Boff: “Com luvas os bispos conservadores e dureza os teólogos da libertação”
Tempo de leitura: 3 minPara Leonardo Boff, ambiguidades marcam a história de Ratzinger. Foto: Wikipedia
Boff: “Tratava com luvas de pelica os bispos conservadores e dureza os teólogos da libertação”
Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Apesar de serem a mesma pessoa, Joseph Ratzinger e o papa Bento XVI eram duas personalidades diferentes. A opinião é do teólogo e professor universitário Leonardo Boff, um dos poucos brasileiros que conviveram com o líder católico que anunciou hoje (11) o fim de seu pontificado. Ex-integrante da ordem franciscana e um dos expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, Leonardo Boff falou à Agência Brasil sobre o papa Bento XVI “de função ambígua e polêmica” e de atitudes rígidas.
“Uma coisa é o Ratzinger professor e acadêmico, que era extremamente gentil e inteligente, além de amigo dos estudantes. Dava metade do salário aos estudantes latinos e da África. Outra coisa é o Bento XVI, que exerce função autoritária e centralizadora, sem misericórdia com homossexuais e [adeptos da] camisinha”, disse Boff.
O teólogo define Ratzinger da fase pré-papal como um pastor e professor extremamente erudito e de fácil acesso. “Era pessoa simples que, ao se tornar cardeal, mudou de comportamento e passou a assumir posições duras. Tratava com luvas de pelica os bispos conservadores e com dureza teólogos da libertação que seguiam os pobres”.
Segundo Boff, dois aspectos caracterizaram o Ratzinger da fase posterior. “Primeiro, o confronto com a modernidade, no encontro com as culturas e com outras religiões. Tinha a compreensão de que a Igreja Católica era o único porta-voz da verdade, e a única capaz de dar rumo a toda humanidade. Por isso, teve dificuldades com muçulmanos e judeus”.
O segundo aspecto tem origem à época em que era cardeal. “Ele pedia aos bispos que impedissem que padres pedófilos fossem levados aos tribunais civis. Na medida em que a imprensa mostrou que havia não apenas padres, mas também bispos e cardeais suspeitos dessa prática, o Vaticano teve de aceitar a realidade. Ratzinger carrega essa marca de, quando cardeal, ter sido cúmplice desses crimes”, declarou Boff.
Na avaliação do ex-franciscano, outro ponto fraco da atuação de Bento XVI como maior líder da Igreja Católica foi o de levar um papado tradicional, voltado para dentro da Europa. Na opinião de Boff, o papa construiu “uma igreja baluarte: fortaleza cercada de inimigos por todos os lados” e dos quais tinha de se defender.
“Acho que o projeto dele era uma reforma da Igreja ao estilo do passado, voltada para dentro e tendo como objetivo político a reevangelização da Europa. Nós, fora de lá, consideramos esse projeto como ineficaz e como opção pelos ricos. Projeto equivocado”, argumentou. “Não é um papa que deixará marcas na história”.
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Boff disse não ter recebido com surpresa a notícia de que o papa Bento deixará o posto, e que já sabia que ele vinha tendo problemas de saúde que o comprometiam física e psicologicamente para exercer o ofício.
“Recebo com naturalidade essa notícia. Essa decisão segue sua natureza objetiva. Não é praxe um papa renunciar. Ele desmistificou a figura do papas, que geralmente ficam [no cargo] até morrer. Provavelmente por entender o papado como um serviço. Essa atitude merece toda admiração e respeito. Esperamos, agora, que até a Páscoa, em meados de março, elejam um novo papa. De preferência um papa mais aberto. Até porque 52% dos católicos vivem no terceiro mundo e não mais na Europa”, completou.
Edição: José Romildo
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Comentários
Sakamoto tem uma sugestão para papa: Casaldáliga « Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Boff: “Com luvas os bispos conservadores e dureza os teólogos da libertação” […]
Mário SF Alves
Maior Notícia do Século I (ou XV?):
PAPA RENUNCIA!
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Maior Notícia do Século II:
AINDA ASSIM, CONTINUA PAPA!
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Em tempo: Renúncia do papa pode afetar desempenho eleitoral de Berlusconi!
Berlusconi?!! O Calígula?!! Por que será? O PiG daqui diz que é em decorrência do PiG de lá estar ocupadíssimo com a questão da renúncia papal e seus desdobramentos; o que resultaria em pouca exposição para as trombetagens berlusconicas. Será?
Marat
Ai vai, Conceição. Por favor, troque pelo anterior.
Obrigado.
Abraços,
Marat
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Alguém já escreveu (não me recordo se foi aqui mesmo no Viomundo, ou no UOL) que para o Vaticano, em primeiro lugar vem o dinheiro. A religião é secundária… Lógico que toda religião depende de finanças para sobreviver, porém, tudo aquilo que ela apregoa, óbvio, acaba sendo realmente secundário… Houve muitos e muitos papas. Aqueles que eu tive a oportunidade de conhecer um pouco, me mostraram pessoas gananciosas, enreda das numa teia de poder financeiro, religioso e político, da qual não podiam escapar… O único que me pareceu decente, honesto e disposto a mudar, aparece morto, após 33 dias de papado…
Bem, o Ratzinger nunca me enganou. Eu já havia lido algumas coisas sobre ele, muito antes de ser Papa… e não gostei do que li: conservador, defensor da direita, manipulador do também direitista João Paulo II etc., etc., etc… Vi em Ratzinger muito pouco em prol da paz. Nunca ouvi de sua boca um pronunciamento sequer contra os genocídios aplicados ao Afeganistão, ao Iraque, aos palestinos e aos africanos… Entre um banquete e outro, com roupas caras e sapatos Prada, Ratzinger foi mais uma peça da engrenagem, num mundo dominado pelos financistas e pelos especuladores, ou seja, pessoas que, segundo as religiões, vão para o inferno após a morte…
Regina Braga
Quem é a galinha e quem é a águia?Parabéns, Leonardo Boff!Bendito seja o tempo!
Mário SF Alves
O Papa fez muito mal em acreditar nos conselhos de FHC. Deu nisso; acabou por acreditar demais no neoliberalismo. Achou mesmo que era possível construir um túnel no tempo e levar os eleitos (elite rentista) direto aos céus sangue-azulados da Idade Média.
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Bem fez o Shakespeare ao acreditar que “entre o céu a terra há mais mistérios do ousa imaginar nossas vãs filosofias”.
Vlad
Já está acertado: o PMDB vai ficar com a vaga.
Saul Leblon: Bento XVI, devorado pelos grupos que tentou controlar « Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] […]
Almerindo
Azenha, fora do assunto, mas relevante para nós brasileiros:
“Apple e MS devem se explicar por preços australianos”
http://info.abril.com.br/noticias/mercado/apple-e-ms-devem-se-explicar-por-precos-australianos-11022013-7.shl
Quero ver isso aqui no Brasil, em que pagamos o OLHO DA CARA pelos produtos deles…
Vlad
Fofoqueiro.
assalariado.
UM POUCO DE HISTÓRIA.
O que tem haver estas três visões de mundo?
