Bolsonaro mentiu sobre os médicos cubanos. “Precisa ter prova?”, diz. Saiba as razões que ele tem para continuar mentindo

Tempo de leitura: 14 min

Da Redação

“Precisa ter prova para fazer isso aí?”, perguntou recentemente o presidente Jair Bolsonaro a um jornalista.

Ele foi questionado depois de dizer, sem apresentar qualquer evidência, que os cubanos que trabalharam no Mais Médicos no Brasil eram guerrilheiros — e não profissionais de saúde (ver vídeo acima).

Bolsonaro, de fato, não precisa apresentar qualquer prova quando se trata de falar à sua base eleitoral.

Ele repete a estratégia de Donald Trump, de se manter artificialmente no noticiário, num ciclo interminável de declarações provocativas e absurdas.

As redes sociais subvertem a forma tradicional de fazer política: vence quem consegue se colocar acima da avalanche de informações a que é submetido o “consumidor”, muitas vezes através de teorias conspiratórias absurdas, mas chamativas.

Passada a eleição, em que venceu alimentando uma máquina de fake news em escala industrial, Bolsonaro continua dispondo de um exército de robôs para governar.

A atuação dos robôs permite a Bolsonaro criar, nas redes sociais, a ideia de que conta com apoio popular muito maior do que de fato tem — basta olhar as caixas de comentários dos portais.

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Uma auditoria do Fake Followers Audit, publicada em maio deste ano pelo UOL, com base na análise de 2.000 seguidores do presidente da República no twitter, estimou em mais de 60% os chamados bots, ou robôs.

O UOL Tecnologia aprofundou a busca e descobriu que 59% dos seguidores do presidente não falam português, 61% eram perfis criados nos últimos 90 dias e 18% nem tinham foto — qualquer uma — no perfil.

O uso de robôs, que seria coordenado pelo vereador Carlos Bolsonaro, deu recentemente uma demonstração de seu poder de fogo, segundo a revista Veja.

Quando a publicação trouxe uma reportagem com os vazamentos relativos a Sergio Moro, em parceria com o Intercept, recebeu 3,2 milhões de menções no twitter dos dias 5 a 9 de agosto.

Porém, a Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV) fez um levantamento que apontou que 220 mil das postagens “foram provavelmente feitas por robôs, a maioria delas em tom crítico a VEJA. Outro dado curioso: uma quantidade considerável dessas mensagens supostamente automatizadas veio do Irã. Lá da terra dos aiatolás houve o disparo de hashtags como #glenncomproumandato, #somostodosmoro e #pavaomisteriosovoltou. Como apoios no Oriente Médio ao ex-juiz são pouco plausíveis, a hipótese de que esses perfis sejam robôs é, segundo os especialistas, a mais aceitável”.

Durante a semana, a assessora do Planalto Rebecca Félix da Silva, que trabalhou numa agência durante a campanha de Jair Bolsonaro, confirmou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que testemunhou o envio de fake news a partir da casa do empresário Paulo Marinho, suplente do hoje senador Flávio Bolsonaro.

Rebecca, que tinha o cargo de coordenadora de mídia, disse que atuou na sede do PSL em Brasília, na agência AM4 do Rio de Janeiro e na casa de Marinho.

O próprio empresário confirmou que disparos eram feitos de sua casa, em entrevista à GloboNews.

Segundo ele, simpatizantes de Bolsonaro produziam o material: “Tinham algumas peças muito bem feitas. A gente só não aproveitava isso na campanha, mas chegava, a gente mandava pra outros, a gente circulava aquilo. Não havia aquela limitação que hoje existe no WhatsApp, então a gente encaminhava para 200, 300 pessoas”.

Ele também confirmou o uso de fake news: “Quando tinha alguma graça, a gente mandava, fake news a gente também mandava, enfim, como chegava a gente saia”.

A repórter Andrea Sadi não perguntou se havia alguma combinação para que os robôs trabalhassem a partir daquelas 200 ou 300 contas que o empresário admitiu usar como destinatárias.

O El Pais levantou quais foram as cinco principais mentiras disseminadas durante a campanha eleitoral que beneficiaram Bolsonaro:

  1. Haddad é o criador do kit gay para crianças de 6 anos
  2. Homem que tentou matar Bolsonaro é militante do PT
  3. Esta senhora foi agredida por petistas na rua quando gritou Bolsonaro [com foto da atriz Beatriz Segall, já falecida]
  4. Haddad defende incesto e comunismo em um de seus livros
  5. Haddad vai legalizar a pedofilia

No mundo do bolsonarismo não existe qualquer apego à verdade factual e o presidente da República dispõe dos meios para exercer o poder exatamente como fez a campanha.

Na definição do procurador Deltan Dallagnol, em mensagem enviada a colegas da Lava Jato, trata-se do “expor e pressionar”, ou seja, do assassinato de caráter através das fake news, com o uso massivo de robôs.

Num artigo publicado domingo passado, o New York Times expôs como o You Tube ajudou a “radicalizar” o Brasil.

O diário norte-americano fez referência à poderosa ferramenta de inteligência artificial do You Tube, que recomenda outros vídeos com conteúdo parecido ao usuário.

