A frente política neodesenvolvimentista e as classes populares
por Armando Boito Jr.*, sugerido pelo Igor Fellipe
I – A divisão de campos na política brasileira contemporânea
1. A política brasileira contemporânea está dividida entre, de um lado, as forças que defendem o modelo capitalista neoliberal na sua versão ortodoxa e propõem uma nova onda de reformas neoliberais e, de outro lado, as forças que apóiam a versão reformada do modelo capitalista neoliberal, versão essa criada pelo neodesenvolvimentismo dos governos Lula e Dilma.
2. A frente neodesenvolvimentista é a frente política integrada por classes e frações de classe muito heterogêneas que sustentou os governos Lula da Silva e que, agora, sustenta o governo Dilma. Essa frente representa prioritariamente os interesses de um setor importante da burguesia brasileira que é a grande burguesia interna. Essa frente contempla também, ainda que de maneira periférica e pontual, alguns interesses das classes populares – operariado urbano, baixa classe média, campesinato e a massa empobrecida pelo desemprego e pelo subemprego.
3. O inimigo político da frente neodesenvolvimentista é o campo político neoliberal ortodoxo. Esse campo é formado pelo capital financeiro internacional, pela fração da burguesia brasileira perfeitamente integrada aos interesses desse capital e pela alta classe média cujo padrão de vida se assemelha ao das camadas abastadas dos países centrais.
II – O programa da frente neodesenvolvimentista e os interesses dos seus integrantes
1. O neodesenvolvimentismo é o desenvolvimentismo da época do capitalismo neoliberal. Em relação ao velho desenvolvimentismo, essa nova política de crescimento apresenta taxas de crescimento econômico menores, dá importância menor ao mercado interno, é, no tocante à renda, menos distributivo e aceita passivamente o papel subordinado da economia brasileira na divisão internacional do trabalho.
2. A grande burguesia interna é a força dirigente da frente neodesenvolvimentista. Ao contrário de uma idéia corrente, a chamada “globalização” não fundiu a burguesia dos diferentes países numa suposta burguesia mundial. Pois bem, esse setor da grande burguesia brasileira acumulou, ao longo dos anos 90, contradições com aspectos secundários do modelo capitalista neoliberal e passou a reivindicar proteção do Estado – ou seja, justamente aquilo que a burguesia condena no seu discurso ideológico – para não ser engolida pelo grande capital financeiro internacional. A priorização dos interesses dessa fração do grande capital pelo Estado brasileiro aparece em inúmeros aspectos da política econômica dos governos Lula e Dilma.
3. O operariado urbano e a baixa classe média, por intermédio do sindicalismo e do Partido dos Trabalhadores (PT) têm uma participação organizada na frente neodesenvolvimentista. Essas classes trabalhadoras ganham algo com a frente neodesenvolvimentista. O crescimento econômico permitiu uma recuperação do emprego, reduzindo à metade o índice de desemprego da era FHC; a política de salário mínimo permitiu um aumento real significativo desse que é um dos mais baixos salários mínimos de toda América Latina; inúmeros setores das classes trabalhadoras obtiveram, ao longo dos anos 2000 e como evidenciam os dados do DIEESE, ganhos reais de salário.
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4. O campesinato também está presente na frente e de forma organizada. Organizações de luta pela terra, a começar pela mais importante que é o MST, e organizações baseadas em camponeses e em trabalhadores rurais assalariados, como a Contag, representam o trabalhador do campo. O campesinato está dividido em camadas. O camponês remediado está presente, principalmente, na Contag e também no setor assentado do MST. Reivindica assistência técnica, financiamento para a produção, mercado e preço para seus produtos. Os governos neodesenvolvimentistas têm atendido, de maneira parcial, essas reivindicações com o financiamento à agricultura familiar, que, embora insuficiente, cresceu muito quando comparado com o que havia na era FHC. O campesinato pobre, que corresponde aos camponeses sem-terra ou com pouca terra, reivindica a desapropriação das terras ociosas e uma política agressiva de abertura de novos assentamentos. Essa camada camponesa é a mais marginalizada pela frente neodesenvolvimentista.
