O velório da utopia

Tempo de leitura: 3 min

por Luiz Carlos Azenha

Provocado por um leitor, vou ver o debate completo da Band na rede e opinarei de forma mais completa nas próximas horas. Levei um certo tempo para descobrir o que me incomodou tanto nos trechos que assisti. Sou suficientemente rodado para saber que debates nos dias de hoje, com tantas regras, não decidem eleições, salvo se houver um escândalo provocado por um dos contendores (segundo o Eduardo Guimarães, com quem conversei por telefone, algo como um dos candidatos saltar a bancada e fazer um strip ao vivo). Já fui mediador de um debate local, nos tempos da Globo. Um dos candidatos pediu uma plataforma de madeira, para não parecer tão baixo aos telespectadores.

Nos Estados Unidos, eu estava lá quando Lloyd Bentsen nocauteou Dan Quayle. Ambos eram candidatos a vice. Bentsen, do democrata Michael Dukakis. Quayle, de George Bush pai. Quayle, um zero à esquerda, uma espécie de Índio da Costa dos republicanos na época — estamos falando de 1988 — era um all american boy, que costumava se comparar ao jovem John Kennedy. A juventude e o idealismo de Quayle eram importantes para uma chapa capenga (Bush pai era um burocrata desprovido de carisma), mas ele precisava apagar a impressão de que era senador apenas por causa do dinheiro da família. Quando Quayle tentou se comparar a Kennedy no debate, no entanto, tomou um direto no queixo de Bentsen, que disse assim: “Senador, eu trabalhei com Jack Kennedy. Eu conheci Jack Kennedy. Jack Kennedy foi amigo meu. Senador, o senhor não é Jack Kennedy”. Veja aqui, no You Tube. O fato é que a dupla Bush-Quayle se elegeu tirando proveito da gigantesca popularidade de Ronald Reagan.

Nos debates de hoje em dia, são raras as oportunidades que os candidatos oferecem. Todo mundo “joga na retranca”.

Pois foi exatamente este o motivo do incômodo, que eu já havia sentido em outras ocasiões, mais recentemente durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos, quando Barack Obama se elegeu.

Obama tinha dois slogans de campanha: “Sim, podemos”, apelava ao idealismo dos eleitores. “Mudança na qual podemos acreditar” era uma tentativa de dar segurança ao eleitorado e ao mesmo tempo se contrapor à “mudança na qual não se devia acreditar”, representada por John McCain. Hoje, nem é preciso dizer que a maioria do eleitorado mais progressista de Obama está descontente com ele. Está cada vez mais claro que o idealismo projetado na campanha foi um golpe de marketing. Na crise financeira, Obama escolheu Wall Street. Na reforma da saúde, escolheu o lobby das seguradoras. Na política externa, escolheu o AIPAC. “Change that we can believe in” é um slogan que hoje caberia perfeitamente nos escritórios daqueles que votaram em McCain.

Sou de uma geração que cresceu assistindo a materialização da utopia nas ruas. Você podia não fazer a menor diferença, mas se sentia responsável pelo mundo. Sou do tempo em que Antonio Carlos Magalhães, governador da Bahia, mandou apagar as luzes e atirar pó de mico sobre os estudantes que refundaram a UNE, em Salvador (ou pelo menos a gente achava que foi ele). Ou do tempo em que os estudantes pintavam os muros de São Paulo com “a UNE de volta em novo sabor: limão nos olhos da ditadura”.

Os tempos, obviamente, mudaram. Especialmente na América Latina, a esquerda chegou ao poder pelo voto. No Brasil, Lula deu concretude às antigas reivindicações: acesso à moradia, à universidade e ao consumo esvaziaram antigas palavras-de-ordem. Estamos em um período de mudanças incrementais, até porque a margem de manobra de qualquer grupo político se reduziu enormente num mundo “domesticado” pela globalizaçao e pelas novas tecnologias. Fidel Castro na Sierra Maestra seria pulverizado, hoje em dia, por um frota de Predators guiados por GPS e manejados à distância. Os limites para o exercício da democracia foram afunilados: você pode escolher, sim, desde que seja entre a Coca e a Pepsi. A margem de manobra mesmo dos governantes mais “poderosos” do mundo se reduziu enormemente diante do poder das grandes corporações.

