Deputado que tomou golpe do PR e perdeu cargo em comissão foi ardoroso defensor do impeachment
Tempo de leitura: 3 minTrocado da CCJ por um nome pró-Temer, Delegado Waldir (PR/GO) cita “barganha” de uma organização criminosa que quer se manter no poder: ? pic.twitter.com/ce1B88EMCN
— George Marques (@GeorgMarques) July 10, 2017
Da Redação
Nos últimos dias, a base aliada do governo Temer remanejou nada mais, nada menos que 20 dos 66 integrantes da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
A manobra foi tão descarada e a barganha tão inacreditável que alguns partidos fizeram o “acerto” em cima da hora.
O PR, por exemplo, trocou os deputados delegado Waldir, Jorginho Mello, Marcelo Delaroli e Paulo Freire pelos colegas de partido Bilac Pinto, Larte Bessa, Magda Mofatto e Milton Monti sem avisar os que perderam o posto.
Em plena sessão na qual o relator Sergio Sveiter (PMDB-RJ) aceitou a denúncia da PGR contra Temer, o delegado Waldir protestou aos berros (ver vídeo).
Com as mudanças, dizem governistas, Temer agora tem folgada maioria de 38 a 28 para derrotar o relatório de Sveiter no plenário da comissão.
O próprio Sveiter foi ameaçado pelo colega Carlos Marun (PMDB-MS), bate pau de Temer, de expulsão do partido.
O delegado Waldir do protesto foi eleito em Goiás com 274.625 votos em 2014. É mais do que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, obteve em suas últimas três eleições, a deputado federal e prefeito do Rio: 234.657.
Em sua atuação na Câmara, Waldir já foi acusado, pelo petista Jorge Solla, da Bahia, de ter armado a soltura de roedores no plenário da CPI da Petrobras durante depoimento do tesoureiro do PT João Vaccari, recentemente absolvido em segunda instância num dos processos a que responde.
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Defensor do impeachment de Dilma Rousseff, ele protestou quando movimentos sociais foram à sede da Globo em Goiânia:
“Sr. Presidente, não sei se V.Exa. sabe, se o Brasil sabe, se os Srs. Deputados sabem que 80 bandidos invadiram ontem à noite uma afiliada da TV Globo em Goiânia. Armados com foices e pedaços de pau, eles escreveram lá: “Não vai ter golpe”. Na verdade, eu venho aqui, Sr. Presidente, para cobrar do Secretário de Segurança Pública de Goiás a prisão desses 80 bandidos. Eles não podem invadir uma propriedade privada como a TV Globo nem cortar a liberdade de expressão. Lugar de bandido é na cadeia, para onde um bandido graúdo, um ex-Presidente, foi conduzido alguns dias atrás. E vai ser preso de novo! Então, quero dizer aqui, Sr. Presidente, que não é golpe, não. Golpe é este Governo permanecer no poder”.
Ele se referia, obviamente, à condução coercitiva do ex-presidente Lula.
O voto do delegado Waldir pelo impeachment de Dilma foi dramático:
“Pátria amada, Pátria amada, seu filho Delegado Waldir não foge à luta. Por ti, Goiânia querida, por ti, Goiás, pelo meu País, por Deus, por minha família, pelas famílias e pelas pessoas de bem, o meu voto é “sim”. Fora Dilma! Fora Lula! Fora PT!”
E, no entanto, em março deste ano o delegado Waldir protestava contra a reforma da Previdência do governo que ele ajudou a colocar no poder com brados patrióticos.
Na ocasião, ele foi retirado da Comissão Especial da Reforma da Previdência e reagiu:
“Esse Governo é covarde. Ele não quer escutar algumas verdades, já que vem com uma mudança da Previdência para tirar direitos dos trabalhadores — dos policiais, dos professores, dos metalúrgicos, dos aposentados — e também das viúvas. Esse Governo age com covardia quando vai à televisão e às redes sociais dizer que vai acabar com o Bolsa Família e com o FIES, se os Deputados não votarem com ele na reforma da Previdência. E esse Governo agiu com mais covardia ainda hoje, Presidente, porque fez ameaça aos Deputados e disse que quem não votar com ele vai perder as suas emendas parlamentares. As minhas, já jogo fora; abro mão, em defesa do trabalhador brasileiro. E mais: o Governo também ameaçou aumentar em 10% a carga tributária para os empresários e trabalhadores. Ministro da Fazenda, faça-nos o favor, seja homem. Tiraram-me da Comissão, mas não vão me calar aqui no Plenário! Não vão me censurar! Vou defender o trabalhador brasileiro! Entre os cargos e emendas e o povo e o trabalhador, eu fico com estes”.
Comentários
Eduardo
Picareta Waldir, Sim ! Por Goiânia, pelo Brasil e os trabalhadores coisa nenhuma! Por voçê e suas vantagens financeiras! Goiano vagabundo, vá plantar feijão ou criar boi, picareta!
Edson
É um hipócrita.esse deputado !!!
Agora que perdeu a boquinha tá do lado do trabalhador, saí pra lá traidor do povo !!!
Luiz Carlos P. Oliveira
O “delega” tá provando do próprio veneno que ajudou a inocular quando afastou a Dilma. Que se exploda.
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