A descrição explica exatamente o motivo pelo qual Jair Bolsonaro vai continuar mentindo à vontade: quanto mais bizarras forem suas afirmações, maior será o público potencial exposto às suas “ideias” nas redes sociais, especialmente no You Tube, onde ele tem mais de 2 milhões e 500 mil seguidores:

O sistema de recomendações do YouTube foi desenvolvido para maximizar o tempo de exibição, entre outros fatores, diz a empresa, mas não para favorecer qualquer ideologia política. O sistema sugere o que assistir a seguir, muitas vezes reproduzindo os vídeos automaticamente, em uma busca incessante para nos manter colados em nossas telas.

Mas as emoções que atraem as pessoas — como medo, dúvida e raiva — são muitas vezes características centrais das teorias da conspiração e, em particular, dizem os especialistas, do extremismo de direita.

Como o sistema sugere vídeos mais provocativos para manter os usuários observando, ele pode direcioná-los para conteúdos extremos que, de outra forma, nunca encontrariam. E é projetado para levar os usuários a novos tópicos que despertem novos interesses — um benefício para canais como o de [Nando] Moura, que usam a cultura pop como porta de entrada para ideias de extrema-direita.

O sistema agora leva 70% do tempo total na plataforma, diz a empresa. À medida que a audiência sobe globalmente, o YouTube está atraindo mais de US $ 1 bilhão por mês, acreditam alguns analistas.

Fake news contra Fernando Haddad na campanha de 2018

Como o YouTube ajudou Bolsonaro e a extrema-direita no Brasil

por Max Fisher e Amanda Taub, no NY Times, via portal Vermelho, tradução Cristiane Manzato, Carta Maior

Quando Matheus Dominguez tinha 16 anos, o YouTube lhe recomendou um vídeo que mudou sua vida. Ele fazia parte de uma banda em Niterói, uma cidade cercada de praias no Brasil, e estudava violão assistindo tutoriais online. O YouTube havia instalado recentemente um poderoso sistema de inteligência artificial que aprendia a partir do comportamento de seus usuários e os pareava a vídeos com recomendações de outras pessoas.

Um dia, o sistema o direcionou a um professor amador de guitarra chamado Nando Moura, que tinha ganhado seus seguidores postando vídeos sobre o heavy metal, vídeo games e, sobretudo, política. Em um divertido papo de extrema direita paranoico, Nando Moura acusava feministas, professores e grandes nomes políticos de promoverem grandes conspirações. E foi assim que o Matheus Dominguez foi fisgado.

Com a sua constante presença no canal, o YouTube passou a recomendar mais vídeos de outras figuras da extrema direita. Um desses vídeos era de um deputado chamado Jair Bolsonaro, então uma figura qualquer na política nacional – mas uma estrela na comunidade da extrema direita brasileira no YouTube, onde a plataforma se tornou a mais vista do que tudo, com a exceção de um canal de TV. No ano passado, ele se tornou o presidente Bolsonaro.

“O YouTube transformou-se em uma espécie de plataforma de rede social da direita brasileira,” disse Matheus, agora com 17 anos de idade, que diz, também, almejar carreira política. Os membros da recém fortalecida extrema-direita do país – desde os membros da base até os deputados federais – afirmam que seu movimento não teria crescido tanto, e tão rápido, não fosse pelo mecanismo de recomendação do YouTube.

Novas pesquisa tem mostrado que eles talvez estejam corretos. O sistema da busca e de recomendação do YouTube parece ter desviado sistematicamente usuários para canais de conspiração e de extrema-direita no país. Uma investigação do jornal The New York Times no Brasil encontrou que, vez e outra, os vídeos promovidos pelo site trocavam elementos centrais da vida cotidiana.

Os professores descrevem que os alunos tornaram suas salas de aulas em algo indisciplinado, que, incentivados pelas estrelas da extrema direita do Youtube, filmam suas aulas escondidos citando os vídeos conspiratórios do site. Alguns pais procuram pelo “Dr. YouTube” para conselhos sobre saúde – mas no lugar recebem informações incorretas e perigosas, o que acaba por prejudicar os esforços que o País faz para combater inúmeras doenças, como o Zika vírus. Há vídeos que estimulam as ameaças de morte aos defensores da saúde pública.

Quando se trata da política, existe uma onda de estrelas da direita do YouTube que estavam concorrendo a cargos políticos ao lado de Bolsonaro – alguns ganharam com margens históricas. Muito deles ainda usam a plataforma, governando a quarta maior democracia do mundo pela internet através de trolagens e provocações.

O sistema da recomendação do YouTube é projetado para maximizar o tempo que se leva assistindo a algo, entre outros fatores, mas não para favorecer alguma ideologia política em detrimento da outra. O sistema sugere o que assistir em seguida, já iniciando os próximos vídeos automaticamente, em um infinito apelo para que aquele que assiste nunca desgrude das telas.