O que me incomodou no debate da Band foi ver o teatro ali tão aparente, sem disfarces. Foi a rendição quase completa à lógica das campanhas contemporâneas, em que os candidatos dizem não o que gostariam ou poderiam dizer, mas o que os assessores ou as pesquisas dizem a eles que deveriam dizer. Foi a política subordinada completamente à lógica do marketing e da TV, com comerciais e tudo. Sei que os quatro candidatos representam projetos políticos distintos. Muito distintos. Mas foi doloroso vê-los ali naquele jogo ensaiado, numa espécie de velório da utopia.

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Comentários

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Sagarana

Distintos, muito distintos. Barbosa…

hiroshi

Concordo com o Azenha. Tragicamente, a Utopia foi encarcerada numa solitária, amordaçada e amarrada com cabos de aço, torturada, aleijada e soterrada em algum deserto no mundo, pela direita tecnocrática e PIG. Restou o reino da dissimulação e da decoreba cdf neoliberal. Daqui a pouco vão pensar em reloginhos cardíacos e máquinas detectoras de mentiras iguais das gincanas do Faustão. E no futuro, a substituição do candidato por um avatar (idiota) sorridente. Não quero estar lá para ver.
No entanto, Dilma Presidenta primeiro turno. Mercadante Governador.

Fabio_Passos

A utopia está viva!
E todo mundo está convidado a construir uma nova realidade.

Declaração do cineasta Silvio Tendler durante a convenção nacional do PSOL que homologou a candidatura de Plínio Arruda Sampaio à Presidência da República nas eleições de 2010

[youtube bvFAVTzuPS0&NR=1 http://www.youtube.com/watch?v=bvFAVTzuPS0&NR=1 youtube]

    Pitagoras

    Eu também…

Pitagoras

Azenha, solidário com sua tese e seu sutil desencanto face à democracia de fachada, principalmente no seu "berço", os EUA, só posso concluir pela necessidade de utopia. Num mundo em que as nações são reféns de corporações (ou agentes delas, cf Sarasmago) e regidas por Máfias, a terra devorada pela crescente e ilimitada ganância pelo supérfluo junto com a também crescente miséria e a superpopulação, idealizar outro mundo possível é renovar a utopia.

yeda lima

Azenha

Compartilho seu desconforto. Nesses tempos midiáticos, parece não haver espaço para discussões de fundo. Tudo é uma questão de imagem. De parecer e não de ser. Nesse contexto, utopia é apenas uma palavra antiga, que de vez em quando emerge dos escombros do muro de Berlim. Não fica bem na foto. Ops!! Na tela.

João Ribeiro Campos

Sua análise é muito boa, especialmente no trecho que diz : "Foi a rendição quase completa à lógica das campanhas contemporâneas, em que os candidatos dizem não o que gostariam ou poderiam dizer, mas o que os assessores ou as pesquisas dizem a eles que deveriam dizer.". Foi isso mesmo. Por isso o debate foiinsosso, cacete, chato a não mais poder, e de baixíssima audiência. Declinante: começou com 6 pontos, terminou com 1 ponto.

Quem ganhou o debate ? Plínio, que foi o único que disse o que pensava. O Povo percebe isso. Não supreendentemente Plínio de Arruda Sampaio, um velho de 80 anos, com idéias da década de 50, foi o maior sucesso no twitter. "Nem entendo muito bem o que é isso", empolga-se o candidato. "Só sei que é muito compensador.",

Poucos minutos antes do início do debate, Dilma Rousseff figurava nos Trending Topics. Foi só Plínio se apresentar para alcançar o primeiro lugar da classificação do site. À frente, inclusive, do goleiro Rogério Ceni, ídolo do Tricolor Paulista, que estava em campo naquele momento.

O que mostra que a sinceridade – por oposição às candidarturas vendidas como sabonete – obtém sucesso de público.

francisco.latorre

eu acho que a utopia foi tarde.

imagine que um dia houvesse o consenso que não há deus.

os homens lutariam pra realizar o paraíso. na terra. agora. já.

por outro lado.. a falta de imaginação.. o conformismo.. isso sim decepciona.

..

