Eliara Santana: Globo x Bolsonaros, leões e hienas e o Brasil à deriva. O que vem por aí?
Tempo de leitura: 9 minPor Eliara Santana
por Eliara Santana*
O AI-5 volta à tela da Globo. Potente, pela ameaça verbalizada do filho 03 de Bolsonaro, Eduardo.
No JN, a matéria traz muitos desdobramentos e coroa uma semana bem tumultuada, com lances e posicionamentos significativos.
RECAPITULANDO
Há três dias, o Brasil ficou em suspenso quando o JN trouxe na chamada a informação de que o porteiro do Condomínio Vivendas da Barra disse que Elcio Queiroz, acusado de matar Marielle Franco, havia entrado no local autorizado por alguém da Casa 58 – casa de propriedade de Jair Bolsonaro.
Matéria bem construída, mostrando o acesso ao caderno da portaria com as anotações e também a informação de que, naquele dia alegado, Bolsonaro, então deputado, estava em Brasilia.
Na madrugada após a reportagem, no dia 30 de outubro, um irado Jair Bolsonaro fez uma live em resposta à matéria, acusando o JN e a Globo de patifaria, canalhice etc.
Na edição do JN desse mesmo dia 30, o Brasil é novamente surpreendido com a notícia de que o Ministério Público do Rio de Janeiro afirmava que o depoimento do porteiro não condizia com a realidade, ou seja, a informação de que Elcio Queiroz pediu para ir à casa 58 (conforme registro no caderno da portaria) parecia não ser verdadeira.
Nessa mesma edição, o JN responde à live de Bolsonaro com uma nota sóbria e traz a notícia de que o depoimento do porteiro não condiz com a realidade.
Apenas isso, mostrando a fala das procuradoras. Sem repercutir. Muitos pontos ficam no ar, e a sensação geral é de que a Globo havia embarcado numa furada, feito uma barrigada (jargão jornalístico).
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A edição dessa quinta-feira, 31 de outubro, Dia das Bruxas, joga luz sobre aspectos importantes que haviam ficado nebulosos desde o pronunciamento do Ministério Público.
E marca fortemente, em termos de construção de efeitos de sentidos, o terreno do clã Bolsonaro, que se distancia do “Brasil que a gente quer”. Para quem não viu, vamos ao “esqueleto” da edição:
Em termos bem precisos, o arcabouço desse BRASIL 1, do clã, ocupa quase todo o primeiro bloco do Jornal Nacional. Na chamada de abertura do jornal, o tom já incisivo e bem dimensionado na indignação:
“Uma declaração do deputado Eduardo Bolsonaro, do PSL, provocou reações contundentes hoje de 16 partidos políticos, dos presidentes da Câmara e do Senado, de um ministro do Supremo e até do pai dele. O deputado disse que, se a esquerda no Brasil radicalizar, a resposta pode ser um novo AI-5”.;
Entra a imagem de Eduardo no programa de Leda Nagle, e o narrador reporta a fala do deputado (discurso indireto), ressaltando que ele comentava os protestos no Chile e em outros países da América Latina dizendo que havia uma coordenação por trás desses movimentos, financiada em parte pelo dinheiro que o BNDES emprestou aos governos de Cuba e da Venezuela.
De novo, a menção à declaração de Eduardo sobre o AI-5 (sem a sua voz, apenas com a imagem e a voz do narrador): “E afirmou: caso haja uma radicalização da esquerda no Brasil, com sequestro de aviões, autoridades e execução de policiais, a resposta pode ser um novo AI 5”.
Imediatamente após a fala indireta da declaração de Eduardo, entram imagens do período da ditadura e a narração para dimensionar o AI-5, numa contextualização histórica muito precisa e com a recuperação da memória discursiva em relação àquele ato:
“O Ato Institucional número 5, o AI-5, foi editado em 1968, pelo então presidente, o general Artur Costa e Silva. Foi o mais duro ato da ditadura militar, que fechou o Congresso, cassou políticos, suspendeu direitos, instituiu a censura à imprensa e levou à tortura e morte de presos políticos“.
