Eliara Santana: Com Bolsonaro genocida, Brasil não tem pandemia. Tem morticínio
Tempo de leitura: 3 minPor Eliara Santana
BRASIL, 2021, ANO 2 DA PANDEMIA
Por Eliara Santana*
Este país de meu deus tem nos feito tantas coisas neste pandemônio que vivemos que ontem eu me vi assim, completamente concordando com… Merval Pereira (isso mesmo, aquele que insuflava o antipetismo, exaltava a Lava Jato e, de alguma forma, ajudou a eleger Bolsonaro).
Na GloboNews, ele estava indignado dizendo que é um absurdo estados e municípios agindo sozinhos, tendo de brigar para conseguir que o governo federal autorize compra de vacinas.
Referia-se ao recente imbroglio Anvisa-Sputnik – a Agência reguladora não libera a vacina russa, exige mais e mais documentos; ontem, o ministro Ricardo Lewandowski determinou que a Anvisa dê uma resposta até o dia 28 deste mês sobre o processo de importação, sob pena de liberar para a compra dos estados – o Maranhão já comprou milhões de doses, assim como a Bahia.
Os estados e municípios estão desesperados por uma solução, não há vacina, mais de 1,5 milhão de pessoas estão com a segunda dose atrasada, a economia não pode andar. E o governo federal emperra tudo.
Municípios tentam agir, como Araraquara (Edinho, do PT) e Belo Horizonte (Kalil); o primeiro decretou lockdown e colhe os frutos com super diminuição de casos. Hoje, BH decide se afrouxa as medidas de restrição, pois os números da Covid melhoraram um pouquinho na capital mineira (depois de 11 dias de absoluto caos e UTIs com lotação de 100%).
Mas segundo matéria no jornal O Tempo, os epidemiologistas que assessoram a prefeitura não acreditam em afrouxamento. Segundo Unaí Tupinambás, “passamos de uma situação dramática para uma crise administrável”.
A questão é que não adiantam ações isoladas num país do tamanho do nosso, com a diversidade do nosso e a livre circulação por aqui. E sem vacina suficiente. E sem observância das medidas de proteção (máscaras) e isolamento (confiram isso nas filas de padarias e supermercados)
Entramos no outono, mês em que tradicionalmente há uma circulação maior de outros vírus. O mês de abril, apenas nos primeiros 13 dias, já é o segundo mês com o maior número de casos na pandemia. A média móvel é assustadora – acima de 3 mil casos e crescendo.
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Os epidemiologistas também alertam que a vacina precisa ser protegida, ou seja, se o vírus ficar circulando livre, leve e solto por esse Brasilsão, corre-se o risco de perder a resposta imune da vacina, porque o ritmo de vacinação é muito lento, e apenas uma dose não garante imunização total.
Mas o governo genocida de Bolsonaro está preocupado com o quê? Com a flexibilização de porte e uso de armas pela população. Sem emprego, sem renda e sem perspectiva, não é difícil adivinhar qual fatia da população será beneficiada com essa insanidade.
É uma situação muito difícil, muito dolorosa – como mostrou a reportagem do JN sobre o adoecimento psíquico dos brasileiros, que é o maior do mundo na pandemia.
Ficar em casa é uma opção para quem tem emprego e renda garantidos – não é o caso da maioria da população num país com mais de 14 milhões de desempregados e muitos profissionais liberais que perderam sua renda.
Pra geral, a realidade é matar um leão por dia na pandemia. Preocupado com boletos e com a possibilidade de morrer ou de perder alguém amado, quem não fica desequilibrado?
Sem contar a angústia de ver que a fome é, de novo, uma realidade para este país que já foi a sexta economia do mundo. E isso é tristemente visível nas ruas.
Ontem, a França proibiu voos do e para o Brasil. Espero que vários outros países façam o mesmo.
Deixo em resumo a fala de Unaí Tupinambás, na reportagem de O Tempo, para quem o Brasil não vive uma pandemia. Vive um morticínio.
“A dimensão econômica e social, que no governo genocida (de Bolsonaro) não foi pensada, dificulta a nossa posição (em Belo Horizonte). É fácil falar ‘fique em casa’, mas ficamos sensibilizados com a pessoa que tem que sair de casa para não morrer de fome. É uma situação dramática. Não podemos falar em pandemia, é morticínio. Pandemia teve na Europa, onde tomaram medidas sanitárias que todo mundo sabe quais são. Aqui temos um morticínio patrocinado pelo governo. Havia uma intencionalidade, portanto, esse é um governo genocida. Isso dificulta o controle da pandemia”.
#BolsonaroGenocida
*Eliara Santana é jornalista e doutora em Linguística pela PUC/MG.
Eliara Santana
Eliara Santana, jornalista, doutora em Estudos Linguísticos, pesquisadora do Observatório das Eleições.
