Fernando Morais: “Bloqueio é uma metralhadora apontada para Cuba”
Tempo de leitura: 12 minFelipe Prestes, no Sul21, sugestão de Igor Felippe
O jornalista Fernando Morais captou Cuba em dois momentos absolutamente diferentes. Em 1976, Morais escreveu a “A Ilha”, obra que o celebrizou e abriu as portas para sua carreira como autor de grandes reportagens em livro. Naquele momento, o repórter encontrou o socialismo funcionando a pleno vapor, com pouquíssimos descontentes.
O livro que acaba de lançar, “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, se passa na década de 1990 e mostra uma Cuba em fortíssima crise econômica decorrente do fim da União Soviética. Um país que se tornou um prato cheio para as dezenas de organizações anticastristas chefiadas por cubanos radicados na Flórida, que incentivavam e auxiliavam os conterrâneos que desejavam deixar a ilha. Com aviões a seu dispor, estas organizações se tornavam cada vez mais ameaçadoras para Cuba, desrespeitando totalmente o espaço aéreo do país, com voos despudorados sobre Havana.
Neste contexto, o governo cubano inicia a Operação Vespa, que consistiu no envio de 14 espiões que se infiltraram nestas organizações anticastristas. Morais começou a pensar o livro no mesmo dia em que dez destes espiões foram descobertos pelo FBI e presos, em 1998, . “Eu comentei com a minha mulher: ‘Aqui tem um livro’”. O escritor solicitou documentos secretos ao governo cubano em seguida, mas só os obteve em 2005. A pesquisa, que incluiu 40 entrevistas, teve início em 2008.
Fernando Morais ainda revela profunda admiração pela Cuba revolucionária, que já não funciona tão bem quanto a que mostrou em “A Ilha”. “Relembro sempre do outdoor, que acho muito forte, que foi colocado na entrada de Havana quando o Papa João Paulo II esteve lá em 1998: ‘Nesta noite 200 milhões de crianças vão dormir na rua em todo o mundo. Nenhuma delas é cubana’”, diz.
Na última quinta-feira (29), Morais veio a Porto Alegre para um debate sobre “Os Últimos Soldados da Guerra Fria” e conversou por cerca de 50 minutos com o Sul21 no restaurante do hotel em que estava hospedado. O jornalista defendeu as “correções de rumo” que estão sendo feitas na economia cubana e explicou que o bloqueio econômico que os Estados Unidos impõem a Cuba é muito mais prejudicial dos que as pessoas costumam pensar. ”É uma metralhadora apontada para a cabeça da economia cubana”, afirma. Morais também falou sobre jornalismo, regulação da mídia e revelou quais podem ser seus próximos livros.
Sul21 – Quando tu escreveste “A Ilha”, na década de 1970, Cuba era quase a realização de uma utopia, as coisas davam muito certo. Em “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, que se passa na década de 1990, Cuba já está em uma situação econômica muito ruim. Como tu avalias a diferença entre o país nestes dois momentos?
Fernando Morais – Havia uma dependência muito grande com a URSS. Cuba era quase um país da chamada Cortina de Ferro. Mantinha um nível de independência política muito grande, mas do ponto de vista econômico era um grau de dependência enorme. Quando acaba a URSS, a economia cubana sofre um baque que torna a sobrevivência da Revolução uma coisa milagrosa. Só se explica mesmo pela garra do povo cubano. O PIB desabou em 75%. Quando o PIB de um país cai 4 ou 5%, um presidente arranca os cabelos. Eles tiveram que fazer mágica para sobreviver. O inacreditável de tudo isto é que, apesar desta tragédia econômica, passados 20 anos do fim da URSS, dados recentes mostram que Cuba é o único país do Caribe e da América Latina que não tem mais desnutrição infantil. Zero. A taxa de mortalidade infantil é de 4,5 por mil. A dos Estados Unidos é de oito por mil. A do Brasil é de 22 por mil. Em São Paulo é de 11 por mil. No debate sobre o livro em Curitiba me perguntaram como eu continuo solidário à Revolução Cubana. Eu cito estes números e relembro sempre do outdoor, que acho muito forte, que foi colocado na entrada de Havana quando o Papa João Paulo II esteve lá em 1998: “Nesta noite 200 milhões de crianças vão dormir na rua em todo o mundo. Nenhuma delas é cubana”. É isso.