[MARXISMO, CRISTIANISMO e as RELIGIÕES “CRISTÃS”]
Sim, para eu, são ideologias diferentes, visto que, o catolicismo provem, e é cria, da burguesia romana, do imperio romano que, por sua vez, ajudou criar o Estado do Vaticano que, por sua vez, é um Estado constituido por leis, ideias e sua constituição é regida pelas letra mortas da dita biblia, e o seu governador maior é o papado depois prefeitos…”
Pergunto eu: e agora? A teologia da libertação nada mais é que a biblia estudada e analisada sob a ótica marxista de sociedade. Ou seja, devemos viver em comunismo ou em comunidade? Qual a diferença entre estas duas sociedades? Achei um artigo interessante na internet para lermos e entendermos as lavagens cerebrais a que nos submete o Estado do Vaticano e sus vertentes, em nome de deus, e as entranhas da “fé”. Vamos as diferenças:
“A teoria marxista surgiu da reflexão crítica e científica sobre os mais importantes movimentos de trabalhadores surgidos na história e é, sem dúvida, a teoria mais relevante para entender a economia capitalista e a possibilidade de emancipação dos oprimidos. Iniciado pelo filósofo alemão Karl Marx, o marxismo continuou sendo desenvolvido e aperfeiçoado por outros pensadores, como Friedrich Engels, Rosa Luxemburgo, Wladimir Lênin, Leon Trotski, Antônio Gramsci, Georg Lukács,…”
“O cristianismo, maior expressão religiosa do ocidente, surgiu antes do capitalismo, e baseia sua fundamentação na vida e ação de Jesus Cristo. O ideal da vida cristã é a partilha, a comunhão. Este é o sentido da comunidade, expressando a idéia de uma vida em comum-unidade com os outros. Não cabe ali a propriedade privada, a exploração e a desigualdade social. Por defender o ideal de uma sociedade onde o importante é o comum,…”
“Entretanto, em torno do século VI, no reinado de Constantino, o cristianismo foi utilizado como ideologia a serviço da dominação pelo Império Romano. Os senhores feudais negaram o cristianismo e constituíram sociedades injustas, instrumentalizando ideologicamente a crença cristã para integrá-la politicamente ao Estado. Mais tarde, com o advento do capitalismo, os burgueses tentaram conciliar sua forma de vida parasitária com a fé cristã. Entretanto, os capitalistas mais autênticos se assumiram como liberais e se contrapuseram à Igreja, na tentativa de superar o cristianismo e …”
Para quem quiser entender melhor e deixar de ser manipulado pelas religiões e seus braços PIGuianos, é só contiunuar a leitura curta e boa.
Esta aqui: http://www.espacoacademico.com.br/079/79andrioli.htm
Antes que alguem fale que Jesus Cristo não era comunista, primeiro leiam aqui, na biblia: Atos dos Apostolos 4; 32 até 37. Não tenham preguiça de ler, boa leitura.
FrancoAtirador
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“QUANTO MAIS EU LI KARL MARX,
TANTO MAIS EU ENCONTREI FUNDAMENTAÇÃO
PARA CONTINUAR SENDO CAMARADA DE CRISTO”
(PAULO FREIRE)
(http://www.youtube.com/watch?v=OsLHMA3EU0k)
http://bit.ly/12d4E0y
assalariado.
Camarada FrancoAtirador, obrigado por ilustrar esta soma de palavras, da qual muitos e muitas contribuem, para aumentar e conscientizar o conhecimento politico cristão de nosso povo, pela nossa libertação do CAPETA -LISMO, digo, do CAPITALISMO… Sim, a “democracia” de Estado do Estado do Vaticano, nunca passou de uma ditadura do pensamento único “cristão”.
Só resta saber se os eleitores (indiretos, eleição pela cúpula)), do proximo governador do Estado da “Santa” Sé, vai dar uma olhadinha aqui no viomundo, e ter a visão teologica da biblia, como Cristo ensinou e pregou. Ou seja, Jesus Cristo, como está escrito na biblia, fez opção de vida pelos pobres, logo, … terão de tirar a mascara do CAPETA -LISMO, e elegerem, um papa revolucionário cristão, de fato e de direito.
Saudações cristãs camaradas.
Luiz
Quanto mais esses comunistas querem mudar a Igreja, mais Ela segue firme na ortodoxia. Glórias a deus!
Urbano
Sem contar que foi assim mesmo que aquele presidente do Brasil conseguiu entrar para história, de forma espetacular. É… a deficiência aliada à vaidade faz qualquer coisa.
Mário SF Alves
Dizem que existem duas modalidades de catolicismo. Um seria o catolicismo dos comuns, do povo; enquanto que o outro, é (ou seria) o que se poderia chamar de intelectualmente mais elaborado, e destinado a uma dada elite religiosa. Confesso que não entendo bem o por que e nem se de fato isso existe; presumo que sim.
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A propósito, conheço uma pessoa que critica e condena veementemente a Igreja Católica. Lembro que certa vez disse-lhe que se a Igeja Católica não tivesse existido, o poder e a função dela no Ocidente seriam atribuídos e desempenhados por outra instituição religiosa; de outra índole. E ninguém garante que seria melhor. Determinismos de minha parte? Quem sabe?
FrancoAtirador
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JOAN, A MULHER QUE SE TRAVESTIU DE HOMEM E VIROU PAPA JOÃO VII.
“Parce Pater Patrum, Papissae Proditum Partum”
Joana teria sido uma jovem oriental, nascida com o possível nome de Giliberta, talvez de Constantinopla, que se fez passar por homem para escapar à proibição de estudar imposta às mulheres.
Extremamente culta, possuía formação em filosofia e teologia.
Ao chegar a Roma, apresentou-se como monge e surpreendeu os doutores da Igreja com sua sabedoria.
Teria chegado ao papado após a morte do Papa Leão IV, com o nome de João VII.
A mesma lenda conta que Joana se tornou amante de um oficial da Guarda Suíça e ficou grávida.
Outra versão – a de Martinho de Opava – afirma que Joana teria nascido na cidade de Mainz, na Alemanha, filha de um casal inglês aí residente à época.
Na idade adulta, conheceu um monge, por quem se apaixonou. Foram ambos para a Grécia, onde passaram três anos, após o que se mudaram para Roma.
Para evitar o escândalo que a relação poderia causar, Joana decidiu vestir roupas masculinas, passando assim por monge, com o nome de Johannes Angelicus, e teria então ingressado no mosteiro de São Martinho.
Conseguiu ser nomeada cardeal, ficando conhecida como João, o Inglês.
Segundo as fontes, João, em virtude de sua notável inteligência, foi eleito Papa por unanimidade após a morte de Leão IV (ocorrida a 17 de julho de 855).
Apesar de ter sido fácil ocultar sua gravidez, devido às vestes folgadas dos Papas, acabou por ser acometida pelas dores do parto em meio a uma procissão numa rua estreita, entre o Coliseu de Roma e a Igreja de São Clemente, e deu à luz perante a multidão.
As versões divergem também sobre este ponto, mas todas coincidem em que a multidão reagiu com indignação, por considerar que o trono de São Pedro havia sido profanado.
João/Joana teria sido amarrada num cavalo e apedrejada até à morte.
Neste trajeto depois foi posta uma estátua de uma donzela com uma criança no colo com a inscrição “Parce Pater Patrum, Papissae Proditum Partum”, conforme atestado, mais tarde, em 1375, pelo “Mirabilia Urbis Romae”.
Noutro relato, Joana teria morrido devido a complicações no parto, enquanto os cardeais se ajoelhavam clamando:
“Milagre, milagre!”
Uma ilustração datada de 1560 (aproximadamente) da Papisa Joana
com a Tiara Papal, absolvendo um monge em confissão.
(Do acervo da Biblioteca Nacional da França)
(http://bit.ly/WYrfca)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Papisa_Joana
http://biogilmendes.blogspot.com.br/2012/08/a-papisa-joana-livro-e-o-filme.html
http://baronesilva.blogspot.com.br/2012/03/papisa-joana-e-outras-sarcerdotisas.html
http://pt.scribd.com/doc/90917863/A-Historia-dos-Papas-C-Bussola
http://bit.ly/WiaNmQ
http://1.bp.blogspot.com/—2JZtj8xBs/UCwFka9aIcI/AAAAAAAAENc/utr4GE096OQ/s640/03
FrancoAtirador
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A versão (sem cacofonia, por favor) de Maurice de la Châtre:
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HISTÓRIA DA PAPISA JOANA
Excerto do livro “Os crimes dos papas”, de Maurice Lachâtre*
As provas da existência da papisa
Durante muitos séculos a história da papisa Joana havia sido reputada pelo próprio clero como incontestável e, com o andar dos tempos, os ultramontanos, compreendendo o escândalo e o ridículo que o reinado de uma mulher devia lançar sobre a Igreja, trataram de fábula digna do desprezo dos homens esclarecidos, o pontificado dessa mulher célebre. Autores mais justiceiros defenderam, pelo contrário, a reputação de Joana e provaram com testemunhos autênticos que a papisa havia ilustrado o seu reinado com o brilho das suas luzes e com a prática das virtudes cristãs.