Comentários
Zé Maria
A 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2/SP) manteve a condenação
da Rede Record ao pagamento de R$ 200 mil por danos morais coletivos, devido à dispensa em massa de 27 jornalistas (*) que participaram de uma paralisação de um dia de trabalho.
A emissora também deverá pagar para cada um dos trabalhadores cinco vezes o seu último salário base por danos morais individuais e duas vezes o último salário como indenização substitutiva à reintegração.
Em 2017, a empresa informou aos jornalistas do portal R7 que a escala de trabalho seria alterada. Em vez da sequência de três finais de semana de descanso e um de trabalho, os funcionários passariam a ter dois fins de semana de descanso e um de trabalho. Os trabalhadores iniciaram uma paralisação que durou 24 horas. No mês seguinte, foram dispensados.
O relator do caso, desembargador Adalberto Martins, destacou que a empresa não tem poder absoluto e deve respeitar o contrato de trabalho:
“A subordinação jurídica não implica submissão do empregado, nem tampouco reconhecimento de que o empregador é uma espécie de senhorio dos seus empregados: o trabalho não é uma concessão do empregador, mas um direito constitucional dos trabalhadores”.
Para o magistrado, a paralisação não foi irregular, já que a empresa se negou a negociar coletivamente.
Além disso, não foi uma greve, pois a suspensão [das atividades de trabalho] teve tempo determinado.
O voto do relator (**) foi acompanhado por unanimidade.
(*) Os 27 Jornalistas foram os seguintes
(ordem alfabética e com data da demissão):
Adhemar Juan Netto Braga de Souza, 15/12/2017 (fl. 297, id 4b12605);
Álvaro Magalhães Pereira da Silva, 01/12/2017 (fl. 299, id 4b12605);
Ana Maria Pereira Ignácio dos Santos, 15/12/2017 (fl. 301, id 4b12605);
André Ruoco Loureiro, 15/12/2017 (fl. 303, id 4b12605);
Carla Clara Fernandes da Silva, 15/12/2017 (fl. 305, id 4b12605);
Carlos Alberto de Carvalho,15/12/2017 (fl. 307, id 4b12605);
Dinalva Maria Fernandes, 15/12/2017 (fl. 309, id 4b12605);
Eduardo Assumpção Abreu, 15/12/2017 (fl. 311, id 4b12605);
Fábio de Oliveira Ribeiro Cervone, 14/12/2017 (fl.313, id 4b12605);
Fábio Mazzitelli de Almeida, 15/12/2017 (fl. 315, id 4b12605);
Fernando Prior Tucori, 01/12/2017 (fl. 317, id 9e00520);
Gabriela Quintela Soares, 15/12/2017 (fl. 319, id 9e00520);
Giodeloson Mendes Oliveira, 15/12/2017 (fl. 321, id 9e00520);
Giorgia Catarina Cavicchioli, 15/12/2017 (fl. 323, id 9e00520);
Guio Bastos de Santana Poggio, 15/12/2017 (fl. 325, id 9e00520);
Gustavo da Costa Basso, 15/12/2017 (fl. 327, id 9e00520);
Lilian da Silva, 15/12/2017 (fl. 329, id 9e00520);
Marco Antonio Graça Monteiro Lopes, 15/12/2017 (fl. 331, id 9e00520);
Marta Barbosa dos Santos, 15/12/2017 (fl. 333, id 9e00520);
Matheus Ribeiro Heck, 01/12/2017 (fl. 335, id 9e00520);
Osvaldo Albuquerque Gamino Panelli, 15/12/2017 (fl. 337, id 3a4c127);
Paulo Eduardo Amaral Wagner, 01/12/2017 (fl. 339, id 3a4c127);
Pedro Henrique da Silva Araújo, 15/12/2017 (fl. 341, id 3a4c127);
Sebastião Sales Guimarães, 15/12/2017 (fl. 343, id 3a4c127);
Talyta Stella Vespa Martins, 01/12/2017 (fl. 345, id 3a4c127);
Tiago Alcântara Silva, 01/12/2017 (fl. 347, id 3a4c127);
Vanessa Ferreira Sulina Leite, 01/12/2017 (fl. 349, id 3a4c127).
Íntegra do Voto do Relator:
**(https://www.conjur.com.br/dl/record-indenizar-dispensa-27.pdf)
Processo Nº 1000684-09.2019.5.02.0050
(https://ww2.trt2.jus.br)
https://www.conjur.com.br/2021-abr-13/record-indenizar-dispensa-jornalistas-envolvidos-paralisacao
Golias Bento
E aí a gente vê como brasileiro é macho.
Xingam uma mulher no estádio de futebol. Nossa que coragem !
” e muitos profissionais liberais que perderam sua renda.”
Vamu todo mundo vender pamonha na rua. Aqui é a terra da pamonha.
Conclui-se facilmente o que causou esse foda-se no país. PSDB.
O neo-liberal não tá nem aí se o cara é dr. É ferro em todo mundo.
Se faz o que todo mundo faz então recebe igual os outros.
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