Jeferson Miola: Bolsonaro e militares planejam um “Reichstag brasileiro” para incendiar o país
Tempo de leitura: 2 minBolsonaro e militares planejam um “Reichstag brasileiro” para incendiar o país
Por Jeferson Miola, em seu blog
“As chamas que em 27 de fevereiro de 1933 queimaram o Reichstag, em Berlim, incendiaram também a frágil democracia alemã. Hitler soube usar o ataque, conduzido por um jovem holandês, para ampliar e consolidar seu poder”.
Nas breves linhas acima, destacadas do artigo 1933: Incêndio no Reichstag era golpe na democracia alemã [dw.com] , o historiador e cientista político alemão Marc von Lüpke-Schwarz resume bem o significado de um acontecimento chave para o ascenso nazista na Alemanha hitlerista dos anos 1930.
O Palácio de Reichstag era a sede do parlamento alemão que foi consumido pelas chamas de um incêndio criminoso provocado na noite de 27 de fevereiro de 1933.
Hitler e os nazistas se apressaram em falsamente atribuir o atentado a uma “conspiração comunista”.
Marc registra que Joseph Goebbels, ministro de propaganda nazista, acusava que a intenção dos comunistas era, “por meio do incêndio e do terror, causar tumultos e, em meio ao pânico geral, tomar o poder”.
O autor registra ainda que o Führer teria esbravejado que “se esse incêndio, como acredito, tiver sido obra dos comunistas, precisamos exterminar essa peste assassina com punho de ferro”.
A declaração de Hitler foi assobio à matilha nazifascista. E significou, também, a virada definitiva e irreversível da frágil e cambaleante democracia alemã para a versão mais sanguinária e horrenda de totalitarismo que se conhece.
O nazifascismo é o parentesco histórico mais próximo do fenômeno militarista-bolsonarista do Brasil atual.
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É uma relevante fonte de inspiração para os métodos diversionistas, de guerra híbrida e psicológica e de diversionismo que Bolsonaro e os militares empregam para concretizar seu projeto antidemocrático de poder.
Ao fracassarem na molecagem infame contra o sistema eleitoral, parece que Bolsonaro e as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas [convertidas em verdadeiras milícias fardadas que sugam R$ 110 bilhões/ano do orçamento público] passaram a aumentar a aposta na violência e no terrorismo político.
Segundo noticiado, órgãos de inteligência suspeitam que grupos extremistas vinculados a Bolsonaro e aos militares planejam executar ataques terroristas para atribuírem falsamente a responsabilidades das ações criminosas à esquerda.
Seria algo similar ao atentado terrorista ao Riocentro, planejado pelo SNI [Serviço Nacional de Informações da ditadura militar] e desastrosamente executado por oficiais do Exército em 30 de abril de 1981 com objetivo de responsabilizar a esquerda e, desse modo, justificar o endurecimento da ditadura e retardar a transição controlada – mesmo que uma transição super lenta, gradual e muuiiito segura para eles, militares, que ficaram impunes em relação aos crimes de terror de Estado que cometeram.
É disso, portanto, que se trata hoje. Nas regras da democracia, os generais que milicianizaram as Forças Armadas jamais conseguirão o milagre de fazer com que o candidato deles – o Jair Messias – consiga vencer Lula.
É só fora da democracia – com golpes, rupturas, pistolagem, terrorismo, gangsterismo político e virada de mesa – que eles podem almejar algum sucesso na ambição desmedida de se manterem no poder para preservarem suas mamatas, privilégios e impunidades.
No desespero, Bolsonaro e militares planejam “seu próprio Reichstag” para incendiar o país na ilusão de conseguirem, com isso, se manter no poder.
Diante, porém, do isolamento crescente do Bolsonaro e da crise de legitimidade do governo militar, esta pretensão cada vez mais se confunde com um desejo delirante, que será derrotada pela resistência e mobilização social desatada pela campanha Lula/Alckmin e setores políticos do país que, mesmo conservadores, preservam compromissos com a democracia.
Comentários
Ibsen Marques.
Assim como Bolsonaro os políticos alemães da época achavam que conseguiriam controlar Hitler. Assim como Hitler foi subestimado na época Bolsonaro vem sendo subestimado hoje.
RiaJ Otim
Todos esses deveria ser investigado de novo. O fato é se tens infiltrado do seu lado dentro do outro lado, é fácil você colocar uma bomba no colo desse e fazer parecer que ele estava agindo para o outro lado. Não deveria se descartar haver esquerdista infiltrado no outro lado,
João de Paiva
Vai procurar tua turma, apoiador de miliciano e corno.