O fanático Baronio considera a papisa um monstro que os ateus e os heréticos tinham evocado do inferno por sortilégios e malefícios; o supersticioso Florimundo Raxmond compara Joana a um segundo Hércules que teria sido enviado do céu para esmagar a Igreja Romana, cujas abominações tinham excitado a cólera de Deus.
Contudo, a papisa foi vitoriosamente defendida por um historiador inglês chamado Alexandre Cook; a sua memória foi por ele vingada das calúnias dos seus adversários e o pontificado de Joana retomou o seu lugar na ordem cronológica da história dos papas. As longas disputas dos católicos e dos protestantes acerca desta mulher deram um atrativo poderoso à sua história e somos obrigados a entrar em todos os detalhes de uma existência tão extraordinária.
Eis aqui narrado, de que maneira o jesuíta Labbé, um dos inimigos da papisa, enviou o seu cartel de desafio aos cristãos reformados: “Dou o mais formal desmentido a todos os heréticos da França, da Inglaterra, da Holanda, da Alemanha, da Suíça e de todos os países da Terra para que possam responder com a mais leve aparência de verdade à demonstração cronológica que publiquei contra a fábula que os heterodoxos narraram sobre a papisa Joana, fábula ímpia cujas bases destruí de um modo invencível”. Os protestantes, longe de ficarem intimidados com a imprudência do jesuíta, refutaram vitoriosamente suas alegações, demonstraram todo o edifício das suas astúcias e das suas mentiras e, apesar dos anátemas do padre Labbé, fizeram sair Joana dos espaços imaginários em que o fanatismo a tinha envolvido.
No seu libelo, o padre Labbé acusava João Hus, Jerônimo de Praga, Wiclef, Lutero e Calvino de serem inventores da história da papisa. Porém, provou-se-lhe que, tendo Joana subido à santa sede aproximadamente seis séculos antes da aparição do primeiro desses homens ilustres, era impossível que eles tivessem imaginado essa fábula. De qualquer forma, Mariano, que escreveu sobre a vida da papisa mais de cinqüenta anos antes deles, não poderia tê la copiado de suas obras.
A História, cujas vistas morais se elevam acima dos interesses das seitas religiosas, deve pois ocupar se em fazer triunfar a verdade sem se inquietar com as cóleras sacerdotais. Assim, a existência de Joana não deve ferir de modo algum a dignidade da santa sede, pois ela, no decurso do seu reinado, não imitou as astúcias, as traições e as crueldades dos pontífices do nosso século.
Crónicas contemporâneas estabelecem, com toda a evidência, a época do reinado de Joana. Seus autores, sendo padres e monges, todos zelosos partidários da santa sede, eram interessados em negar a aparição escandalosa de uma mulher no trono de São Pedro. Verdade é que muitos autores do nono século não fazem menção a esta heroína, silêncio que atribui-se com justa razão à barbárie da época e ao embrutecimento do clero.
Uma das provas mais incontestáveis da existência de Joana está exatamente no decreto, publicado pela corte de Roma, que proibiu a sua colocação no catálogo dos papas. “Assim, acrescenta o sensato Launay, não é justo sustentar que o silêncio que se guardou sobre esta história, nos tempos que se seguiram imediatamente ao acontecimento, seja prejudicial à narrativa que mais tarde foi feita.
É verdade que os eclesiásticos contemporâneos de Leão IV e de Bento III, por um zelo exagerado pela religião, não falaram nessa mulher notável; mas os seus sucessores, menos escrupulosos, descobriram afinal o mistério…”.
Mais de um século antes de Mariano escrever os manuscritos que deixou a abadia de Fulde, diferentes autores tinham já narrado muitas versões sobre o pontificado da papisa. Porém, foi este sábio religioso que esclareceu todas as dúvidas e suas crônicas foram aceitas como autênticas pelos eruditos conscienciosos, que estabelecem as verdades históricas sobre os testemunhos de homens cuja probidade e luzes são incontestáveis. E com efeito, toda a gente concorda em reconhecer que Mariano era um escritor judicioso, imparcial e verídico; a sua reputação está tão bem estabelecida que a Inglaterra, a Escócia e a Alemanha reivindicam a honra de serem sua pátria. Além disso, o seu caráter de sacerdote e a dedicação que mostrou sempre pela santa sede não permitem que se suspeite de parcialidade contra a igreja católica.
Mariano, longe de ter sido um ente fraco ou um visionário, era muito esclarecido, muito instruído, cheio de firmeza, de religião e tinha dado provas incontestáveis da dedicação que consagrava à corte de Roma, defendendo com grande coragem o papa Gregório VII contra o imperador Henrique IV. Não é possível, pois, recusar a autoridade de um semelhante testemunho; de outro modo, não existiria um único fato histórico ao abrigo das contestações ou que se pudesse considerar como evidente.
Por esta razão, os jesuítas que têm procurado por em dúvida a existência da papisa, compreendendo a força que os escritos deste historiador davam aos seus adversários, quiseram acusar de inexatidão as cópias das obras de Mariano. Mabillon, sobretudo, defende que existem exemplares nos quais não se trata da papisa. Para refutar esta asserção, basta consultar os manuscritos das principais bibliotecas da Alemanha, da França, de Oxford e do Vaticano. Além disso, está provado que os manuscritos autografados pelo religioso, os quais foram conservados na França, durante muitos séculos na biblioteca do Domo, contém realmente a história da papisa.
É igualmente impossível admitir que um homem do caráter de Mariano Scotus tivesse mencionado nas suas crônicas uma aventura tão singular se não fosse verdadeira. Contudo, admitindo que fosse capaz de uma tal impostura, é provável que os papas que governaram então a Igreja tivessem guardado silêncio sobre tal impiedade? Gregório VII, o mais orgulhoso dos pontífices e o mais apaixonado pela pretensão à infalibilidade da santa sede teria permitido que um frade desonrasse a corte de Roma com tanta insolência? Victor III, Urbano II, Paschoal II, contemporâneos de Mariano, teriam deixado impune esse ultraje? Finalmente, os escritores eclesiásticos do seu século, e sobretudo o célebre Alberic do Monte Cassino, tão dedicado aos papas, teriam deixado de se levantar contra uma tal infâmia?
Assim, segundo os testemunhos mais irrecusáveis e mais autênticos, está demonstrado que a papisa Joana existiu no nono século, que ocupou a cadeira de S. Pedro, que foi o vigário de Jesus Cristo na Terra e proclamada soberana pontífice de Roma!!!
Uma mulher assentada na cadeira dos papas, ornando lhe a fronte a tiara e tendo nas mãos as chaves de S. Pedro é um acontecimento extraordinário de que os faustos da história oferecem um único exemplo! E o que mais nos admira não é o fato de uma mulher elevar-se pelos seus talentos acima de todos os homens do seu século, pois que houve heroínas que comandaram exércitos, governaram impérios, encheram o mundo com a fama da sua glória, da sua sabedoria e das suas virtudes. Mas que Joana, sem exércitos, sem tesouros, somente com o apoio de sua inteligência, seria assaz hábil para enganar o clero romano e fazer com que lhe beijassem os pés os orgulhosos cardeais da cidade santa. É isso o que a coloca superior a todas as heroínas, porque nenhuma delas se aproxima do que há de maravilhoso numa mulher ordenada papa.