Mas as emoções que levam as pessoas a assistirem a esses vídeos – como o medo, a dúvida e a raiva – são frequentemente características centrais de teorias da conspiração, como alguns especialistas afirmam, as de extrema direita. Enquanto o sistema sugere vídeos mais apelativos, a fim de manter os usuários assistindo, ele pode também os conduzir para conteúdo mais extremos que, de outra maneira, jamais teriam acesso. E é projetado para levar os usuários a novos tópicos para desenvolver novos interesses – um presente para os canais como o de Nando Moura que usa a cultura pop como uma ponte para ideias de extrema direita.

O sistema conduz agora 70% do tempo total na plataforma, afirma a empresa. Enquanto a audiência sobe globalmente, o YouTube arrecada cerca de US$ 1 bilhão por mês, alguns analistas acreditam. Zeynep Tufekci, um estudioso de mídia social, chamou a atenção para “um dos mais poderosos instrumentos de radicalização do Século 21”.

Os representantes da empresa contra-argumentaram a metodologia dos estudos, e afirmaram que a plataforma não privilegia o ponto de vista de um em detrimento do outro, ou ainda que direcionam os usuários ao extremismo. No entanto, outros membros da empresa concederam algumas descobertas e prometeram realizar algumas mudanças. Farshad Shadloo, um porta-voz, disse que o YouTube tem “investido pesadamente nas normas, recursos e produtos” para reduzir a propagação de má informação que venha a ser prejudicial. “Vimos que conteúdos autoritários estão prosperando no Brasil e é um dos mais recomendados no site.”

A fundadora do instituto de pesquisa Data & Society, Danah Boyd, atribuiu esse abalo do Brasil devido a insistência do YouTube de emplacar o envolvimento do usuário, e a receita que isso gera. Embora os escândalos de corrupção e uma profunda recessão tenha já tenham devastado a institucionalidade política do País, e tenham deixado muitos brasileiros prontos para romperem com o status quo, Danah Boyd chamou o impacto do YouTube uma indicação preocupante da crescente influência da plataforma sobre as democracias no mundo todo. “Isto está acontecendo em toda parte,” disse.

A Festa do YouTube

Maurício Martins, vice-presidente local do partido de Bolsonaro em Niterói, creditou “a maior parte” do recrutamento do partido para o YouTube – incluindo o seu próprio. Ele estava matando o tempo no site um dia, ele lembrou, quando a plataforma mostrou a ele um vídeo de um blogueiro de direita. Ele assistiu por curiosidade. E depois assistiu a outro e depois outro.

“Antes disso, eu não tinha uma formação política ideológica”, disse Martins. As recomendações de reprodução automática do YouTube, declarou ele, foram “minha educação política. Era assim para todo mundo”.

A influência política da plataforma é sentida cada vez mais em escolas ao redor do Brasil. “Às vezes, estou assistindo a vídeos sobre jogos – e de repente é um vídeo sobre Bolsonaro” disse Inzaghi D., uma adolescente de 17 de Niterói.

Seus colegas têm feito mais e mais reivindicações extremistas, citando com frequência como prova estrelas do YouTube, como Nando Moura, o ex-guitarrista que virou conspiracionista. “É a principal fonte de informação para essa meninada,” ele disse.

Poucos ilustram tão bem como acontece a influência de um YouTuber como Carlos Jordy. Musculoso e com tatuagens pelo corpo todo – na sua mão esquerda há o desenho de um crânio em chamas com olhos de diamantes –, ele se tornou vereador em 2017 com poucas possibilidades de ascender politicamente.

Foi então, que Carlos Jordy, se inspirou em youtubers como Nando Moura e seu mentor político, Jair Bolsonaro, e mudou seu foco para o YouTube.

Postou vídeos onde acusava professores locais de doutrinarem seus estudantes para o comunismo.

Os vídeos o deram um “reconhecimento nacional,” disse, o que o impulsionou a sua rápida escalada, em um período de apenas dois anos, à Câmara dos Deputados.

“Se as mídias sociais não existissem, eu não estaria aqui,” disse. “Jair Bolsonaro não seria presidente.”

Na toca do coelho

A alguns quilômetros de distância de Niterói, uma equipe de pesquisadores liderada por Virgilio Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), se debruçava sobre os computadores, tentando compreender como YouTube molda a realidade de seus usuários.

A equipe analisou as transcrições de milhares de vídeos, bem como, os comentários feitos sobre eles. Eles deduziram que, nos canais de direita no Brasil, a audiência subia em níveis elevados, quando em comparação com outros canais, e pareceu indicar o conteúdo político do site.

Nos meses depois que o YouTube mudou seu algoritmo, menções positivas sobre Bolsonaro explodiram. E também os comentários de teorias conspiracionistas que ele divulgou.

Isso tudo começou enquanto as pesquisas ainda o mostravam como impopular, sugerindo que a plataforma estava fazendo mais do que meramente refletindo tendências políticas.

Uma equipe do Centro de Berkman Klein de Harvard começou a testar se a ascensão meteórica da extrema direita brasileira na plataforma tinha sido impulsionada pelo mecanismo de recomendação de YouTube.

Jonas Kaiser e Yasodara Córdova, junto a Adrian Rauchfleisch da Universidade Nacional de Taiwan, programaram um servidor, situado no Brasil, para entrar em um canal popular, ou em um mecanismo de pesquisa, e então abrir as principais recomendações sugeridas pelo YouTube, e depois seguir cada uma delas, e assim por diante.

