão agora revista de pôr abaixo os dois equipamentos esportivos do Complexo Maracanã, o recuo de Cabral, na verdade, deve-se também a um impasse jurídico. Desde março, uma ação impede a demolição — e, mês passado o Iphan, que, a princípio, havia permitido, pediu mais tempo para avaliar. Para piorar, o instituto já tinha avisado que não autorizaria a construção de prédios ao lado do Maracanã. Com a dificuldade real para derrubar, e com a grande pressão das manifestações, o governador optou por manter os equipamentos.
As mudanças no contrato, com o recuo, serão grandes. Juridicamente, o administrador privado tem até o direito de não querer mais a concessão. O estado, por sua vez, perderá dinheiro. A PPP já não conseguiria devolver aos cofres públicos o dinheiro gasto (R$ 1,2 bilhão) na reconstrução do Maracanã.
O contrato assinado em maio previa que, em 33 anos (dos 35 de concessão, dois seriam de carência), R$ 181 milhões seriam pagos de aluguel (cerca de R$ 5,5 milhões anuais). Além disso, R$ 594 milhões seriam revertidos em obras. Essas intervenções incluíam a demolição e a reconstrução do Julio de Lamare e do Célio de Barros (em terreno próximo à Quinta da Boa Vista) e a remoção de um presídio (também da Quinta) para Gericinó. Na conta, estava ainda a reconstrução da Escola Municipal Arthur Friedenreich, que funciona no Complexo do Maracanã, e os dois edifícios-garagem. Agora, o futuro de tudo isso é incerto.
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Comentários
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Sônia
Conceder 35 anos a iniciativa privada, destruir uma escola municipal, um estádio de atletismo, um parque aquático que todo dia tem gente da comunidade que vive perto do maraca nadando naquela piscina…
demolir um casarão de valor cultural ligado à história indígena
e construir dois edifícios-garagem, interferindo na paisagem. O Iphan está certo em vetar. Quanta burrice num projeto só.
Gregprio Bezerra
O Maracanã, prá quem não sabe, NUNCA DEU PREJUIZO ANTES. Agora, que deixou de ser a PADARIA do Estado do RJ, vai dar prejuízo. Com a palavra “os espertos da sala”.
Urbano
O Brasil descobre cabral…
edir
Näo entendo porque o estado tem de gerenciar um estádio de futebol. Só no Brasil mesmo.
lukas
Se deixarem, o estado brasileiro ainda vai gerenciar padarias. Vai sobrar padeiro, vai faltar pão.S
Mauro Duarte
Lukas,
nem tudo pode ficar com a iniciativa privada, como nem tudo deve ser do Estado. É preciso ter cuidado com os discursos que não tem nada de ideologia e usa o Socialismo como desculpa para deixar tudo nas mãos da iniciativa privada, como nos EUA. Esse foi o discurso usado pelos congressistas americanos para jogar a opinião pública contra a intenção da Hilary Clinton de fazer um plano de saúde mais interessante para o povo americano. Inclusive usaram a então extinta(acho) URSS como exemplo. Mas não falaram que no Reino-unido o sistema de saúde é gratuito. Inclusive se a pessoa vai ao hospital e não tiver grana para o transporte, ele recebe no caixa ( isso mesmo , tem um caixa não para receber, mas para pagar).O sistema de saúde americano é tão ruim que uma pessoa canadense, que more perto da fronteira, faz um seguro mesmo que seja para ir aos EUA e voltar no mesmo dia.
Dá uma olhada no documentário SiCKO SOS saúde do Michael Moore, no you tube. O vídeo mostra que o sistema de saúde americano, que foi criado em 1971 por Nixon, tinha como intenção apenas o lucro. Sua filosofia era:
“todos os incentivos são direcionados a menos cuidados médicos. Quanto menos cuidados médicos mais eles lucram”, dizia textualmente assim, com áudio do Nixon gravado em um gabinete, presumo pelas imagens, que no dia seguinte fez um pronunciamento à Nação com um discurso contrariando isso. Lançava uma estratégia nova para a saúde: “Quero que os EUA tenham a melhor assistência à saúde do mundo”
Não sou Socialista, nem nunca acreditei no Socialismo. Acredito num capitalismo menos desigual, mas para isso temos que ter um Estado presente onde houver necessidade, onde for melhor , no caso do futebol do Rio ( porque 3 times grandes do Rio não tem estádio próprio ) acho que é o caso.