    Pitagoras

    Seria um mundo muito melhor…o homem livre da superstição, da intolerância, da hipocrisia, da ignorância, de uma casta que usa a crença para manter a servidão.
    É inacreditável o poder da ignorância: em pleno século XXI, com a ciência e a tecnologia tão avançadas, tantos se apegam à crendice, ao mito, fazendo o jogo dos encastelados aproveitadores.
    Será que o homem jamais se libertará das trevas da superstição?

Maria Lucia

Analisando friamente o que é um debate de presidenciáveis na mídia atual a gente logo conclui que é mais uma peça de marketing do candidato das elites, do porta-voz do império.A droga já vem toda malhada!
Monta-se o circo para o Candidato Serra representar o seu papel de desconstruir o governo Lula e a candidata da maioria do povo. Tudo pronto? Aí entram orquestra e coadjuvantes: música vibrante, o provecto hiper esquerdista oriundo das classes dominantes da paulicéa desvairada, a ecocapitalista esposa do madeireiro, o Grande Representante Imperial e das Elites Neoliberais, ex-esquerdista de araque, e a nossa Dilma.
O Grande Representante mente descaradamente, os dois coadjuvantes fazem a sua parte e Dilma deve mesmo ter dispendido um esforço incomensurável para se controlar e não dizer umas verdades verdadeiras que fariam a festa da mídia e desmontariam o circo todinho.

C.C. Bregamin

Pra mim o gosto amargo tem a ver com a utopia ser defendida pelo bufão. Plínio não é um verdadeiro candidato porque não tem propostas concretas para um governo possível. Mas ele está mantendo viva a utopia e isso não é pouco. Acho ainda que é preciso levar a sério a pauta dos movimentos sociais que ele traz. Limite (sim!) à propriedade privada e redução da jornada de trabalho. (mesmo que não seja os mil hectares). Mas a jornada de trabalho precisa ser discutida.
Escrevi sobre isso no meu blog: http://vaiencarar.wordpress.com/2010/08/06/debate
e http://vaiencarar.wordpress.com/2010/08/07/debate

De Paula

O Plinio, último espécime do socialismo utópico, no debate ficou entre o oportunismo e a utopia. Inteligente, teve a percepção de que a Marina está se esvaindo como instrumento da direita para levar o pleito ao segundo turno e vendeu seu peixe, e muito bem, por sinal. Comentários nas entrelinhas da UOL: Encontrado o cara certo para o papel; seus has. não assustam a UDR mas podem causar estragos para o projeto Dilma no Primeiro Turno.

monge scéptico

Gostei do PLÌNIO. DILMA não tem traqueijo com câmeras; mas vai aprender. MARINA foi elegante
mas provou para uma coisa: ela nos pertence; ao PT. Volte MARINA.
O serra não tem nada a dizer; não disse coisa com coisa.

jorge ferreira

Azenha,

Certa feita recebi de um conhecido uma frase que depois gestou um poema: Antigamente o futuro era melhor. O seu
artigo " velório da utópia " vai ao encontro dessa frase. Meu poema que fala da utopia: –

CAMINHANTE

Tudo é passo
Caminho
Sonho
Atropelo

Também na utopia
A vida vai
Luta
E tem o seu recomeço

Jorge Ferreira

    Razek Seravhat

    Sei que poesia não se comenta, pelo menos é o que diz a turma da vanguarda, nunca concordei muito com esta ponderação. Por isso, Poeta, me sinto levado a dizer-te que teu poema é uma faísca de vagalume em dias de tormentos e vaguidão. Pulso forte e peito aberto.

    Fatinha Tito

    Fantásticooooooooooooooooo

Hans Bintje

Afirmar "o velório da utopia" é exagerar um bocado, Azenha.

Fico com o pensamento do velho Barão:

– De onde menos se espera, daí é que não sai nada.

Então, de onde é possível que apareça alguma coisa boa?

Acredito que é do contato direto do "artista" com o povo, como canta o Milton Nascimento:

Foi nos bailes da vida ou num bar
Em troca de pão
Que muita gente boa pôs o pé na profissão
De tocar um instrumento e de cantar
Não importando se quem pagou quis ouvir
Foi assim

Cantar era buscar o caminho
Que vai dar no sol
Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para cantar nada era longe tudo tão bom
Até a estrada de terra na boléia de caminhão
Era assim

Com a roupa encharcada e a alma
Repleta de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está
Se for assim, assim será
Cantando me disfarço e não me canso
de viver nem de cantar

Hans Bintje

Azenha:

Graças ao seu comentário descobri a possível origem de uma música que o pessoal canta na Oktoberfest.