5. Os trabalhadores desempregados, subempregados, vivendo do trabalho precário ou “por conta própria” representam o extremo da frente neodesenvolvimentista. Esses trabalhadores formam aquilo que a sociologia crítica latino-americana já denominou “massa marginal”, massa cuja existência e amplitude indicam a incapacidade do capitalismo dependente brasileiro de explorar produtivamente, para o próprio capital, os recursos humanos disponíveis no país. Convém distinguir dois setores na massa marginal. Parte dessa massa é social e politicamente desorganizada. Ela foi incluída na frente neodesenvolvimentista graças às políticas de transferência de renda que possuem uma amplitude muito maior nos governos Lula e Dilma. Essa massa desorganizada forma uma base eleitoral passiva, mas tem tido um peso decisivo na eleição dos candidatos da frente neodesenvolvimentista. Outra parte da massa marginal está organizada em movimentos populares como movimentos por moradia e movimentos de desempregados. As vitórias desses movimentos na luta reivindicativa aparecem, no plano da ação direta, nas ocupações urbanas que conseguiram se colocar fora do alcance da repressão e, na política nacional, em medidas de política habitacional como o programa “Minha casa, minha vida” criado no final do governo Lula.
III – As contradições da frente política neodesenvolvimentista
1. A frente política não é uma aliança de classes. No caso de uma aliança, as classes e frações que participam de uma luta comum estão, no geral, organizadas como forças sociais distintas, dotadas de um programa político próprio e têm consciência dos objetivos limitados e comuns que a aliança persegue. No caso de uma frente política, como é a frente neodesenvolvimentista, as classes e frações que a integram não estão, necessariamente, organizadas como forças sociais distintas, não possuem, necessariamente, um programa próprio e podem não ter consciência de que participam de uma empreitada comum; suas contradições internas são mais importantes e a sua unidade é muito mais frouxa ou, dito de outro modo, o compromisso de cada força integrante da frente com as demais é frouxo.
2. A unidade da frente política aparece, principalmente, nos momentos críticos – nas eleições presidenciais e nos momentos de instabilidade ou de crise política a “Crise do Mensalão” – e na participação, central ou periférica, nas instituições governamentais. Porém, cada uma das forças integrantes da frente persegue também objetivos próprios e pode entrar em conflito com as demais. Contudo, esse conflito é, basicamente, uma disputa econômica – salário, alocação do orçamento do Estado, criação de novos assentamentos rurais etc. – e não chega a ameaçar o programa neodesenvolvimentista que é o que unifica, ainda que frouxamente e de modo muito amplo, tal frente política.
3. Uma questão chave para as forças populares que a integram é antever e preparar o momento em que deverão romper com o campo neodesenvolvimentista.
*Armando Boito Jr. – Professor Titular de Ciência Política da Unicamp e editor da revista Crítica Marxista e um dos fundadores do Centro de Estudos Marxistas (Cemarx) do IFCH-Unicamp.
Este texto retoma em versão resumida as idéias apresentadas na palestra proferida no Encontro Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), ocorrido em Aracaju em 6 de fevereiro de 2012. A forma esquemática do texto torna as afirmações mais taxativas. A intenção, contudo, não é aparentar certeza em todas as afirmações que fazemos, mas, sim, tornar mais clara as idéias que apresentei e fornecer um roteiro para discussão.
Comentários
eunice
Eu fico estupefata de ler esses escritos de gente supostamente de esquerda reinventando o capitalismo e o comunismo, sem nenhuma base. Querem enganar a quem?
eunice
"Os trabalhadores desempregados, subempregados, vivendo do trabalho precário ou “por conta própria” representam o extremo da frente neodesenvolvimentista. Esses trabalhadores formam aquilo que a sociologia crítica latino-americana já denominou “massa marginal”, massa cuja existência e amplitude indicam a incapacidade do capitalismo dependente brasileiro de explorar produtivamente, para o próprio capital, os recursos humanos disponíveis no país". Eu chorando: como é que escrevem isto?
Se Marx se cansou de explicar que a massa desempregada é que controla o salário, e não sem razão ela tem que ser grande o suficiente para gestar o desespero e o controle….. e vai….. Acabar com os desempregados é acabar com o capitalismo de primeiro mundo, e acabar com os desempregados do terceiro mundo é implantar o socialismo dos poucos recursos.
Ildefonso Murillo
Se esse cara tá certo o Paul Kruger e o Delfim Neto não sabem de nada!!!
Miguel
ja ouviu falar em orientacoes politico-ideologicas divergentes?
O_Brasileiro
O PT é um PSDB melhorado!