Sul21 – Imagino que tenham questionado no debate o fato de o poder estar concentrado com Fidel Castro e agora com seu irmão, o que muitos consideram uma ditadura.
Fernando Morais – É um país em guerra com a maior potência bélica do planeta. Não sei que cidade está a 160 quilômetros de Porto Alegre, para que as pessoas tenham a noção da distância entre Cuba e os Estados Unidos. E não é uma ameaça retórica. É real. Acho que não tem mais ninguém ingênuo depois que os americanos deram a volta no planeta para invadir o Iraque e o Afeganistão e do que fizeram agora na Líbia. Independentemente se Kadafi era um ditador ou não, eles atravessam o planeta e vão matar gente em um lugar que eles não sabem nem a língua. Se você der um mapa-múndi para os americanos, 99% não sabem onde ficam estes países. Os cubanos não são ingênuos de supor que estão a salvo de uma agressão militar, até porque já houve na Baía dos Porcos. Quando o Brasil entrou na Segunda Guerra, Getúlio baixou no dia seguinte leis que proibiam japoneses, alemães e italianos de falar seus idiomas na rua, de ler livros em suas línguas. Está havendo muita mudança econômica em Cuba. Raúl está corrigindo muita cagada que eles fizeram no começo. Agora, não acredito que haverá alguma mudança política enquanto não acabar o bloqueio econômico.
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Sul21 – Como tu estás vendo estas mudanças econômicas?
Fernando Morais – São correções de rumo. Me lembro que nas primeiras vezes em que fui a Cuba, quem cortava seu cabelo era um barbeiro estatal. Você tinha uma unha encravada, tinha que arrumar um podólogo estatal. Não tinha nada que não fosse estatal. Um caso célebre é de uma empresa que era muito famosa que se chamava El Rey de la Papa Frita, que tinha centenas de quiosques em todo o país. Foi estatizada. Eles criaram um mecanismo em um ministério para cuidar da El Rey de la Papa Frita. Não podia dar certo. Foi uma revolução de um radicalismo só visto na Revolução Russa de 1917. Hoje está nos jornais que as pessoas podem comprar e revender carros. As pessoas já podem abrir pequenos negócios. Agora, saúde e educação continuam sendo de responsabilidade do Estado, nisto não se mexe. Cuba não vai voltar a ser puteiro dos Estados Unidos nunca.
Sul21 – O título do livro fala em últimos soldados da Guerra Fria. Mas pela nossa conversa, percebe-se que na verdade esta guerra ainda não acabou.
Fernando Morais – Eu acho que ali foi o último episódio da Guerra Fria. Na verdade, é um anacronismo. A Guerra Fria acaba no dia em que acaba a URSS. Os Estados Unidos perderam o inimigo que alimentava isto. No entanto, ali no Caribe havia um microcosmo onde a Guerra Fria se mantinha.
Sul21 – Agora não se mantém?
Fernando Morais – Isso está, aos poucos, desaparecendo. Primeiro pela descoberta da rede de cubanos. Das denúncias feitas por Fidel a Bill Clinton, via Gabriel Garcia Marquez. E também por um problema generacional. Os jovens que vivem em Miami não estão mais interessados em jogar bombas em Cuba.
Sul21 – Já não devem ter interesse em voltar para lá também e reinstalar o capitalismo.
Fernando Morais – Não, até porque eles não tiveram prejuízo nenhum. Eles nasceram depois das expropriações. Quinze dias atrás o Pablo Milanés foi fazer um show em Miami, em um grande estádio da American Airlines (a American Airlines Arena). Havia 15 mil pessoas aplaudindo ele dentro do estádio e do lado de fora uns quinze velhinhos com cartazes na mão o chamando de comunista sem-vergonha. Então, isso está diminuindo muito. É muito raro você encontrar um jovem entre as lideranças das dezenas de organizações anticastristas que existem na Flórida.