Dos "Os 3 Xirus", letra do "Baile da Coceira":

Coça, coça, coça aqui; coça ali e coça lá
Velhas, moças e rapazes, todo mundo a se coçar –
Coça, coça, coça aqui; coça ali e coça lá
E a coceira não passava e não paravam de espirrar.
Coça aqui e coça ali, coça ali e coça lá!

A coceira era tanta que o povo não resistiu
Se largaram campo a fora e o salão ficou vazio –
Coceira igual aquela no rincão nunca se viu
Todo mundo em disparada
Não enxergaram mais nada e caíram dentro do rio.

Fábio

Não dá para comparar este debate de agora com os de anos anteriores , em que tínhamos Paulo Maluf , Lula ,Jânio ,Covas ,Brizola entre outros ,mestres em debates .
Mas o próprio modelo desse debate proposto pela emissora ,fez com que o debate ficasse morno quase frio.
E falando em utopia certos ideais não cabem mais nos dias de hoje ,pois para colocá-los em prática seria necessário uma revolução muito grande ,onde todos sairiam perdendo com isto.
As mudanças tem que ocorrer sempre , mas uma coisa de cada vez .Devagar e sempre ,para que não se tornem um peso para o povo.

    Fabio_Passos

    Todos sairiam perdendo?
    Conversa prá boi dormir.

    Quem sairia perdendo em uma revolução popular seria a diminuta "elite" rica e parte da classe média… seu curral.

    Fábio

    No passado isso não deu certo e não será agora .
    As mudanças tem que serem lentas .
    Não dá para fazer assentamento para todo mundo e mandar todo mundo plantar.
    No estado de São Paulo por exemplo não existem muitas propriedades rurais que tenham mais que mil hectares, e as que existem estão todas loteadas com arrendamento de terra para pequenos produtores .Falar sobre tal assunto é jogo de cena.
    No governo Lula ocorreram várias mudanças , que ocorreram ao longo de 8 anos .Durante esse tempo ele enfrentou muita dificuldade e muita oposição , tentaram matá-lo moralmente como fala o Nassif , mas ele sobrviveu .Talvez se tivesse sido mais radical como se esperava dele ele não teria conseguido .
    Ainda há muito para ser feito e será se tudo que foi feito pelo Lula tiver uma continuidade.
    Acredito que se o Lula tivesse sido eleito antes de 2002 o país estaria numa situação melhor ainda ,pois certamente não teríamos enfrentado o furacão fhc de nos devastou.
    Acredito na revolução do pensamento .Que leva mais tempo do que você querer impor seus ideais as pessoas de uma hora para outra.
    Acredito num sistema emque haja uma mistura de capitalismo com o socialismo .É o yin yang.Rem que haver equilíbrio.
    Respeito o seu pensamento Fabio_Passos,talvez eu esteja errado mas é esse o meu modo de pensar.

Valmont

Gostei da análise, Azenha.
Estava refletindo sobre essa imagem do "vovô revolucionário" diante de tantos jovens "conservadores".
Parece coisa de louco, mas tem a ver com essa história da falta de sonhos, da ausência total de criatividade e acima de tudo com esse conformismo de uma juventude que não tem vergonha de ser individualista e defender a direita.
Igualdade e fraternidade não fazem mais parte do ideário vigente. Sindicalista passou a ser palavra pejorativa.
É o capitalismo selvagem dominando corações e mentes na cultura globalizada da bestificação humana, talvez resultante de décadas de "programação" da Rede Gloebbels… quem sabe?
A vida imita a arte, mas as novelas globais (se é que se pode chamar isto realmente de arte) programaram o brasileiro durante muito tempo, ditando o comportamento da juventude. Espero que as coisas mudem nesta era da Internet.
Precisamos de jovens revolucionários, que tenham coragem para sonhar, ousadia para criar, pensar diferente, derrubar a matrix global e mudar os rumos desta nave.