Dá alguns poucos bilhões aos pobres e centenas de bilhões ao sistema financeiro parasita!
Gustavo Gindre
Uma opinião: http://gindre.com.br/?p=177
FrancoAtirador
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O samba atravessado da escola de pijama
Por Luiz Cláudio Cunha*, no SUL21
Às vésperas da instalação da Comissão da Verdade, que irá dissecar a ditadura, os militares brasileiros continuam atrapalhados em suas fantasias. Atravessaram o Carnaval batendo bumbo contra o Governo Dilma, usando a bateria dos decadentes Clubes Militares, concentração nostálgica de oficiais-generais camuflados com o pijama da reserva, sempre reprisando o velho refrão da Guerra Fria e entoando o fossilizado ramerrão da ‘ameaça comunista’.
Desta vez, o baticum militar veio na forma de um manifesto, assinado pelos presidentes dos clubes do Exército, Marinha e Aeronáutica, contra duas ministras do Governo. Reclamaram de uma entrevista de Maria do Rosário, onde a ministra dos Direitos Humanos explicava que a Comissão da Verdade poderá alimentar processos na Justiça contra agentes que praticaram a tortura na ditadura. E chiaram contra Eleonora Menicucci, ministra de Política para Mulheres, por “críticas exacerbadas aos governos militares” e por atuar, como ex-integrante do Partido Operário Comunista (POC), para “implantar, pela força, uma ditadura, nunca tendo pretendido a democracia”. E ainda sobrou um bordão contra a “falácia” do PT, criado “quando o governo já promovera a abertura política”.
O alarido militar chegou ao auge quando voltou a bateria contra a presidente suprema da escola, Dilma Rousseff, vaiada pelos oficiais sem farda por não expressar “desacordo” com suas ministras e seu próprio partido — comportamento absurdo que só caberia no enredo esquizofrênico de um samba do crioulo doido. O ensaio de rebelião foi escrito na quinta (16) anterior ao Carnaval, ganhou a avenida na terça-feira (21) de folia e rendeu um puxão de orelhas de Dilma já na quarta-feira (22), quando tudo virou cinzas. O manifesto de 49 linhas acabou desautorizado naquele mesmo dia num texto seco, de uma única linha, assinado pela comissão de frente dos clubes, integrada por seus presidentes – um general de exército, um vice-almirante e um tenente-brigadeiro -, os mesmos signatários do torpedo original, subitamente arrependidos. De tão envergonhado, o recuo ficou escancarado apenas 20 minutos no site da internet — e depois se evaporou, como a coragem de seus integrantes.
A evolução desastrada e as alegorias de mau-gosto dos clubes, que pretendem ecoar o que não pode ser cantado nos quarteis por impedimento constitucional, mostram uma dificuldade crônica do pensamento militar. Posam de democratas tardios, esquecidos de que as ministras que hoje atacam apenas reagiam, nos anos de chumbo, à ditadura sem adereços, sem graça e sem fantasia que eles impuseram ao país por duas décadas — um ‘paradaço’ democrático muito mais dramático e angustiante do que o revolucionário silêncio de dois minutos da bateria da Mangueira no sambódromo de 2012.
Nos anos que antecederam o golpe de 1964, sintomaticamente, os clubes militares eram as quadras de ensaio para agitação e o foco de conspiração contra o regime constitucional e a democracia. Terminado o longo desfile militar, e com a volta do povo à avenida, os clubes reconquistaram a sua devida irrelevância. Já não falam pela tropa, nem mesmo por seus componentes, desmentidos por líderes que revogam seus manifestos com a mesma leviandade com que revogavam a democracia. O Brasil não pode mais perder tempo com fantasias. O carnaval acabou — e a ditadura também.
*Luiz Cláudio Cunha é jornalista
http://sul21.com.br/jornal/2012/03/o-samba-atrave…
Almeida
Caro João Barbosa, retirado de outro texto do mesmo autor, ele dirime uma dúvida sua:
"O conceito de burguesia interna foi desenvolvido por Nicos Poulantzas para indicar a
fração da burguesia que ocupa uma posição intermediária entre a burguesia compradora,
que é uma mera extensão dos interesses imperialistas no interior dos países coloniais e
dependentes, e a burguesia nacional, que em alguns movimentos de libertação nacional do
século XX chegou a assumir posições antiimperialistas. Nicos Poulantzas (1976)." http://www.iheal.univ-paris3.fr/IMG/pdf/C07Boito…. página 3, nota de rodapé.