O nascimento de Joana
Numa vida tão extraordinária como a de Joana devemos mencionar todos os acontecimentos que nos foram transmitidos pelos historiadores e entrar em detalhes nas ações dessa mulher notável.
Eis a versão de Mariano Scotus sobre o nascimento da papisa: “Em princípios do nono século, Karl, o Grande, depois de ter subjugado os saxônios, empreendeu a conversão desses povos ao cristianismo e pediu à Inglaterra padres eruditos que o pudessem auxiliar nos seus projetos. No número de professores que passaram à Alemanha contava-se um padre inglês acompanhado de uma menina que, estando grávida, roubara à sua família para ocultar esse estado. Os dois amantes foram obrigados a interromper a sua viagem e a parar em Mayence, onde em breve a jovem inglesa deu à luz uma filha cujas aventuras deviam ocupar um dia os séculos futuros; essa criança era Joana.”
Não se conhece com exatidão o nome que ela usou na sua infância; a filha do padre inglês é igualmente chamada Agnés por alguns autores. Gerberta ou Gilberta por outros e, finalmente Joana pela maioria . O jesuíta Sevarius pretende que lhe chamem também Isabel, Margarida, Dorotéia e Justa. Não sabemos acerca do sobrenome que ela adotou. Asseguram uns que ela acrescentava ao seu nome a designação de Inglês; querem outros juntá-lo ao nome de Gerberta, e um autor do décimo quarto século chama-lhe de Magnânima na sua crônica, para exprimir certamente a ousadia e a temeridade de Joana, à imitação de Ovídio, que se serve da expressão magnanimus Phaethon.
Esses mesmos autores apresentam menos contradições relativamente ao lugar do seu nascimento: pretendem alguns que ela nascera na Grã Bretanha, outros designam Mayence, outros finalmente Engelkein, cidade do Palatinado, célebre pelo nascimento de Carlos Magno. Mas o maior número reconhece que Joana era de origem inglesa, que foi educada em Mayence e que nasceu em Eugelkein, aldeia situada na vizinhança daquela cidade.
Joana tornara se uma formosa rapariga e o seu espírito, cultivado pelos cuidados de um pai muito instruído, tomara um desenvolvimento tal que todos os doutores que se aproximavam dela ficavam admirados pelas suas respostas. A admiração que ela inspirava aumentou ainda pela ciência, e aos doze anos a sua instrução se igualava à dos homens mais distintos do Palatinado. Todavia, quando chegou a idade em que as mulheres começam a amar, a ciência foi insuficiente para satisfazer os desejos daquela imaginação ardente e o amor mudou os destinos de Joana.
Um jovem estudante de família inglesa e frade da abadia de Fulde foi seduzido pela sua beleza e apaixonou-se loucamente por ela. “Se ele a amou com extremo, diz a crônica, Joana, pelo seu lado, não foi nem insensível nem cruel”. Vencida pelos protestos e arrastada pelas inspirações do seu coração, Joana consentiu em fugir da casa paterna com o seu amante. Deixou o seu nome verdadeiro, vestiu-se de homem e seguiu o jovem abade para a abadia de Fulde, onde o superior, enganado com aquele disfarce, recebeu Joana no seu mosteiro e colocou a sob a direção do sábio Raban Maur.
Algum tempo depois, o constrangimento em que se achavam os dois amantes fez lhes tomar a determinação de saírem do convento e irem para a Inglaterra continuar os seus estudos. Em breve se tornaram os maiores eruditos da Grã Bretanha e resolveram visitar novos países a fim de observarem os costumes dos diferentes povos e estudar-lhes as línguas.
Em primeiro lugar visitaram a França, onde Joana, debaixo sempre do hábito monacal, disputou com os doutores franceses e excitou a admiração de personagens célebres da época, como a famosa duquesa de Septimania, Santo Auscario, o frade Bertram e o abade Lopo de Ferrière. Depois dessa primeira viagem os dois amantes empreenderam visitar a Grécia; atravessaram as Gálias e embarcaram em Marselha num navio que os conduziu á capital dos helenos, a antiga Atenas, que era o foco mais ardente das luzes, o centro das ciências e das belas letras, possuindo ainda escolas e academias citadas em todo o universo pela eloquência dos seus professores e pelo profundo saber dos seus astrônomos e dos seus físicos.
Quando Joana chegou a esse magnífico país tinha vinte anos e achava-se em todo o esplendor da sua beleza. Porém, o hábito monástico ocultava o seu sexo de todos os olhares, e o seu rosto, empalidecido pelas vigílias e pelo trabalho, dava lhe ares de um formoso adolescente ao invés de uma mulher.
Durante dez anos os dois ingleses viveram sob o formoso eco da Grécia, cercados de todas as ilustrações científicas e prosseguindo os seus estudos em filosofia, teologia, letras divinas e humanas, artes e história sagrada e profana. Joana aprofundara, compreendera e explicara tudo, juntando seus conhecimentos universais a uma eloqüência prodigiosa que enchia de admiração aqueles que eram admitidos a ouvi-la.
No meio dos seus triunfos, Joana foi ferida por um golpe terrível: o companheiro dos seus trabalhos, o seu amante querido, aquele que durante muitos anos estivera junto dela, foi atacado por uma enfermidade súbita e morreu em poucas horas, deixando a desditosa só e abandonada na Terra.
Joana tirou do seu próprio desespero uma nova coragem, venceu a sua aflição e resolveu sair da Grécia. Além disso, era-lhe impossível ocultar por mais tempo o seu sexo num país onde os homens usavam barbas crescidas, escolhendo Roma como o lugar de seu retiro, porque lá o uso ordenava aos homens não usarem barba. Talvez não fosse este unicamente o motivo que determinou a sua preferência pela cidade santa, mas o estado de agitação em que se achava então a capital do mundo cristão podia oferecer à sua ambição um teatro mais vasto do que a Grécia.
Reconhecida em Roma como “Príncipe dos sábios”
Logo que chegou à cidade santa. Joana fez-se admitir na academia a que chamavam escola dos gregos para ensinar as sete artes liberais e, particularmente, a retórica. Santo Agostinho tornara já muito ilustre aquela escola e Joana aumentou-lhe a reputação. Não somente continuou os seus cursos ordinários como também introduziu outros de ciências abstratas que duravam três anos, onde um imenso auditório admirava o seu prodigioso saber. As suas lições, os seus discursos e mesmo os seus improvisos eram feitos com uma eloqüência tão arrebatadora que o jovem professor era citado como o mais belo gênio do século, e que, na sua admiração, os romanos lhe conferiam o título de príncipe dos sábios.
Os senhores, os padres, os monges e sobretudo os doutores honravam-se de serem seus discípulos. “O seu procedimento era tão recomendável como os seus talentos; a modéstia dos seus discursos e das suas maneiras, a regularidade dos seus costumes e sua piedade, como diz Mariano brilhavam como uma luz aos olhos dos homens. Todos estes exteriores eram uma máscara hipócrita sob a qual Joana ocultava projetos ambiciosos e culpados. Por isso, no tempo em que a saúde vacilante de Leão IV permitia aos padres forjarem intrigas e cabalas, um partido poderoso se declarou por ela e publicou altamente pelas ruas da cidade que só ela era digna de ocupar o trono de S. Pedro.”
A entronização da papisa
E com efeito, depois da morte do papa, os cardeais, os diáconos, o clero e o povo elegeram-na por unanimidade para governar a Igreja de Roma! Joana foi ordenada na presença dos comissários do imperador, na basílica de São Pedro, por três bispos. Em seguida, tendo revestido as vestes pontificais, dirigiu-se acompanhada de um imenso cortejo ao palácio patriarcal e assentou-se na cadeira apostólica.
