Brasil de Fato: Luta política e a agenda liberalizante do governo Dilma
Tempo de leitura: 3 minAlgumas movimentações em curso no atual cenário político do país são sinais de uma polarização que se torna cada vez mais inevitável. A tendência da luta de classes no Brasil é que as contradições e diferenças entre os interesses das forças populares e das forças neoliberais se tornem cada vez mais nítidas para o conjunto da sociedade.
As forças populares defendem um projeto de desenvolvimento nacional que contemple as reformas estruturais e seja pautado pela soberania popular. Já as forças neoliberais defendem centralmente a hegemonia do capital financeiro na economia brasileira, os ajustes fiscais que penalizam a classe trabalhadora e a retomada do programa de privatizações do patrimônio público.
Os partidos de direita, que representam os interesses neoliberais, foram derrotados no plano eleitoral em 2002, 2006 e 2010. No entanto, não se pode subestimar a capacidade da direita brasileira de reagir e virar esse jogo.
Existe um plano em curso que objetiva triunfar nas eleições presidenciais de 2014. Trata-se de uma ofensiva da direita brasileira que tem traços em comuns com a crise política da década de 1950 e que precedeu o golpe militar 1964. Podemos identificar três movimentações que dão conteúdo à ofensiva da direita nesse momento.
A primeira reside no fato de que as forças neoliberais buscam compensar suas derrotas e fragilidades na luta eleitoral através de uma aliança conservadora com o poder Judiciário e com a grande mídia reacionária.
Com este conluio as forças conservadoras avançam no campo da luta ideológica, negando a identidade de classe da jovem classe trabalhadora em formação através do embuste da “nova classe média”, criminalizando as lutas sociais, judicializando a política ao fazer do STF um balcão a serviço do revanchismo político da direita. A recente sanha do STF ao tentar sufocar as funções constitucionais do poder Legislativo de maioria pró-Dilma é parte dessa disputa. Essa movimentação da direita brasileira pode diminuir as margens para a luta democrática.
A segunda movimentação desta direita objetiva pulverizar a luta eleitoral de 2014 em torno de diversas candidaturas para provocar um segundo turno numa tentativa de derrotar a reeleição de Dilma. Uma candidatura alternativa proveniente da base de partidos que sustentam o governo Dilma e que divida votos, mesmo que poucos, faz parte dos planos da direita. Nesse caso, mais uma vez o STF e a mídia conservadora trabalham incansavelmente para viabilizar a candidatura de Marina Silva e Eduardo Campos.
A terceira movimentação da direita busca diluir e descaracterizar o programa neodesenvolvimentista do governo Dilma, que tem como meta-síntese o crescimento econômico e a distribuição de renda. Para isto, o dispositivo midiático-conservador em aliança com o capital financeiro e com uma certa burguesia interna sem projeto de nação estão conseguindo imprimir uma agenda liberalizante no governo Dilma que não acumula forças para os interesses do povo brasileiro.
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Começou com a timidez e lentidão na mudança dos rumos da política econômica que ainda permanece refém do dogma neoliberal fundado no tripé conservador: câmbio flexível, sistemas de metas de inflação e superávit primário. Depois, veio o fim da aposentadoria integral do funcionalismo e o enfrentamento da greve dos servidores públicos com mão de ferro no ano de 2012.
Em seguida, o governo federal encaminhou a concessão dos três maiores aeroportos do país para o controle da iniciativa privada. Além disso, para atender aos interesses diretos da burguesia interna, o governo viabilizou a desoneração da folha de pessoal de 15 setores da economia, podendo comprometer a previdência social.
Agora, um amplo programa de concessão de rodovias, ferrovias e portos para o setor privado está em curso. Para consolidar a agenda liberalizante, o governo autorizou a retomada dos leilões de áreas de exploração do petróleo para este ano, que estavam paralisados desde dezembro de 2008.