Leo V
Discordo que o Programa Minha Casa, Minha Vida tenha alguma coisa ver com as lutas da 'massa marginalizada'. Quais sem-tetos que partiram para ação direta estão morando hoje num imóvel do MCMV? MCMV ainda é, no geral, caro e fora das possibilidades dessa massa.
beattrice
Além de fazer a festa das incorporadoras, construtoras pequenas não conseguem fechar contrato, quem duvida pergunte por aí.
Leo V
Mas de alguma forma as construtoras pequenas se beneficiam: pela venda individual do imóvel pronto pelo MCMV.
FrancoAtirador
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Que são 300 milicos de pijama, ante 55 milhões de eleitores?
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
O Brasil está pagando mico diante do mundo. Em um momento em que sobressai como nação próspera e desenvolvida, pergunta-se em que país civilizado pouco mais de 300 militares aposentados podem adotar o tom grandiloqüente desses ex-torturadores da ditadura diante da decisão soberana do Poder Legislativo de criar a Comissão da Verdade.
E o que é pior: contando com órgãos de imprensa como porta-vozes…
Que representatividade essas três centenas de milicos de pijama têm para desafiarem uma presidente eleita com 55 milhões de votos? Chega a ser piada. Eles só representam a si mesmos. Se fossem 3 mil, ainda não representariam nada. Se fossem 30 milhões, ainda não representariam nada. A menos que vencessem eleições.
O fato inegável é o de que está havendo uma chantagem, uma ameaça de golpe. É simples assim, pois a lei que permite a militares da reserva emitirem opiniões políticas não inclui insubordinação contra superiores e, segundo a Constituição, Dilma Rousseff é superior de todo aquele que recebe soldo de militar.
Os militares jubilados podem ficar livres para dizer o que quiserem contanto que deixem definitivamente a corporação que a presidente da República comanda. Enquanto forem pagos pelos contribuintes não podem insultá-la e questionar a sua autoridade. E muito menos exigirem que se cale.
A Comissão da Verdade foi criada pelo Poder Legislativo seguindo todos os ritos legais. Não foi um golpe como o de 1964, mas uma decisão desse Poder absolutamente legítima, portanto inquestionável.
Segundo o Código Penal Militar (CPM), em seu artigo Art. 142, “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República (…)”.
Há uma lei (7.524, de 17 de julho de 1986, assinada pelo ex-presidente José Sarney) que diz que os militares da reserva podem se manifestar politicamente e não estão sujeitos a reprimendas, mas essa lei não autoriza o subordinado a insultar e questionar a autoridade do superior hierárquico, ora bolas.
Tudo isso se resume a uma questão única: os militares da ativa podem se unir aos da reserva? Se algum deles fizer isso, o CPM determina que seja preso, podendo até ser expulso da corporação.
Essa é a lei, mas há sempre o risco de a insubordinação se generalizar e gerar um quadro de crise institucional como a que redundou no golpe militar de 1964, por mais que algumas Polianas julguem que aludir a um golpismo que este país sentiu na pele seria “teoria conspiratória”.
O que não dá mais é para este país continuar sendo chantageado por militares que falam grosso com superiores hierárquicos civis, como hoje com Dilma. O país vem colocando panos quentes na insubordinação militar ano após ano e o resultado está aí: o quadro vai ficando cada vez mais parecido com o de 1964, com setores da imprensa dando recados pelos milicos.
Essa crise pode ser a chance de pôr fim, definitivamente, a esse estado de coisas. Se preciso for, chamando atenção do mundo para os atores que estão por trás desses movimentos militares, por mais que seja vergonhoso para o Brasil que 300 milicos de pijama questionem a legitimidade de um governo que obteve 55 milhões de votos.
http://www.blogcidadania.com.br/2012/03/que-sao-3…
FrancoAtirador
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Dilma exige punição a generais que criticaram Celso Amorim
Da Redação SUL21
A presidente Dilma Rousseff (PT) ficou irritada com uma nova declaração divulgada por militares da reserva. O comunicado, assinado por 98 oficiais, saiu em defesa do manifesto que havia sido lançado pelos clubes das três Forças Armadas com críticas a Dilma e às ministras dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT), e das Mulheres, Eleonora Menicucci (PT).