Zé Maria
Logo após o Incêndio do Palácio de Reichstag,
Hitler conseguiu aprovar no Parlamento a Lei
Habilitante de poderes supraconstitucionais.
Zé Maria
Adendo
A essa altura, com a edição do “Decreto Presidencial do Incêndio
do Reichstag”, já haviam sido Cassados os Deputados Comunistas
e Banido o Partido Comunista Alemão – que à época possuía uma
Grande Bancada Parlamentar –
Hitler precisava de 2/3 (dois terços) dos Votos no Parlamento para
aprovar a Ermächtigungsgesetz (*), razão pela qual fez Acordo com
as Igrejas Protestantes e cooptou o Zentrum, Partido do Centro
Católico.
Assim, fazendo acordo com deus e o diabo, a ‘Bancada BBB’ Alemã
se alinhou com o Partido Nazista, e a Lei Habilitante (*) foi aprovada.
Algum tempo depois, em 1934, com o falecimento do Presidente
da Alemanha, o Chanceler Adolf Hitler unificou os Cargos de Chefe
de Governo e Chefe de Estado, convertendo-se então no Führer
do III Reich Alemão, eliminando definitivamente o pouco que
restava da República de Weimar, instalando a Ditadura Nazista
(*) Oficialmente a Lei Habilitante (Ermächtigungsgesetz) de 1933 recebeu o Título
‘Bunitinho’ de “Gesetz zur Behebung der Not von Volk und Reich”, em Alemão, ou, traduzindo para o Português, Lei para Sanar a Aflição do Povo e da Nação”.
A Ermächtigungsgesetz tinha Força de Emenda Constitucional e dava a Hitler
Amplos Poderes, inclusive para decretar Leis sem Apreciação do Reishstag.
O Parlamento Alemão, assim, renunciou ao seu papel de Legislador (Legislativo), transferindo-o para o Governo (Poder Executivo), e privou de Poder o Presidente
da República, abrindo caminho para a Gleichschaltung (**) e a Ditadura de Fato.
https://de.wikipedia.org/wiki/Erm%C3%A4chtigungsgesetz_vom_24._M%C3%A4rz_1933
https://de.wikipedia.org/wiki/Erm%C3%A4chtigungsgesetz_vom_24._M%C3%A4rz_1933
(**) A “Gleichschaltung” (“Equalização” ou “Sincronização”) foi a Imposição da Incorporação de todas as Forças Sociais, Econômicas, Políticas e Culturais na Organização Unificada da Ditadura Nazista de Partido Único, apropriando-as
e as controlando ideologicamente.
A palavra se refere ao Processo de Abolição do Federalismo e à Padronização
de toda a Vida Política, Sócio-Cultural e Econômica da Fase de Conquista do
Poder na Era Nazista.
O Objetivo da Ditadura Nazista era abolir o Pluralismo no Estado e na Sociedade.
A “Gleichschalt” ou “Equalização” se estruturava, portanto, essencialmente sob
3 Fundamentos:
1) a Eliminação de Estruturas Democráticas com Fundamento no ‘Princípio do
Líder Absoluto (Führer)’;
2) a Expulsão Completa dos Opositores ao Regime e de todo e qualquer
Indivíduo classificado como Não-Ariano, na Organização do Estado; e
3) a Substituição das Lideranças Políticas e Sociais por Membros do Partido Nazista.
Em alguns casos, essa “Equalização” ocorreu voluntariamente, de forma
antecipada, em Obediência aos Princípios Nazistas.
Foi a chamada “Auto-Equalização, à qual aderiram, por exemplo, as Associações de Médicos, de Juízes e as Universidades.
Outras Instituições, Associações e Conselhos Profissionais, sucumbindo à Pressão
da Ditadura Nazista, autodissolvendo-se e encerrando definitivamente suas Atividades.
Basicamente, isso envolvia a Perda Total da Personalidade Individual e da Organização Coletiva, e o Cerceamento da Liberdade imposta pelo Regime
como meio de Padronização das Massas, em favor do Nazismo e em louvor
ao “Grande Líder”.
Íntegra:
https://de.wikipedia.org/wiki/Gleichschaltung
https://de.wikipedia.org/wiki/Machtergreifung
Zé Maria
https://de.wikipedia.org/wiki/Adolf_Hitler#Herrschaft_vor_dem_Zweiten_Weltkrieg_(1933%E2%80%931939)
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