Razek Seravhat

Por outros tempos
Para Azenha e Camila Costa

Não é hora
E nem é fácil
Desacreditar.
Mas,
Entre a utopia
que não morre
E a esperança imensa
De caminhar,
Tem também
Esse tempo de insônia
e desternura.

(Razek Seravhat)

O Brasileiro

Como alguém já disse aqui no Viomundo, o PSTU perdeu o discurso "Fora, FMI". (Nisso o Lula também foi genial! Porque dever todo mundo pode continuar devendo, desde que haja garantias para pagamento e que os juros não sejam altos! Pagar o FMI foi um golpe de marketing e de diplomacia!)
Então, a única esquerda viva (sinto muito, mas não considero o PSOL "vivo" o suficiente para se colocar como representante dos trabalhadores) que resta é o MST – Movimento dos Sem Terra – e a ala mais à esquerda da Igreja Católica (esta tem sido cada vez mais reduzida pelo Vaticano).
Está na hora do MST começar a entrar "de cabeça" na política, ou o Brasil perderá de vez a utopia à qual o Azenha se refere! De outro modo, o Brasil se tornará como os EUA ou a Europa, que só têm duas opções – centro-direita ou extrema direita!

    Razek Seravhat

    Com o devido respeito,
    Enquanto tivermos esta visão de que os trabalhadores precisam ser representados para que haja transformação social, ficaremos cada vez mais iludidos, submersos numa falsa democracia. Como diria Zé Geraldo: Meu amigo, meu cumpadre, meu irmão, escreva sua história pela suas próprias mãos.

william porto

Debates na TV sao apenas jogo de cena, as normas proibem que se debata o essencial, nao há tempo, nao se confronta idéias. Os canditados dizem coisas decoradas, enfim, é apenas teatro ou ópera bufa. O debate da Band foi horrível.

Fabio_Passos

O Plinio não bancou o sabonete.

Defendeu limite para propriedade no campo em 1.000 hectares!
Isto não é conversa de marqueteiro… é a ruptura!

    Gerson Carneiro

    Essa eu não entendi.
    1.000 hectares só pode ser o limite mínimo que o Plínio está defendendo.
    Do contrário é a típica promessa de campanha. Aquela que jamais será cumprida.
    Os próprios parlamentares possuem terras muito maiores que isso.
    O Gilmar Mendes em Mato Grosso do Sul tem terras maiores que isso.
    Quero ver o macho, ou a fêmea, capaz de meter o bedelho nesse vespeiro.
    De fato isso é a ruptura… a ruptura com a realidade.

    Fabio_Passos

    Exato… ruptura com esta realidade perversa.
    É a proposta de construção de uma nova realidade.
    É a esquerda… por definição.

    Quer ver quem é capaz de meter o bedelho neste vespeiro?
    É o Plinio.

    Gerson Carneiro

    Tais brincando…
    O Plínio é um fanfarrão. Como ficou demonstrado no debate, ele está apenas tirando uma onda de "terceira via"; tá nessa de alegre.

    Fabio_Passos

    Na verdade Plinio está mostrando que a "terceira via" – o capitalismo com rosto humano – não é suficiente.

    Plinio é a via socialista.
    A ruptura.

    Leia o programa dele:

    "Uma alternativa socialista: nossas tarefas e diretrizes" http://www.plinio50.com.br/programa-de-governo-ps

    palhinha…

    "
    – Auditoria da dívida pública, com suspensão do pagamento dos juros e amortizações, controle do fluxo de capitais e do câmbio, com subordinação do Banco Central (BC) ao Estado e taxação progressiva das grandes fortunas (acima de R$ 2 milhões).

    – Defesa da reestatização da Vale

    – Defesa da Petrobrás 100% estatal; com monopólio estatal da produção e exploração de petróleo; controle estatal e social sobre o pré-sal; transição para fontes de energia renováveis.

    – Reforma agrária, defesa dos movimentos sociais sem-terra e das suas ocupações; limitação do tamanho da propriedade rural ao tamanho máximo de mil hectares, com expropriação de todas as terras que utilizem trabalho escravo e infantil.

    – Redução da jornada de trabalho de 40 horas, sem redução de salários; fim da flexibilização da jornada e dos direitos trabalhistas, fim dos bancos de horas.

