Stedile: Mídia e judiciário agora reprimem no campo

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“AGORA QUEM DOMINA O CAMPO É O CAPITAL MODERNO, ESTRANGEIRO, AS CORPORAÇÕES, OS BANCOS. AS FORMAS DE REPRESSÃO MUDARAM. AGORA ELES REPRIMEM PELA IMPRENSA E PELO PODER JUDICIÁRIO.”

do Jornal dos Economistas, via Sec Geral do MST

João Pedro Stedile é fundador e um dos principais integrantes da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Formou-se em Economia pela PuC-RS e tem pós-graduação pela universidade Nacional Autônoma do México (uNAM). Na década de 1970, militou ativamente na Comissão Pastoral da Terra até a fundação do MST, em 1979, em plena ditadura militar. Na entrevista, Stedile critica o agronegócio, explica o modelo agrário que o MST propõe para o país e denuncia a criminalização do movimento dos sem terra pela mídia.

P: Os defensores do agronegócio brasileiro exaltam a produtividade do setor e o impacto positivo na balança comercial e nos preços internos de alimentos. Como você avalia o modelo agrário predominante no Brasil e que consequência ele acarreta para a sociedade brasileira?

R: O agronegócio é o modelo de produção agrícola dominado pela atual fase do capitalismo internacional.

Ou seja, é a forma do capital financeiro e das empresas transnacionais dominarem nossos recursos naturais, a terra, a água, as sementes, e imporem a produção apenas das mercadorias agrícolas que interessam ao mercado mundial.

Hoje, 85% da produção agrícola brasileira é dominada por 20 mil fazendeiros e 50 empresas. E 80% de todas as terras e recursos naturais se dedicam a produzir apenas soja, milho, cana e gado bovino. Na prática, é a plantation moderna, é a recolonização de nossa economia agrária pelos interesses estrangeiros.

Dá lucro para alguns, mas é uma afronta aos interesses nacionais e é um desperdício para a sociedade, que perde a utilização de todo nosso potencial econômico agrícola que poderia ser utilizado para resolver nossos problemas sociais. Por isso, a sociedade brasileira continua cada vez mais desigual e injusta.

P: Alguns economistas e outros pensadores dizem que o momento da reforma agrária no país era nos anos 1960 e, portanto, já teria passado. Por que o Brasil deve fazer um reforma agrária? Que benefícios essa reforma traria para a sociedade brasileira como um todo?

R: A reforma agrária proposta na década de 60 era a reforma agrária clássica, o que significa distribuir terras para formar uma base social de campesinato vinculado e subordinado ao capitalismo industrial. Como a atual fase do capitalismo não é mais industrial, perdeu-se a necessidade do capital e de sua classe de fazerem a reforma agrária, como aconteceu na maioria dos países do hemisfério norte.

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Na prática, naquela época, houve uma aliança da burguesia industrial com o campesinato contra a oligarquia rural, para desenvolver o mercado interno industrial. Essa era a proposta do Celso Furtado aqui no Brasil na década de 60. Fomos derrotados. E aquele tipo de reforma agrária perdeu o sentido não porque os camponeses não precisam mais de terra, mas porque a classe dominante agora tem outros interesses e o centro de acumulação de capital está no capital financeiro e nas corporações internacionais, que acumulam e ganham dinheiro controlando o mercado mundial e especulando com o oligopólio dos preços das mercadorias agrícolas.

P: Que modelo agrário o MST propõe para o Brasil? O grande negócio pode conviver com a pequena propriedade ou deve desaparecer?

R: Nós, do MST e da Via Campesina Mundial, defendemos outro modelo de produção agrícola, que em alguns lugares é chamado de via campesina, agricultura familiar, e nós do MST chamamos de reforma agrária popular. Isso significa que você precisa reorganizar não só a propriedade da terra, democratizando-a, mas também reorganizar a produção agrícola, priorizando a produção de alimentos, e não apenas de commodities.

Priorizando a produção de alimentos sadios e, portanto, adotando uma matriz tecnológica baseada na agroecologia, sem uso de agrotóxicos e respeitando o equilíbrio com o meio ambiente. Democratizando a instalação de pequenas e médias agroindústrias na forma de cooperativas, e democratizando também a educação no meio rural, além de defender os hábitos alimentares adequados ao bioma e ao meio ambiente em que as populações vivem.

P: É correta a percepção de que a discussão da reforma agrária saiu da pauta nacional? Como você avalia o apoio da opinião pública à reforma agrária?

R: Claro que saiu da pauta nacional. Porque a burguesia subordinada aos interesses do capital estrangeiro e financeiro, que controla os meios de comunicação social do país, não tem interesse em divulgar a luta dos camponeses. A luta por um novo modelo. Porque agora a luta pela reforma agrária não é apenas uma luta contra a oligarquia rural.

É uma luta de classe contra o capital estrangeiro, suas empresas internacionais e contra o capital financeiro. Então eles escondem essa luta para não evidenciá-la ou potencializá-la. Não existe opinião pública como posição de classe, o que existe no Brasil, como diz meu amigo Fernando Morais, é a opinião “publicada”. E a opinião publicada neste momento é a posição hegemônica das classes dominantes brasileiras.

P: Nos governos Lula e Dilma, houve avanços na concessão de benefícios e melhorias para os pequenos agricultores engajados com o MST e outras organizações que lutam pela reforma agrária? Essas benesses contribuíram para o arrefecimento da militância pela causa?

R: Os governos Lula e Dilma são governos de composição de classe. Não são governos de esquerda ou populares, como eles mesmos reconhecem. Ou seja, são governos que expressam uma frente política de classes. E que se sustentam majoritariamente com amplo apoio da população, porque dentro deles estão representadas todas as classes.

Diante dessa natureza, as políticas públicas se concentram sempre em dar concessões a esses ou aqueles interesses de classe. Sem, no entanto, representar derrotas para as classes. Então, o governo aplicou políticas públicas que favorecem o agronegócio, o etanol e as corporações internacionais, mas também tem políticas públicas que interessam ao campesinato pobre, aos agricultores familiares etc. Eu destacaria que as principais políticas públicas que interessaram nesse momento aos pequenos agricultores foram o fortalecimento da Conab e, para as compras de alimentos, a determinação de que 30% da merenda escolar seja de origem da agricultura familiar.

P: Na prática, e tendo em vista as correlações políticas concretas, o que o governo federal poderia fazer hoje em prol da causa do MST?

R: O MST não foi beneficiado por nenhuma política do governo Lula e Dilma, porque a nossa demanda de uma reforma agrária popular exige mudanças estruturais, que esse tipo de governo de composição não tem condições políticas de realizar. Precisamos ter claro que nossas bandeiras somente se realizarão quando houver uma nova correlação de forças na sociedade, determinada pela reascensão do movimento de massas e, sobretudo, por uma nova postura da classe trabalhadora urbana como um todo.

A reforma agrária e as mudanças que defendemos para a agricultura brasileira dependem de um projeto popular de país, que somente uma grande aliança da classe trabalhadora urbana pode viabilizar. Portanto, a reforma agrária popular hoje depende fundamentalmente de toda classe trabalhadora e não apenas das lutas específicas do MST. Por isso que, por mais que lutemos, como MST, ainda é insuficiente. Porque agora dependemos da força de toda classe para enfrentar a enorme força do capital estrangeiro e dos fazendeiros a ele vinculados.