Sul21 – O bloqueio econômico é realmente o grande causador dos problemas econômicos de Cuba?
Fernando Morais – A maioria das pessoas não sabe o que é realmente o bloqueio. Acha que é só a impossibilidade dos dois países comerciarem e de cidadãos de um país visitarem o outro. É claro que apenas isto já afeta profundamente a economia cubana, porque na hora em que você permitir que o turista norte-americano visite Cuba, o turismo cubano vai multiplicar seu faturamento. Mas o problema maior são as imposições feitas a outros países. Há cerca de três anos, Cuba comprou da Toshiba uns 50 tomógrafos e o Japão não podia entregar, porque se um navio japonês atracar em Cuba fica proibido de atracar em portos norte-americanos durante não sei quantos meses. Há um trecho no livro em que o cônsul norte-americano no Rio de Janeiro procura o vice-presidente da Souza Cruz para ameaçá-lo porque a empresa tinha acabado de montar uma fábrica em Havana, em um terreno que fora expropriado da indústria americana. Deram com o nariz na porta. O bloqueio é uma coisa que até a OEA, que é controlada pelos EUA, já protestou. É uma metralhadora apontada para a cabeça da economia cubana.
Sul21 – O livro mostra que até mesmo Jimmy Carter acabou apelando para o eleitorado de Miami anticastrista quando sua popularidade estava em baixa. A gente vê agora que Obama vai vetar a criação do Estado Palestino. Tu estudaste muito o lobby das organizações anticastristas. Como funcionam estes lobbies?
Fernando Morais – Dinheiro. No caso do lobby cubano, além do dinheiro tem a importância que a Flórida desempenha nas eleições dos Estados Unidos. Foi lá que o Bush (filho) ganhou a primeira eleição, que dizem que foi roubada do Al Gore. No caso do lobby pró-Israel, é financiamento de campanha. Financiamento legal, tudo declaradinho. Os caras não são loucos de enfrentar isto. Perdem a eleição. No caso do lobby cubano, nenhum candidato desde Kennedy, seja democrata ou republicano, deixou de cumprir o ritual de ir beijar o anel dos barões da comunidade cubana em Miami. Se o Obama vier a fazer alguma coisa – seja no sentido de acabar com o bloqueio, seja no sentido de libertar os cinco (agentes cubanos que continuam presos nos EUA) – só vai fazer se for reeleito no ano que vem, o que está cada vez mais difícil. Se ele se reelege, não deverá satisfação nenhuma à comunidade cubana da Flórida, porque ninguém pode ser presidente dos EUA por mais de duas vezes, nem alternadamente.
Sul21 – Tu ouviste a notícia da prisão dos espiões cubanos no rádio e no mesmo momento pensou que dava um livro. Como foi isto?
Fernando Morais – No dia em que eles foram presos, em setembro de 1998, eu estava dentro de um táxi com minha mulher, num final de tarde, no trânsito infernal de São Paulo. No meio de um monte de notícias internacionais, de vulcão não sei onde, ele disse: “Dez agentes secretos cubanos foram presos hoje pelo FBI na Flórida. Estavam infiltrados todos eles em organizações de extrema-direita”. Em geral é o contrário, quem espia o mundo todo são os Estados Unidos, é o FBI, a CIA. Cuba lá dentro, nas “entranhas do monstro”, como dizem os cubanos. Eu comentei com a minha mulher: “Aqui tem um livro”. Levei quase dez anos para conseguir que os cubanos me entregassem o material secreto.
Sul21 – Então, desde aquele momento tu já começaste a fazer o livro?
Fernando Morais – Já. Na primeira vez em que fui a Cuba depois daquilo já bati na porta deles. No começo, Cuba nem reconhecia que eram agentes do governo, mesmo que já tivessem sido condenados à prisão perpétua nos EUA. Em 2005 eles me liberaram os documentos, mas eu estava fazendo a biografia do Paulo Coelho. Já tinha recebido adiantamento da editora, precisava entregar o livro. Quando acabei a biografia, em 2008, saí a campo. Fiquei dois anos pesquisando e um ano escrevendo.