Só depois de dimensionar o que foi o AI-5 é que entra a fala direta e a imagem de Eduardo Bolsonaro legitimando todo aquele cenário de falta de liberdade e tortura:
“A gente em algum momento tem de encarar de frente isso daí. Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 60 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando executavam e sequestravam grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, de militares. Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta, ela pode ser via um novo AI 5, pode ser via uma legislação aprovada através de plebiscito, como ocorreu na Itália, alguma resposta vai ter de ser dada. Porque é uma guerra assimétrica, não é uma guerra onde você está vendo seu inimigo do outro lado e você tem de aniquilá-lo, como acontece nas guerras militares. É um inimigo interno, de difícil identificação aqui dentro do país. Espero que não chegue a esse ponto, mas a gente tem de estar atento”.
Entra então o repórter a mostrar que as reações foram “imediatas” e “contundentes” e “dos mais diferentes setores da sociedade”.
Foram exibidas várias declarações de diversas entidades e autoridades que ressaltam a gravidade da declaração, o atentado à democracia e a “destemperança da família Bolsonaro”.
O presidente da OAB, já atacado por Bolsonaro pai, foi também ouvido e deu uma declaração forte ressaltando a importância da liberdade, da liberdade de imprensa, do Legislativo, do Judiciário.
A matéria mostrou que Eduardo Bolsonaro, numa rede social, expôs o vídeo em que o presidente homenageia Brilhante Ustra, durante o julgamento do processo de impeachment contra Dilma Rousseff. E também traz o presidente, visivelmente irritado, repercutindo a fala do filho 03 e tentando minimizá-la.
Bonner retorna para dizer que após toda a repercussão, Eduardo Bolsonaro usou uma rede social para se retratar. Ao todo, a matéria teve oito minutos.
Prosseguindo a edição, a pauta ambiental continua forte no JN, que traz destaque para o óleo nas praias do Nordeste e a falta de uma conclusão, e mostra também que o norte do Espírito Santo não se recuperou do desastre com o rompimento da Barragem da Samarco, em Mariana, há quatro anos.
O aumento na conta de luz também entra na pauta – ainda que no quadro da seca e da economia.
A pauta internacional, com direito a matéria sem sentido com o presidente da Câmara da Inglaterra, cujo grito de “ordem” ficou famoso nas votações sobre o Brexit, ganha destaque para talvez atenuar a situação grave por aqui. Assim como o boletim do tempo. No melhor estilo “vamos mostrar a gravidade da situação até certo ponto, para não piorar o cenário…”.
No segundo bloco, um pouco de bons momentos, numa grande matéria sobre o Enem, “um exame que mudou muito ao longo dos últimos 11 anos”.
É a primeira reportagem, pois se trata de uma série especial, mostrou “como ele passou de uma simples avaliação de estudantes do Ensino Médio para se transformar na principal porta de entrada dos brasileiros nas universidades daqui e de Portugal”.
A reportagem é bem grandiosa sobre o Exame, mostrando que ele foi inclusivo, que acabou com a necessidade de deslocamento para tentar o ingresso em qualquer universidade do país, mostrou os sonhos realizados, as possibilidades para todos.
Enfim, deu a dimensão inclusiva do Exame. Claro, sem citar os governos petistas responsáveis pela mudança, apesar de trazer a datação histórica. As polêmicas idiotas do governo Bolsonaro não foram sequer lembradas. Ele não faz parte desse Brasil.
A pauta econômica, já no fim do segundo bloco, traz em destaque o rombo dos municípios com o “buraco” da Previdência e o excesso na folha de pagamentos (já anunciando a reforma). A pesquisa da Pnad, com a alta taxa de desemprego, é mostrada no enquadramento numérico, sem muita repercussão.
E então a surpresa, já no fim da edição.
Pela “voz” da Folha de São Paulo, as lacunas na perícia no sistema de interfone no condomínio de Bolsonaro são trazidas à tona.
Retomando a denúncia feita pelo JN no dia 29, que desencadeou a fúria do presidente.