Por muito tempo os padres discutiram a seguinte e importante questão: Joana foi elevada ao santo ministério por uma arte diabólica ou por uma direção particular da Providência? Uns pretendem que a Igreja deve sentir uma grande humilhação por ter sido governada por uma mulher. Outros sustentam, pelo contrário, que a elevação de Joana à santa sede, longe de ser um escândalo devia ser glorificada como um milagre de Deus, que permitiu que os romanos procedessem à sua eleição para revelar que haviam sido arrastados pela influência maravilhosa do Espírito Santo.
Joana foi elevada à suprema dignidade da Igreja e exerceu a autoridade infalível de vigário de Jesus Cristo com tão grande sabedoria que se tornou a admiração de toda a cristandade. Conferiu ordens sagradas aos prelados, aos padres e aos diáconos; consagrou altares e basílicas; administrou os sacramentos aos fiéis; permitiu aos arcebispos, abades e príncipes que beijassem seus pés; e, finalmente, desempenhou com honra todos os deveres dos pontífices. Compôs prefácios de missas e grande número de cânones, os quais foram interditos pelos seus sucessores. Além disso, dirigiu com grande habilidade os negócios políticos da corte de Roma e foi por conselhos seus que o imperador Lotário, já muito velho, decidiu-se a abraçar a vida monástica e retirou-se para a abadia de Prum a fim de fazer penitência dos crimes com que manchou a sua longa carreira. Em favor do novo monge, a papisa concedeu à sua abadia o privilégio de uma prescrição de cem anos, cujo ato é mencionado na coleção de Graciano. O império passou em seguida para Luis II, que recebeu a coroa imperial das mãos de Joana.
Contudo, essa mulher, que inspirava um tão grande respeito aos soberanos da Terra, que subjugava os povos às suas leis, que atraía a veneração do universo inteiro pela superioridade de suas luzes e pela pureza da sua vida, iria em breve quebrar o pedestal da sua grandeza e espantar Roma com o espetáculo de uma queda terrível!
Por amor, perde o trono e a vida
Algumas crônicas religiosas dizem que o ano de 854 foi assinalado por fenômenos milagrosos em todos os países da cristandade. “A terra tremeu em muitos reinos e uma chuva de sangue caiu na cidade de Bresseneu ou Bresnau.
Na França, nuvens de gafanhotos monstruosos, armados de dentes compridos e acerados, devoraram todas as colheitas das províncias que atravessaram; em seguida, impelidos por um vento sul para o mar, entre Havre e Calais, foram todos submergidos, lançando seus restos impuros nas praias, e lançando no ar uma tal infecção que engendrou uma epidemia que matou uma grande parte dos habitantes.
Na Espanha, o corpo de S. Vicente, que fora arrancado do seu túmulo por um frade sacrílego para o vender em pedaços, voltou, em uma noite, na cidade de Valência, para uma pequena aldeia próxima de Montauban e parou nos degraus da Igreja, pedindo em voz alta para se recolher no seu relicário. Todos esses “sinais”, acrescenta o piedoso legendário, “anunciavam infalivelmente a abominação que devia manchar a cadeira evangélica”.
Joana, entregue a estudos sérios, conservava um procedimento exemplar depois da morte de seu amante. No princípio de seu pontificado praticou virtudes que lhe mereceram o respeito e afeição de todos os romanos. Posteriormente, ou por propensão irresistível ou porque a coroa tenha o privilégio de perverter os mais belos caráteres, Joana entregou-se aos gozos do poder soberano e quis partilhá-los com um homem digno do seu amor. Escolheu um amante, assegurou-se da sua discrição, encheu-o de honras e de riquezas, guardando tão bem o segredo de suas relações que só por conjecturas se podia descobrir o favorito da papisa.
Alguns autores pretendem que ele era camareiro; outros asseveram que era conselheiro ou capelão; o maior número afirma que era cardeal de uma igreja de Roma. Todavia, o mistério dos seus amores permaneceria coberto por um véu impenetrável sem a catástrofe terrível que pôs termo às suas noites de voluptuosidade. A natureza zombava de todas as previsões dos dois amantes: Joana estava grávida!
Conta-se que um dia, enquanto presidia ao consistório, foi trazido à sua presença um endemoninhado para ser exorcismado. Depois das cerimônias de uso, perguntou ela ao demônio em que tempo queria ele sair do corpo daquele possesso. O espírito das trevas respondeu imediatamente: “Eu vo-lo direi, quando vós, que sois pontífice e é o pai dos pais, deixardes ver ao clero e ao povo de Roma uma criança nascida de uma papisa”.
Joana, assustada com aquela revelação, apressou-se em terminar o conselho e retirou-se para o seu palácio. No momento em que se recolheu para os seus aposentos interiores, o demônio se apresentou diante dela e lhe disse: “Santíssimo padre, depois do vosso parto, pertencer-me-eis em corpo e alma e apoderar-me-ei de vós para que queimeis comigo no fogo eterno”.
Esta ameaça terrível, ao invés de desesperar a papisa, reanimou o seu espírito e fez nascer no seu coração a esperança de acalmar a cólera divina com um arrependimento profundo. Impôs-se rudes penitências, cingiu seus membros delicados com um cilício grosseiro e dormiu sobre as cinzas. Finalmente, os seus remorsos foram tão ferventes que Deus, tocado das suas lágrimas, enviou-lhe uma visão.
Apareceu-lhe um anjo e ofereceu-lhe como castigo de seu crime, em nome de Jesus Cristo, o seu reconhecimento como mulher diante de todo o povo de Roma, ou a sua entrega às chamas eternas. Joana aceitou o opróbrio e esperou corajosamente o castigo que o seu procedimento sacrílego merecera.
Na época das Rogações, que correspondia à festa anual que os romanos chamavam Ambarralia, onde havia uma procissão solene, a papisa, segundo o uso estabelecido, montou acavalo e dirigiu se à igreja de São Pedro. A papisa, revestida com os ornamentos pontificais, saiu da catedral e dirigiu se à basílica de São João de Latrão com um pomposo séquito que a precedia pela cruz e pelas bandeiras sagradas, e seguida pelos metropolitanos, bispos, cardeais, padres, diáconos, senhores, magistrados e por uma grande multidão do povo.
Tendo chegado à praça pública entre a basílica de São Clemente e o anfiteatro de Domiciano, chamado Coliseu, assaltaram na as dores do parto com tal violência que caiu do cavalo. A infeliz retorcia-se pelo chão com gemidos horríveis, até que, conseguindo rasgar os ornamentos sagrados que a cobriam, no meio de convulsões tremendas e na presença de uma grande multidão, a papisa Joana deu a luz uma criança!
A confusão e a desordem que esta aventura escandalosa causou entre o povo exasperou a tal ponto os padres que estes impediram que a socorressem e, sem consideração pelos sofrimentos atrozes que a torturavam, cercaram-na para ocultá-la de todos os olhares e ameaçaram-na com a sua vingança.
Joana não pôde suportar o excesso de sua humilhação e a vergonha de ter sido vista por todo o povo numa situação tão terrível. Fez, assim, um esforço supremo para dizer o último adeus ao cardeal que a amparava nos braços, e a sua alma voou para o céu.
Desta forma, morreu a papisa Joana, no dia das Rogações, em 855. depois de ter governado a igreja de Roma durante mais de dois anos.
A criança foi sufocada pelos padres que cercavam a mãe, mas os romanos, em memória do respeito e da dedicação que durante tanto tempo haviam consagrado a Joana, consentiram em prestar-lhe os últimos deveres e, sem pompa, colocaram o cadáver da criança no seu túmulo. Joana foi enterrada no mesmo lugar onde sucedera aquele trágico acontecimento.