Ao repetir isso milhares de vezes, os pesquisadores rastrearam como a plataforma movia seus usuários de um vídeo ao outro.

Eles descobriram que, depois que os telespectadores assistiram a um vídeo sobre política ou mesmo de entretenimento, as recomendações do YouTube frequentemente favoreciam aqueles de direita, canais repletos de teorias conspiracionistas, como o de Nando Moura.

Crucialmente, os usuários que assistiram a um canal de extrema-direita seriam apresentados a muitos outros semelhantes.

O algoritmo tinha unido canais, que antes não eram notados – e construiu um alto nível de audiência para eles, concluíram os pesquisadores.

E um desses canais pertencia a Jair Bolsonaro, que há muito usava a plataforma para postar conspirações e boatos.

Embora tenha sido um dos primeiros políticos adeptos do YouTube, seus seguidores online pouco fizeram para que ele conseguisse expandir sua base política, a qual mal existia a nível nacional.

Então o sistema político brasileiro desmoronou ao mesmo tempo que a popularidade do YouTube disparou. As visões de Bolsonaro não mudaram.

No entanto, a extrema-direita do YouTube, onde ele era a figura central, viu sua audiência explodir, levando inúmeras pessoas a seguir suas ideias em um momento que o país necessitava de uma mudança política.

O YouTube questionou a metodologia dos investigadores e disse que seus dados internos contradizem suas descobertas. Contudo, a empresa rejeitou os pedidos do Times sobre esses dados, bem como, os pedidos de certas estáticas que revelariam se os dados encontrados pelos pesquisadores estavam de fato corretos.

As conspirações não foram limitadas à política. Muitos brasileiros que procuravam informações no YouTube sobre saúde básica se depararam com vídeos que os amedrontaram: alguns diziam que o Zika vírus estava sendo espalhado através de vacinas, ou por inseticidas que deveriam estar controlando o mosquito que transmitia a doença que estava devastando a região do Nordeste.

Os vídeos começaram a surgir cada vez mais na plataforma, de uma maneira muito parecida com os vídeos de conteúdo de extrema-direita, realizando reivindicações alarmantes, e prometiam verdades não ditas, o que levava os usuários a não desgrudarem das telas.

Médicos, assistentes sociais e agentes do governo afirmaram que esses vídeos criaram a base da crise da saúde pública, à medida que pacientes recusavam vacinas e até mesmo inseticidas contra o Zika.

As consequências disso foram mais marcantes em comunidades mais pobres, como é o caso de Maceió, uma cidade no Nordeste, que estava entre as mais afetadas pelo vírus.

“Fake news é uma guerra virtual,” disse Flávio Santana, um neurologista pediátrico que vive em Maceió. “Ela vem de todos os lados.”

Quando o Zika vírus se espalhou primeiramente em 2015, os agentes da saúde distribuíram os larvicidas que mataram os mosquitos que espalhavam a doença.

Não muito depois que o YouTube instalou seu novo mecanismo de recomendações, os pacientes de Flavio Santana começaram a lhe dizer que tinham visto vídeos que diziam que o que causava o Zika eram as vacinas e, depois, a causa eram os larvicidas. Muitos recusaram ambos.

Auriene Oliviera, uma infectologista no mesmo hospital, disse que havia aumentado o número de pacientes que contradiziam seus conselhos médicos, incluindo procedimentos cruciais para a sobrevivência de seus filhos.

“Eles diziam: ‘Não, eu pesquisei no Google, eu vi no YouTube” comentou a médica.

Agentes da área médica estavam competindo “todos os dias contra o ‘Dr. Google e o Dr. Youtube’”, disse, e ainda estão perdendo.

Mardjane Nunes, uma especialista em Zika, deixou recentemente um importante cargo no Ministério da Saúde, disse que agente da saúde ao redor do Brasil tem reportado situações parecidas.

Quanto mais comunidades recusarem o larvicida de combate ao mosquito, mais haverá mais chance de o vírus retornar, acrescentou. “As mídias sociais estão ganhando,” disse.

A comunidade médica brasileira tem razão em se sentir em desvantagem. Os pesquisadores de Harvard descobriram que o sistema do YouTube automaticamente direciona quem está procurando por informações sobre o Zika vírus, ou mesmo quem assistiu a respeitáveis vídeos sobre questões de saúde, à canais conspiratórios.

Um porta-voz do YouTube confirmou as descobertas do Times, dizendo que isso era não intencional, e disse que a companhia mudaria como a ferramenta de busca apresentava os vídeos relacionados ao Zika.

Um “ecossistema de ódio”

Conforme a extrema-direita foi crescendo, muitas de suas lideranças aprenderam a usar os vídeos conspiracionistas como armas, oferecendo ao seus inúmeros telespectadores um alvo: pessoas a serem culpadas.

Eventualmente, os conspiracionistas do YouTube viraram seu foco para Debora Diniz, uma ativista dos direitos das mulheres cuja militância pela legalização do aborto a fez um alvo da extrema-direita.