Segundo as promotoras do caso, a perícia feita mostrou que quem autorizou a entrada de Élcio no condomínio foi Ronnie Lessa, e não Jair Bolsonaro.
A matéria destaca que o JN já havia mostrado as contradições na denúncia do porteiro, porque Bolsonaro estava em Brasília, e mostra também a afirmação da promotora de que a perícia atestava que a voz era de Ronnie Lessa.
E aí entra então a informação sobre a reportagem da Folha, que ouviu especialistas, dizendo que a perícia não analisou pontos importantes.
A reportagem do JN evidencia muitos detalhes da reportagem da Folha, dando destaque a pontos importantes, no enquadramento como segue:
“A reportagem diz que as promotoras não perguntaram aos peritos se algum arquivo pode ter sido apagado ou renomeado.
A Folha de São Paulo afirma que a perícia foi feita a toque de caixa. No mesmo dia da entrevista do Ministério Público”.
E lembra que a coletiva foi feita um dia depois de o Jornal Nacional revelar o depoimento do porteiro.
Não mencionaram, claro, que uma das promotoras do caso tem vários posts festejando a eleição de Bolsonaro e o fim dos esquerdopatas. Talvez se lembrem de dizer isso em algum momento…
Mas, sem dúvida, a reportagem dá peso às denúncias da Folha mostrando as várias lacunas do caso, numa quase dobradinha.
Segundo o JN, a Folha diz que “os técnicos não tiveram acesso ao computador de onde os dados foram retirados”.
E o Jornal Nacional informa que “apurou que as perguntas que constam no pedido de perícia que está no processo foram protocoladas a uma e cinco da tarde, e a coletiva que anunciou as conclusões começou pouco depois, às três e meia da tarde”.
Denúncia muito séria corroborada por vozes de especialistas, bem ao estilo da Folha e do JN – vozes externas a referendarem a denúncia.
E é assim que sabemos, pela voz de um especialista da Associação Brasileira de Criminalística, que sem acesso à máquina não é possível saber se um arquivo foi apagado e que o arquivo PODE TER SIDO TROCADO.
E assim, outra voz de autoridade afirma que uma notícia não poderia ter sido arquivada sem o devido exame pericial, criando uma “guerra de versões e opiniões”:
E o Jornal Nacional, se posicionando agora no embate, diz na reportagem que fez perguntas à perícia, mas “o Ministério Público não explicou por que não comparou a voz do porteiro com o áudio. O MP disse apenas que se preocupou em identificar a voz de Ronnie Lessa”.
Pela voz de Bonner, vem o questionamento incisivo:
“O Jornal Nacional também perguntou ao Ministério Público como os peritos conseguiram responder às perguntas das promotoras em menos de três horas, já que havia ali três meses de conversas gravadas. O MP se limitou a responder que essas informações estão no processo”.
A gravidade da denúncia feita no dia 29 é novamente trazida à tona, e as contradições são expostas. No melhor estilo “nós sabemos o que vocês fizeram no verão passado”.
Foi, de fato, uma edição plena de significados numa semana bem agitada.
Por isso é importante observar alguns pontos nesse embate e refletir sobre eles:
1. Já há algum tempo, há um visível direcionamento da Globo no sentido de separar Bolsonaro do governo e de pontuar um certo Brasil que está caminhando para dar certo. Que não é o Brasil representado pelo anacronismo totalitário e messiânico de Bolsonaro.
2. Arrisco dizer que o recuo da Globo no dia 30 não foi em função do “temor” em perder a concessão. Apesar da ameaça plausível, o assunto envolve inúmeras questões, e a Globo tem sim um peso gigantesco no cenário nacional.
Recuou, talvez, para aguardar novas e importantes revelações, fatos, desdobramentos… a casadinha com a Folha pode ser uma prova disso. Ou o recuso pode indiciar algum acordo de amplos setores.
3.Há um mal-estar civilizatório em relação ao clã Bolsonaro, mesmo entre os que apoiaram sem nenhuma vergonha o golpe contra Dilma, o deus Mercado incluído. E a emissora, uma grande organização, dialoga diretamente com esse deus.