P: A violência no campo aumentou ou diminuiu nos últimos anos? A pistolagem dos latifundiários continua a agir livremente ou é reprimida pelas polícias?

R: A violência física de torturas e assassinatos diminuiu. Isso é decorrência não de um movimento de maior democratização da sociedade. É que mudou a classe dominante no campo. Quem praticava a violência física para impor sua vontade política era o latifúndio atrasado.

Agora quem domina o campo é o capital moderno, estrangeiro, as corporações, os bancos. Portanto, agora as formas de repressão mudaram. Agora eles reprimem pela imprensa e pelo poder judiciário, criminalizando toda luta social, fazendo campanha permanente de que os lutadores sociais são atrasados etc.

P: Do ponto de vista ecológico, por que a pequena propriedade é melhor do que o latifúndio?

R: O agronegócio é destruidor do meio ambiente. Ele só consegue produzir na base da monocultura e a monocultura é a destruição da biodiversidade da natureza, e isso é o que provoca desequilíbrio do meio ambiente e alterações climáticas. Pois eles querem apenas soja, milho, pasto. E todas as demais formas de vida são destruídas. Usam de forma intensiva os venenos, que matam.

Matam os seres vivos e matam as pessoas. A única forma de produzir alimentos de forma saudável é pela agroecologia, que usa novas técnicas e muita mão de obra. E isso o agronegócio não tem e não quer. Por isso, no futuro, toda a agricultura moderna será feita com base em agroecologia e com pequenos agricultores. Podem anotar.

P: A mídia atribui ao MST práticas de ação violentas. Como você responde a essas acusações?

R: Foi o que respondi antes. A mídia hoje é o tribunal inquisitório moderno. Eles julgam e condenam, sem direito a defesa, todos os que lutam na sociedade brasileira. Por isso, qualquer luta social será estigmatizada por eles como violenta, terrorista etc. É o papel deles. Mas, no futuro, algum dia a sociedade brasileira terá uma imprensa controlada por mecanismos democráticos, e não apenas como fonte de lucro e manipulação ideológica.

No caso da mídia brasileira, ela é hoje também o principal partido ideológico da direita e da classe dominante. Uma pena que os partidos de esquerda não se deram conta, ainda, de que esse é o principal inimigo ideológico de classe. Vejam as dificuldades que temos de seguir construindo meios de comunicação populares. Infelizmente, a esquerda e suas organizações não dão o peso necessário e seguem iludidas assinando os jornais, revistas e assistindo à televisão deles.

P: Como você avalia as experiências da reforma agrária na América Latina? Que países apresentam os melhores modelos agrários e quais são os piores?

R: Toda a América Latina, com exceção de Cuba, está enfrentando o mesmo problema que estamos enfrentando no Brasil. A luta política, econômica e ideológica contra o agronegócio. E lutando para tentar construir um modelo alternativo. Mesmo onde temos governos mais de esquerda, eles ainda não conseguiram derrotar o poder do capital no campo, para poder construir um novo modelo de agricultura.

Estamos em plena luta de classes no campo, em todo continente. A nossa sorte é que a natureza e a saúde pública estão do nosso lado. Pois o modelo do capital altera o clima, destrói a natureza, a biodiversidade e gera câncer e outras enfermidades com seus alimentos contaminados. E isso vai provocar um nível de consciência maior da sociedade urbana, em defesa de um novo modelo de agricultura.

P: Quais são as perspectivas do MST para os próximos anos?

R: Estamos em plena preparação de nosso congresso nacional que se realizará em 2013. Estamos fazendo um amplo balanço em nossas bases. Mas, como disse antes, as perspectivas do MST não dependem mais dele, mas de como se comportará a classe trabalhadora brasileira. E por isso precisamos que num próximo período histórico haja uma mobilização do movimento de massa, um novo ciclo de debates da necessidade de um projeto nacional, mas agora defendido pelas classes populares, para podermos juntos enfrentar os inimigos comuns, que hoje são o capital financeiro, as corporações transnacionais e os grandes grupos capitalistas brasileiros a eles subordinados. E tenho certeza de que, em algum momento do futuro da nossa história, criaremos essas condições de enfrentamento e de vitória do povo brasileiro.

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alexandre

Midia e judiciario a serviço do capital? nao e estranho,afinal,somos o pais das desigualdades sociais,midia e juduciario irao apoiar quem? os dono do poder e claro! ou vao olhar p/a multidao de famintos que se aglomera nos guetos,favelas e todos os tipos de area irregular a seculos neste pais? enquanto isso a famigerada oligarquia se perpetua no poder deixando o rastro de fome e miseria da qual somos campeoes!Nao existe esquerda ou direita,apenas 2 lados de uma msma moeda.,portanto nao sejamos ingenuos a ponto de acreditar que,algum dia seja feita neste pais a REFORMA AGRARIA,ate porque ela(reforma agraria)contraria os interesses dos donos do PODER!!!

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J Tavannes

A lucidez desse legítimo líder é notável. É incontestável o que diz sobre o imprensalão que se passa por popular, mas está nas mãos da burguesia tradicional retrógrada. Hoje, não adianta ligar a TV e achar que está se politizando. Tem de procurar alternativas como os blogs independentes apelidados de “sujo”, pois é a mosca na sopa burquesa. Ou então, meu caro, vc irá morrer achando que só existiu o mensalão do PT.

Roberto Locatelli

Stédile é um dos mais importantes líderes populares brasileiros. Sua opinião merece ser considerada em qualquer tentativa de avaliação de cenários futuros.

FrancoAtirador

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VÍDEO EDUCATIVO

Taxar os ricos: Um conto de fadas animado

Um vídeo de 8 minutos sobre como chegamos a este momento de serviços públicos mal financiados e ampliando a desigualdade econômica.

As coisas vão para baixo numa terra feliz e próspera após os ricos decidirem que não querem pagar mais impostos.

Dizem às pessoas que não há alternativa, mas as pessoas não têm assim tanta certeza. Esta terra tem uma semelhança surpreendente com a nossa terra.

Escrito e dirigido por Fred Glass para a Federação de Professores da Califórnia, ‘Taxar os ricos: Um conto de fadas animado’ é narrado por Ed Asner, com animação de Mike Konopacki:

(http://www.youtube.com/watch?v=j9lsc5P9Nkw)

Para mais informações: (www.cft.org)

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21436

Rodolfo Machado

Do “Diário Liberdade”

Pobreza, produto do agronegócio

http://www.diarioliberdade.org/brasil/consumo-e-meio-natural/34116-pobreza,-produto-do-agroneg%C3%B3cio.html

Brasil – Brasil de Fato – [Aline Scarso e Eduardo Lima] Segundo pesquisa, regiões da Alta Mogiana e Pontal do Paranapanema registraram aumento da industrialização do campo e crescimento da pobreza.

Uma pesquisa de mestrado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostrou que existe uma relação entre a expansão de atividades do agronegócio e o crescimento da pobreza em áreas específicas do estado de São Paulo. Segundo o estudo, regiões reconhecidas pela força agroindustrial estão passando por um processo de concentração de renda, de terras e de pobreza. O levantamento sinaliza ainda que o agronegócio aproveita a vulnerabilidade das regiões para se instalar e criar raízes. Intitulado São Paulo Agrário: representações da disputa territorial entre camponeses e ruralistas de 1988 a 2009, o estudo é do pesquisador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), Tiago Cubas. Ele trabalha com dados como o Índice de Pobreza Relativa, Índice de Gini e de Concentração de Riqueza para revelar uma situação de contradição.

