Sob ameaça, Glenn Greenwald diz que o Brasil está cada vez mais parecido com a Arábia Saudita
Tempo de leitura: 2 minO Brasil é um país que precisa desesperadamente mudar sua imagem internacionalmente e atrair turistas. Seus líderes decidiram: “vamos ser mais parecidos com a Arábia Saudita e o Egito e ameaçar jornalistas que denunciam nossa corrupção”. Parece uma estratégia estranha. Glenn Greenwald, do Intercept Brasil
Da Redação
Com a prisão de supostos hackers que teriam tentado invadir o aparelho celular do ministro da Justiça, Sérgio Moro, pela Polícia Federal comandada por Moro, as ameaças ao jornalista Glenn Greenwald recrudesceram.
A ponto de a líder do governo Bolsonaro na Câmara, Joice Hasselmann, ter ameaçado o ganhador do prêmio Pulitzer em mensagem pública: “Sua hora tá chegando”.
A PF não apresentou as provas contra as quatro pessoas presas sob suspeita de serem hackers.
Nem determinou que os suspeitos forneceram qualquer informação ao Intercept ou tenham relação com as mensagens comprometedoras entre Moro e os procuradores da Operação Lava Jato divulgadas até agora.
O ministro sustenta ora que as mensagens são falsas, ora que foram deturpadas ou que representam violação da privacidade.
Se violaram a privacidade, significa que são verdadeiras?
Se foram produto de um hacker e não de mera invenção, significa que são verdadeiras?
O juiz Moro não prima pela lógica.
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Assim como ficou claro no contéudo das mensagens até agora vazadas, Moro e a Operação Lava Jato são parceiros numa agenda política sustentada pelo governo Bolsonaro e pelos robôs que promovem mentiras e difamação em escala industrial nas redes: querem associar Greenwald e o Intercept a um crime, para se livrar das mensagens e do mensageiro.
“O hacker preso me seguia e também a outros deputados do PSL que defendem o Ministro @SF_Moro. Não existem coincidências. Pra cima deles, PF!!!!!”, escreveu a deputada federal Carla Zambelli, do PSL, tentando sustentar uma teoria da conspiração baseada num fato trivial: pessoas seguem pessoas e robôs seguem pessoas nas redes.
Zambelli é a mesma que já sugeriu que os suspeitos podem fazer delação premiada, ou seja, podem receber benefícios — desde que digam o que procuradores do MPF quiserem que eles digam sobre Greenwald.
O ministro Moro tinha um encontro previsto com o presidente Jair Bolsonaro para esta quarta-feira.
Qualquer busca e apreensão na sede do Intercept, por exemplo, não seria feita sem o consentimento do mais alto escalão do governo.
Dado o fato de que Sérgio Moro tornou-se refém de Bolsonaro para alcançar seu objetivo, uma vaga no Supremo Tribunal Federal, nenhum passo do ex-juiz federal deve ser descartado.
Moro, afinal, é aquele que foi sondado para ocupar um cargo no governo Bolsonaro antes do segundo turno da eleição e “coincidentemente” vazou trechos de uma delação não homologada do ex-ministro Antonio Palocci, com acusações ao PT, Lula e Dilma, durante a campanha eleitoral.
O juiz combatente da corrupção calou-se sobre Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, acusados de comandar um esquema de enriquecimento ilícito da família Bolsonaro.
Alguém com este nível de ambição jamais vai abrir mão do poder, mesmo que tenha de usar instrumentos do Estado — como está fazendo — para se defender.
Comentários
Zé Maria
… “querem associar Greenwald e o Intercept a um crime,
para se livrar das mensagens e do mensageiro”
Nesse caso, o Jornalista nem é o mensageiro, é o Carteiro.
E o The Intercept é o veículo de transporte.
Zé Maria
“O primeiro passo de cada ditadura é a manipulação sem escrúpulos
da comunicação livre, através da sedução dos escândalos e das calúnias,
para enfraquecer a vida democrática e condenar pessoas e instituições”
Papa Francisco 18/06/18
https://twitter.com/jandira_feghali/status/1153977103701938176
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