Professor da Unicamp: Para atender a indústria da doença, governo Temer vai destruir política de saúde mental considerada exemplar pela OMS
Tempo de leitura: 2 minpor Conceição Lemes
Na próxima quinta-feira (14/12), o coordenador geral de Saúde Mental, Álcool e Drogas do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro Junior, e o ministro Ricardo Barros, submeterão à Comissão Tripartite de Intergestores (CIT/MS) a minuta das diretrizes de uma nova política para o setor.
Integram a CIT o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde ( Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
A proposta está sendo bombardeada por todas as entidades que participaram e defenderam a Reforma Psiquiátrica, entre as quais a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que hoje soltou uma nota dura contra a proposta, denunciando os retrocessos.
“Essa não é a primeira tentativa de destruição da Política de Saúde Mental, sempre em defesa de interesses econômicos das empresas da doença”, acusa o presidente da Abrasco, o médico Gastão Wagner, que também é professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/Unicamp).
“Espero que a CIT rejeite essa contrarreforma”, frisa Gastão, nesta entrevista ao Viomundo.
Segue a íntegra.
Viomundo — O ministro Ricardo Barros argumenta que essa mudança na política de saúde mental é necessária porque há desassistência e ele culpa o modelo atual. Há desassistência ou é um subterfúgio pra voltar ao modelo antigo que priorizava internações?
Gastão Wagner — É um subterfúgio para mudar Política de Saúde Mental do Sistema Único de Saúde (SUS), considerada exemplar pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e com várias pesquisas comprovando sua efetividade.
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Viomundo – O ministro argumenta que com essa nova política a assistência vai melhorar. O senhor concorda?
Gastão Wagner — A desassistência é decorrente do investimento inadequado, desde 2014 se reduziu drasticamente a abertura do novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Viomundo — O que está por trás, de fato, dessa mudança na política de saúde mental?
Gastão Wagner — O objetivo principal da mudança é a reintrodução dos hospitais psiquiátricos na rede, modelo considerado ultrapassado em todos os países. Procura também reviver os ambulatórios de psiquiatria centrados no tratamento com drogas e que não valorizam a interprofissionalidade.
Viomundo — A Abrasco fez parte da luta antimanicomial no País. Em que que medida essa mudança de política na saúde mental tem a ver com o desmonte do SUS?
Gastão Wagner — A política de Saúde Mental do SUS foi resultado de luta social pelos direitos das pessoas que vivem com transtornos mentais e ainda de uma profunda mudança do modelo de atendimento orientador também por diretrizes científicas.
Essa não é a primeira tentativa de destruição da Política de Saúde Mental, sempre em defesa de interesses econômicos das empresas da doença.
Viomundo — O que diria para os membros do CIT que vão decidir sobre essa mudança na quinta-feira?
Gastão Wagner — Espero que a CIT rejeite essa contrarreforma.
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Comentários
Vera Duarte
VIVIANE
OS ANIMAIS SÃO TÃO MALTRATADOS QUANTO A POPULAÇÃO IN COMPREENSÍVEIS. OU VICE VERSA.
Viviane
É, chegamos ao ponto em que defender a dignidade humana fere suscetibilidades… Por mais que eu não aceite maus-tratos aos animais, nenhum deles está acima do meu semelhante.
Eugênio Viola
“EU SOU UMA PESSOA CURIOSA DO ABISMO”.
Assim a psiquiatra Nilse da Silveira se auto-definiu na entrevista-documentário concedida a Leon Hirszman, em 1984. Referência internacional na defesa da humanização terapêutica nas instituições psiquiátricas – amiga de Jung -, a Dra. Nilse sofreu todo tipo de preconceito e obstáculo para levar seu trabalho adiante. Foi presa na chamada ‘cela das quatro’, junto a Olga Benário, Beatriz Ryff e Maria Werneck.
Jamais desistiu.
Até hoje, sua vida, obra e trajetória profissional são sementes e fontes de inspiração para todos que ingressam no ‘universo psi’ com um olhar terno e humano sobre os que os que foram e são condenados às periferias existenciais.
https://www.youtube.com/watch?v=EDg0zjMe4nA&t=42s
Abraços
João Paulo Ferreira de Assis
Já podemos até imaginar o que vai acontecer. Marido velho com problemas mentais interna a esposa e põe no lugar uma moça nova. Aconteceu em Barbacena MG. A esposa não estava louca e foi internada. Ele estava louco e a substituiu por uma moça nova. E por causa do pátrio poder, as filhas não conseguiram tirar a mãe do manicômio.
Viviane
João Paulo, seu comentário mostra alguns dos interesses de quem defende esse retrocesso. Por que é tão difícil fazer a população em geral compreender que doentes não merecem e não podem ser tratados como animais?
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