    – Em defesa da legalização do aborto, pelo fim da criminalização das mulheres.

    – Pela democratização dos meios de comunicação; auditoria de todas as concessões das emissoras de rádio e TV; fim da criminalização das rádios comunitárias; anistia aos comunicadores populares; proibição da propriedade cruzada dos meios de comunicação; banda larga universal operada em regime público; criação do Conselho Nacional de Comunicação como instância deliberativa de definição das políticas de comunicação com participação popular; políticas públicas de incentivo à implementação de softwares públicos e livres, ampliando o acesso e a democratização.
    "

    Fábio

    Fabio ,eu penso como o Gerson , o Plinio só quer seu voto ,sua estratégia é mostrar que é diferente ,pois se tiver o mesmo discurso que os outros ele é carta fora do baralho.
    Isso tanto é verdade que o PSOL votou contra a cpmf ,ou seja votou contra uma verba que ia para a saúde e ao mesmo tempo fiscalizava toda movimentação bancaria e era instrumento para coibir a sonegação no país ,principalmente dos ricos.

Ramiro

Os debates são como são em função das características do PIG. E o pior é que nem se pode contar com a TV Brasil. Ainda há muito caminho a percorrer até que ela se torne uma verdadeira tv pública, voltada para garantir o direito do cidadão à informação política de qualidade, entre outras coisas.
Mas como para bom entendedor pingo é letra, acho válido assistir esses debates para analisar o dito e o não dito. O que fica implícito, as contradições e especialmente a desfaçatez das mentiras deslavadas. Sobre essas últimas o debate de ontem foi um verdadeiro festival. Uma das mais absurdas foi a acusação do Serra de que foi o Lula quem privatizou os Correios.
Seria muito oportuno se um dos blogueiros progressistas se desse ao trabalho de fazer a listagem de todas as mentiras que o Serra pregou ontem no debate.

Franco Atirador

DEBATE: RESUMO DA PARTIDA

Dilma, como é natural a todo candidato em situação de vantagem, estava retrancada na defesa, esperando a oportunidade de um contra-ataque, para ampliar o placar favorável de 10 x 0.

Serra, como também é natural a todo candidato em desvantagem, se lançou desesperado ao ataque, tentando descontar o marcador, e pelo menos marcar um gol de honra, para não terminar a partida com uma derrota vergonhosa.

E quando a partida estava nos minutos de acréscimos, nas considerações finais, Dilma marcou um golaço.

O debate de ontem foi só isso:

O ataque demagógico de Serra contra a defesa bem postada de Dilma.
.

mariazinha

Acho que VCs estão muito exigentes; o que queriam ou esperavam de um debate patrulhado e cheio de regras? Aliás, o apresentado jamais poderia chamar-se de debate. Foi uma primeira apresentação dos candidatos, que não puderam falar o que queriam devido ao controle da emissora. É assim, mesmo, depois tem mais.

ferrera13

Mas que o demotucano deixou na marca do pênalti, deixou. Achei estranho que Dilma não desejasse explorar esse lado frágil do apropriador de autorias de Leis alheias. Seriam os marqueteiros? Outra coisa: (Plínio também foi bem nessa) faltou poder de síntese dos outros candidatos.

kimparanoid

Eis o grande dilema da política: ser ideologicamente coerente ou realisticamente convincente? Plínio tentou a primeira opção, os demais, a segunda. Mas ninguém conseguiu convencer. Quando o marketing político entra em jogo e o candidato vira "produto" a ser "vendido" para a maioria do povo, as arestas são aparadas e o que se vê é essa cordial conversa mole.

Marcos Oliveira

Não seja injusto com ACM que arriscou a própria pele ao permitir o congresso da UNE em Salvador e enfurecer a linha dura do regime que explodia civis vide aquela senhora secretária da OAB.

    Valmont

    Só pode ser ironia do Marcos.
    Realmente, os carlistas sempre foram muito carinhosos com os estudantes. Lembro da invasão do campus da UFBA, quando os jovens foram acariciados por cães, cassetetes e bombas.
    Pancadas de amor… balas de borracha e gás lacrimogênio.
    O sangue e as lágrimas fazem parte dessa relação carinhosa.
    Saudades da Graúna e do Zeferino. Só Henfil para explicar estas coisas.
    O único monumento que a UNE poderia dedicar a ACM seria aquele dos sábados de aleluia.

