Nelice Pompeu aos professores: Neste domingo, a aula é na urna. Temos de dar um basta a tudo o que nos arrancaram!
Tempo de leitura: 4 minPor Nelice Pompeu
Neste domingo a aula é na urna
Por Nelice Pompeu*
Resistimos até aqui e infelizmente muitos não tiveram essa oportunidade!
Foram anos terríveis, lutamos até para conseguir respirar e sobreviver, nos arrancaram vidas, direitos, só não conseguiram nos tirar o direito de sonhar e esperançar!
E dia 2 de outubro temos o dever de dar um basta! Precisamos ter lado, até porque o futuro nos mandará cobranças!
Votaremos por nós, por aqueles que partiram e pelas novas gerações que merecem viver em um país livre do fascismo.
E a educação e seus profissionais, que foram tão atacados e perseguidos nesses anos sombrios, serão protagonistas nessa reconstrução, para um país mais humano, justo e inclusivo.
Que esse período, que estará nas páginas mais tristes da nossa história, também sirva de aprendizado e reflexão,
Onde é que erramos?
Como permitimos que o que há de pior na essência humana fosse eleito?!
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Todo educador deveria se questionar.
Eleger alguém como Bolsonaro não foi opção política, não foi questão de ser de direita ou esquerda.
Eleger alguém como Bolsonaro é ser cúmplice de um projeto que tem como plataforma política o ódio, que tem gerado a exterminação da população.
É também ser cúmplice das milícias e conivente com discursos preconceituosos, homofóbicos , racistas , misóginos , machistas, LGBTfóbicos!
Nossas escolhas trazem consequências.
Em meios aos espinhos, aprendemos com os erros, mas a primavera há de chegar.
É preciso termos a consciência de que não será apenas uma eleição.
Será um plebiscito para escolher entre democracia vs barbárie , viver vs morrer, amor vs ódio, educação vs negacionismo.
Será a eleição mais decisiva das nossas vidas. Definirá o futuro que queremos para nossos alunos e filhos.
Antes o professor se orgulhava de saber que seus podiam cursar ensino superior. E hoje se preocupa se falta comida na mesa desse jovem.
A universidade que era para todos, virou universidade para poucos.
Nos governos do PT várias políticas públicas foram criadas na área da educação, entre as quais: PROUNI, FIES, Jovem Aprendiz, Ciência sem Fronteiras, SISU, PRONATEC.
Porém, no governo Bolsonaro, esses programas foram extintos ou reduzidos!
Pela Constituição de 1988, a Educação é direito de todos e dever do Estado, mas nunca dantes nossas crianças e jovens foram tão privados desse direito.
É criminoso um presidente que compromete o futuro de crianças e jovens, que ainda sofrem com os efeitos da pandemia, ampliando o abismo social existente no Brasil.
A quem interessa afinal o “emburrecimento” da população?!
Para Bolsonaro, a Educação não é investimento, mas prejuízo.
Ele reduziu 96% dos investimentos em Educação Infantil, excluiu o direito à creche de famílias beneficiárias do Auxílio Brasil para crianças até 4 anos, cortou 56% para Educação de Jovens e Adultos (EJA) e ainda cortou R$ 1,096 bilhão no programa “Educação básica de qualidade”.
A crueldade desse desgoverno vai além.
Congelou por cinco anos o valor da verba da merenda escolar repassada aos municípios. Isso acontece justamente no momento em que cresce o número de crianças e jovens que têm como única refeição a comida servida nas escolas.
A educação pede socorro, enquanto o Ministério da Educação do governo Bolsonaro continua sendo palco de escândalos e corrupção.
Atualmente, a escola é uma fábrica de adoecimento.
Colegas desanimados, doentes, desmotivados.
Muitos até desistem da profissão, agravando ainda mais o déficit de profissionais.
Nunca foi tão difícil ser professor.
Somos perseguidos e assediados por aqueles que se dizem defensores “cidadãos do bem”.
Hoje um professor que fala em sala de aula que a Terra é redonda corre o risco de ser acusado de doutrinação.
Até o famoso livro “Revolução dos Bichos”, de George Orwell, foi objeto de denúncia por uma família bolsonarista por conter no titulo a palavra “Revolução”!
Mas o que esperar de pessoas que idolatram uma falso messias e desmerecem o legado de Paulo Freire?
O próprio Bolsonaro já criticou Paulo Freire chamando-o de “energúmeno”.
Para o mestre Paulo Freire, educar é um ato político, pelo qual os marginalizados alcançam a compreensão de sua realidade, aprendem a lutar por seus direitos e vislumbram a superação das relações de opressão.
E uma das principais funções da escola é formar cidadãos críticos e conscientes, para que não sejam manipulados.
E como educadores devemos ter consciência da nossa importância em promover uma educação emancipadora.
Que nossas práticas, promovam REFLEXÃO, pois o voto traz consequências e a falta de debates políticos também.
O estrago é gigantesco.
A falta de debates políticos:
- ajudou a eleger Bolsonaro e sua milícia toda
- assassinou quase 700 mil pessoas
- retardou a chegada da vacina no Brasil
- confiscou nossos salários
- faz faltar comida na mesa
- faz famílias viverem em situação de rua
- faz pessoas morrerem de frio, enquanto há prédios abandonados em SP
- mata a população preta, pobre e periférica
- censura os profissionais de educação
- privatiza as escolas públicas
- promove o sucateamento dos serviços públicos
- encarece os preços e aumenta o custo de vida
- forma alienados
- faz acreditar em falsas promessas
- extermina vidas e sonhos
- forma idiotas
Até o PPP das escolas se chama Projeto POLÍTICO Pedagógico.
Tudo é política
Desde o preço do pãozinho ao cargo que a pessoa ocupa.
E se acha que não é função do educador essas discussões, você está na profissão errada.
Lermbre-se: a história mandará cobranças!
Por isso, eu tenho lado.
Dia 2 de outubro, votarei em um nordestino de Garanhuns , que já passou fome, foi operário, foi preso e atacado injustamente e, mesmo sem ter acesso à universidade, reconhece a importância da educação para a reconstrução de uma Nação.
Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato da Educação!
*Nelice Pompeu é professora da rede pública municipal da cidade de São Paulo. Integra o Movimento Escolas em Luta
Leia também:
Eliara Santana: Sobrevivemos para reconstruir o Brasil
Marilena Chauí: Refazer o país exige que a esquerda encontre seus pontos em comum
Nelice Pompeu
Professora da rede pública municipal da cidade de São Paulo. Integra o Movimento Escolas em Luta.
Comentários
Zé Maria
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“Estou na 1a reunião do Grupo de Trabalho de Educação,
vinculado ao governo de transição.
Este GT foi convocado por Fernando Haddad e é
coordenadopor Henrique Paim.
Vamos trabalhar a Educação em concepção sistêmica
(da creche à pós-graduação) e vamos ter o PNE
como referência.”
“Essas são as informações mais relevantes.
No mais, o trabalho será coletivo
e pautado pelo esforço de concertação.
Tanto para a transição quanto para o futuro
do governo Lula-Alckmin é preciso que
o (re)fortalecimento da escola pública
seja nossa obsessão. E assim será.”
Professor Daniel Cara
Pesquisador na Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo (USP)
https://twitter.com/DanielCara/status/1590006454777700353
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