Sul21 – Mas além dos documentos tu também fizeste entrevistas com os familiares dos espiões.
Fernando Morais – Tem 40 entrevistas. Conversas com familiares, com profissionais da área de inteligência, nos Estados Unidos conversas com líderes dos grupos cubanos de direita. Tem muita coisa em off com agentes do FBI aposentados, que me deram dicas. Fui a Nova Iorque entrevistar o Larry Rother, aquele repórter que disse que o Lula bebia, que queriam expulsar do Brasil. Ele foi chefe da sucursal do New York Times em Miami e os caras (grupos anticastristas) ameaçaram ele, cortaram os freios do carro dele, metralharam a porta da casa dele. Falei com os presos por internet e, quando falava por telefone, aproveitava as cotas de minutos que as famílias têm para falar com eles mensalmente. Como não sou nem parente, nem cidadão americano, não podia visitá-los na cadeia.
Sul21: Foi bem reportagem investigativa.
Fernando Morais – Típica reportagem investigativa. Tem que se virar para que as pessoas contem coisas que não estão querendo contar. Fiz tudo sozinho. Em geral uso jovens jornalistas, historiadores ou pessoas da área de Letras para fazer algumas pesquisas e entrevistas por mim. Nesta, eu achei tão saboroso que fiz tudo sozinho. Tive pessoas me ajudando apenas para marcar entrevistas, degravar as fitas. Tinha uma moça em Havana, uma jornalista, a Leslie. Em Miami tinha uma jornalista colombiana e no Brasil, uma jovem jornalista. Ela organizava as informações para mim.
Sul21 – É uma história que desperta o interesse em todo o mundo. Já tem edições em outros idiomas?
Fernando Morais – Tem duas editoras norte-americanas interessadas em lançar o livro. Em espanhol, já tem editora em Cuba, Venezuela e México. Em Portugal também. E já está vendido para cinema desde o começo, para um jovem investidor paulista Foi o que me ajudou porque foi uma pesquisa cara. No meio da pesquisa, o dinheiro havia acabado. Ele comprou os direitos. Está em campo para ver se amarra a produção com algum grande estúdio norte-americano.
Sul21 – Muitos jornalistas antigos falam que este tipo de reportagem morreu, principalmente nos veículos. Tu concordas com isto?
Fernando Morais – Os donos dos veículos dizem que o leitor não quer mais saber de reportagens extensas, quer saber de hard news, de internet. Se isto fosse verdade meus livros não venderiam o que vendem. São todos livros de grande reportagem, e todos os dez entraram em listas de mais vendidos. Acho que as pessoas querem as duas coisas. Uma coisa é você entrar na internet agora e saber o que está acontecendo na Bolívia. Outra coisa é você ler uma boa história. Público tem. Precisa dinheiro para você pôr um repórter por dois, três meses em cima de um assunto. Eu sou um leitor ávido de papel. Uma das minhas alegrias era ler de manhã três, quatro jornais. Já não tenho tanta sedução assim. Os jornais hoje me lembram um verso profético do Gilberto Gil: “O jornal de manhã chega cedo, mas não traz o que quero saber/As notícias que leio, conheço, já sabia antes mesmo de ler”. Salvo uma ou outra coisa, você já leu antes na internet. Não acho que a internet vai acabar com o jornal. Mas acho que a única maneira do jornal em papel obter alguma vantagem sobre a internet é com opinião e com a grande reportagem, com matérias esteticamente trabalhadas. Dar tempo ao repórter burilar, escrever a reescrever. Se não, morrerão de fome.
Sul21 – Como tu vês a discussão que voltou à tona agora sobre a regulação da mídia?