Hoje a população rural do estado é de 1,7 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1980 era de 2,9 milhões. De acordo com a pesquisa, a região do entorno da cidade de Ribeirão Preto, a chamada Califórnia Brasileira, é uma das que mais aumentaram o abismo econômico entre a população durante os anos de 1988 a 2009. Situação semelhante também ocorreu no entorno das cidades de Araraquara e Campinas e nas regiões do Pontal do Parapanema – principalmente no entorno dos municípios de Presidente Prudente e Araçatuba, e do Vale do Ribeira, entorno do litoral sul paulista e de Itapetininga. Dos 645 municípios paulistas cadastrados para mapeamento, apenas 228 municípios conseguiram amenizar a intensidade da pobreza no período pesquisado. No restante, a miséria aumentou.

O autor mostra que as regiões onde isso ocorreu são espaços do desenvolvimento do agronegócio, especialmente da monocultura da cana-de-açúcar. É o caso da Região da Alta Mogiana (Ribeirão Preto, Araraquara e Campinas), onde a cana é preponderante. A área do Pontal do Parapanema, tradicionalmente reduto da pecuária no estado paulista, também sofreu com a expansão da monocultura. “Isso pode significar que o agronegócio escolhe as áreas mais vulneráveis para se instalar e, assim por diante, acirrar as desigualdades sociais e degradar o meio ambiente”, explica o pesquisador.

Além de terem se tornado mais desiguais socialmente, essas regiões são as que mais registram conflitos e assassinatos contra trabalhadores rurais e camponeses. “Quando acoplamos as análises, a representação da expansão da cultura da cana-de-açúcar no período mais recente com os outros elementos é possível ver uma relação com maior incidência de violência”, explica Cubas ao Brasil de Fato.

Incentivo dos governos

A cultura da cana-de-açúcar é exercida em grandes extensões de terra e associada ao trabalho precarizado, à expulsão de pequenos proprietários rurais e ao conflito com acampados e assentados da reforma agrária.

De acordo com Cubas, a expansão da cana iniciada pela ditadura civil-militar na década de 1970 – na época, como alternativa diante do crescimento do preço do petróleo – ganhou forte impulso de continuidade no estado de São Paulo graças à presença do PSDB no comando do governo estadual e a entrada do PT na esfera federal. Os ex-ministros do governo Lula, João Roberto Rodrigues (Agricultura) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) teriam sido, segundo ele, grandes articuladores do governo com o setor canavieiro.

O crescimento expressivo do setor no estado ficou registrado no número de toneladas produzidas e na exigência de terra, cada vez maior, para plantio. Apenas no estado paulista, a produção em toneladas da monocultura passou de 138 em 1990 para 239 em 2004 e 426 em 2010. A produção em milhões de hectares para os mesmos anos foi de 1,8; 2,9 e 4,9, respectivamente. Um crescimento bem superior a 100% nos dois casos. O destaque ficou por conta da região de Ribeirão Preto que, em 2010, concentrou as três maiores produções: Morro Agudo (com a produção de 7,9 milhões de toneladas). Barretos e Guaíra – cada qual produzindo 5,8 milhões de toneladas.

Pobreza

“A monocultura da cana-de-açúcar é a que transmite os valores atuais do capitalismo agrário paulista através da expansão indiscriminada de todo o seu aparato”, afirma Cubas, ressaltando que essa pressão tem obrigado assentados a arrendarem seus lotes para o plantio da cana e alugaram sua força de trabalho para o corte nas fazendas.

A assentada da Comuna da Terra Mario Lago, localizada no município de Ribeirão Preto, e integrante da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Kelli Mafort, diz que é possível acompanhar o desenvolvimento da pobreza gerada pela cultura da cana-de-açúcar na região. Segundo ela, muitos acampados e trabalhadores rurais trabalham no corte por falta de outra oportunidade de emprego. “Não só eles, mas muitas famílias assentadas também trazem uma amarga relação com a cana pois carregam até hoje graves problemas de saúde devido ao trabalho exaustivo na atividade”.

Já o acampamento Alexandra Kollontai, localizado no munícipio de Serrana, conta com trabalhadores do corte de cana que se queixam dos poucos postos de trabalho, cada vez mais raros em razão do incentivo à mecanização. Segundo Mafort, o acampamento tem famílias há quase cinco anos acampadas e a paralisia da política de criação de novos assentamentos também contribui para o aumento da pobreza.

Nas mãos de poucos

A pesquisa São Paulo Agrário mostrou ainda que o agronegócio no interior do estado está afetando a concentração de renda e de terra entre a população. Tiago Cubas aponta que a renda apropriada pelos 10% mais ricos vem aumentando nas regiões do Pontal do Paranapanema e da Alta Mogiana, nas quais há o crescimento intenso do agronegócio sucroalcooleiro. “Em 1991 eram 23% dos municípios do estado que tinham a apropriação de 40 a 44% da renda do município para os 10% mais ricos. Esse número chega em 2010, com a mesma amplitude de concentração, em quase 30% dos municípios”, destaca.

E não é somente a renda, a concentração fundiária também cresceu. De acordo com dados do Censo Agropecuário do IBGE, em 1995, as propriedades acima de 200 hectares contabilizavam 61% (10.659.891 hectares) do total, enquanto as propriedades igual ou abaixo de 200 hectares chegavam a 39% (6.709.313 hectares). Já em 2006, as propriedades acima de 200 hectares já eram 71% (14.332.546 hectares) do total, ao passo que as propriedades igual ou abaixo de 200 hectares eram 29% (5.840.727 hectares).

Uma das áreas mais desiguais do estado de São Paulo em relação à concentração de renda e terra é o Pontal do Paranapanema. O drama é grande entre as famílias acampadas na região, em torno de 2 mil que esperam ansiosamente por serem assentadas. De acordo com o assentado e integrante da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Delwek Mateus, apesar de farta oferta de terras devolutas, não há sinalização do avanço da reforma agrária. “No Pontal há grande quantidade de terras públicas de responsabilidade do governo do estado, mas griladas por latifundiários. E o governo estadual, ao invés de transformar essas áreas em assentamentos da reforma agrária, quer regularizar as grilagens”, explica Mateus, em referência ao projeto de lei 687/2011 apresentado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que legaliza terras griladas no Pontal.

O setor canavieiro no Pontal cresce em extensão e na implantação de usinas para a produção de etanol e açúcar. A falta de oferta de outro tipo de emprego na zona rural também obriga acampados e assentados a viverem da atividade. Segundo Mateus, o agronegócio traz pobreza principalmente para as cidades pequenas que dependem do trabalho no campo. “Cada vez que aumenta a mecanização no campo, há a perda de postos de trabalho. Com diminuição dos postos de trabalho, consequentemente há aumento da oferta de mão-de-obra, o que acarreta na diminuição dos salários e exige uma maior produtividade para que o trabalhador tenha um preço digno. Todo esse conjunto de fatores leva a um processo de empobrecimento da população”, argumenta o assentado.