Ali se edificou uma capela, ornada com uma estátua de mármore representando a papisa vestida com hábitos sacerdotais, com a tiara na cabeça, tendo nos braços uma criança. O pontífice Bento III mandou quebrar essa estátua em fins do seu reinado, mas as ruínas da capela viam-se ainda em Roma no décimo quinto século.
Grande número de visionários preocupavam-se gravemente em investigar o castigo que Deus infligiria à papisa depois de sua morte. Uns consideravam a ignomínia dos seus últimos momentos como uma expiação suficiente, o que estava de acordo com a opinião vulgar de que os papas, quaisquer que fossem os seus crimes, não podiam ser condenados. Outros, menos indulgentes que os primeiros, afirmavam que Joana foi condenada por toda a eternidade a ficou suspensa de um dos lados das portas do inferno, com o seu amante do outro, sem nunca poderem se unir.
A CADEIRA PAPAL: “A prova da cadeira furada”
O clero de Roma, ferido na sua dignidade e cheio de vergonha por aquele acontecimento singular, publicou um decreto proibindo aos pontífices atravessarem a praça pública onde tivera lugar o escândalo. Por isso, depois dessa época, no dia das Rogações, a procissão, que devia partir da basílica de São Pedro para se dirigir a Igreja de São João de Latrão, evitava aquele lugar abominável situado no meio do seu caminho, e fazia um longo roteiro.
Estas precauções eram suficientes para manchar a memória da papisa. Porém, o clero, querendo impedir que um semelhante escândalo pudesse renovar-se, imaginou para a entronização dos papas um uso singular e apropriado à circunstância, o qual leve o nome de “a prova da cadeira furada”.
O sucessor de Joana foi o primeiro a se submeter a essa prova, que passou a ser realizada na eleição do pontífice, no momento em que era conduzido ao palácio de Latrão para ser consagrado solenemente. Em primeiro lugar, este assentava se numa cadeira de mármore branco colocada no pórtico da igreja, entre as duas portas de honra; essa cadeira não era furada, e deram lhe esse nome porque o santo padre, ao levantar se dela entoava o seguinte versículo do salmo cento e treze: “Deus eleva do pó o humilde para o fazer assentar acima dos príncipes!”
Em seguida, os grandes dignitários da igreja davam a mão ao papa e conduziam-no á capela de São Silvestre, onde se achava uma outra cadeira de pórfiro, furada no centro, na qual faziam assentar o pontífice.
Os primeiros historiadores eclesiásticos nunca fizeram menção de uma só cadeira daquela natureza, enquanto os oronistas mais estimados sempre falam em duas cadeiras furadas que designam como sendo do mesmo tamanho, de forma semelhante, ambas de um estilo muito antigo, sem ornatos nem almofadas.
Antes da consagração, os bispos e os cardeais faziam colocar o papa sobre essa segunda cadeira, meio estendido, com as pernas separadas, e permanecia exposto nessa posição, com os hábitos pontífices entreabertos, para mostrar aos assistentes as provas da sua virilidade. Finalmente, aproximavam-se dele dois diáconos, asseguravam-se pelo tato de que os olhos não eram iludidos por aparências enganadoras e davam disso testemunho aos assistentes gritando com voz alta: “HABEMUS PAPAM!” (“Temos Papa!”).
A assembléia respondia: “Deo Gratias!” (“Graças a Deus!”), em sinal de reconhecimento e alegria. Então os padres vinham prostrar se diante do pontífice, levantavam-no da cadeira, cingiam-lhe os rins com um cinto de seda, beijavam-lhe os pés e procediam a entronização. A cerimônia terminava sempre com um esplêndido festim e distribuição de dinheiro aos frades e às religiosas.
Essa cerimônia das cadeiras furadas é mencionada na consagração de Honorio III, em 1061; na de Pascoal II, em 1099; na de Urbario VI, eleito no ano de 1378. Alexandre VI, reconhecido publicamente em Roma como pai dos cinco filhos de Rosa Vanozza, sua amante, foi submetido à mesma prova. Finalmente ela subsistiu até o décimo sexto século, e Cressus, mestre de cerimônias de Leão X, refere no jornal de Paris todas as formalidades da prova das cadeiras furadas a que o pontífice foi submetido.
Depois de Leão X, deixou ela de ser praticada, ou porque os padres compreenderam o ridículo de um uso tão inconveniente, ou porque as luzes do século não permitiram mais um espetáculo que ofendia a moral pública. As cadeiras furadas, que não eram mais necessárias, foram tiradas do lugar onde estavam colocadas e levadas para a galeria que conduz à capela, no palácio de Latrão. O padre Mabillori, na sua viagem à Itália em 1685, fez uma descrição dessas duas cadeiras, que examinou com a maior atenção, e afirma que eram de pórfiro e semelhantes, na forma, a uma cadeira para enfermos.
Excluída da sucessão dos papas
Os ultramontanos, confundidos pelos documentos autênticos da história e não podendo negar a existência da papisa Joana, consideraram toda a duração do seu pontificado como uma vagatura da santa sede e fazem suceder a Leão IV o papa Bento III, sob o pretexto de que uma mulher não pode desempenhar as funções sacerdotais, administrar os sacramentos e também conferir ordens sagradas. Mais de trinta autores eclesiásticos alegam este motivo para não incluírem Joana no número dos papas; mas um fato essencialmente notável vem dar um desmentido formal à sua opinião.
Catedral de Sienna
Em meados do décimo quinto século, tendo sido restaurada a catedral de Sienna por ordem do príncipe, mandou-se esculturar em mármore os bustos de todos os papas até o Pio II, que reinava então, e colocou-se no lugar da papisa o seu próprio retrato, entre Leão IX e Bento III, com o nome de “João VIII, papa mulher”. Este fato importante autorizaria a contar Joana como o centésimo oitavo pontífice que teria ornado a Igreja. Contudo nem por isso fica menos provado que o reinado da papisa é autêntico e que uma mulher ocupou gloriosamente a cadeira sagrada dos pontífices de Roma.
Alguns neo católicos rejeitariam ainda a verdade e recusam admitir a autenticidade de todas essas provas, sob o pretexto de que Deus não poderia permitir que a cadeira de S. Pedro, fundada pelo próprio Jesus, fosse assim ocupada por uma mulher impudica.
Mas então perguntaremos como é que Deus pode sofrer as profanações sacrílegas e as abominações dos bispos de Roma! Não permitiu o Cristo que a santa sede fosse manchada por papas heréticos, apóstatas, incestuosos e assassinos? Não era ariano São Clemente; Anastácio, nestoriano; Honório, monotelita; João XXIII, ateu; e Silvestre II não dizia que vendera a sua alma ao demônio para ser papa?
Barônio, esse defensor zeloso da tiara, diz que Bonifácio VI e Estevão VII eram celerados infames, monstros abomináveis que encheram a casa de Deus com os seus crimes, acusando-os de terem excedido em tudo quanto os mais cruéis perseguidores da igreja fizeram sofrer seus fiéis.
Genebrando, arcebispo de Aix, afirma que aproximadamente em dois séculos a santa sede foi ocupada por papas de um desregramento tão espantoso que eram dignos de serem chamados apostáticos e não apostólicos. E acrescenta que quando as mulheres governavam a Itália a cadeira pontifical se transformara numa roca. Com efeito, as cortesãs Teodora e Marozia, monstros de lubricidade, dispunham segundo o seu capricho do lugar do vigário de Jesus Cristo, colocando no trono de São Pedro os seus amantes ou seus bastardos. Referem-se os cronistas a fatos tão singulares e monstruosos ligados a essas mulheres narrando deboches tão revoltantes que impossível se faz traduzi-los para a nossa história.
Deste modo, visto que a clemência de Deus tolerou todas essas abominações na santa sede, pode, assim, igualmente permitir o reinado de uma papisa.