Mauro Duarte
Não é só no Brasil, não. Nem isso é problema No mundo todo há estádio público e privado.
Edvaldo
35 anos de concessão é um absurdo. 5 anos de concessão com direito a renovação caso a administração seja aprovada.
Ainda acho que a administração deveria ser pública e os recursos reinvestidos na área esportiva.
FrancoAtirador
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CAFEZINHO PUBLICA MAIS DOIS DOCUMENTOS DO PROCESSO FISCAL CONTRA A GLOBO
Em 21/12/2006, por decisão unânime da 3ª Turma de Julgamento da DRJ/RJ01,
foi determinado que a Globo pagasse, em 30 dias, a dívida de R$ 615 milhões.
A Globo foi intimada em 29/12/2006. O processo sumiu dia 02/01/2007.
Quase 3 anos depois, no dia 26/11/2009, a Globo desembolsou uma pequena quantia,
e parcelou o restante em suaves prestações, com abatimentos de multa e juros,
ao aderir ao ‘REFIS DA CRISE’, como a própria empresa admitiu em nota pública.
Agora vejam a cara-de-pau dos Marinho ao se referir ao tal Refis, à época:
23/09/2009
Valor OnLine [GLOBO/FOLHA], via Época Negócios/GLOBO e Extra/GLOBO
Refis da Crise já afeta receita e eleva déficit da Previdência em 2009
BRASÍLIA – A renegociação de débitos das empresas no programa “Refis da Crise” reduziu a receita previdenciária e foi um dos fatores que levaram o governo a projetar novo aumento para o déficit do INSS em 2009. A previsão saltou de R$ 40,7 bilhões para R$ 41,4 bilhões.
De janeiro a agosto, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) acumula resultado negativo de R$ 29,902 bilhões, alta real de 14,84% sobre igual período de 2008 (R$ 26,037 bilhões negativos).
Segundo o ministro da Previdência Social, José Pimentel, as adesões ao novo programa de refinanciamento de dívidas tributárias, iniciadas em agosto e com prazo até o fim de novembro, já afetaram a receita corrente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e também a recuperação de créditos pela Receita Federal.
“A previsão anterior para o déficit não incluía o parcelamento. A tendência, agora, é a receita ficar abaixo, mas regularizar significa que muitas empresas passarão a pagar em dia”, comentou o ministro.
O Refis da Crise teria afetado de forma mais direta a recuperação de débitos atrasados junto ao INSS, citou Pimentel. Em agosto, o crédito recuperado ficou em R$ 628,6 milhões, abaixo dos R$ 666,2 milhões de julho e ainda dos R$ 767,4 milhões registrados em agosto de 2008.
Segundo o ministro, com isso há a probabilidade de a meta de recuperação de crédito de R$ 9,8 bilhões no ano não ser atingida. De janeiro a agosto, os créditos recuperados acumularam R$ 6,4 bilhões.
Pimentel cita ainda o efeito da crise sobre as contas previdenciárias. Apesar de a arrecadação do INSS ser a que mais subiu entre os tributos, o ministro lembra que caiu o ritmo de crescimento e a alta real acumulada até agosto é de 5%. Ou seja, metade dos 10% reais de alta observados em 2008 em igual período, antes do estouro da crise financeira global em meados de setembro.
Já as despesas com benefícios previdenciários tiveram alta real de 6,9% de janeiro a agosto. O ministro lembra a pressão do aumento real do salário mínimo, que subiu 5,6% acima da inflação.
Para 2010, entretanto, Pimentel acredita em estabilidade do déficit. “O mundo da empregabilidade deve voltar a crescer”, comentou ele, que aposta numa alta de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano que vem.
(Azelma Rodrigues | Valor)
(http://extra.globo.com/noticias/economia/refis-da-crise-ja-afeta-receita-eleva-deficit-da-previdencia-em-2009-338112.html)
(http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI94632-16418,00-REFIS+DA+CRISE+JA+AFETA+RECEITA+E+ELEVA+DEFICIT+DA+PREVIDENCIA+EM.html)
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A REAL INTENÇÃO DO SUMIÇO: LIMPAR A FICHA SUJA E EVITAR A CADEIA
03/11/2009
DCI
Empresa que aderir ao Refis se livra até de processos criminais
Perto da reta final para adesão ao chamado “Refis da crise” – que se encerra em 30 de novembro -, muitas empresas que estão sofrendo ações na Justiça podem ver no programa de parcelamento de tributos federais uma solução para suspender inquéritos ou processos criminais. É o que explica o especialista em direito criminal Leonardo Alonso, do Reale Moreira Porto Advogados.