Para Mateus e Cubas, a reforma agrária é uma saída para acabar com a pobreza no campo brasileiro. Mas a julgar pelos investimentos, os governos ainda não enxergam a situação dessa forma. Um exemplo disso é a destinação de recursos diferenciados para a agricultura familiar e para o agronegócio. Enquanto o Plano Safra do Agricultor Familiar de 2011/12 recebeu um investimento total de R$ 16,2 bilhões, o Plano Agrícola da Agricultura e da Pecuária de 2011/12 conquistou R$ 107,21 bilhões, 7,2% a mais em relação ao valor dos recursos do plano passado.

A postura “natural” de criminalizar

Durante os últimos três anos, Tiago Cubas também analisou a cobertura impressa sobre as ocupações, assentamentos e outras manifestações de luta pela reforma agrária no estado de São Paulo. Foram estudados mais de 30 mil recortes dos periódicos O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, de repercussão nacional, e O Imparcial e Oeste Notícia, com abrangência na região de Presidente Prudente. Uma das conclusões do pesquisador é que a mídia corporativa totaliza a visão das relações capitalistas no campo, estereotipa e não aceita sujeitos e modos de produção alternativos.

O quadro que encontrou é desolador do ponto de vista do acesso à informação sobre as causas dos movimentos sociais. Cubas mostra que notícias e artigos promovem interpretações binárias, nas quais ruralistas são comumente tratados como vítimas e camponeses como assaltantes. Enquanto a luta pela terra é identificada como ação contra a ordem estabelecida, o agronegócio é mostrado pela ótica do progresso, modernização e tecnologia. Não há nuances nem explicações mais profundas capazes de explicar a existência de dois projetos distintos para o desenvolvimento do campo.

Para Cubas, a formação de uma opinião pública desfavorável aos sem-terra contribui para diminuir o estímulo à elaboração e à implantação de planos e programas de reforma agrária no estado. Nada diferente do esperado de uma imprensa que tem fortes ligações políticas e econômicas com o setor industrial do campo. O jornal Oeste Notícias, por exemplo, pertence é coordenado por Paulo Lima, proprietário da TV Fronteira filiada à Rede Globo e filho de Agripino Lima, ex-prefeito de Presidente Prudente e latifundiário ligado a UDR (União Democrática Ruralista). Já O Imparcial tem como proprietários Mário Peretti, Adelmo Vaballi e Deodato Silva que, segundo Cubas, fazem parte da elite histórica de Presidente Prudente. “Em nossas análises, esses dois jornais regionais mostram uma íntima ligação entre os seus proprietários e o conteúdo das notícias que revelaram uma memória histórica dos dominadores”, afirma o pesquisador. Já O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo são historicamente reconhecidos pela defesa dos interesses do setor ruralista.

O orientador de Cubas no mestrado, Cliff Welch, acentua que os jornais da grande imprensa contribuem para o processo de aperfeiçoamento do capitalismo industrial no controle sobre a terra. “A partir do final do século 19, podemos documentar o curso paralelo do jornal O Estado de S. Paulo, o então Província de S. Paulo, com a cobertura de Euclides da Cunha das múltiplas campanhas de repressão do arraial de Canudos. Hoje em dia, quando o Estadão apoia a repressão e a criminalização dos sem terra, está tomando uma postura ‘natural’ da perspectiva da burguesia, para qual a predominância do reino da lei é crucial para manter a ordem dos forasteiros e o progresso (da burguesia)”, ressalta Welch, que é integrante da pós-graduação da Cátedra da Unesco para Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial.

Rodolfo Machado

Do “Diário Liberdade”

Pobreza, produto do agronegócio

http://www.diarioliberdade.org/brasil/consumo-e-meio-natural/34116-pobreza,-produto-do-agroneg%C3%B3cio.html

Brasil – Brasil de Fato – [Aline Scarso e Eduardo Lima] Segundo pesquisa, regiões da Alta Mogiana e Pontal do Paranapanema registraram aumento da industrialização do campo e crescimento da pobreza.

Uma pesquisa de mestrado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostrou que existe uma relação entre a expansão de atividades do agronegócio e o crescimento da pobreza em áreas específicas do estado de São Paulo. Segundo o estudo, regiões reconhecidas pela força agroindustrial estão passando por um processo de concentração de renda, de terras e de pobreza. O levantamento sinaliza ainda que o agronegócio aproveita a vulnerabilidade das regiões para se instalar e criar raízes. Intitulado São Paulo Agrário: representações da disputa territorial entre camponeses e ruralistas de 1988 a 2009, o estudo é do pesquisador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), Tiago Cubas. Ele trabalha com dados como o Índice de Pobreza Relativa, Índice de Gini e de Concentração de Riqueza para revelar uma situação de contradição.

Hoje a população rural do estado é de 1,7 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1980 era de 2,9 milhões. De acordo com a pesquisa, a região do entorno da cidade de Ribeirão Preto, a chamada Califórnia Brasileira, é uma das que mais aumentaram o abismo econômico entre a população durante os anos de 1988 a 2009. Situação semelhante também ocorreu no entorno das cidades de Araraquara e Campinas e nas regiões do Pontal do Parapanema – principalmente no entorno dos municípios de Presidente Prudente e Araçatuba, e do Vale do Ribeira, entorno do litoral sul paulista e de Itapetininga (veja mapa abaixo). Dos 645 municípios paulistas cadastrados para mapeamento, apenas 228 municípios conseguiram amenizar a intensidade da pobreza no período pesquisado. No restante, a miséria aumentou.

O autor mostra que as regiões onde isso ocorreu são espaços do desenvolvimento do agronegócio, especialmente da monocultura da cana-de-açúcar. É o caso da Região da Alta Mogiana (Ribeirão Preto, Araraquara e Campinas), onde a cana é preponderante. A área do Pontal do Parapanema, tradicionalmente reduto da pecuária no estado paulista, também sofreu com a expansão da monocultura. “Isso pode significar que o agronegócio escolhe as áreas mais vulneráveis para se instalar e, assim por diante, acirrar as desigualdades sociais e degradar o meio ambiente”, explica o pesquisador.

Além de terem se tornado mais desiguais socialmente, essas regiões são as que mais registram conflitos e assassinatos contra trabalhadores rurais e camponeses. “Quando acoplamos as análises, a representação da expansão da cultura da cana-de-açúcar no período mais recente com os outros elementos é possível ver uma relação com maior incidência de violência”, explica Cubas ao Brasil de Fato.

Incentivo dos governos

A cultura da cana-de-açúcar é exercida em grandes extensões de terra e associada ao trabalho precarizado, à expulsão de pequenos proprietários rurais e ao conflito com acampados e assentados da reforma agrária.

De acordo com Cubas, a expansão da cana iniciada pela ditadura civil-militar na década de 1970 – na época, como alternativa diante do crescimento do preço do petróleo – ganhou forte impulso de continuidade no estado de São Paulo graças à presença do PSDB no comando do governo estadual e a entrada do PT na esfera federal. Os ex-ministros do governo Lula, João Roberto Rodrigues (Agricultura) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) teriam sido, segundo ele, grandes articuladores do governo com o setor canavieiro.

O crescimento expressivo do setor no estado ficou registrado no número de toneladas produzidas e na exigência de terra, cada vez maior, para plantio. Apenas no estado paulista, a produção em toneladas da monocultura passou de 138 em 1990 para 239 em 2004 e 426 em 2010. A produção em milhões de hectares para os mesmos anos foi de 1,8; 2,9 e 4,9, respectivamente. Um crescimento bem superior a 100% nos dois casos. O destaque ficou por conta da região de Ribeirão Preto que, em 2010, concentrou as três maiores produções: Morro Agudo (com a produção de 7,9 milhões de toneladas). Barretos e Guaíra – cada qual produzindo 5,8 milhões de toneladas.