Na nota mais recente, batizada de “Alerta à nação”, os oficiais da reserva manifestam apoio ao Clube Militar – que reúne integrantes da ativa e da reserva do Exército – por ter divulgado um texto criticando declarações das duas ministras. “Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo”, ataca a nota.
A declaração foi publicada no site “A verdade amordaçada”, mantido pela esposa do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI de São Paulo e acusado de ter torturado diversos presos políticos.
Dilma considerou o texto uma “afronta” e se reuniu na quarta-feira (29) com o ministro da Defesa, Celso Amorim. A presidente determinou que ele conversasse com os comandos das três Forças Armadas e determinasse punições aos oficiais da reserva que assinaram a nota.
Dilma teria cogitado mandar prender um dos generais, mas acabou mudando de ideia. Amorim falou pessoalmente com dois dos comandantes das Forças, e por telefone com o terceiro, e deixou com eles a escolha da punição a ser adotada, segundo o código disciplinar de cada Força. Os códigos disciplinares do Exército, Aeronáutica e Marinha preveem advertências, repreensões, prisão e até o desligamento das Forças, de acordo com a infração.
Nos dois manifestos, os militares da reserva fizeram duras críticas à Comissão da Verdade, órgão que terá sete integrantes escolhidos pela presidente Dilma para investigar, durante dois anos, os crimes praticados pelas ditaduras de Getúlio Vargas (1937-1945) e dos militares (1964-1985). Dilma deve nomear nos próximos dias os integrantes do colegiado.
Leia mais:
– Militares reafirmam críticas a Dilma, afrontam Amorim e condenam Comissão da Verdade.
– Os clubes das Forças Armadas e a oposição à comandante-em-chefe.
– Clubes Militares: insubordinação e comportamento antidemocrático.
http://sul21.com.br/jornal/2012/03/dilma-exige-pu…
FrancoAtirador
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Tem cara de 1964, cheiro de 1964, mas é 2012… Ou não?
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
Os militares da reserva – que muitos chamam de militares de pijama, mas que adotam discurso grandiloqüente e ameaçador que obriga a duvidar de que sejam só velhinhos mal-humorados – deixam ver que continuam dando tão pouco valor ao voto popular quanto davam há pouco menos de meio século, quando jogaram no lixo outros tantos milhões de votos e puseram o eleito para correr, após o que passaram a impedir que a sociedade expressasse seus desejos políticos devido a que certamente achavam que estes não seriam de seu agrado.
Como na época em que os militares aplicaram seu peculiar conceito de democracia, conceito esse que passava pela nulidade do voto popular, também temos hoje setores da imprensa falando pelos possíveis golpistas, mandando recados ameaçadores a quem a vontade dos brasileiros transmudou em comandante suprema das Forças Armadas.
Um peão que disputa com extensa fila de concorrentes o posto que Carlos Lacerda ocupou um dia, saiu recitando trecho dos Lusíadas em que a personagem de Camões recomenda “cuidado” aos portugueses, e faz isso no mesmo texto em que critica a presidente por ter exigido de cada uma das Forças Armadas que repreenda seus membros inativos e insubordinados.
Este blog vive recebendo comentários iguais. Recentemente, leitor postou que se Dilma tentar aprovar uma lei da mídia os seus amigos militares a derrubarão como derrubaram Jango Goulart. Esse tipo de comentário, neste blog, é freqüente. Alguns dos que postam essas coisas se dizem militares e dão a entender que são da reserva, apesar de que não dão seus nomes.
A diferença desses para o tal colunista é a de que este está ligadão a militares da reserva, aos amigos desses militares na política e, supõe-se – devido à grandiloqüência de suas ameaças –, também aos militares da ativa…
Nesse aspecto, julgo que esse episódio é positivo. Há, na esquerda, uma moçada que não consegue sequer cogitar a hipótese de que hoje os militares ousariam deixar os quartéis para derrubar o governo, fechar o Congresso, estabelecer a censura, prender sem mandado, torturar e assassinar como ocorreu há quase 50 anos e durante os vinte anos seguintes.
Quem está certo, este cinqüentão ultrapassado ou a garotada confiante na força da nossa democracia? Eles que se entendam com o tal colunista que todos sabem que não passa de um boneco de ventríloquo, de forma a descobrirem se a sua ameaça a Dilma é só para contentar idosos preocupados em ter que prestar contas da valentia de há meio século ou se é algo mais.
