Beto Almeida: EUA rechaçam o modelo bolivariano porque ele desafia a doutrina ‘A América para os americanos’

Tempo de leitura: 4 min
Foto: TeleSur

EUA rechaçam a Democracia Bolivariana porque ela desafia a Doutrina Monroe

Por Beto Almeida*

O saudoso Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, autor dos livros “Quinhentos Anos de Periferia” e de “Desafios Brasileiros na era dos Gigantes”, com sua aguda lucidez dizia: “para os EUA não basta que um país eleja seu presidente pelo voto para considerá-lo democrático, também precisa governar como eles querem” .

Ele deu esta declaração ao programa Latitud Brasil, da Telesur.

Hoje, com postura inevitavelmente fascista da oposição venezuelana teleguiada desde Washington, rejeitando a mais esta derrota eleitoral, vemos novamente a confirmação daquelas palavras.

Essa declaração de Guimarães, aparentemente singela, na realidade expressa que os EUA não admitem regimes que não sejam submissos aos seus interesses vitais. E, no caso, o modelo bolivariano é um questionamento permanente, vivo, pedagógico e corajoso à renovada pretensão do Império do norte de impor a Doutrina Monroe, atualizada para os dias de hoje, com seu colonizador dístico “A América para os americanos”. Ou seja, ajoelhem-se!

Com 25 anos de vida, a Revolução Bolivariana cometeu o “atrevimento” de nacionalizar o petróleo e, mais que isso, de utilizá-lo, pela primeira vez na história, em favor das massas espoliadas, as verdadeiras donas dessa riqueza.

Isso bastou para que Hugo Chávez fosse considerado maldito, maldição que alcança o seu sucessor, Nicolás Maduro, que já foi alvo de um frustrado atentado contra sua vida.

O petróleo venezuelano que antes enriquecia uma oligarquia nos EUA e uma minoria na Venezuela, passa a servir como alavanca para a erradicação do analfabetismo venezuelano, construção de mais de 5 milhões de moradias populares numa população total de 30 milhões de habitantes, e, também, para alcançar a soberania alimentar com o que 95% do que se come na pátria de Bolivar, já é hoje produzido internamente, quase uma plena auto suficiência alimentar.

Nada disso é “América para os Americanos”. E a Doutrina Monroe vai sendo enterrada pelo povo venezuelano à medida que o modelo bolivariano vai se consolidando.

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A reação da oligarquia fascista venezuelana à esta nova derrota para o chavismo não surpreende.

Tampouco surpreende a reação da OEA, o Ministério das Colônias como rotulada por Che Guevara, imaginando que tem alguma representatividade perante o povo da Venezuela.

Países como Peru – dirigido por uma golpista que mantém preso o presidente eleito, Pedro Castilho. – que não reconhecem a vitória de Maduro, registram o ridículo em que se metem.

Panamá, Chile, Uruguai, Equador, são meras províncias dos EUA, sem independência ou autoridade para qualquer opinião respeitável.

Aos poucos o povo bolivariano vai tomando as ruas de Caracas, como o fez durante a campanha eleitoral, com responsabilidade cívica, em caráter pacífico e democrático, mas revelando sua elevada consciência de que, apesar das duras sanções e sacrifícios a que foi submetido, pela Guerra dos EUA contra a Venezuela, foi feita a escolha na urnas, rejeitando o retrocesso a ser uma colônia petroleira, e optando por seguir construindo uma Nação Soberana.

O próprio presidente Lula, com alguma demora, declara que “não houve nada de anormal na eleição venezuelana”, e acrescentou que é preciso cessar as ingerências de outros países sobre a Venezuela, bem como sobre Cuba e sobre o Irã. Bem lembrado.

Venezuela paga caro por ter a maior riqueza petroleira do mundo e por não entregá-la ao império.

Também paga caro por manter a saúde e a educação como atividades públicas e gratuitas, tendo recebido aí ao apoio de Cuba socialista.