Bernardo Küster, uma estrela no YouTube cujas reclamações habituais lhe renderam 750 mil seguidores e apoio de Jair Bolsonaro, acusou-a de ter participado da suposta conspiração em torno do Zika vírus.

Os vídeos começaram a insinuar que muitas pessoas que trabalhavam para auxiliar famílias afetadas pelo Zika vírus estavam, na verdade, por trás da doença.

E com o apoio de estrangeiros, de origem não ditas, elas estavam abolindo a proibição do aborto no Brasil – ou, então, realizando abortos forçados.

Como diversos canais de extrema direita conspiratórios começaram a citar uns aos outros, o sistema de recomendação do YouTube aprendeu a unir esses vídeos.

Por mais insustentáveis que fossem os boatos caso feitos de maneira isolada, colocados juntos, eles causaram a impressão de que dezenas de fontes diferentes começaram a revelar uma mesma verdade alarmante.

“Parece que a conexão é feita pelo espectador, mas na realidade é feita pelo sistema”, Débora disse.

Constantes ameaças de estupro e tortura eram feitas pelo telefone e e-mail de Débora. Alguns mencionavam sua rotina pessoal.

Muitos repetiam as declarações feitas por Bernardo Küster em seus vídeos, disse.

Mesmo nunca tendo endossado explicitamente as ameaças, Küster as mencionou bem contente, o que o manteve dentro das regras do YouTube.

Quando a universidade onde a ativista leciona recebeu um aviso de que um atirador dispararia contra ela e seus alunos, e a polícia disse que eles não conseguiriam garantir sua segurança, ela deixou o Brasil.

“O sistema do YouTube que recomenda os vídeos em sequência criou um ecossistema de ódio”, disse ela.

“Ouvi aqui que ela é uma inimiga do Brasil. No outro, eu escuto que feministas estão mudando os valores da família. E no seguinte eu ouço que são financiadas por grupos estrangeiros”, ela disse.

“Esse ciclo é o que leva alguém a dizer ‘Vou fazer o que tiver que ser feito’. Precisamos que as empresas assumam seus papéis” disse a ativista. “Eticamente, são responsáveis.”

As conspirações se espalharam pelo YouTube, e os videomakers fizeram de grupos, cujo trabalho é em relação à assuntos controversos, como o aborto, de alvo.

Até mesmo algumas famílias que confiavam nesses grupos, vieram a questionar se esses vídeos eram de fato verdade, e começaram a evitá-los.

No Brasil, esta é uma prática que cresce cada vez mais online, conhecida como “linchamento”.

Bolsonaro, um pioneiro nesse assunto, espalhava vídeos em 2012 que acusava falsamente intelectuais da esquerda de forçar as escolas a distribuir “kit gays” para converter crianças à homossexualidade.

Carlos Jordy, seu protegido tatuado de Niterói, não estava nem um pouco preocupado que sua campanha no YouTube – que acusava seus professores de espalhar o comunismo – virou suas vidas de cabeças para baixo.

Uma daquelas professoras, Valeria Borges, disse que ela e seus colegas tinham sido oprimidos com mensagens do ódio, gerando um clima do medo. Longe de contra-argumentar isso, Carlos disse que esse era seu objetivo.

“Eu queria que ela sentisse medo”, afirmou. “É uma guerra cultural que estamos lutando,” explicou. “E foi para isso que eu me candidatei.”

A ditadura dos “likes”

O ponto de partida para assuntos políticos no YouTube pode ser a sede do Movimento Brasil Livre em São Paulo, o qual tomou forma em 2016, a fim de promover o processo de impeachment da então presidenta de esquerda, Dilma Rousseff.

Seus membros são majoritariamente os jovens da classe média de direita e que estão online na maior parte do tempo.

Renan Santos, coordenador nacional do grupo, gesticulou para uma porta com a descrição “Área do Youtube”, e disse: “Ali é o coração de tudo”.

Dentro da sala, oito jovens se debruçavam sobre os softwares de edição. Um deles estava estilizando uma foto de Benito Mussolini para um vídeo onde argumentavam que o fascismo foi erroneamente classificado como de direita.

Mas até mesmo aqui algumas pessoas temam o impacto da plataforma sobre a democracia.

Renan Santos, por exemplo, classificou as mídias sociais como uma “arma”, e completa com o fato de que alguns seguidores de Bolsonaro “querem utilizar essa arma como meio de pressionar algumas instituições de uma maneira, que eu não vejo, como responsável.”

O cofundador do grupo, Pedro D’Eyrot, ex-guitarrista de rock, com um coque na cabeça, disse: “Temos algo aqui que podemos chamar de a ditadura dos ‘likes’”.

A realidade, disse ele, é moldada de acordo com a mensagem que mais viraliza. Enquanto ele falava, um vídeo de duas horas no YouTube cativava a nação. Intitulado “1964” – o ano do golpe militar no Brasil –, argumentava que a tomada de poder era necessária para salvar o Brasil do comunismo.

Dominguez, o garoto que está aprendendo a tocar violão, disse que o vídeo o persuadiu a acreditar que seus professores tinham inventado os horrores do regime militar.