Fernando Morais – Eu sou a favor, claro. Em primeiro lugar, televisão e rádio não são propriedade dos donos, é uma concessão com a sociedade está fazendo a eles, mas mesmo a mídia impressa precisa de regulação. Isso não significa ter censura, não. É ter normas. Um jornal não pode dar em manchete que você é batedor de carteira e no dia seguinte desmentir com uma notinha de três linhas. É inadmissível que seja assim. Eu sou absolutamente contra a censura. Vivi de 1968 a 1976 abaixo de censura. O censor sentava ao seu lado na redação. Não pode haver nenhuma instituição impune. Esta discussão, por exemplo, sobre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tem que ter o CNJ. Você não pode permitir, por exemplo, que a censura que era fardada se torne a censura togada. Agora, quem é que regula o direito da imprensa dizer que você é ladrão? Tem regulação no mundo inteiro. Tem muito mais nos países que são modelo para os nossos donos de jornal. Nos EUA, quem é dono de televisão não pode ter jornal. E as televisões que têm alcance nacional precisam de um percentual altíssimo de produção local e de produção independente. Aqui no Brasil, as grandes redes nacionais produzem tudo no São Paulo e no Rio de Janeiro. Os estados produzem apenas uma fatia pequenininha do seu noticiário.
Sul21 – Para a indústria cultural não é bom.
Fernando Morais – Claro que não. Um país com uma diversidade cultural como a nossa não pode ter uma emissora de televisão como a Globo, com 60% de audiência, com a concentração de produção como ela tem. Seria bom para também para ela comprar produção local. Seria uma forma de estimular produtoras no Brasil inteiro. E não tem nada que ver com censura. Este papo que os donos de jornal estão usando é para inibir a ação de quem defende a regulação. Não tem censura nenhuma.
Sul21 – Mas é difícil disseminar uma ideia contrária entre a população.
Fernando Morais – Claro, eles detêm o controle dos meios. Não adianta você querer dizer que isto não é censura no seu site, que atinge uma fatia pequena. Tem a Globo, o Estadão, a Folha, a Veja. Dos grandes, você tira a Carta Capital. O resto todo está martelando a cabeça das pessoas, dizendo que regulação é sinônimo de censura. Quando falo, mesmo para pessoas de cabeça aberta, que sou a favor da regulação, falam assim: “Quem diria, você que foi vítima da censura, agora está defendendo”.
Sul21 – Como estão andando as biografias do José Dirceu e do Lula?
Fernando Morais – Do José Dirceu eu estava trabalhando, ainda não desisti. Cheguei a ir a Cuba com ele, no lugar em que ele foi treinado, as pessoas que conviveram com ele, o médico que fez a cirurgia no rosto dele. Aí veio a cassação e ele teve que cuidar da vida dele. Pensamos em fazer um livro mais em primeira pessoa chamado 30 Meses, que seria a história dos bastidores do Governo Lula a partir da ótica dele. Ontem (quarta-feira, 28) ele lançou em Brasília um livro (Tempos de Planície), que acho que é um livro de ensaios, não de revelações. Com o Lula estou conversando há uns dois meses. Nem eu, nem ele sabemos bem o que se quer fazer.
Sul21 – Ele está plenamente disposto a fazer esta biografia?
Fernando Morais – A iniciativa foi dele, do pessoal ligado a ele. Me procuraram e propuseram um almoço com ele. Tenho uma relação antiga com o Lula. Na noite em que o sindicato foi invadido pelo Exército em 1979, estava lá dentro com ele. Pode rolar, pode dar um negócio legal. Vamos ver. É um momento bom porque eu estou na entressafra.
Sul21 – Não tem algum outro projeto em vista?
Fernando Morais – Tenho. Aliás, um projeto aqui no RS. Estou começando a conversar com a família do João Goulart para fazer algo não sobre a vida dele, mas sobre a morte.
Sul21 – É algo que está no ar.
Fernando Morais – É, aquilo não está devidamente esclarecido. Almocei na semana passada com a dona Maria Thereza (viúva de Jango) e com a Denise (filha). Vamos ver. Não descarto nenhuma possibilidade.
Sul21 – Como tu avalias o governo Lula?
Fernando Morais – Um governo que levou para o mundo das pessoas que comem três vezes por dia 30 milhões de habitantes. São três Chiles, cinco Dinamarcas de gente que não comia e que passou a comer. A política externa foi impecável. Altiva, independente, sem submissão. Acho que os tataranetos da gente, daqui duzentos anos, vão olhar para o Brasil dos séculos XX e XXI e vão ver dois governantes: Getúlio Vargas e Luis Inácio Lula da Silva.