De qualquer modo, é bom que tenha ocorrido essa insubordinação. Se realmente estivermos em 2012 em vez de em 1964, esses militares terão que baixar a bola, terão que adotar o silêncio a que a opção pela caserna os obriga constitucionalmente. Do contrário… Bem, prefiro nem descrever o contrário.
Neste momento, portanto, há que saber se essas pessoas que o Estado sustenta na aposentadoria podem ou não ser enquadradas nas leis que regem a nação por questionarem a legitimidade do Poder Legislativo para aprovar a Comissão da Verdade e por policiarem as opiniões da superior hierárquica.
De uma coisa podemos estar certos: o desenlace desse episódio revelará se estivemos brincando de democracia no último quarto de século ou se ela é para valer. Se houver o risco de o voto dos brasileiros ser novamente rasgado, pelo menos já iremos escolhendo logo entre lutar ou capitular diante da ditadura até então camuflada, pois é melhor um fim terrível do que um terror sem fim.
http://www.blogcidadania.com.br/2012/03/tem-cara-…
EUNAOSABIA
Vou te dar uma moral te dando um aparte, mas é nessas horas que a gente fica com saudades de Lula.
Lula chamaria esses militares para um churrasco no Torto e sairam todos felizes.
Eu sempre disse que a gente iria sentir saudades de Lula.
Já passou da hora.
Não tens a manor idéia do que sejas esse teu copia e cola velho, sem opinião própria, só lhe resta isto mesmo.
Fosse Lula nada disso estaria ocorrendo e ele continuaria respeitado.
FrancoAtirador
<img src="http://4.bp.blogspot.com/_H1VyVbELf1M/S6_pUgesvRI/AAAAAAAACiE/vU9MW76VasI/s400/General+Serra.jpg">
eunice
Mas por que você acha que Lula seria e Dilma não está sendo? Explique qual o erro dela. Não fazer o que voce quer que ela faça? Então você é um poderoso…
FrancoAtirador
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Dilma, mande prender os cabeças.
Como Vargas deveria ter feito
Por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2012/03…
Willian
Com amigos como o PHA, pra que a Dilma precisa de inimigos? PHA quer apagar incêndio com gasolina. Ele é aquele louco que toca cítara enquanto o incêndio se alastra. Problemas não são resolvidos com bravatas, mas com diálogo. Não há uma questão militar no país no momento, pra que criar uma?
LULA VESCOVI
Que o número 3 do III chegue de uma vez.Já passou da hora.
FrancoAtirador
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Rádio Brasil Atual
Dilma não deve se curvar a pressão golpista de militares
A afirmação é do jornalista e membro do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça, Pedro Pomar, em reação ao manifesto lançado por militares da reserva.
Ele defende a prisão dos militares que se insurgiram contra o governo da presidente Dilma.
Pomar considera que jamais haverá democracia no Brasil se não houver o acerto de contas com a ditadura militar.
Entrevista a Marilu Cabañas, em:
http://www.redebrasilatual.com.br/radio/dilma-nao…
George A.F. Gessário
A questão é: HÁ BASE LEGAL PRA ISSO??? O melhor meio pra se destruir a democracia é desestabilizar suas instituições e nesse escopo a quebra da legalidade é um importante instrumento, creio q seria uma ameaça muito maior ao país uma atitude fora da legalidade de nossa presidente do q meia dúzia (trezentos e poucos eu acho) de militares de pijama berrando em um comunicado, essa atitude fora da legalidade provavelmente é o q muitos desses militares de pijamas esperam pra tentar contaminar os da ativa a se insurgirem. Pra fins de análise alguém tem o link pro tal texto da famigerada associação de militares???
FrancoAtirador
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Boa a avaliação do momento histórico.
Porém, em perspectiva para o futuro,
no Brasil, dificilmente haverá ruptura.
Haverá, sim, deslocamento de forças.
Só resta saber para que lado: sul ou norte.
E será definido pelo paradigma interno do leste
cruzado pela linha do Trópico de Capricórnio.
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José Antonio
"O neodesenvolvimentismo é o desenvolvimentismo da época do capitalismo neoliberal. Em relação ao velho desenvolvimentismo, essa nova política de crescimento apresenta taxas de crescimento econômico menores, dá importância menor ao mercado interno"
A tese do "doutor" "professor" "acadêmico", "sei-la-o-quê" da Unicamp foi pro ralo. Tem a consistência de um sopro. Parece que é daqueles do time que gosta de uma masturbação teórica sem nenhuma consistência.