Além disso, Venezuela também paga caro por haver resistido a esta guerra econômica dos EUA, com hiperinflação induzida, desorganização da moeda e do abastecimento e indução da emigração.

A intenção era provocar o desânimo, a frustração, a irritação dos venezuelanos para com o seu próprio governo, levando-o a uma derrota eleitoral. Mas, a resposta veio nas urnas.

Todo tipo de crueldade foi imposto à Venezuela, mas o FMI chegou ao cúmulo de negar um empréstimo de 5 milhões de dólares para a compra de vacinas anti-covid. Mas os amigos leais da Venezuela, Rússia, China e Cuba, lhe proporcionaram vacinas para defender-se da pandemia.

E, mesmo sob privações materiais gigantescas, a Venezuela enviou ao Brasil um enorme carregamento de oxigênio solidário, salvando milhares e milhares de vida de brasileiros no Amazonas.

O governo e a sociedade brasileira deveriam realizar um ato de gratidão para com esta generosa doação do governo Nicolás Maduro.

Certamente, Venezuela seguirá sendo alvo de sabotagens, sanções e de preconceitos políticos, até mesmo em certos círculos de progressistas. Nesses grupos, é muito mais fácil arrancar apoios ilimitados aos imperialistas Biden e Kamala do que a Maduro, que enfrenta o Império.

Em relação a Maduro há enorme má vontade, superexigências e centenas de objeções e avaliações injustas.

Ninguém se lembra de que se trata de um presidente de origem obreira, extremamente leal a Hugo Chávez e a seu povo.

Enquanto isso, a Revolução Bolivariana vai democratizando o crédito, expandindo a produção voltada para o mercado interno, gerando empregos , normalizando o abastecimento, recuperando os setores mais afetados pela Guerra de Obama-Trump-Biden.

Além disso, mostrando ao mundo que “a esperança está nas ruas”, como dizia Chávez. E, assim, indicando que a confiança no povo e em sua mobilização sistemática é que permitem que Venezuela siga a passo de vencedores, unindo-se ao grupo de países que também resistem a sanções imperiais e atuam para construir um mundo multipolar, sem submissão ao Império, em perigosa decadência.

*Beto Almeida é jornalista da Telesur, esteve em Caracas durante a Eleição. É Membro da Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade e Conselheiro da ABI.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Sergio Nogueira

Devo concluir, portanto, q os Governos Lula 1 e 2, Dilma e o atual Lula 3 são submissos aos interesses do Império, certo?

Ahhhh tá…

PS: quantos segundos pra aparecer “jente” dizendo q o Mensalão, Petrolão e o Impeachment da Dilma foram obras dos “ianques” e q Sergio Moro foi treinado pela CIA (ou seria C&A)!?

Zé Maria

Os Estados Unidos da América (EUA)
costumeiramente deseja a Paz Mundial
desde que seus Inimigos sejam Eliminados.

Zé Maria

AutoEstima

México Não Comparecerá à Reunião
Convocada pela OEA [leia-se: EUA]
para decidir sobre Venezuela.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador,
rejeitou participar nesta quarta-feira (31) de uma reunião
extraordinária da Organização dos Estados Americanos
(OEA) na qual serão discutidos os resultados do processo
eleitoral venezuelano.

“A OEA não tem credibilidade.
Não serve para nada.”

“Não é um organismo nem democrático, nem autônomo,
nem representa os países da América.
Está aí como um apêndice, uma facção [dos EUA].
Não serve para nada, serve para agravar os problemas”,
disse presidente do México, Andrés López Obrador.

https://www.brasildefato.com.br/2024/07/30/obrador-rechaca-criticas-da-oea-a-venezuela-nao-serve-para-nada-mexico-e-colombia-aguardam-atas-eleitorais

Zé Maria

E a Imprensa Lacaia e os Governos Lacaios se submetem a isso.

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