Valéria Borges, professora da história demonizada no YouTube, disse que o vídeo lhe trouxe de volta memórias da época militar, como o toque de recolher, os militantes desaparecidos e as batidas polícias. “Acho que ainda não levei minha última surra”, disse ela.

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Zé Maria

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A Ciência não é Opinião.
A Ciência se opõe à Superstição,
ao Dogma e ao Obscurantismo.
E História também é Ciência.

A História é a Ciência
do Tempo e no Tempo,
muito além da Aparência.

Zé Maria

Todo tempo é Tempo de Ciência
E todo dia é Dia do Historiador.
.
.
“É vital o historiador
lutar contra a mentira.
O historiador não pode
inventar nada,
e sim revelar o passado
que controla o presente
às ocultas.”

Erick Hobsbawm (1917-2012)
Historiador Britânico

Marc Dildon

Obrigado pela resposta caro Luíz Carlos Azenha.
O enfoque dado na minha observação nada tem a ver o bombardeiro B17 apresentar provas da acusação que ele fez, mas sim a ausência de de nexo entre a matéria e o seu título. Como referi, este é o modus operandi da criação das fake news (versada na matéria) com a apresentação de uma chamada bombástica direcionada em alertar para um texto que contém o verdadeiro veneno que se quer difundir. Na minha opinião, a melhor resposta a minha observação seria a publicação do texto que desenvolve a chamada do headline. Por fim, é melhor não fazer muita força para encontrar apenas UM dos pacientes que possa ter sido doutrinado por um médico cubano. A simples conversa durante uma consulta de que as praias de Varadero são lindas, não deixa de ser uma doutrinação perfeitamente aceitável. Por favor, publique a matéria em questão para darmos por encerrada esta troca de mensagens. Obrigado

Marc Dildon

Obrigado pela resposta caro Luíz Carlos Azenha.
O enfoque dado na minha observação nada tem a ver com obombardeiro B17 ter que apresentar provas da acusação que ele fez,
mas sim a ausência de de nexo entre a matéria e o seu título. Como referi, este é o modus operandi da criação das fake news (versada na matéria) com a apresentação de uma chamada bombástica direcionada em alertar para um texto que contém o verdadeiro veneno que se quer difundir. Na minha opinião, a melhor resposta a ser dada a minha observação seria a publicação do texto que desenvolve a chamada do headline. Por fim, é melhor não fazer muita força para encontrar apenas UM dos pacientes que possam ter sido doutrinado por um médico cubano. A simples menção de que Varadero é linda, não deixa de ser uma doutrinação perfeitamente aceitável. Por favor, publique a matéria em questão e damos por encerrada está troca de mensagens. Obrigado

Marc Dildon

Obrigado pela resposta caro Luíz Carlos Azenha.
O enfoque dado na minha observação nada tem a ver o bombardeiro B17 apresentar provas da acusação que ele fez, mas sim a ausência de de nexo entre a matéria e o seu título. Como referi, este é o modus operandi da criação das fake news (versada na matéria) com a apresentação de uma chamada bombástica direcionada em alertar para um texto que contém o verdadeiro veneno que se quer difundir. Na minha opinião, a melhor resposta a minha observação seria a publicação do texto que desenvolve a chamada do lead. Por fim, é melhor não fazer muita força para encontrar apenas UM dos pacientes que possam ter sido doutrinado por um médico cubano. A simples menção de que Varadero é linda, não deixa de ser uma doutrinação perfeitamente aceitável. Por favor, publique a matéria em questão. Obrigado

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/ECRTMDfXUAAZmL5.jpg
O SUS não é só a imagem do Pronto-Socorro lotado
– que aparece na TV – “com macas no corredor,
gente sentada no chão e fila de doentes na porta”

“Sem o SUS, é a Barbárie”

“Esquecem-se de que o SUS oferece gratuitamente o maior programa de vacinações e de transplantes de órgãos do mundo.

Nosso programa de distribuição de medicamentos contra a Aids
revolucionou o tratamento da doença nos cinco continentes.

Não percebem que o resgate chamado para socorrer
o acidentado é do SUS, nem que a qualidade das transfusões
de sangue nos hospitais de luxo é assegurada por ele.”

“30 anos atrás, um grupo de visionários ligados à esquerda
do espectro político defendeu a ideia de que seria possível
criar um sistema que oferecesse saúde gratuita a todos os brasileiros. Parecia divagação de sonhadores.

Ao saber que se movimentavam nos corredores do Parlamento, para convencer deputados e senadores da viabilidade do projeto, achei que levaríamos décadas até dispor de recursos financeiros para a implantação de políticas públicas com tal alcance.

Menosprezei a determinação, o compromisso com a justiça social e a capacidade de convencimento desses precursores.

Em 1988, escrevemos na Constituição: “Saúde é direito do cidadão e dever do Estado”.

Por incrível que pareça, poucos brasileiros sabem que o Brasil
é o único país com mais de 100 milhões de habitantes
que ousou levar assistência médica gratuita a toda a população.”

Nossa Estratégia Saúde da Família, com agentes comunitários em equipes multiprofissionais que já atendem de casa em casa dois terços dos habitantes, é citada pelos técnicos da Organização
Mundial da Saúde como um dos mais importantes do mundo.