Pobreza

“A monocultura da cana-de-açúcar é a que transmite os valores atuais do capitalismo agrário paulista através da expansão indiscriminada de todo o seu aparato”, afirma Cubas, ressaltando que essa pressão tem obrigado assentados a arrendarem seus lotes para o plantio da cana e alugaram sua força de trabalho para o corte nas fazendas.

A assentada da Comuna da Terra Mario Lago, localizada no município de Ribeirão Preto, e integrante da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Kelli Mafort, diz que é possível acompanhar o desenvolvimento da pobreza gerada pela cultura da cana-de-açúcar na região. Segundo ela, muitos acampados e trabalhadores rurais trabalham no corte por falta de outra oportunidade de emprego. “Não só eles, mas muitas famílias assentadas também trazem uma amarga relação com a cana pois carregam até hoje graves problemas de saúde devido ao trabalho exaustivo na atividade”.

Já o acampamento Alexandra Kollontai, localizado no munícipio de Serrana, conta com trabalhadores do corte de cana que se queixam dos poucos postos de trabalho, cada vez mais raros em razão do incentivo à mecanização. Segundo Mafort, o acampamento tem famílias há quase cinco anos acampadas e a paralisia da política de criação de novos assentamentos também contribui para o aumento da pobreza.

Nas mãos de poucos

A pesquisa São Paulo Agrário mostrou ainda que o agronegócio no interior do estado está afetando a concentração de renda e de terra entre a população. Tiago Cubas aponta que a renda apropriada pelos 10% mais ricos vem aumentando nas regiões do Pontal do Paranapanema e da Alta Mogiana, nas quais há o crescimento intenso do agronegócio sucroalcooleiro. “Em 1991 eram 23% dos municípios do estado que tinham a apropriação de 40 a 44% da renda do município para os 10% mais ricos. Esse número chega em 2010, com a mesma amplitude de concentração, em quase 30% dos municípios”, destaca.

E não é somente a renda, a concentração fundiária também cresceu. De acordo com dados do Censo Agropecuário do IBGE, em 1995, as propriedades acima de 200 hectares contabilizavam 61% (10.659.891 hectares) do total, enquanto as propriedades igual ou abaixo de 200 hectares chegavam a 39% (6.709.313 hectares). Já em 2006, as propriedades acima de 200 hectares já eram 71% (14.332.546 hectares) do total, ao passo que as propriedades igual ou abaixo de 200 hectares eram 29% (5.840.727 hectares).

Uma das áreas mais desiguais do estado de São Paulo em relação à concentração de renda e terra é o Pontal do Paranapanema. O drama é grande entre as famílias acampadas na região, em torno de 2 mil que esperam ansiosamente por serem assentadas. De acordo com o assentado e integrante da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Delwek Mateus, apesar de farta oferta de terras devolutas, não há sinalização do avanço da reforma agrária. “No Pontal há grande quantidade de terras públicas de responsabilidade do governo do estado, mas griladas por latifundiários. E o governo estadual, ao invés de transformar essas áreas em assentamentos da reforma agrária, quer regularizar as grilagens”, explica Mateus, em referência ao projeto de lei 687/2011 apresentado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que legaliza terras griladas no Pontal.

O setor canavieiro no Pontal cresce em extensão e na implantação de usinas para a produção de etanol e açúcar. A falta de oferta de outro tipo de emprego na zona rural também obriga acampados e assentados a viverem da atividade. Segundo Mateus, o agronegócio traz pobreza principalmente para as cidades pequenas que dependem do trabalho no campo. “Cada vez que aumenta a mecanização no campo, há a perda de postos de trabalho. Com diminuição dos postos de trabalho, consequentemente há aumento da oferta de mão-de-obra, o que acarreta na diminuição dos salários e exige uma maior produtividade para que o trabalhador tenha um preço digno. Todo esse conjunto de fatores leva a um processo de empobrecimento da população”, argumenta o assentado.

Para Mateus e Cubas, a reforma agrária é uma saída para acabar com a pobreza no campo brasileiro. Mas a julgar pelos investimentos, os governos ainda não enxergam a situação dessa forma. Um exemplo disso é a destinação de recursos diferenciados para a agricultura familiar e para o agronegócio. Enquanto o Plano Safra do Agricultor Familiar de 2011/12 recebeu um investimento total de R$ 16,2 bilhões, o Plano Agrícola da Agricultura e da Pecuária de 2011/12 conquistou R$ 107,21 bilhões, 7,2% a mais em relação ao valor dos recursos do plano passado.

A postura “natural” de criminalizar

Durante os últimos três anos, Tiago Cubas também analisou a cobertura impressa sobre as ocupações, assentamentos e outras manifestações de luta pela reforma agrária no estado de São Paulo. Foram estudados mais de 30 mil recortes dos periódicos O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, de repercussão nacional, e O Imparcial e Oeste Notícia, com abrangência na região de Presidente Prudente. Uma das conclusões do pesquisador é que a mídia corporativa totaliza a visão das relações capitalistas no campo, estereotipa e não aceita sujeitos e modos de produção alternativos.

O quadro que encontrou é desolador do ponto de vista do acesso à informação sobre as causas dos movimentos sociais. Cubas mostra que notícias e artigos promovem interpretações binárias, nas quais ruralistas são comumente tratados como vítimas e camponeses como assaltantes. Enquanto a luta pela terra é identificada como ação contra a ordem estabelecida, o agronegócio é mostrado pela ótica do progresso, modernização e tecnologia. Não há nuances nem explicações mais profundas capazes de explicar a existência de dois projetos distintos para o desenvolvimento do campo.

Para Cubas, a formação de uma opinião pública desfavorável aos sem-terra contribui para diminuir o estímulo à elaboração e à implantação de planos e programas de reforma agrária no estado. Nada diferente do esperado de uma imprensa que tem fortes ligações políticas e econômicas com o setor industrial do campo. O jornal Oeste Notícias, por exemplo, pertence é coordenado por Paulo Lima, proprietário da TV Fronteira filiada à Rede Globo e filho de Agripino Lima, ex-prefeito de Presidente Prudente e latifundiário ligado a UDR (União Democrática Ruralista). Já O Imparcial tem como proprietários Mário Peretti, Adelmo Vaballi e Deodato Silva que, segundo Cubas, fazem parte da elite histórica de Presidente Prudente. “Em nossas análises, esses dois jornais regionais mostram uma íntima ligação entre os seus proprietários e o conteúdo das notícias que revelaram uma memória histórica dos dominadores”, afirma o pesquisador. Já O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo são historicamente reconhecidos pela defesa dos interesses do setor ruralista.

O orientador de Cubas no mestrado, Cliff Welch, acentua que os jornais da grande imprensa contribuem para o processo de aperfeiçoamento do capitalismo industrial no controle sobre a terra. “A partir do final do século 19, podemos documentar o curso paralelo do jornal O Estado de S. Paulo, o então Província de S. Paulo, com a cobertura de Euclides da Cunha das múltiplas campanhas de repressão do arraial de Canudos. Hoje em dia, quando o Estadão apoia a repressão e a criminalização dos sem terra, está tomando uma postura ‘natural’ da perspectiva da burguesia, para qual a predominância do reino da lei é crucial para manter a ordem dos forasteiros e o progresso (da burguesia)”, ressalta Welch, que é integrante da pós-graduação da Cátedra da Unesco para Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial.

maria meneses

João Pedro Stédile grande pessoa, um verdadeiro líder e guerreiro.São pessoas como ele que engrandecem a humanidade. São os que levam adiante a verdadeira luta. Gostei muito do que escreveu o Lafaiete Spindola.Parabéns. Um abração a todos.