4. Bolsonaro nunca foi o candidato da Globo – nem da Avenida Paulista. Foi o que sobrou depois que o silenciamento imposto a Lula tirou de cena um candidato capaz de levar no primeiro turno – se Moro e seus meninos não tivessem mexido os pauzinhos. E a aposta era de que ele seria facilmente controlável, deixando o caminho aberto para Guedes e Moro regerem a orquestra. A aposta foi errada.
5.O perigo de um endurecimento por parte dos Bolsonaros começa a se tornar real.
Há muitos sinais, e todos os interessados estão percebendo. Isso pode sido, inclusive, o objeto de negociação para o recuo na denúncia do porteiro.
O recadinho do 03 sinaliza essas intenções que começam a se explicitar. Outro indício é a fala autoritária de Bolsonaro em relação à imprensa e a decisão de cancelar as assinaturas do jornal Folha de S. Paulo. O Mercado (com letra maiúscula) mesmo) não quer um Chile ou uma Turquia por aqui. Há muitos interesses em jogo no pais.
6. A Globo e o Mercado sabem que o fundamentalismo totalitário não é um bom negócio – basta dar uma olhada nas temáticas das novelas e no mercado de bens de consumo cada vez mais voltado para determinados grupos e públicos.
7.Até agora, a CPMI das fake news, com toda a briga nas entranhas do PSL não entrou na pauta. Pode ser que entre com destaque.
8. E na sombra de tudo isso, a perspectiva de Lula livre, cada vez mais plausível.
Bolsonaro sabe, a Globo sabe, o Mercado sabe. Será um novo divisor de águas, e não descarto requentarem e trazerem à cena a velha ideia da polarização que Lula e Bolsonaro provocam no país. Como se eles fossem equivalentes.
Como já disse aqui e sigo repetindo, o JN – representando o mais precioso produto jornalístico da Rede Globo e a própria – é um dos mais estratégicos atores em cena no país. Não joga à toa.
P.S: As declarações de Eduardo Bolsonaro não são aleatórias nem displicentes, tampouco ingênuas. São bem calculadas e se prestam a manter o belicismo que caracteriza o grupo no poder.
Um discurso totalitário que quer chamar para o briga os oponentes, criando o grande inimigo – o vídeo do leão com as hienas já inaugura isso. A ideia de perseguição é uma forma bem-sucedida de fugir a acusações graves, visando manter a base bélica de apoio. E instaurar o caos.
*Eliara Santana é jornalista e doutoranda em Estudos Linguísticos pela PUC Minas/Capes.
Eliara Santana
Eliara Santana, jornalista, doutora em Estudos Linguísticos, pesquisadora do Observatório das Eleições.
Comentários
Zé Maria
https://twitter.com/i/status/1192477334303059968
Num Ato Covarde Injustificável, o Fascista Raivoso Augusto Nunes
agrediu fisicamente o Jornalista Glenn Greenwald com um soco
no rosto, ao vivo na Rádio Joven Pan.
Se as Empresas de Comunicação, para as quais o Crápula trabalha,
não adotarem providências para, no mínimo, suspendê-lo, serão
cúmplices da Agressão Irracional desse Assassino de Reputações.
https://twitter.com/i/status/1192507839186702337
“Augusto Nunes prova que é covarde.
E cafajeste.
Com imagem ja cortada, mas audio vazando,
deixou escapar: ‘sou covarde, mas voce é que
apanhou na cara’.
Minha solidariedade a @ggreenwald
E minha repulsa ao bolsonarista Nunes e à JP,
que armou cilada: isso é jornalismo jagunço!”
Jornalista Rodrigo Vianna
https://twitter.com/rvianna/status/1192475094242775040
“Ao atacar os filhos do jornalista @ggreenwald
[Augusto Nunes] entrou para o time da escória
do jornalismo. É, sim, um covarde.
Ao tentar vencer a discussão com um tapa,
ele se mostrou um desqualificado.