“Pouquíssimos têm consciência de que o SUS é, disparado, o maior e o mais democrático programa de distribuição de renda do país.
Perto dele, o Bolsa Família não passa de pequena ajuda.
Enquanto investimos no SUS cerca de R$ 270 bilhões anuais,
o orçamento do Bolsa Família mal chega a 10% disso”.

“Pratiquei medicina por 20 anos antes da existência do SUS.
Talvez você não saiba que, naquela época, só os brasileiros
com carteira assinada tinham direito à assistência médica,
pelo antigo INPS.
Os demais pagavam pelo atendimento ou faziam fila na porta
de meia dúzia de hospitais públicos espalhados pelo país
ou dependiam da caridade alheia, concentrada nas santas casas
de misericórdia e em algumas instituições religiosas.

Eram enquadrados na indigência social os trabalhadores
informais, os do campo, os desempregados e as mulheres
sem maridos com direito ao INPS.
As crianças não tinham acesso a pediatras e recebiam uma
ou outra vacina em campanhas bissextas organizadas
nos centros urbanos, de preferência em períodos eleitorais.”

“Apesar das dificuldades, estamos numa situação incomparável
à de 30 anos atrás.
Devemos defender o SUS e nos orgulhar da existência dele.”

Dr. Drauzio Varella, na Folha

https://pbs.twimg.com/media/ECRRSLYWsAYLvx6.jpg

Zé do rolo

O Bozo é a mentira em pessoa aliás é também idiota e burro.

Marc Dildon

O título da notícia é “Bolsonaro mentiu sobre os médicos cubanos. “Precisa ter prova?”, diz. Saiba as razões que ele tem para continuar mentindo”, porém constata-se que o articulista nada refere que possa contrariar a acusação feita pelo bombardeiro B17, seja através de provas que demonstrassem que os médicos cubanos não traziam a ideologia dentro da mala e que não contribuíam com parte do salário recebido do governo brasileiro com remessas para o regime cubano. Infelizmente o texto, apenas procura demonstrar o mecanismo de influência do YouTube na política nacional, dirigindo o foco para a direita, como se a esquerda fosse inocente nesta guerra mediática. As fake news não terminam no texto que massacram a mentira como se fosse uma verdade. Ao contrário, começam no texto que chama a atenção do leitor, precisamente como esta notícia que aponta para desmentir uma verdade, porém afunda-se num texto nada tem a ver com a matéria. Infelizmente este é o mal que padece o jornalismo brasileiro da média eletrônica, onde pseudo escribas vestem-se de arautos da verdade, tal como lobos escondidos em peles de ovelhas. É pena, perderam um leitor inteligente.

    Luiz Carlos Azenha

    Desculpe, mas quem tem de apresentar provas é o Bolsonaro. Basta ele achar UM, UM único brasileiro que tenha sido doutrinado por um médico cubano e apresentá-lo publicamente. E olha que foram milhões de atendimentos!

robertoAP

Essas poucas palavras cheias de erros de português ,pronunciadas pelo presidente(sic) do Brasil, são um verdadeiro tratado sobre imbecilidade, demência terminal e alucinação opiácea, com pitadas de analfabetismo e anemia cultural.

Zé Maria

Agora, talvez dê pra entender
por que China e Rússia impõem
restrições de acesso às Plataformas
da Google, da Facebook e de outras
Corporações com Matriz nos U.S.A.

O uso da internet por indivíduos de
má-fé, inescrupulosos e maus-caráteres,
e a manipulação da informação estão
ocasionando tragédias no mundo inteiro.

Um Exemplo é a disseminação de campanhas
contra a Vacinação que provocaram os atuais Surtos de Sarampo em países que há tempos haviam declarado a doença eliminada.

“Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o número de casos de sarampo no mundo triplicou nos primeiros sete meses de 2019, considerando o mesmo período do ano em 2018.”
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49346963

https://www.bbc.com/portuguese/geral-48780905
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/01/nova-york-vive-surto-de-sarampo-que-pode-ser-o-pior-em-decadas.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/06/nova-york-proibe-alegacao-religiosa-para-nao-vacinar-criancas.shtml
https://br.sputniknews.com/americas/2019042813774951-sarambo-eua-casos-vacina/

    Zé Maria

    | 29/8/2017 | Reportagem: Keila Guimarães | BBC Brasil |

    Vacinação em Queda no Brasil Preocupa Autoridades
    por Risco de Surtos e Epidemias de Doenças Fatais

    O Brasil é reconhecido internacionalmente por seu amplo programa de imunização, que disponibiliza vacinas gratuitamente à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
    Criado em 1973, o Programa Nacional de Imunização (PNI) teve início com quatro tipos de vacina e hoje oferece 27 à população, sem qualquer custo.

    No entanto, a cobertura vacinal no país está em queda. Números do PNI analisados pela BBC Brasil mostram que o governo tem tido cada vez mais dificuldade em bater a meta de vacinar a maior parte da população.

    Um exemplo é a poliomielite: a doença responsável pela paralisia infantil está erradicada no país desde 1990.