Fátima Oliveira: O valor terapêutico de cuidar do bonsai « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Stedile: Mídia e judiciário agora reprimem no campo […]

Matheus

Achei mais lúcida essa entrevista do Stédile. De fato, a reforma agrária radical e popular não virá sem o concurso de um movimento mais amplo, pois há uma aliança entre latifúndio e capital transnacional. No entanto, há ainda uma certa timidez em criticar o governo de coalizão liderado pelo PT, talvez por causa daquela superstição infantil de que críticas ao neopetismo favoreceriam os demotucanalhas.

Mardones Ferreira

Excelente entrevista. Realmente, o PT não vai fazer as reformas, pois não tem mais a formação de antes. Hoje, é um partido que distribui incentivos para não contrariar ninguém. Deixando quase tudo como sempre esteve.

Lafaiete de Souza Spínola

PARA EXPORTAR MEIA DÚZIA DE COMODITIES, CONTROLADAS POR MULTINACIONAIS, ESSE NÍVEL MEDÍOCRE DE EDUCAÇÃO ATENDE.

PELAS PLANTAÇÕES DE SOJA, NAQUELE MUNDO VERDE A PERDER DE VISTA, PAGA-SE ROYALTIES PELO PRODUTO TRANSGÊNICO. ONDE ESTÃO OS AGRICULTORES QUE ALI UM DIA VIVERAM? NAS FAVELAS?

POR QUE UM POUCO DESSA SOJA E DO MILHO, ALI PRODUZIDOS, NÃO SÃO ENVIADOS PARA EVITAR A MORTE, POR FOME, DAS VACAS NO NORDESTE E DOS FRANGOS NAS GRANJAS DO SUL?

UM PROJETO PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL.

São inaceitáveis as seguintes afirmações:

1. É uma sobrecarga o grande número de matérias obrigatórias no currículo escolar.

2. O Brasil vai quebrar, caso haja um grande aumento do investimento público na educação.

Na INFOERA; com o avanço exponencial dos componentes integrados, em consequência da miniaturização, já alcançando o nível atômico, ao lado do vasto uso da nanotecnologia, do vertiginoso desenvolvimento do software e das comunicações; passa a ser mais importante, cada vez mais, o ser humano pensante, com um amplo conhecimento geral que permita o seu desenvolvimento, quando estiver fora da tradicional cadeira escolar.

O trabalho rotineiro será, então, executado pelas máquinas e robôs, como está acontecendo, até no Brasil. O mundo da WEB tende a ser incomensurável. Precisamos preparar nossas crianças para esse mundo que se avizinha a uma velocidade alucinante, com mais e mais competição, em qualquer tipo de sociedade que se apresente. As pessoas passarão a ter suas atividades em casa ou viajando. Quem não estiver preparado, sofrerá as consequências do ócio.

A verdade mostra que a nossa educação é, faz décadas, pífia! O Brasil necessita de uma escola pública, em tempo integral, de qualidade que permita fornecer o básico às nossas crianças, para que elas se encaixem nesse mundo que se descortina.

Observem que poucas foram as escolas a obter um nível de avaliação razoável no IDEB. Quase todas, inclusive, orientadas para o atendimento de áreas específicas, de muito difícil acesso, praticamente impossível, à maioria dos nossos jovens.

Outra observação é que os piores índices, em geral, foram verificados nas regiões onde predominam altos níveis de violência. Quanto maior índice de violência, tanto menor o IDEB!

Guardo cerca de 1000 testes aplicados, nos últimos 10 anos (redação de pelo menos 15 linhas, matemática e conhecimentos gerais), em jovens entre 18 a 25 anos, todos com secundário completo, muitos já frequentando faculdades particulares. É uma calamidade!

O caminho para resolver os problemas estruturais e amenizar as injustiças sociais do Brasil está, basicamente, atrelado à EDUCAÇÃO. Precisamos, com urgência, investir, pelo menos 15% do PIB no orçamento da educação. Deve ser disponibilizada escola com tempo integral às nossas crianças, oferecendo, com qualidade: o café da manhã, o almoço, a janta, esporte e transporte, nas cidades e no campo.

Como é uma medida prioritária, inicialmente, faz-se necessária uma mobilização nacional. Podemos, por certo tempo, solicitar o engajamento laico das Igrejas, associações, sindicatos e das nossas Forças Armadas (guerra contra o analfabetismo e o atraso) para essa grande empreitada inicial.

Outros investimentos de grande porte, concomitantemente, devem ser realizados, ajudando, inclusive, a movimentar a economia de todo país: a construção civil seria acionada para a construção de escolas de alta qualidade, com quadras esportivas, espaços culturais, áreas de refeição e cozinhas bem equipadas etc. Tudo isso exigindo qualidade, porém sem luxo.

Durante o período de mobilização, concomitantemente, o governo deve investir na preparação de professores para atender à grande demanda. Como esse projeto é de prioridade nacional, os recursos deverão vir, entre outros: de uma nova redistribuição da nossa arrecadação; de uma renegociação da dívida pública, com a inclusão do bolsa família etc. Não temos tempo para ficar aguardando a época do pré-sal.

Observações e consequências previsíveis:

1. O tráfico perderá sua grande fonte de recrutamento, pois todas as crianças estarão, obrigatoriamente, em tempo integral, das 07 às 19 horas, na escola. A segurança pública ficará agradecida. Serão desnecessários tantos investimentos em presídios e no efetivo policial. É uma fonte de recursos que migrará para a educação. Mais educação, como proposta, significa menos delinquência, menos tráfico de drogas, menos usuários, mais saúde.

2. Para aqueles adolescentes que já participam de contravenções graves, podem ser planejadas escolas albergues, dando mais ênfase ao esporte e à cultura.

3. A saúde pública será, também, uma grande beneficiária, pois teremos crianças bem alimentadas, sinônimo de saúde para elas e seus pais. Toda escola deverá ter um posto de saúde. Os pais despreocupados terão mais tempo para seus afazeres, menos despesas com alimentação, uma saúde melhor, necessitando de menos atendimento médico. Haverá menos gasto público com acidentes e com viciados em entorpecentes. É mais dinheiro que poderá migrar para a educação.

4. O setor financeiro deve entender que isso levará o país, em médio prazo, a outro nível de bem estar. Será bom para todas as atividades que desejam uma nação economicamente forte. Os bancos irão ter menos gastos com a segurança, pois, esses assaltos a caixas eletrônicos tenderão a desaparecer. Com a educação em constante avanço, poderão aperfeiçoar a automação do setor.

5. Considero que esse projeto, para ter êxito, necessitará de uma coordenação centralizada, inclusive para evitar os privilégios nas diversas de regiões do Brasil. A educação deve ter o mesmo nível em todo país. Ficará, então, sob a responsabilidade do Ministério da Educação.

6. Os recursos, atualmente, aplicados pelos estados e municípios, deverão ser alocados nesse projeto. Tudo passa para o controle do ME. Para diminuir custos, poderá haver padronização em determinadas atividades. A edição de livros em escala, por exemplo, será necessária.