A contradição é que esta perniciosa agenda liberalizante parte do seio da frente neodesenvolvimentista que sustenta o governo Dilma. Isto é a demonstração cabal de que tal frente é hegemonizada pela burguesia interna.
Nesse momento, os setores populares precisam acumular forças para impedir as medidas privatizantes. Nesse sentido, as forças populares não podem deixar de denunciar os criminosos leilões do petróleo que estão marcados para os dias 14 e 15 de maio.
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Comentários
Bernardino
Com este artigo cai por terra o NAcionalismo do governo e o sr LULA E DDILMA de igualam aos tucanos e neoliberais.A diferença e a politica social que nao é permanente e qualquer presidente pode acabar com elas assim que quiser,isto é nao é institucional como foi Getulio com as leis ttrabalhistas.Nesse sentido o discurso de dureza contra o FMI de ambos foi totalmente falso como se vê agora.O PT está se queimando no governo assim como PMDB E PSDB se queimaram durante os respectivos governos!!!
È decepcionante para os eleitores do PT E ESquerdas verem seus escolhidos abrindo as pernas para o grande CAPITAL e voltando às costas para os compromissos de uma nacionalidade que foi o motor da campanha eleitoral.
A Propósito o Sociologo CHICO DE OLIveira,fundador do PT,fez PROFECIA quando declarou que o sr LULA era um “OPORTUNISTA E CINICO.O mesmo se pode dizer de sua sucessora:D DILMA.
Responder
André Singer: Dilma pode ter enterrado sonho de recuperar a soberania nacional – Viomundo – O que você não vê na mídia
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Leandro
Nada é à toa. Em vários aspectos o “novo” governo já havia se comprometido com o acordo firmado com o FMI desde 1998: “Os candidatos que lideram as pesquisas de opinião já receberam explicações sobre os elementos fundamentais do programa e se comprometeram a apoiá-los. O Memorando de Política Econômica e o Memorando Técnico de Entendimentos, ambos em anexo, serão distribuídos aos candidatos que lideram as pesquisas de opinião o mais breve possível.” (Brasília, 29 de agosto de 2002, ao Exmo. Sr. Horst Köhler, Diretor-Geral do Fundo Monetário Internacional – Atenciosamente, Pedro Sampaio Malan e Armínio Fraga Neto) [http://www.fazenda.gov.br/portugues/fmi/cartafmi_020907.asp]
Julio Silveira
AS vezes fico imaginando de onde um sujeito pode tirar a sandice de que caminhamos para o comunismo, se até nos veiculos informativos afinados com esquerda constatamos um distanciamento deste governo do que pode ser considerado esquerda. Só posso imaginar que possa ser mais uma forma de pressão vinda dos grupos reacionarios brasileiros, por que temos um governo tão suscetivel a pressões deste grupo. Será que pretendem vender o Brasil mais rapidamente? será que não é uma estratégia para agilizar o cronograma de entregas?
FrancoAtirador
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Com um governo de consenso entre elites econômicas oligárquicas
passa a ser mesmo desnecessário que exista oposição de direita,
já que os programas e ações governamentais conciliam interesses.
Daí que só restaram oposicionistas politicamente extremistas.
Assim, neste momento histórico, quem cresce é a extrema-direita,
para tentar aniquilar o pouco que resta de esquerda no Brasil.
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LEANDRO
Sou o mais novo eleitor do pt. Para que votar na oposição se uma vez no poder o pt adota a agenda dela? Eliminei o intermediário, vejo o programa da oposição e voto no pt. E viva as privatizações dos portos.
Fabio Passos
Uma pena. O povo votou confiando que Dilma nao iria avancar com as privatizacoes.
Dilma foi a gestora do PAC. O renascimento dos investimentos do Estado como realizador. Agora, ao inves de avancar no caminho que deu certo, cede aos poderosos interesses economicos e oferece nosso sangue para corporacoes inescrupulosas.
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