Márcio Meira: Milicianos atacam indígenas na Amazônia, enquanto deputados trabalham para “legalizar” os ataques

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A chegada do coronavírus é uma ameaça muito grande da perda eventual de pessoas detentoras de grandes conhecimentos. Então, quando falamos de um povo pequeno e a minoria sendo de idosos, você deve interpretar que boa parte do conhecimento e da cultura desses povos está ameaçada. Isso porque se um ancião se for, vai com ele toda uma história. Os jovens dependem totalmente dessas pessoas para receberem o conhecimento das tradições, que só eles possuem. É uma população pequena, mas com importância cultural imensa. Márcio Meira, em entrevista, sobre a chegada do coronavírus às aldeias.

Da Redação

O antropólogo Márcio Meira, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (2007-2012), afirma que os indígenas estão sendo vítimas de um ataque em pinça: na Amazônia, principalmente, milicianos — grileiros, madeireiros, garimpeiros ou seus asseclas — tocam terror em várias etnias, dentre as quais os Ianomâmi e os Munduruku.

Enquanto isso, no Congresso, a bancada da Bala/Boi/Bíblia, tendo como líder o presidente da Câmara, Arthur Lira, enfraquece a legislação definida a partir da Constituição de 1988.

Márcio, na entrevista ao Viomundo, lembra o discurso histórico de Airton Krenak na Constituinte, em que ele falava ao mesmo que pintava o rosto de negro com creme de jenipapo, denunciando a História de usurpação, escravidão e assassinato dos indígenas e de suas terras.

Nunca, desde então, os direitos dos indígenas estiveram tão ameaçados, segundo o ex-presidente da Funai por mineradores que querem explorar em terras indígenas e por madeireiros que sabem que hoje só restam florestas em algumas áreas da Amazônia nas TIs ou em reservas e parques nacionais.

É disso que trata o PL 490, que tiraria o direito exclusivo dos indígenas de explorar as terras que ocupam, por exemplo.

Uma grande mobilização nacional foi articulada por lideranças indígenas de praticamente todas as etnias contra o PL.

Para Márcio Meira, não basta a pressão externa de governos, fundos de financiamento e ambientalistas, mas é preciso colocar esta pauta no centro dos movimentos que se opõem ao governo Bolsonaro.

Na entrevista acima, em cerca de 13 minutos Márcio Meira explica o que está em jogo no PL 490.

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