Sul21 – E quanto ao governo Dilma?
Fernando Morais – Muito bem. Acho que está um pouco embaçado neste começo por estes rolos, de ladrões pendurados na administração, mas acho que vai ser tão bom quanto o do Lula. É a mesma família. São galhos da mesma árvore.
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Comentários
Augusto Soares
O sonho norte-americano é que haja uma abertura econômica em Cuba nos moldes da que houve no México, país que também passou por um processo revolucionário importante.
Jair Dantas
Boa tarde,
Ótima entrevista, Fernando Morais como sempre arrebentando. Mostra de forma simples e clara, o quanto é duro e danoso o embargo ao povo de Cuba!
Jairo_Beraldo
O Outdoor de "quando o Papa João Paulo II esteve lá em 1998: ‘Nesta noite 200 milhões de crianças vão dormir na rua em todo o mundo. Nenhuma delas é cubana’", para bom entendedor é: estamos pobres, isolados, mas damos o mínimo que um ser humano merece – moradia, um teto. Isso não se vê nos EUA, França, Alemanha, Inglaterra e outros que posam de senhores moralistas no mundo. Em tempo – não sou esquerdista. Mesmo porque, ser gente, independe de partidarismo e ideologia politica.
Nilson Moura messias
Fernando Morais, também faz parte do time dos caras.
Saulo
Para a direitalha radical CUBA tem q voltar a ser o que era antes de Fidel, ou seja, um PUTEIRO.
kaccira
O escritor deveria explicar como os cubanos que vivem tão bem (pausa para rir…), arriscam suas vidas para fugir pelo mar para os EUA…Por que o El Coma Andante não libera para que os cubanos possam viajar para qualquer destino? Acho que nem ele ficaria na ilha…
roberto bohm
E os americanos são livres para ir a Cuba? Me responda…
Klaus
Realmente é a mesma coisa, Roberto: em Cuba, cubanos têm restrição de sair do país para ir a todos os países do mundo; nos EUA, americanos têm restrição de ir apenas à Cuba. Aliás você já pensou por que em países de regime comunista como a antiga URSS, países da Cortina de Ferro, Coreia do Norte, há restrição para seus habitantes saíresm do país? Eu acho que é porque é tão bom viver lá que seus governantes não querem que seus habitantes percam um minuto sequer da vida no paraíso, mas eu posso estar enganado.
Jason_Kay
Mudando um pouco de assunto…
"02/10/2011 – 06h00
Dilma recua e muda concessão de rodovia
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DE BRASÍLIA
O governo federal modificou o modelo de privatização de rodovias executado pela presidente Dilma Rousseff quando ela era ministra da Casa Civil, em 2007, informa reportagem de José Ernesto Credendio, Dimmi Amora e Renato Machado para a Folha.
A íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
A então ministra conduziu a privatização de sete lotes de estradas –a chamada 2ª fase da desestatização.
O modelo Dilma, explorado fartamente na campanha eleitoral de 2010, conseguiu obter contratos com baixos preços de pedágio e cronogramas curtos na entrega de grandes obras.
Mas a fórmula não deu certo e resultou em sucessivos atrasos nas obras obrigatórias, protestos de usuários e ações do Ministério Público Federal contra a demora na melhoria das estradas.
A mudança veio neste mês, quando a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) lançou a concessão dos 475,9 km da BR-101 que cortam o Espírito Santo.
Ao contrário dos editais anteriores, o da BR-101/ES elimina grandes obras nos primeiros anos de concessão. A concessionária terá até 23 anos para entregar a duplicação de 418 km da estrada.
Até 2022, precisam ficar prontos somente 207 km de duplicação. Um trecho de 35 km só precisa estar concluído por volta de 2035."