7. Deverá ser criada uma fiscalização rigorosa, prevista em lei, controlada pela sociedade; com a participação de: pais, professores e sindicatos, com poderes e recursos para denunciar erros, desvios de verba e de rumo etc.

8. Recursos adicionais: os pais pagarão 5% do salário / entradas pela mensalidade de cada filho matriculado. Isso é muito menos do que arcam, hoje, nas escolas particulares que, na sua maioria, não adotam o tempo integral. Muitas, inclusive, com qualidade duvidosa. Todas as famílias serão beneficiadas nas despesas de casa, pois: o café, o almoço, a janta e o transporte serão gratuitos.

9. O pequeno agricultor terá prioridade no fornecimento dos produtos alimentícios dessas escolas.
Surgirá, então, um mercado pujante, nesse vasto Brasil, aumentando nosso mercado interno. Tornando-se, também, numa importante política para manter o homem no campo. A formação de pequenas cooperativas agrícolas deve ser incentivada para permitir a aquisição de maquinário destinado ao cultivo da terra, armazenagem da colheita e entrega dos produtos nas escolas. Surgirá, então, um promissor mercado para os fabricantes de máquinas.

10. A EMBRAPA deverá receber recursos adicionais para dar todo apoio a essa gente do campo, aproveitando para ensinar como praticar uma agricultura sustentável e como cuidar das matas ciliares. As escolas estabelecidas no campo devem ter no currículo aulas teóricas e práticas de como recuperar as áreas degradadas. O governo, por intermédio da Embrapa, fornecerá mudas e orientação de como proceder. As escolas localizadas dentro do perímetro urbano adotariam a sistemática de, uma ou duas vezes por mês, participar, em conjunto com suas irmãs do campo, de mutirões para recuperar áreas degradadas. Isso proporcionaria uma maior integração da cidade com o campo. As crianças da cidade não ficariam tão alienadas, quanto à vida do interior.

11. O Brasil passará a ser um país admirado e respeitado. Deixará de ser o país só das “comodities”, esse anglicismo usado para substituir “produtos primários”. Mesmo no campo da agricultura, teremos uma maior diversidade e qualidade.

12. Com o advento dessa geração bem educada, passaremos a ter produtos manufaturados, desenvolvidos e produzidos, aqui, com alta tecnologia. Nossa indústria crescerá, em função do mercado interno e da exportação de produtos com melhor qualidade.

13. O futuro da energia não poderá ficar dependente da contínua destruição de grande parte da nossa AMAZÔNIA. Precisamos desenvolver tecnologias. Pequenas usinas de energia solar, eólicas e hidroelétricas devem proliferar para atender às novas exigências dessas escolas e dos pequenos agricultores. A sobra dessa energia será integrada à rede nacional, evitando os apagões. Alguns projetos de grande porte poderão, talvez, ser adiados. Com mais educação e cultura teremos melhores condições de analisar nossas prioridades e tecnologias aplicáveis. Será o fim das aventuras! Tudo será planejado!

14. A energia nuclear, ainda, é cara e perigosa. Devemos pesquisá-la. Não podemos importar tudo a preço de ouro. Temos que investir na pesquisa e desenvolvimento de outras fontes. Com esse projeto de educação haverá proliferação de centros de pesquisa.

15. Outras fontes de energia, como a eólica, a solar e a biomassa poderão aumentar a nossa independência. Sem um projeto de educação, como o proposto, não iremos alcançar os avanços dos países mais desenvolvidos.

16. Não é com a devastação da Amazônia que vamos abastecer o mundo com carne. Precisamos desenvolver tecnologia para multiplicar as cabeças de boi por metro quadrado. Um povo educado e culto saberá combinar o desenvolvimento com a preservação ambiental. Ocuparemos a Amazônia, sem devastá-la.

17. Com a devastação de nossas florestas e matas ciliares, seremos as principais vítimas. Os psicopatas, sempre olham o presente; não se importam com o futuro! Estudos bem elaborados confirmam que no meio da sociedade há cerca de 3% a 5% dessa praga. Num país com uma população de 190 milhões, temos, assim, pelo menos, 5.7 milhões praticando todo tipo de ato daninho à sociedade; inclusive contra a educação. Quanto mais permissivo o ambiente, mais esses traficantes e corruptos abastecem a lavagem de dinheiro. Com um povo educado essa gente não desaparece, porém o grau de atividade será bem menor. Eles estarão, com certeza, na linha de frente, em oposição a um plano como este!

18. Para alcançarmos tudo isso, vamos necessitar, possivelmente, de uma nova forma de fazer política: mandato único em todos os níveis, partidos sem caciques, país unitário, lei única, câmara única e, consequentemente, deputados estaduais e vereadores só para a fiscalização. Os incomodados dirão: Que blasfêmia! Quem não dá a devida atenção à educação, deseja o status quo. Surgirão com uma infinita quantidade de argumentos, aceitáveis ou lançados pelos psicopatas e por muitos que não se dão conta que estão adotando os argumentos dessa gente.

19. A nossa federação tem sido o berço esplêndido dos caciques, dos modernos coronéis, alojamento de mafiosos, fonte das guerras fiscais e muitas outras mazelas. Dentro desse quadro federativo a educação, praticamente, não terá guarida. Dentro desse quadro surgirão promessas vãs, enganosas, como prometer as famosas cotas, tirando o cobertor de pobres injustiçados para cobrir outros tão pobres. Tudo isso numa manobra, sem propor um projeto que transforme profundamente a nossa educação. Falam em educação sem investimentos pesados. Sabem mobilizar para a copa do mundo e para outros projetos onde o dinheiro jorra descontroladamente. Lutam desesperadamente pelos royalties do petróleo. Para a educação sobra o engodo.

20. Tudo, portanto, por uma educação de nível, para que possamos, pacificamente, revolucionar esse nosso Brasil. As áreas de tecnologia passariam a ter disponibilidade de pessoal com preparo. O individuo seria engrandecido e o país ficaria agradecido.

21. As nossas Forças Armadas, assim, repensaria seus projetos de importação, voltando sua atenção para o desenvolvimento tecnológico próprio. Não temos ameaças de vizinhos. Importar tecnologia militar de ponta é dar continuidade à nossa dependência. Um alto índice de educação será a base da nossa segurança. Daqui, sairá o celeiro de pesquisadores, jovens que dedicaram seu tempo ao estudo, sem tempo para os desvios e vícios dessa sociedade doentia. Jovens que terão orgulho do pedaço de torrão onde nasceram e daqueles que pensaram neles. Só, assim, seremos um país forte, respeitado e admirado. Isso não é utopia!

22. Proponho que esse tipo de escola acolha as crianças a partir dos 04 anos de idade com o objetivo de termos um bom nivelamento. Poucos são os pais, dentro dessa vida estressante, que têm condições de educar seus filhos durante os 04 aos 07 anos. Há uma tendência de deixarem essas crianças na frente da televisão, mesmo quando sob o cuidado de algum adulto. Dentro da classe média isso acontece, também. Pense que alternativa sobra para as camadas menos favorecidas que, muitas vezes, necessitam usar os precários meios de transporte, já antes do sol nascer. Há estudos que comprovam ser essa faixa etária a mais importante como base para o aprendizado futuro.
Observemos que os pais ficariam menos estressados e teriam mais tempo para serem produtivos e desfrutarem do tempo livre para o estudo, a leitura e o lazer.

