Eu sou apenas um rapaz latino-americano

Tempo de leitura: 2 min

EU SOU APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO

por Luiz Carlos Azenha

O Brasil é um país muito novinho, cuja elite ainda não se conformou em conviver com negros, pobres e nordestinos em igualdade de condições.

Ela está aqui como se fosse de passagem e rapina a paisagem porque não tem compromisso nem com o povo, nem com a geografia.

São, ainda, europeus desterrados, ainda que tetranetos de ladrões, trinetos de grileiros e bisnetos de estupradores.

O horizonte intelectual ainda não chegou no art deco de Miami Beach, tá no estacionamento de concreto dos grandes malls da Florida.

É por isso que o prefake de São Paulo bota vídeo falando em francês nas redes sociais: a elite brasileira é do portunhol, quando muito.

O nóis vai do dono da maior empresa de proteína animal do mundo, o Joesley, é mais representativo.

Para ele, casar com a mulher que lê notícias na televisão é um mega step up.

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O Brasil precisa de um evento fundador. Não teve guerra do ópio, não teve invasão do Napoleão. É um canto esquecido do mundo, literalmente.

Agora, talvez, alguma coisa aconteça: os Estados Unidos finalmente precisam de seu quintal para igualar o jogo com a China e a Rússia.

É a guerra defensiva do império em decadência, que precisa mobilizar os recursos naturais que estavam guardados para uso futuro: água e energia baratas da América Latina.

Nos Estados Unidos, a política externa é sempre um affair doméstico: Trump não se reelege com os números de hoje e precisa urgentemente deixar uma guerra na bala da agulha para detonar — e vencer — antes de 2020.

Lá atrás eu cravei que seria com o Irã, por causa do lobby de Israel, mas num quadro de crise econômica mexer naquele vespeiro de petróleo, desagradar a Rússia e inflamar os muçulmanos pode não ser uma boa ideia.

Coreia do Norte? Nem pensar. A China segura toneladas de papéis do Tesouro americano e não vai aceitar uma guerra nuclear em seu quintal.

Tadinha, sobra pra Venezuela, que está para o Trump como Granada esteve para o Reagan.

Uma ação cirúrgica, contando com o apoio dos principais vizinhos e com uma elite local que, como a brasileira, é mais americana que venezuelana propriamente dita.

Sem falar que o Frota, o Alexandre, prometeu se alistar com os fuzileiros navais, reforçando sobremaneira o Pentágono, que garante a pornochanchada das tropas nos dias de folga dos combates.

No final do arco íris, o butim: uma faixa do Orinoco para chamar de sua e divertir as transnacionais do petróleo que já conquistaram, sem qualquer luta, o pré-sal brasileiro.

Vocês acham que os americanos inventaram o tal “cucaracha” de graça?

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Comentários

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Nelson

“Tadinha, sobra pra Venezuela”.

Meu caro Azenha. Eu diria mais: tadinhos de nós, tadinha da humanidade. A Venezuela representa hoje uma esperança, um alento ao restante da humanidade na luta para a construção de uma mundo melhor, mais justo, mais humano.

Se o Sistema de Poder que domina os EUA conseguir dobrar a Venezuela, será lançado um grande balde de água fria sobre os ânimos da grande maioria dos habitantes desse nosso pequeno grande planeta.

O desalento e a desesperança se instalarão e perdurarão por muito tempo, décadas, talvez, até que apareça uma nova experiência que suscite novo ânimo para a retomada da luta.

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