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/984326-dilma…
Fabio SP
Continua a história de querer imputar a outros a falência de um sistema econômico inviável. Só existiu durante as benesses da URSS e, no exato momento, está indo na banguela do impulso anterior…
luiz pinheiro
É trágico ver como pessoas politicamente mal intencionadas se aferram a mentiras já plenamente desmentidas pela história. A URSS acabou há 21 anos. Naquela época, um conhecido meu, do antigo partidão, depois ingresso nesse lamentável PPS, me dizia que Fidel não duraria um mês após o fim da URSS. Foi largamente desmentido pela história. A revolução cubana sobreviveu e sobrevive. Passou pelo difícil "momento especial", mas não caiu, e hoje sua economia está bem melhor e planejando reformas.
O bloqueio comercial é uma prática nefasta, de cunho imperialista, proibida pela lei internacional, condenada sistematicamente por larguissima maioria na ONU. Tem senador americano que chega ao cúmulo de querer punir a Petrobras por manter investimentos em Cuba. Não podemos aceitar isso, de modo algum. Eles querem tratar Cuba como Israel trata Gaza.
Renato
Enquanto um médico cubano ganhar apenas U$ 15,00 e eliminar os sonhos do indivíduo de ser grande empresário, dono do seu nariz, e obriga-lo a comprar bens que a sociedade decide o que comprar. Tem que bloqueio Sim.
Ta aí o exemplo URSS para demonstrar ao mundo que os "benefícios" do socialismo é pura falácia.
Aliás, se o mundo fosse socialista, não existiria internet (pois foi uma invenção capitalista).
Francisco
É trágico o Brasil não ter um cinema à altura de Fernando Morais…
Marcio H Silva
Jogos Pan Americanos de 91. Atletas da delegação americana tentando fazer um lanche no centro olimpico. Eles não falavam espanhol e os cubanos não os serviam. Exigindo que os americanos falassem a lingua deles já que estavam no país deles e não os atendiam. E os americanos com uma cara de de raivosos, impotentes e famintos. Foi hilario de assistir. Povo arretado este, não se rendem ao poderio americano.
Jason_Kay
"Jogos Pan Americanos de 91. Atletas da delegação americana tentando fazer um lanche no centro olimpico. Eles não falavam espanhol e os cubanos não os serviam. Exigindo que os americanos falassem a lingua deles já que estavam no país deles e não os atendiam."
Nossa, que exemplo magnífico de educação e de como tratar as pessoas.
Depois dessa, a partir de hoje eu sou comunista!
Klaus
Exigiram o mesmo dos brasileiros? Ou aceitaram um portunhol básico? Já vi motivos bestas pra ser comunista, este foi o pior, parabéns! Aplaudiria americanos se negando a servir cubanos que não falassem inglês? A partir deste momento, seria capitalista? Você é adolescente?
dukrai
Klaus, se vc estivesse lá e falasse alemão não tinha problema, Hitler perdeu a guerra e o Racha de mil anos sumiu no ralo. A briga contra os gringos é contra a potência imperialista, é contra esta imposição que os cubanos, e nós (quase todos) brigamos.
Polengo
É verdade, ser educado é impor o embargo que quebrou cuba.
luiz pinheiro
Bem lembrado esse exemplo, Marcio Silva. Dois comentaristas aí viram "falta de educação", ou "motivo besta para ser comunista".
Nada disso. Nós latino-americanos, quando estamos nos EUA (menos em Miami…), precisamos nos esforçar para falar inglês, senão dançamos bonitinho.
Já eles vem para cá e acham que nós é que somos obrigados a falar inglês com eles.
O Kay e o Klaus acham normal submeter-se à cultura imperial.
Mas em Cuba, como se vê, não tem disso não.
José Policarpo Jr.
Essa história de "bloqueio econômico" não cola mais.
Depois de 50 anos de uma aventura política (e sanguinária – com assassinato deliberado de revolucionários que lutaram ao lado de Fidel, mas não concordaram com os rumos impostos por este após a revolução), os irmãos Castro vêm perceber que os cidadãos devem ter o direito de vender e comprar carros – como possuem raciocínio rápido esses membros da cúpula do PC cubano!!!
