EU SOU APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO
por Luiz Carlos Azenha
O Brasil é um país muito novinho, cuja elite ainda não se conformou em conviver com negros, pobres e nordestinos em igualdade de condições.
Ela está aqui como se fosse de passagem e rapina a paisagem porque não tem compromisso nem com o povo, nem com a geografia.
São, ainda, europeus desterrados, ainda que tetranetos de ladrões, trinetos de grileiros e bisnetos de estupradores.
O horizonte intelectual ainda não chegou no art deco de Miami Beach, tá no estacionamento de concreto dos grandes malls da Florida.
É por isso que o prefake de São Paulo bota vídeo falando em francês nas redes sociais: a elite brasileira é do portunhol, quando muito.
O nóis vai do dono da maior empresa de proteína animal do mundo, o Joesley, é mais representativo.
Para ele, casar com a mulher que lê notícias na televisão é um mega step up.
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O Brasil precisa de um evento fundador. Não teve guerra do ópio, não teve invasão do Napoleão. É um canto esquecido do mundo, literalmente.
Agora, talvez, alguma coisa aconteça: os Estados Unidos finalmente precisam de seu quintal para igualar o jogo com a China e a Rússia.
É a guerra defensiva do império em decadência, que precisa mobilizar os recursos naturais que estavam guardados para uso futuro: água e energia baratas da América Latina.
Nos Estados Unidos, a política externa é sempre um affair doméstico: Trump não se reelege com os números de hoje e precisa urgentemente deixar uma guerra na bala da agulha para detonar — e vencer — antes de 2020.
Lá atrás eu cravei que seria com o Irã, por causa do lobby de Israel, mas num quadro de crise econômica mexer naquele vespeiro de petróleo, desagradar a Rússia e inflamar os muçulmanos pode não ser uma boa ideia.
Coreia do Norte? Nem pensar. A China segura toneladas de papéis do Tesouro americano e não vai aceitar uma guerra nuclear em seu quintal.
Tadinha, sobra pra Venezuela, que está para o Trump como Granada esteve para o Reagan.
Uma ação cirúrgica, contando com o apoio dos principais vizinhos e com uma elite local que, como a brasileira, é mais americana que venezuelana propriamente dita.
Sem falar que o Frota, o Alexandre, prometeu se alistar com os fuzileiros navais, reforçando sobremaneira o Pentágono, que garante a pornochanchada das tropas nos dias de folga dos combates.
No final do arco íris, o butim: uma faixa do Orinoco para chamar de sua e divertir as transnacionais do petróleo que já conquistaram, sem qualquer luta, o pré-sal brasileiro.
Vocês acham que os americanos inventaram o tal “cucaracha” de graça?
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Comentários
Nelson
“Tadinha, sobra pra Venezuela”.
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Meu caro Azenha. Eu diria mais: tadinhos de nós, tadinha da humanidade. A Venezuela representa hoje uma esperança, um alento ao restante da humanidade na luta para a construção de uma mundo melhor, mais justo, mais humano.
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Se o Sistema de Poder que domina os EUA conseguir dobrar a Venezuela, será lançado um grande balde de água fria sobre os ânimos da grande maioria dos habitantes desse nosso pequeno grande planeta.
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O desalento e a desesperança se instalarão e perdurarão por muito tempo, décadas, talvez, até que apareça uma nova experiência que suscite novo ânimo para a retomada da luta.
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