O Velório da Utopia « Deu na telha!

[…] Um interessante ponto de vista a respeito do debate entre os candidatos presidenciáveis na Band em 05 de agosto de 2010. Clique aqui. […]

Luiz Claudio

Isso aí, concordo com e assino em baixo.Faltou soco, cuspe na cara, sangue. Uma ofensa que fosse. Plínio foi o melhor, a meu ver, porque disse o indizível: provocou, ironizou, brincou com a mesmice. Todos muito cordiais, todos muito amigos, a "manter o nível", sem baixarias. Mas isso deixou o debate insulso, sem gosto, sem sabor. Um bando de marqueteiros não faria pior. Para mim, seria a hora das ideologias, das diferenças, dos ataques, das acusações, das cobranças. Mas não houve nada disso: apenas luvas de pelica. Pareciam lordes ingleses, estereotipados, discutindo sobre problemas transcendentais. Dilma não aproveitou as oportunidades que Serra lhe ofereceu para malhá-lo, convocar o fantasma de Fernando Henrique e exibi-lo para os eleitores como um corvo pairando sobre o debate. E Serra apareceu como defensor da Petrobrás sem que, sequer, se lembrasse de que ele queria vendê-la.

    Damastor Gautierre

    Tem de soltar a guerrilheira que está dentro dela

    Tem de bater no vampiro até ele desejar voltar à tRansilvânia

Alexandre Tambelli

Azenha!

Podemos afirmar que este encaminhamento do Governo do Obama o levará a não ser reeleito para a Casa Branca e que isto pode significar um maior comprometimento da já combalida economia e realidade social americana, a volta dos republicanos e um radicalismo ainda mais à direita, internamente e nas ações mundo afora?

pablo

sua análise foi precisa, estimado jornalista.

candidato de esquerda não deveria apostar em propaganda e marketeiros (e pagar somas estratosféricas – quem financia ?), e sim na mobilização de massas e na educação popular.

Jairo_Beraldo

"O relógio do Twitter marca 3h12 da última quarta(4), quando Serra recebe mensagem do perfil de Lúcia Veríssimo. No tweet, ela mostra surpresa ao encontrar o presidenciável acordado e diz: 'Vc está acordado mesmo? Em plena correria de campanha? Sei não?!' Minutos depois, o candidato responde: 'Claro. Durmo pouco. E de dia não dá tempo'. Lúcia seguiu o diálogo solidarizando-se a Serra: 'Então temos o mesmo problema de dormir pouco. É q tem muita coisa a ser feita, não?!'. A atriz finalizou desejando boa sorte ao candidato.No começo da tarde de quinta(5), Lúcia voltou a puxar assunto com Serra. Na sequência do tweet onde reclamava que o computador o havia 'traído' nesta madrugada, Serra recebe novo tweet da atriz.Lúcia comentou: 'nossa conversa na madrugada causou patrulhamento'. O 'patrulhamento' diz respeito a um tweet deixado por Rubens Júnior,e dizia: 'Não diga que eu não avisei: a última que apoiou o Serra e disse que estava com medo sumiu da tv'. A atriz rebateu dizendo que 'não aceita patrulha'." (Blog da Juliana Weis)

Paulo Athayde

Como disse o Ed, acima, eu tambem não assisto aos debates, aliás, nunca assiti a nenhum deles. A minha opinião e posição politica em nada seriam afetadas com eles, daí considero uma perda de tempo, embora fique na torcida pelo sucesso de minha candidata, pois, isso pode afetar a opinião de algum indeciso.
Gostei muito do artigo.

Gerson Carneiro

O debate foi tão monótono a ponto de fazer santistas, recém campeões da Copa do Brasil, mudar de canal e preferir assistir ao jogo do São Paulo :)

Gerson Carneiro

Sinceramente, há velórios mais animados que o debate de ontem, 05/08/2010, na Band.

    Ed.

    …e tendo um defunto só!…

    Gerson Carneiro

    O da *velhinha desbocada de 103 anos de idade que eu pensei que não fosse morrer nunca por exemplo, foi uma farra só.