Nenhum país pode por a culpa em decisões soberanas de outros países – isto é conversa para boi dormir, ou melhor, para afastar a crítica da ditadura "sobre o proletariado" que é o regime cubano. Se o sistema cubano é tão bom, há muito deveria ter gerado o próprio motor interno de inventividade, de produtividade econômica e consequente melhoria do bem-estar social, econômico, político e cultural do povo cubano. Um país que precisa de preços subsidiados por outro para sobreviver não tem condição de ser país soberano – esta fragilidade é pois do próprio sistema cubano castrista e precisa ser admitida clara e honestamente como tal por sua cúpula e não transferida a responsabilidade para "bloqueios", ou deliberações das políticas de outros países.
Se a esquerda brasileira quiser definitivamente desfazer-se de um velho verniz golpista, herdeiro ainda das tomadas de poder violentas e, no caso do Brasil, do clima que foi instaurado pela ditadura militar brasileira, precisa fazer a crítica clara, contundente e corajosa do sistema político cubano – caso contrário, trata-se de sofismar a respeito de uma ditadura que ainda enquadra pessoas penalmente sob crimes de pensamento. Um país onde há prisioneiros políticos não tem a mínima legitimidade de arvorar-se em padrão social e civilizatório para nenhum outro.
A crítica não menos contundente que deve sempre ser feita aos atos imperialistas estadunidenses e de qualquer outro país não deve jamais atenuar a crítica também contundente e necessária sobre o sistema policial e assassino do regime cubano.
pedro
Perfeito amigo.
A revolução só funcionou (e mal) quando recebia mesada da URSS, agora parece que os cubanos acordaram finalmente.
Acho que a unica coisa que os Castros desejam é fazer essa transição com um minimo de dignidade.
ZePovinho
Estou surpreso porque não apareceu,até agora,algum troll com aquele papinho dos anos 50 do século XX sobre "totalitarismo","liberdade","democracia",etc,etc.
Jairo_Beraldo
Acho que os cubanos pobres e remediados continuarão a ter sua moradia própria antes dos estadunidenses pobres e remediados…..TIO SAM…quem te viu e quem te vê!!!
Luiz Conceiçãol
A lucidez do jornalista Fernando Morais é a mesma que dá lastro às reportagens em livro que publica como escritor. Tomara que jamais queiram indicá-lo à Academia Brasileira de Letras. Aquilo nunca será lugar para o genial e talentoso narrador de biografias e histórias contemporâneas como "Olga", "Corações Sujos" e tantas outras onde há verdade do começo ao fim. VInda longa ao talentoso repórter.
Morvan
Boa noite.
Dois lados da mesma moeda: enquanto o criminosíssimo bloqueio emperra, solapa Cuba, ante a passividade e o "silêncio dos inocentes", olhem só o que os "criativos" rentistas prescreveram para a Grécia:
Credores da Grécia exigem cortes nos pagamentos de 30 mil funcionários
públicos
Diz o artigo: "… Fiscais da União Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) pediram ao governo da Grécia
que ache uma forma de reduzir a quantidade de funcionários públicos civis. A exigência é que o país corte o pagamento de pelo menos 30 mil funcionários.".
Qualquer semelhança com o desmonte do Estado brasileiro (Collor, Fernando Henrique, FMI, etc.) não é mera coincidência. É o receituário. Antigo, mas continua esfolando os povos.
Fonte: Diário de Pernambuco (http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20111001141848).
Quanto a Fernando Morais, há pouco a dizer. É jornalista [realmente] investigativo, com faro para bons livros e que sempre nos presenteia com excelentes trabalhos.
:-)
#Edit: formatação
Morvan, Usuário Linux #433640.
oalfinete
Ya llegaron de la Sierra
Porqué los mandó Fidel,
Libertaron nuestra tierra
Y nos dieron la paz al volver.
Por la calles aclamados
Su ideal, su fé que mas pudo,
Todos gritan: han triunfado!
Que viva Fidel, viva Los Barbudos!
Que viva Fidel, viva Los Barbudos!
Viva Cuba libre
Viva el 26!
Mauri
Aguardo ansiosamente a biografia do grande Lula pelo craque Fernando Morais.
Klaus
Chapa branca, com certeza, como foram Olga e A Ilha.
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