Rodrigo Vianna: Folha passa recibo e fala em ‘lacre’ no celular de ex-assessor de Moraes

Tempo de leitura: 3 min
Ministro Alexandre de Moraes, do STF. Foto SCO/STF

Folha passa recibo e fala em ‘lacre’ no celular de ex-assessor de Moraes

Por que a polícia apreenderia um celular que permaneceria “lacrado”?

Por Rodrigo Vianna, no ICL Notícias

Quase sete horas depois de o ICL Notícias publicar um extenso artigo, com descrição detalhada sobre a estranha apreensão de um celular do ex-perito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro, a Folha de S. Paulo decidiu reagir.

O jornal paulista escolheu uma curiosa manchete para entrar no assunto: “Celular de ex-assessor do TSE que municiou inquéritos de Moraes foi lacrado após apreensão, diz BO”.

Jornalistas experientes entenderam a publicação da seguinte forma: a Folha passou um recibo gigante.

Vamos relembrar a história…

O ICL Notícias mostrou, nesta quinta-feira (15), que a Polícia Civil de São Paulo apreendeu e permaneceu pelo menos seis dias de posse do celular de Tagliaferro.

O perito, que trabalhava para o ministro Alexandre de Moraes no TSE, foi preso no dia 8 de maio de 2023 por agredir a mulher na Grande São Paulo.

A deputada bolsonarista Carla Zambelli foi informada da prisão, enquanto o assessor de Moraes ainda prestava depoimento na delegacia, e fez uma postagem sobre o fato na manhã do dia 9.

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Tagliaferro foi um dos assessores citados em controversa reportagem da mesma Folha no início da semana, que reproduziu trocas de mensagens entre funcionários a serviço de Moraes.

A matéria, assinada por Glenn Greenwald e Fábio Serapião, tentava demonstrar que o ministro usou estrutura do TSE para investigar golpistas ligados a Bolsonaro — mas sem seguir os devidos “ritos“, como definiu a Folha.

Detalhe: a matéria original de Glenn e Serapião omitiu o fato de que o celular de Tagliaferro fora apreendido pela polícia paulista, comandada pelo governador bolsonarista Tarcísio de Freitas.

Só depois que o ICL Notícias trouxe os detalhes da apreensão é que a Folha respondeu, passando o imenso recibo.

O objetivo parece ser o de livrar a cara da polícia de do governador Tarcísio de Freitas: o celular de Tagliaferro foi de fato apreendido, admite agora o jornal, mas permaneceu “lacrado” na delegacia.

Seria uma forma — de dizer que a polícia paulista não bisbilhotou o celular do então assessor de Moraes. Portanto, não seria a polícia de Tarcísio a origem da munição usada contra Moraes.

Recapitulemos os fatos: a polícia prendeu Tagliaferro no dia 8 de maio de 2023; Zambelli foi informada que um peixe grande ligado a Moraes tinha sido fisgado, e de forma afoita deu publicidade ao fato no dia 9; nesse mesmo dia 9, a polícia requisitou o celular do assessor fisgado mas… numa ação pura e angelical… decidiu lacrar o aparelho, que permaneceu intocado numa gaveta.

A Folha quer que os leitores acreditem nessa fábula?

Por que a polícia apreenderia um celular que permaneceria “lacrado”? Para zelar por ele? Para trocar a capa do aparelho? Para recarregar a bateria do telefone na delegacia?

Hum…

A Folha embarcou numa canoa furada ao publicar a tese mal ajambrada de que Moraes agiu “fora do rito”.

Dobrou a aposta, dois dias depois, ao endossar a ideia de que um Moraes “fora do rito” enseja nulidade das investigações contra Bolsonaro, o que deixou a extrema direita em feliz alvoroço.

Juristas rapidamente desmontaram as falácias da Folha. Mas o jornal insiste, e agora tenta vender a história de um celular “lacrado”.

É evidente que Glenn e Serapião têm o direito — e até o dever — de proteger as fontes que forneceram a matéria-prima de sua reportagem. Isso não se discute.

Mas podemos discutir, sim, a má qualidade de um jornalismo que tenta torcer os fatos, até que eles caibam em suas teses.

E age assim, sabendo que isso favorece o movimento de uma extrema direita autoritária e golpista.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Zé Maria

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“Seria esquizofrênico eu, como presidente do TSE, me ‘auto-oficiar’.

Até porque, como presidente do TSE, no exercício do poder de polícia,
eu tinha o poder, pela lei, de determinar a feitura dos relatórios.

Hoje esse meio investigativo continua possível.

Esse compartilhamento de provas, que é o meio admitido pelo STF, hoje,
eu oficiaria a ministra Cármen, que é a presidente do TSE.

Então eu, como presidente do TSE, determinava à assessoria que realizasse
o relatório.”

ALEXANDRE DE MORAES
Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Ex-Presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Sobre o “Pastel de Vanto” da “Falha” SP.

https://revistaforum.com.br/politica/2024/8/15/esquizofrnico-moraes-coloca-ponto-final-na-denuncia-da-folha-jornal-vira-piada-163921.html

https://revistaforum.com.br/politica/2024/8/15/advogado-desmonta-tentativa-da-folha-de-criar-escndalocontramoraes-163920.html
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Sobre o Assunto Leia Reportagens na Edição Nº 124 da Revista Fórum:

https://semanal.revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2024/08/Revista-Forum-124-16.8.2024.pdf
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Mídia Lavajatista quer aliviar para Moro e Dalanhól
tentando constranger Ministros do TSE, STF e CNJ.
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Zé Maria

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Não é de agora que a Imprensa Fasci-Paulista e a Globo

recebem Informações Sigilosas das Polícias de São Paulo.

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Zé Maria

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E bom lembrar que o Factóide da Folha surge no momento
em que estão sendo Julgadas no Supremo Tribunal Federal
Ações de Suma Importância para a População Brasileira,
como as ADIs contra o Confisco das Aposentadorias e pela
Derrubada da Reforma da Previdência de Guedes/Bolsonaro.

O Supremo já formou maioria para derrubar alguns dos pontos
questionados nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs)

O julgamento, porém, foi suspenso por pedido de vista do ministro
Gilmar Mendes – quando faltava apenas o voto dele para ser
apresentado –, o que faz com que, em tese, todos os votos
ainda possam ser modificados, embora não seja comum ocorrer.

Mesmo assim, até o momento, estão sendo derrubadas, entre outras questões, as possibilidades de cobrança de contribuição extraordinária,
e de que as alíquotas para aposentados, aposentadas e pensionistas
incidam sobre o que superar o salário mínimo – e não sobre o que
ultrapassar o teto do Regime Geral, como era antes da reforma.

Está empatada em 5×5 a votação sobre a progressividade das alíquotas.

Até esta data, o Ministro Gilmar Mendes não devoldeu o Processo para
Prosseguimento e Finalização do Julgamento pelo Plenário do STF.

Detalhes em:
https://sintrajufe.org.br/julgamento-da-reforma-da-previdencia-no-stf-entenda-o-que-esta-em-jogo-e-como-se-posicionaram-os-ministros-que-ja-votaram/
https://sintrajufe.org.br/stf-forma-maioria-para-derrubar-parte-da-reforma-da-previdencia-caem-contribuicao-extraordinaria-e-desconto-de-aposentados-abaixo-de-r-77-mil/
https://sintrajufe.org.br/sintrajufe-rs-reforca-campanha-nacional-contra-o-confisco-das-aposentadorias-e-pela-derrubada-da-reforma-da-previdencia-de-bolsonaro-no-stf/

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