Noam Chomsky: Internacional Reacionária permanece intacta e política ambiental de Bolsonaro é ameaça existencial

Tempo de leitura: 3 min

Por Luiz Carlos Azenha

Aos 92 anos de idade, o intelectual Noam Chomsky apurou ainda mais sua fala.

É um poeta da análise crítica: escolhe as palavras cuidadosamente, impede que elas sejam usadas para encobrir a verdade e distribui adjetivos sem piedade.

Em entrevista exclusiva ao Viomundo, desde o Arizona, onde vive com a esposa brasileira Valeria, Chomsky revelou a mesma argúcia pela qual ficou famoso em todo o planeta — ex-professor do Massachussets Institute of Technology, ele é considerado o pai da Linguística moderna.

Na tradição intelectual dos contrarians de origem judaica, é um dos mais ferozes críticos da usurpação da Palestina por Israel.

Hoje, dois assuntos o preocupam muito: em primeiro lugar, a crise climática, que considera uma ameaça existencial à Humanidade.

Em segundo lugar, a retomada pelo governo dos Estados Unidos, sob Joe Biden, de maneira mais militante, do chamado pivô que o governo Obama fez em direção à Ásia, quando o então presidente decidiu que a China era a maior ameaça à hegemonia de Washington.

[Na verdade, as políticas de Estado norte-americanas são formuladas entre o Pentágono e o Departamento de Estado e aplicadas, no que exige trabalho clandestino, pela CIA. Isso talvez ajude a explicar a recente visita do diretor da CIA, William Burns, ao presidente Jair Bolsonaro, em Brasília]

Chomsky considera que os Estados Unidos estão agindo de forma cada vez mais provocativa em relação aos chineses, preocupados em preservar seu monopólio sobre setores da economia nos quais Beijing hoje nada de braçada.

Ele teme um incidente no entorno da China que leve à guerra nuclear, num cenário que nos leva de volta à insegurança da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

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O que mais surpreende Chomsky é que a Internacional Reacionária montada por Donald Trump não foi desfeita por Biden.

Trump montou um eixo de apoio internacional que incluía grandes detentores de matérias primas pelas quais a China é sedenta e países estrategicamente localizados como pontas-de-lança — todos com governos autoritários ou semi-autoritários.

Parte da Internacional Reacionária

Na Internacional de Trump, figuravam o Brasil e a Colômbia como representantes do Hemisfério Ocidental, o Marrocos por ter grandes reservas de fosfato — essencial para a produção de fertilizantes –, a Índia de Narendra Modi como contrapeso à China e à Rússia, a Hungria como entreposto europeu, o Egito do ditador Al-Sisi pela posição estratégica, Israel como o músculo militar no Oriente Médio e os regimes autoritários do Golfo Pérsico para conter o Irã — Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Bahrain, todos ricos em petróleo.

Nesta internacional, Chomsky destaca não apenas a importância de Bolsonaro como alinhado 100% aos Estados Unidos — mesmo com a derrota de Trump –, mas o papel decisivo que o brasileiro pode jogar na questão que mais o preocupa, a climática.

As políticas do presidente brasileiro para a Amazônia são consideradas por ele uma ameaça existencial que vai muito além da mudança do regime de chuvas que pode prejudicar a agricultura no país.

Trata-se de uma mudança sem volta a partir do momento em que a Amazônia se transformar de sugadora de gás carbônico em produtora, se de fato grande parte da floresta tropical se transformar em uma savana.

Como repórter que viajou fartamente pela Amazônia, não quis preocupar o professor Chomsky com previsões funestas. Porém, nem as imagens de satélite captam o que a gente vê viajando pelo solo: a lenta e constante degradação da floresta virgem pela retirada de madeira dia e noite, sem qualquer controle, sem preservar as matrizes.

As dezenas de milhares de pessoas que a ditadura militar transferiu para a Amazônia com falsas promessas e com planejamento escasso, equivalente ao exposto pelo ministro-general Pazuello durante a pandemia, agora cobram o preço da floresta.

Os argumentos de Noam Chomsky são de uma simplicidade gritante. Sem rodeios, ele põe os dedos nas feridas, como se pode ver na entrevista do topo.