“A Lei do Refis (nº 11.941/2009) prevê que a adesão suspenda o inquérito ou processo criminal até que o pagamento integral seja efetuado”, afirma. No entendimento dele, o Refis surge como uma “luz no fim do túnel”. “É opção para aqueles que sofreram autuações da Receita Federal que desembocam na esfera policial, por exemplo. Além do mais, a extinção do processo deixa a empresa com a ‘ficha limpa'”.
O especialista conta que, assim que a empresa tiver quitado a dívida, a Justiça informa à Receita Federal e o processo é extinto. “A decisão é quase automática”, comenta Alonso, que pondera: “Vale mais a pena fazer parcelamento do que se sujeitar a uma investigação. É mais benefício à empresa aderir ao Refis do que correr o risco de ser condenado, salvo exceções”, afirma.
Entenda
Os devedores da União têm um mês apenas para regularizar a sua situação. Isso porque o programa, que é considerado o mais benevolente com o devedor dos que foram lançados nos últimos anos, podem ser incluídos no Refis débitos nunca parcelados, vencidos até 30 de novembro do ano passado, inscritos em dívida ativa ou não, ou já negociados no âmbito de outros programas como Refis, Paes e Paex. O pagamento pode ser à vista ou parcelado em até 180 meses.
O objetivo desse programa chamado de Refis da Crise, Refis 4, Novo Refis ou Novo Parcelamento, é diminuir o número de processos de pagamento de dívidas, fazer caixa e ajudar empresas a superar os efeitos da crise econômica mundial.
Pelas regras do programa, quem deixar de pagar até três prestações, consecutivas ou não, vencidas em prazo superior a 30 dias, terá o parcelamento cancelado e o débito inscrito em dívida ativa da União. O pagamento à vista ou da primeira parcela ocorrerá no mês da adesão. Caso não haja o pagamento, a adesão será invalidada. Além disso, aqueles que aderirem ao novo parcelamento estão desistindo automaticamente de eventuais ações na Justiça questionando o débito. Por outro lado, não terão mais restrições para obter Certidão Negativa de Débito (CND).
“O novo Refis permite que as empresas escolham qual débito querem pagar e isso torna o procedimento mais favorável. Isso porque é possível dar prioridade débitos com repercussão na área criminal”, analisa Leonardo Alonso, que exemplifica: “Uma empresa que contabiliza, mas não paga imposto, não comete sonegação fiscal. Dívida não é crime. No entanto, se nessa mesma empresa um determinado produto não tem a emissão de uma nota, existe uma fraude que é considerada sonegação fiscal”.
Para o advogado, os moldes adotados pelo novo Refis fizeram com que as empresas ficassem mais seletivas em relação aos débitos. Dentre os benefícios elencados com a nova lei está a redução de multas, juros e encargos legais. O desconto também é maior para pagamentos à vista e vai sendo reduzido quanto maior o número de parcelas. “A nova lei traz dispositivos favoráveis à questão penal e previdenciária”, ressalta o advogado, que completa: “A empresa pode ser autuada por crime previdenciário quando, por exemplo, não informa à Receita dados capazes de gerar receita previdenciária com o objetivo de omitir funcionários”, sinaliza.
No início deste mês, a Receita Federal anunciou que começou a intimar mais de 110 mil empresas cujas dívidas com a União chegam a R$ 4,7 bilhões. Os devedores passam a ser inscritos no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal (Cadin) e terão o nome encaminhado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição na Dívida Ativa da União.
Em nota a Receita esclareceu que o procedimento adotado anteriormente era de cobrança por lote, semestral ou anual.
Agora, a cobrança será mensal e contínua. Segundo o comunicado, com isso, a expectativa é reduzir a inadimplência.
O chamado “Refis da crise”, o prazo de adesão ao qual se encerra a 30 de novembro, pode ser uma solução para empresas que querem suspender inquéritos ou processos criminais.
(http://www.portalcontabilsc.com.br/v3/?call=conteudo&id=1858)
MarcosAS
Eis o que pode ser considerado uma vitória das manifestações – “anomia niilista” a parte, para não esquecer o sábio Wanderley Guilherme.
Mauro Duarte
É uma vitória da sociedade!
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