Outras mulheres em hábitos sacerdotais
Além disso, Joana não é nem a primeira e nem a única mulher que vestiu o hábito sacerdotal; Santa Tecla, disfarçada em trajes eclesiásticos, acompanha São Paulo em todas as viagens; uma cortesã chamada Margarida disfarçou-se de padre e entrou para um convento de homens, onde tomou o nome de frei Pelâgio; Eugênia. filha do célebre Felipe, governador de Alexandria no reinado do imperador Galiano. dirigia um convento de frades e não descobriu o seu sexo senão para se desculpar de uma acusação de sedução que lhe fora intentada por uma rapariga.
A crônica da Lombardia, composta por um monge de Monte Cassino, refere igualmente, segundo um padre chamado Heremberto, que escrevia trinta anos depois da morte de Leão IV, a história de uma mulher que fora patriarca de Constantinopla.
“Um príncipe de Benevente, chamado Arechiso, diz que teve uma revelação divina na qual um anjo o advertiu que o patriarca que ocupava então a sede de Constantinopla era uma mulher. O príncipe apressou se em instruir o imperador Basilio e o falso patriarca, depois de ter sido despojado de todas as suas vestes diante do clero de Santa Sofia, foi reconhecido como mulher, expulso vergonhosamente da igreja e encerrado num convento de religiosas”.
Depois da narração de todos esses fatos, que foram conservados nas legendas para edificação dos fiéis, não deveriam confessar os padres que Deus permitiu o pontificado da papisa para abaixar o orgulho da santa sede e para mostrar que os vigários do Cristo não são infalíveis?
Além disso, a história de Joana não se aproxima da historia da Virgem Maria? A mãe do Cristo não deu à luz sem deixar de ser virgem e não governou sobre o próprio Deus, pois não diz a Escritura que “Jesus Cristo era submisso a sua mãe”?
Se, pois, o criador de todas as coisas não desdenhou obedecer a uma mulher, por que razão queriam ser os seus ministros mais orgulhosos do que Deus todo poderoso e recusarem curvar a fronte diante da papisa?
Além disso, ao sétimo século os fiéis tinham reconhecido sacerdotisas, pois os atos do concilio de Calcedônia dizem formalmente que as mulheres podiam receber as ordens do sacerdócio e serem sagradas solenemente como os leigos. São Clemente, sucessor imediato dos apóstolos de Jesus, fala detalhadamente numa epístola sobre as funções das sacerdotisas; diz que devem celebrar os santos mistérios, pregar o Evangelho aos homens e as mulheres e aptas para os ungir em todo o corpo, na cerimônia do batismo.
Atton, bispo de Verceìl, refere nas suas obras que as sacerdotisas, na igreja primitiva, presidiam nos templos, faziam instruções religiosas e filosóficas e que tinham debaixo das suas ordens diaconisas que as serviam, como os diáconos faziam aos padres. Santo Atanásio, bispo de Alexandria, e São Cipriano explicam mais detalhadamente ainda acerca dessas mulheres; queixam-se de que muitas dentre elas, afastando-se das suas regras que lhes eram impostas, praticavam a garridice, empregavam os enfeites e os ornatos, pintavam o rosto, não tinham nem reserva nem pudor nas suas palavras, freqüentavam os banhos públicos e banhavam se completamente nuas, junto com padres e jovens diáconos.
Não era, pois, um fato novo para a Igreja a elevação de uma mulher ao sacerdócio quando apareceu a papisa Joana: muitas outras mulheres antes dela haviam sido consagradas sacerdotisas, recebido o dom do Espírito Santo e exercido as funções eclesiásticas. Por que razão procuram os adoradores da púrpura romana contestar a exatidão desses fatos históricos e irrecusáveis? Por que querem aniquilar até a própria recordação da existência de uma mulher célebre? A razão é simples: a majestade do sacerdócio, a infalibilidade pontifical, as pretensões da santa sede à dominação universal, todo esse edifício de superstição e de idolatrias sobre as quais esta colocada a cadeira de São Pedro desaba diante de uma mulher papisa!!!!
*(http://pt.wikipedia.org/wiki/Maurice_Lach%C3%A2tre)
http://www.imagick.org.br/zbolemail/Bol07x02/BE02x4.html
http://pt.scribd.com/doc/78107107/Os-Crimes-dos-Papas-Misterios-e-Iniquidades-da-Corte-de-Roma-Maurice-Lachatre
Fabio Passos
nazista na juventude, cúmplice de crimes de pedofilia, ultra-reacionário contrário ao uso de preservativos… ratzinger é um medieval que sonha com o retorno da inquisição.
Um papa de satanás.
Servo do cão.
Urbano
Por falta de consistência para ser papa, o mingau renunciou, coisa essa que deve ter sido das mais inteligentes feita nesses anos de papado.
Mário SF Alves
Faltou + ena?!! [Livre associação: maizena ou mais E.N.A – Encíclica Naturum Ad’eternum?]
Jairo Falcucci Beraldo
Ratzinger foi inconveniente, chegou atrasado na história e entrou de gaiato em falsas polêmicas. Deveria era ter se preocupado mais com os casos de pedofilia envolvendo seus padres, bispos e cardeais que grassaram em sua igreja, com a perda de fiéis para as seitas evangélicas e o esvaziamento dos seus templos. Não precisamos dos seus conselhos para saber como devemos agir, cobrando o ensino religoso nas escolas públicas, defendendo a luta da manutenção dos símbolos religosos em repartições públicas, chegando ao cúmulo de citar o monumento Cristo Redentor no Rio, como se ele estivesse ameaçado de remoção.
O Brasil é um Estado laico e mesmo assim mantem relações diplomáticas com o Estado do Vaticano, mas com que direito ele vem meter o bedelho em questões internas do país?
sávio
seremos terceiro mundo até quando durar a obsessão da mídia e da elite pelo neoliberalismo
Gerson Carneiro
“O mais preparado”
Gerson Carneiro
(pra renunciar)
Arlete
Gerson, parabéns! Você é demais……………….
Gerson Carneiro
Arlete
A ilustração é do “Blog do Miro”.
luana
RSrsrsrsrsrs
anac
Teremos a pequena noção da dimensão de um homem como Helder Camara se lermos o lIvro As noites de um profeta
Dom Hélder Câmara no Vaticano II
Autor: José de Broucker
“Quando um homem fora do comum – Dom Hélder Câmara – encontra um acontecimento excepcional – o Concílio Vaticano II –, a história que eles escrevem juntos vale a pena ser contada.
Noite após noite, o pequeno arcebispo de Olinda e Recife, que ainda não era a mundialmente célebre “voz dos sem voz”, não cessou de “conscientizar” e de “articular”, nos bastidores, os atores do Concílio, teólogos e bispos, até o papa, acerca de um programa claro: a edificação de uma outra Igreja, servidora e pobre, por um mundo outro, mais justo, mais humano, mais fraterno.”
Helder Camara foi mais um perseguido no papado João Paulo/Ratzinger.
Ted Tarantula
1- O mais logico seria nomear um Papa brasileiro…é o único grande país católico do mundo mas está perdendo fieis em sangria desatada…essas viagens do Papa ao terceiro mundo (que é a unica parte do mundo onde ainda se acredita em religião) é como a viagem do executivo chefe de uma multinacional para tentar parar as quedas nas vendas.
2- Outra coisa curiosa sobre a religiosidade brasileira é que (em pesquisas reiteradas no mundo inteiro) é o lugar onde mais se acredita em deus..sendo coincidentemente ou não o lugar em que mais se mata irmãos (mesmo considerando territórios em Guerra)..nunca me acostumo com os números dessa seara: pobre matando pobre, por ano, 50.000 conterrâneos com armas de todos tipo e a classe média matando exatos outros 50.000 com seus carros…Enquanto isso na Dinamarca com 70% de ateus…
Mário SF Alves
E não é que é? Ah!… as estatísticas… às vezes só elas, mesmo.