23. Lendo um artigo sobre a escola na China, chamou-me à atenção o fato de 02 crianças; filhas de brasileiros, que lá estão estudando; externarem o desejo de retornar à escola brasileira, alegando que a prof, no Brasil, passava uma folha para o dever de casa e que na escola chinesa ela recebia quatro folhas, com a obrigação de entregar o trabalho de casa totalmente feito. Para as crianças chinesas, aquele procedimento era normal. Elas não cresceram sentadas ou deitadas no sofá, só vendo desenhos animados e novelas. Já morei num condomínio, com 108 apartamentos, onde havia uma quadra de futsal que, praticamente, não era usada. Nos fins de semana, quando encontrava um menino solitário no playground e perguntava onde estavam os coleguinhas que não desciam para brincar um pouco; a resposta não era que estavam estudando e sim que a meninada gostava mesmo era do videogame, estavam jogando, por isso não desciam. É por isso que o entrevistador obteve aquela resposta na China.

24. Há um programa internacional de avaliação de estudantes (PISA), no qual, em teste recente, entre 65 participantes, o Brasil obteve o desagradável 54° lugar. A China, representada por Xangai, foi a primeira colocada. Existe um projeto para expandir o sistema adotado em Xangai, com cerca de 15 milhões de habitantes, para todo país.

25. Imaginem o salto quantitativo e qualitativo que teríamos nos esportes. Em todas futuras olimpíadas estaríamos nas primeiras colocações. Em Londres, obtivemos desempenho inferior a países infinitamente menores em dimensões territoriais e populacionais.

FrancoAtirador

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POEMA DE AGRADECIMENTO À CORJA

Por Joaquim Pessoa*, no blogue Pimenta Negra**

Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade de vivermos felizes e em paz.
Obrigado pelo exemplo que se esforçam em nos dar de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada. Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade. E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade. Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço. E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer, o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente quem temos de rejeitar.

*Biografia
O poeta português Joaquim Pessoa nasceu no Barreiro em 1948.
Iniciou a sua carreira no Suplemento Literário Juvenil do Diário de Lisboa.
O primeiro livro de Joaquim Pessoa foi editado em 1975 e, até hoje, publicou mais de vinte obras incluindo duas antologias. Foram lhe atribuídos os prémios literários da Associação Portuguesa de Escritores e da Secretaria de Estado da Cultura (Prémio de Poesia de 1981), o Prémio de Literatura António Nobre e o Prémio Cidade de Almada.
Poeta, publicitário e pintor, é uma das vozes mais destacadas da poesia portuguesa do pós 25 de Abril, sendo considerado um “renovador” nesta área. O amor e a denúncia social são uma constante nas suas obras, e segundo David Mourão Ferreira, é um dos poetas progressistas de hoje mais naturalmente de capazes de comunicar com um vasto público.

A sua produção poética assumiu desde o momento da sua aparição, a década de 70, um compromisso ideológico e social, firmando como missão a denúncia satírica da imbecilidade e da miséria humanas. Filho do estilo livre e arrebatado de Álvaro de Campos, posto agora ao serviço de uma praxis cívica, a sua poesia, cultivando também a expressão do erotismo, não recusa ser datada, indignando-se permanentemente com a alienação do Homem, nunca perdendo a convicção de que “tudo/ ainda depende de nós”.

Bibliografia: “O Pássaro no Espelho”, “A Morte Absoluta”, “Poemas de Perfil”, “Amor Combate”, “Canções de Ex cravo e Malviver”, “Português Suave”, “Os Olhos de Isa”, “Os Dias da Serpente”, “O Livro da Noite”, “O Amor Infinito”, “Fly”, “Sonetos Perversos”, “Os Herdeiros do Vento”, “Caderno de Exorcismos”, “Peixe Náufrago”, “Mas.”, “Por Outras Palavras”, “À Mesa do Amor”, “Vou me Embora de Mim”.

**Pimenta Negra é um blogue sobre os movimentos sociais, a ecologia, a contra-cultura, os livros, com uma perspectiva crítica sobre todas as formas de poder (económico, político, etc)

http://pimentanegra.blogspot.com.br/2010/10/poema-de-agradecimento-corja-de-joaquim.html


Zé Povinho, o burro de carga dos ricaços,
dos bandidos da mídia mafiosa comprada
e dos políticos inescrupulosos vendidos.
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http://4.bp.blogspot.com/_0vVKT_iqTC8/Rzdw3ET65WI/AAAAAAAABjo/SxbFi35hRrI/s1600-h/diasemcompras07a.bmp

Combate a mercantilização da Vida:
O Amor não tem preço!



O NOSSO MUNDO NÃO ESTÁ À VENDA: porque as pessoas e a natureza são muito mais importantes que os lucros, os mercados e o capitalismo.

A TV é uma arma de distracção (e manipulação) massiva ao serviço da ideologia dominante, e das ideias-feitas dos conformistas e resignados.

LÊ, PENSA E ACTUA

Carlos Augusto Pereira da

Mídia e judiciário a serviço do capital. Democracia? Que nada… É o fim do mundo.

Carlos

Toda democracia necessita que o seu operador de processos seja também um governante (este eleito pelo povo e deste o legítimo, maior e fiel representante)- por que os necessários bons, verdadeiros e confiáveis índices econômicos e sociais não suscitam beneplácito naqueles que não concordam em distribuir mas em acumular; não concordam em dividir mas em concentrar.
É necessário enfatizar: o controle remoto, nas mãos um sem número expressivo, só serve para variar na escolha do “melhor” pão e circo; do que mais aliena e dispersa.

renato

Parabens novamente VIOMUNDO!
Não podemos esquecer do MST, as
pessoas da cidade não podem abrir
mão de um movimento como este!
Senão o capital vai tomar conta
da maior riqueza do Brasil. Suas
terras,não, não é o petroleo!!

Nelson

Simples, sem rodeios, direto. Assim é João Pedro Stédile. Ouvindo-o, nos convencemos que há solução para nossos problemas e que, para alcançá-la, povo e trabalhadores brasileiros precisam se unir, se organizar e partir para a mobilização.

Vida longa ao MST!

    Jotapê Ele

    E vida longa também ao Luiz Fux, apadrinhado do nosso Zapata tupiniquim, sr. Stédile.

    Roberto Locatelli

    Ôpa, pera lá. Sr “Jotapê”, o fato de que Fux tenha procurado metade dos líderes políticos brasileiros para conseguir uma boquinha no circo do Joaquim não quer dizer que todos os que foram procurados o ajudaram.

Valmont

Parabéns ao Viomundo pelo post.
Eu não entendo por que as TVs públicas, em especial a TV Brasil, não dá voz a personagens importantes como João Pedro Stédile.
A lacuna está aberta. Nenhum veículo de comunicação traz vozes e pensamentos alternativos, o outro lado da notícia. Muitas vezes, vejo a TV Brasil reproduzir a pauta “pasteurizada” do PIG e ignorar importantes figuras do cenário político.
Será que a TV pública tem medo de descolar-se excessivamente do mainstream da imprensa monocórdia e monolítica? Por que o “Outro Olhar” evita focalizar as verdadeiras lideranças capitais dos movimentos sociais marginalizados pelo PIG?
Mais do que nunca, precisamos de notas dissonantes deste samba de uma nota só.

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