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Zé Maria

Apoiadores de Bolsonaro hostilizam padre que fez críticas ao presidente em Igreja de Fortaleza.

Após manifestar posição contrária ao presidente Jair Bolsonaro durante missa celebrada neste domingo, 4, o padre Lino Allegri, 82, da Paróquia da Paz, em Fortaleza, foi hostilizado por um grupo de fiéis apoiadores do atual presidente.
Insatisfeitas com as declarações do sacerdote — que durante a homilia criticou as mais de 500 mil mortes por Covid-19 no Brasil —, cerca de oito pessoas entraram sem autorização na sacristia e o abordaram com os ânimos exaltados e em tom de ameaça.

“Eles entraram na sacristia já bastante alterados, com tom de voz agressivo, me atacando. Disseram que não estavam de acordo com o que eu tinha falado em relação ao presidente da república, que ele é um cristão e um bom presidente, e que eu deveria rezar por ele”, contou.

O religioso ainda revelou ter sido alvo de declarações xenofóbicas proferidas por um dos integrantes do grupo, que fez menção à sua nacionalidade.
“O homem que estava entre as mulheres olhou para mim e disse: ‘Pode voltar para a sua Itália, que aqui nós não precisamos do senhor’”, contou o sacerdote. Após cerca de dez minutos de discussão, o grupo resolveu deixar o local depois de intervenção dos ministros da eucaristia, que auxiliaram o padre na celebração.

Lino acredita que o ato foi uma “tentativa de intimidação”, ante à reflexão que ele havia provocado durante o sermão. “No evangelho, eu recordei que toda procissão de fé tem que ser acompanhada da procissão de amor a Jesus Cristo. Só as palavras não resolvem. E aí, durante a homilia, eu fiz uma relação, disse o seguinte: ‘Nós estamos passando por este momento em que já tivemos mais de meio milhão de mortos, e a pessoa que está no cargo máximo do País se diz cristão, mas não prova ser’”, relembrou o sacerdote.

“Vocês viram que na semana passada o presidente foi a uma celebração comungar. Eu acho que ele comungou a sua própria condenação. Porque há uma passagem na Bíblia que fala que quem comer o pão ou beber o cálice do Senhor de maneira indigna, come e bebe para sua própria condenação. E ele [Bolsonaro] é indigno no sentido de não existir amor ao próximo”, disse o Padre durante a missa.

Segundo Lino, as reações à sua fala são reflexo do clima de polarização política que o País atravessa atualmente. “Essas atitudes violentas decorrem de tudo que estamos vivendo agora sob o ponto de vista político. As pessoas têm até o direito de não concordarem com o que eu falo, mas não podem atacar, nem a mim e nem a quem discorde delas”, declarou o padre, acrescentando ainda que o episódio deste domingo não foi uma ação isolada.

“Nesta mesma igreja, por pelo menos quatro vezes já aconteceu algo parecido. Sempre um grupo de pessoas, a maioria mulheres, que vem questionar de maneira bastante violenta. Isso se tornou mais recorrente sobretudo depois das eleições de 2018, mas desta vez foi algo mais virulento”, disse. Apesar de ter sido orientado pelos auxiliares a prestar Boletim de Ocorrência (B.O) sobre o caso, o padre preferiu não levar o caso à Justiça.

Também através de nota, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), vinculada à CNBB – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, manifestou solidariedade ao padre Lino Allegri e expressou repúdio pelo que classificou como “atitude típica de apoiadores de ideologias identificadas com a violência”.
Ainda afirma que o sacerdote é um “legítimo defensor da paz, da Justiça e da Igreja como um lugar comunitário de acolhimento”.

https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2021/07/05/apoiadores-de-bolsonaro-hostilizam-padre-que-fez-criticas-ao-presidente-em-igreja-de-fortaleza.html

Zé Maria

Excerto

“Uma das coisas em que Trump [como figura
representativa dos Nazifascistas na atualidade,
isto é, da ‘Internacional Reacionária’, como dito,]
foi bem sucedido brilhantemente foi eliminar
o conceito de Verdade”.

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