Fernandes
A partir de 84 esse papa, como cardeal, detonou a Teologia da Libertação.
A opus dei; a tfp; os arautos do evangelho; a rcc, esses e outros entulhos do catolicismo devem estar deseperados. Seu queridinho renunciou. E o pior de tudo, como disse Boff, desmistificou a instituição papado: fez um deserviço para a fé.
damastor dagobé
Aos anticatólicos radicais que acusam a Igreja católica de viver na idade média e desejar que o mundo regrida até lá..(o que é verdade) seria bom lembrar que, mesmo com essas ideias de girico (a santa madre é a continuação do Imperio Romano por outros meios) ela já está na lida ha quase dois mil anos..ja o comunismo que ia instaurar o paraíso na terra…durou o que? 80 anos??? Menos que o pastor alemão que está pendurando as chuteiras…
Alirio Cesar
A melhor frase sobre o papa é a do José Simão:
“O Papa tem a cara do Demônio!”
Fabio Passos
E o demônio tem a alma deste ex-papa. rsrs
marilene
CONCORDO PLENAMENTE
Marat
Lendo esta matéria, e a que Boff deu ao Portal UOL, não obstante minha admiração ao Boff, preciso compartilhar algo com vocês. Algo que ocorreu há mais de 20 anos, numa feira do Livro, em SP.
Estava eu, jovem e impetuoso, procurado por livros, quando, eis que vejo, num estande, sozinho, o Boff… em minha impetuosidade, fiz uma pergunta estúpida a ele. Algo mais ou menos assim: “Boff, e sobre o assassinato de João Paulo I, o que você tem a dizer”. Ele, lógico, ficou nervoso e retrucou: “Como você diz uma coisa dessas, sem provas? Como sabe que ele foi assassinado?”. Ficou transtornado e irado (com toda razão…), porém, logo em seguida, como um deus ex macchina (para mim), ele se transfigurou. Sua carranca, em dois segundos, se transformou num gigantesco sorriso… em frente a ele, dois integrantes da Globo, paramentados e equipados, até com o holofote, o entrevistaram… Aquele sorriso, aquela imensa receptividade com as câmeras da Globo, me deixaram com a pulga atrás da orelha… Desde aquele momento refleti que temos que nos cercar de muitos cuidados com nossos ídolos, pois todos eles têm pés de barro.
Mário SF Alves
Marat, caro Marat, com certeza você é muito mais Marat do que foi agora ao emitir esse juízo de valor sobre o Boff.
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Por favor, jamais se esqueça disso: crítica não circunstanciada, não contextualizada, não é crítica, é outra coisa. É coisa que o PiG tem feito exaustivamente.
Não me leve a mal.
Atenciosamente,
Mário SF Alves
Marat
Prezado Mario, boa tarde.
Escrevi isso porque muitos dos que admiro tem uma face para um meio de comunicação, e outra para outro meio… Gosto (e muito) do Boff, mas gostaria que ele, assim como a presidente Dilma, fossem mais firmes e menos medrosos com relação ao PIG. Só para ilustrar, e todos sabem que votei na Dilma… Quando ela estava no carro e uma jornalista da Globo falou algo do tipo: “Presidente, de uma palavrinha, aqui é da Globo…” e Dilma, de imediato, girou o pescoço em direção ao microfone global… Foi apenas isso. Não tiro o mérito do Boff em nada, mesmo discordando frontalmene de seu silêncio obsequioso ao João Paulo II.
Puxa, espero não parecer com o pessoal do PIG, e obrigado pelo toque, será lembrado…
Mário SF Alves
Marat,
Estamos aí. Aceite um forte abraço.
Mário SF Alves
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Marcos W.
Até quando nós vamos nos colocar como terceiro-mundistas?! E se o “vento”, um dia, mudar de lado, qual será o discurso?!
damastor dagobé
vamos ser isso que vc falou enquanto tivermos uma renda percapita quase a metade da mexicana, o IDH duas vezes mais baixo que o Argentino, ficarmos entre os 3 últimos colocados em qualquer avaliação global de aproveitamento do ensino, muito ignóbeis e nenhum nobel (Argentina tem mais de 10, Colombia, Chile, e mais irmãos latinos tb tem os seus) formos o lugar do mundo que mais se mata gente a torto e a direito…enfim…nada a ver com o vento.
Marcelo C.
Não se muda um País continental como Brasil da noite para o dia. O Brasil vem melhorando seus indicadores a alguns anos, a continuar no rumo atual, brevemente teremos indicadores de 1º mundo. Sobre o nobel, depois do obama nobel da PAZ(?!) meu amigo, pra mim o nobel perdeu totalmente a credibilidade pra qualquer coisa.
Ted Tarantula
sei, sei ..o tal pais do futuro..a tanto tempo encalhado. Pobre Stefan Zweig que escreveu tal livro cedendo a chantagem da ditadura Vargas..quando descobriu com que viboras estava se metendo se matou..
Mas como digo sempre, de um modo ou de outro todos que se preocupam honestamente com o Brasil morrem antes da hora e geralmente enlouquecem antes,,exemplo? Não falta: Glauber Rocha, Gonzaguinha, Raul Seixas, Henfil,
Paulo Francis
Betinho
Darcy Ribeiro
Leonel Brizola
e por aí vai….
Ricardo Homrich
E sobre a notícia que ele decidiu renunciar após visitar Cuba e México ???
Será que foi mal recebido por lá ??? hehe.
Já vai tarde. As posições políticas e econômicas do Vaticano são muito piores que as divergências e incoerências religiosas.
Marat
Não sei como o PIG ainda não disse que foi Fidel que mandou colocar uma poção no café do Papa, e o fez doente e frágil – rsrsrsrs
Mário SF Alves
Cara, não bota pilha. Não dá idéia, senão… sai na (in)Veja amanhã, mesmo.
Jairo Falcucci Beraldo
O alemão Joseph Alois Ratzinger fazia mal à reputação do cristianismo. A queda de Ratzinger foi comemorada por vítimas de abusos sexuais na Irlanda e todo o mundo. Em seu curto pontificado, ele perdeu várias batalhas e entrará para a história como um dos mais conservadores e arrogantes líderes religiosos de todos os tempos.
FrancoAtirador
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Se, além de PAPA, houvesse MAMA, na Igreja Católica,
poder-se-ia até pensar em comentar sobre o assunto…
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Coralina
G E N I A L !
Que satisfação em ler seu comentário, FrancoAtirador :)
Ted Tarantula
se o papa fosse MAMA, mulher, o aborto seria sacramento em vez de abominação..
Willian
The Mamas and the Papas!!!!
Grande banda!!!!!
Mário SF Alves
Inegável, Willian. Enfim estamos de acordo. Ah! esse mundo… e as voltas que esse mundo dá.
ricardo silveira
Já ouvi por aí que o Serra é sério candidato para substituir Bento XVI.
Willian
Não sei quem será o novo papa, mas, em nome da governabilidade, o PMDB apoiará.
Marat
HAhahahahah – Será o Papa Bolinha I
Ricardo Lima Vieira
Pois eu já li, não lembro onde, que seria Cerra DCLXVI.
J Souza
Mesmo sabendo que há padres católicos e pastores evangélicos que vivem humildemente, fico imaginando o que Cristo pensa sobre a riqueza, o luxo e a ostentação de muitos bispos e cardeais católicos e pastores evangélicos…
Nas missas e cultos fala-se mais de uma hora sobre as opiniões (dos líderes) das igrejas, e alguns poucos minutos sobre o que realmente está escrito no Novo Testamento!
Falar muitas vezes é fácil… Fazer, nem tanto… São humanos!
Gerson Carneiro
Todo o problema acabou!
Habemos Caba !!!
Bertold
Ué… você também derrotou o “Cerra” na vaga pelo papado? rsrsrrs..
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