    *Dercy Gonçalves.

gabriel

A utopia não morreu, o que morreu foi a ingenuidade. Hoje qualquer jovem que entre em um movimento social, partido de esquerda, ou afins irá rapidamente se familiarizar com palavras como "tática", "estratégia", "aliança tácita", "correlação de forças" etc

Irá aprender rapidamente que política se faz com a cabeça, ou melhor, se faz com o estômago e não com o coração.

E isso não é apenas um fenômeno juvenil, é parte do que a esquerda aprendeu com suas derrotas passadas. Qual é o problema com os marketeiros? Não se trata de simplesmente dizer a verdade, mas de dizê-la da forma correta.

Emília

Por tudo isso que você escreveu, Azenha, eu não assisto debates políticos, prefiro entrevistas com cada um dos candidatos. De qualquer maneira, já decide meu voto, e só mudo e minha candidata morrer ou for condenada criminalmente. Debate nunca decidiu eleição mesmo, pois o que decide é a satisfação do povo com as políticas puúblicas que influenciam para melhor o seu dia a dia.

    dbramusse

    debate decide eleição sim, não podemos jamais esquecer a edição da globo do debate Collor XLula nos anos 80, onde collor ganhou a eleição no debate ou manipulação dele como preferir.
    Vamos ficar atentos, hoje temos a internet que proporciona uma mobilização imediata de contra informação.

    Ed.

    Eu diria que debate PODE decidir uma eleição sim, como foi seu exemplo, efetivamente.
    Mas ou sendo pequena a diferença entre os candidatos ou havendo um fato crítico acontecendo no debate.
    Este exemplo Collor x Lula reforça minha impressão de que, em debates, valem muito mais os fatores de manipulação (positiva ou negativa) do espetáculo interpessoal do que dos temas e propostas apresentados.
    Exploração oportuna das pessoas e situações.
    Primeiro, por que temas são escolhidos à dedo pelos marqueteiros. Segundo porque não corresponderão necessaramente aos fatos e intenções.

Ed.

Quem está na frente não pode se arriscar muito, pois tem mais a perder, então ficar na retranca é natural.
Se a vantagem for muita, nem aparece…
Já quem está lá atrás fica à vontade, pois só tem a ganhar ou ficar onde já está.
O resultado da estréia de Dilma foi bom, sob o aspecto de que o "preparado" não soube transformar sua bagagem de trocentas eleições e debates em vantagem sobre a estreante.
Deixou ela passar a veterana sem dar o trote…
Dilma tem que se preocupar menos sobre os temas. Explorar fraquezas e limitações pessoais do adversário.
Ser mas sarcástico ou gozado pode render mais pontos do que explicar o "aumento de 23,4% de eficiência energética… "
Debate não é quiz nem pacto ante-nupcial. É marketing, exibição, captação de simpatia.

    Antonio Gomes

    Falou e disse, Ed. Adaptando, "política é arte e debate faz parte". Quem está acompanhando eleições tem que ver os debates, mesmo que sejam monótonos como o da Band.

    O Plínio se saiu melhor porque não tinha nada a perder. Juntou sua experiência com um palavreado leve mas incisivo e fez a diferença. Marina se consolidou como picolé de chuchu, Serra manteve sua imagem draculiana. Pra mim, a Dilma tinha a tarefa mais difícil de todos: enfrentar a inexperiência, ser simpática (o que ela não é) e o pior de tudo num debate: não deixar ninguém da sua base insatisfeito. Lula e o PT estão com um arco de alianças surreal de tão grande, do MST ao agronegócio, e tem que ser muito rato, experimentado, pra levar um debate nessas condições aparentando tranquilidade. Na pergunta sobre MST do Plínio ficou claro: Dilma teve que rebolar pra não deixar ninguém descontente, enquanto o Serra foi lá e pá pum. Acho que só o Lula com o seu discurso escorregadio e metafórico é quem se saía bem nessas situações.

    Pessoalmente, achei a Dilma bem ruim. Aliás, o debate parecia de prefeitura tamanha a chatice. Vamos esperar que ela volte com tudo no próximo.

Josnei Di Carlo

Debate é que nem ver bailarinas engessadas dançando O Quebra-Nozes.

Jairo

Melhor vê-los ali recitando algo decorado, do que sermos governados por uma ditadura de militares.

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