Evidente para qualquer leigo, semianalfabeto, que hoje não dá para se falar em desenvolvimentismo nacional nos moldes de Getúlio Vargas ou JK. O mundo é outro e como tudo muda. Não fosse assim ainda estaríamos todos no Sacro Império Romano.
Agora o "acadêmico" dizer que o Governo Lula e Dilma "dá importância menor ao mercado interno" é de uma burrice tamanha que nem dá para discutir. Vole aos livros "professor da Unicamp", vá ser outra coisa na vida.
O cerne do governo Lula e Dilma foi a criação e o fortalecimento do mercado interno, através de distribuição de renda e criando um classe consumidora que alavancou a economia.
Airton
De fato, para o senso comum de um leigo, "o mundo é outro e como tudo muda". Há três principais noções d movimento histórico na filosofia: 1. a do positivismo/evolucionismo (natural, ininterrupto e linear); 2. a do materialismo histórico-dialético (síntese das contradições entre forças sociais) e 3. a do conservadorismo ( eterno retorno do mesmo, contradições sem síntese). A segunda noção representa a do prof. Boito, percebes agora como é coerente a análise do doutor? Caso não percebas, espero sinceramente q não sejas professor de história; caso sejas, "vá ser outra coisa na vida".
Miguel
incrivel a empafia de quem forma sua opiniao por orelhadas de imprensa pra dizer que um professor pesquisador que passa a vida estudando e pesquisando nao sabe nada… esse anti-intelectualismo de inspiracao estadunidense (sim, o preconceito contemporaneo contra desenvolvimento teorico em prol dos 'saberes praticos' tem origem la) nao tem a menor vergonha de defender a ignorancia? Acha que o ponto de vista que o Boito esta combatendo nao tem, ele proprio, uma inspiracao teorica?
Joao Barbosa
O título do artigo deveria ser: Com a palavra o PSOL / PSTU, aquele que se diz de esquerda, mas vota de braços dados com a direita.
Um texto todo adjetivado, sem pé nem cabeça e cheio de contradições:
"…versão reformada do modelo capitalista neoliberal…"
"…setor importante da burguesia brasileira que é a grande burguesia interna…"
"…O neodesenvolvimentismo é o desenvolvimentismo da época do capitalismo neoliberal…"
"…um dos mais baixos salários mínimos de toda América Latina…"
"…atendido, de maneira parcial, essas reivindicações com o financiamento à agricultura familiar, que, embora insuficiente, cresceu muito…"
Tá faltando argumentos, hein, professor….
Airton
Trata-se de um resumo de uma palestra e auxilia compreender o novo jogo de forças depois da derrota do desenvolvimentismo para a ditadura e da restauração neoliberal dos anos 90. Argumentos para este esforço conceitual é que não devem ter faltado na palestra. Mas, mesmo neste resumo, há referências objetivas sobre cada ítem elencado em seu comentário. Deduzí-los não é nem tão difícil, p.e., "versão reformada do modelo capitalista neoliberal": combinação entre juros altos e superávit primário (fazendo a vez do modelo neoliberal q nos mantém subordinados ao capital financeiro) e políticas q favorecem o mercado interno e a distribuição de renda (atendendo, entre outras forças, a da burguesia interna).
Leo V
Incrível, quem não diz amém ao governo é taxado de "PSOL e PSTU". Não quero viver num mundo acrítico, principalmente acrítico a governos.
João Barbosa, fosse não agurmentou absolutamente nada contra o raciocínio do Armando Boito Jr. Quem só usou adjetivos foi exatamanete você! chamando de 'psol/pstu' e 'sem pé nem cabeça'.
beattrice
Os dilmistas apostam todas as fichas no bipartidarismo á la americana, por isso procuram desqualificar tudo que não seja a dobradinha PT-PSDB.
Miguel
e nao apresentou nenhuma das "falhas" ou se deu o trabalho de resopnder qualquer uma delas…
Felipe
Esse neodesenvolvimentismo tem base bibliográfica e bem fundamentada… vale a pena uma espiada no livro do excelentíssimo Guido Mantega: MANTEGA, Guido, A Economia Política Brasileira.
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