    Em 2016, no entanto, o país registrou a pior taxa de imunização dos últimos doze anos: 84% no total, contra meta de 95%, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

    Os dados de 2016 são parciais até outubro, mas emitidos após a campanha nacional de multivacinação, finalizada em setembro.

    O que o governo mais teme é que a redução de pessoas vacinadas crie bolsões de indivíduos suscetíveis a doenças antigas e controladas no país.

    Em um grupo como esse, a presença de apenas uma pessoa infectada poderia causar um surto de grandes proporções.

    Em 1997, antes desse surto, a chegada em São Paulo de um único bebê infectado com sarampo, vindo do Japão, causou uma epidemia de proporções subcontinentais.
    O vírus infectou 53.664 pessoas no Brasil e se alastrou para países da América do Sul, deixando dezenas de mortos.

    Dois anos antes, uma extensa campanha de vacinação contra o sarampo havia ficado abaixo da meta de 95% em todo o país – no Sudeste, atingiu apenas 76,91%.

    Foi o que houve nos Estados do Ceará e Pernambuco entre 2013 e 2015. Após quase dez anos com cobertura de vacinação acima de 95% contra sarampo, caxumba e rubéola, em 2013 houve forte queda na cobertura de pessoas vacinadas nos dois Estados, seguida por um surto de sarampo que teve início no Pernambuco e se alastrou para 38 municípios do Ceará.

    Ao todo, foram 1.277 casos nos dois Estados. Antes do surto, o Brasil não registrava um caso autóctone de sarampo desde 2000. Casos isolados desde então eram importados de outros países.

    “Quando há queda nas taxas de imunização você vai criando um grupo de pessoas suscetíveis.
    Esse grupo vai crescendo ao longo do tempo, até chegar ao ponto em que a importação de um único caso gera uma epidemia”, explica Expedito Luna, médico e professor de epidemiologia do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP).

    “Nós sabemos que é muito difícil atingir a totalidade de 100% das crianças vacinadas.
    Mas ao chegar próximo a esse nível, a chance de epidemia é muito pequena, mesmo na presença de um agente infeccioso”, diz.

    Movimento antivacina
    De acordo com Carla Domingues, há diversos fatores que podem estar por trás dos números em queda e um deles pode ser a recusa de pais em vacinar seus filhos, que tem aumentado nos últimos anos.
    “Os dados de 2016 mostram menor cobertura vacinal para a poliomielite.
    Pode ser por fatores sazonais, mas a resistência das pessoas
    é algo que está nos chamando a atenção,” diz.

    Com mais vacinas disponíveis, algumas famílias optam por quais aplicar em seus filhos.
    Outras preferem evitar a vacinação das crianças, por julgá-las saudáveis.

    Há ainda os que preferem evitar que os filhos sejam vacinados por razões religiosas, ou os que temem reações adversas – na Grã-Bretanha, por exemplo, houve um intenso debate no final dos anos 90 quando um médico sugeriu, em um estudo, uma ligação entre a vacina tríplice viral e casos de autismo.

    Essa decisão individual – de vacinar os filhos ou não – acaba impactando o número de pessoas protegidas contra doenças transmissíveis, mas preveníveis, e criando grupos suscetíveis.

    Grupos antivacina são tão antigos quanto os programas de imunização, iniciados no século 19, quando reações adversas eram mais frequentes.
    No Brasil, especialistas acreditam que os grupos são menos expressivos que na Europa e nos Estados Unidos, mas notam que há relatos cada vez mais frequentes de pais que optam por não vacinar seus filhos, principalmente entre os mais ricos.

    Essa decisão explica porque esse grupo tem as menores taxas de cobertura vacinal, juntamente com os mais pobres, mas por razões distintas.

    “Pessoas de estratos econômicos mais elevados, alimentadas por informações não científicas, acabam selecionando quais vacinas querem tomar e alguns até abdicam de tomar todas.
    Por outro lado, você tem dificuldade nos grupos mais pobres, uma dificuldade de acesso aos serviços de saúde”, afirma José Cassio de Moraes, professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que publicou em 2007 um estudo comparando as taxas de cobertura entre as duas populações.

    “O mecanismo que faz com que vacina seja importante é a prevenção – ela não é curativa, ela é preventiva.
    Ela é dada no paciente saudável, para que possa criar anticorpos que o permitam responder à doença se houver contato com a bactéria ou vírus.
    A resposta não deve ser apenas quando há doença circulando, mas de maneira preventiva”, explica a coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI).

    “A minha filha não viu amigos com poliomielite. Mas, na minha época, a primeira fileira na sala de aula era deixada para alunos com pólio”, relembra.
    “A minha geração tinha pânico de ser contaminada, já hoje as pessoas não veem a doença e ficam mais relaxadas.
    Mas as crianças hoje são saudáveis porque seus avós e pais foram vacinados no passado”, afirma.

    íntegra: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-41045273
    .
    A pergunta que fica é: será que Grupos Bolsonaristas,
    por razões ideológicas improcedentes, estão disseminando
    notícias cientificamente falsas, sobre o uso das Vacinas,
    causando criminosamente surtos de doenças infecciosas
    por todo o País?

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