Jornalistas sérios só usam as mãos para escrever”
Jornalista Gilberto Dimenstein
https://twitter.com/GDimenstein/status/1192494004270710786
Em setembro deste ano, Nunes disse que um juiz de menores
deveria investigar Glenn Greenwald e David Miranda, para então
decidir sobre a perda da guarda dos os dois filhos do casal, que,
segundo Augusto Nunes, deveriam voltar para o abrigo de
menores, em Maceió, Alagoas – onde foram adotados por
Greenwald e Miranda – acusando o casal LGBT de negligência
e abandono de incapaz.
“A coisa mais nojenta que vi na minha vida”,
disse o Jornalista Glenn Greenwald.
Zé Maria
https://pbs.twimg.com/media/EIoVE9cWkAYiNNA.jpg
Hoje, 5ª-feira, 7/11, tem o segundo dia de Fórum Internacional de Mídia Alternativa,
confira a programação e se inscreva!
Link para inscrições: http://bit.do/forum-midia
07/NOV | Quinta-feira – Segundo Dia do Fórum Internacional de Mídia Alternativa
.
17h – 19h | Painel 2 – Redes Sociais Públicas e Privadas, o colapso digital?
Debatedores: Laura Capriglione – Jornalistas Livres, Luis Nassif – GGN,
Cynara Menezes – Socialista Morena (DF), Renata Simões – TV Cultura,
como Mediadora.
.
19h – 21h | Mesa de Debate 2 – A Inteligência Artificial para Construção
de uma Rede de Disseminação da informação – (Inteligência Alternativa)
Debatedores: Andre Torretta – ex-sócio da Cambridge Analytica,
Alessandra Gomes – Internet Lab, Alcely Barroso – IBM,
Olivia Bandeira – Intervozes, como Mediadora.
.
21h – 23h | Mesa de Debate 3 – Fake News e a Luta pela Democracia
Debatedores: Antonio Carlos Mazzeo, Flavia Lefreve – Intervozes,
Renato Rovai – Revista Fórum, Fernando Cespedes – Torabit,
Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo, Laura Capriglione – Jornalistas Livres,
como Mediadora.
https://www.facebook.com/jornalistaslivres/posts/1428069717316901?_fb_noscript=1
https://jornalggn.com.br/politica/luis-nassif-participa-de-forum-internacional-de-midia-alternativa-na-quinta-7/
Zé Maria
A Rede Globo tá no ‘Morde e Assopra’.
Só vai até onde não atinge os interesses da Burguesia
ao mesmo tempo que mantém o controle da notícia
para os seus Telespectadores, ‘Clientes, Consumidores’.
A Informação não é tratada como de Interesse Público,
mas sim como bem de interesse privado dos Marinho.
Marys
Dois espectros rondam e assustam a elite brasileira: a liberdade de Lula e a descoberta do mandante do assassinato de Marielle.
Lula e Marielle simbolizam a ascensão da classe trabalhadora brasileira no seu mais profundo significado. Ele, um operário migrante nordestino; ela, uma mulher negra favelada. Ambos conquistaram posição política de destaque que revolucionaram os paradigmas da lógica de poder dominante. O primeiro, chegou à Presidência da República; a segunda, ao cargo de vereadora numa das maiores capitais do país, o Rio de Janeiro.
Não é coincidência que ambos tenham sido vítimas de descendentes de famílias imigrantes, oriundas do fascismo europeu, que para aqui vieram ocupar os lugares desses nativos, não por serem contra os regimes dos quais se afastavam, mas por estarem passando fome no seu berço, a Europa, de onde ideologicamente nunca se afastaram, mesmo usados pelo governo para substituir a mão de obra escrava, fazendo uma substituição étnica mais agradável ao palato das elites.
Simbolicamente, Moro e Bolsonaro são os algozes dos migrantes nordestinos e do afrodescendentes cujos destinos se cruzam nas favelas e subúrbios do Brasil.
Simbolicamente, eles devem ser seus algozes cujas crenças fascistas o elevam à mesma condição de seus ascendentes como seres capazes de realizar uma faxina étnica.
Messias Franca de Macedo
… Ela irá se afastar do caso da mesma forma que o DIABOzo irá deixar de vazar merdas, dia sim, dia sim!
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