Aras bloqueia repasse de R$ 270 milhões para clone de fundação da “lava jato”
Por Emerson Voltare e Rafa Santos, na Conjur
Ao tomar conhecimento de um depósito no valor de R$ 270 milhões da J&F exigidos pelo Ministério Público do Distrito Federal, o procurador-Geral da República, Augusto Aras, resolveu bloquear o que se identificou como desvio de finalidade.
A exemplo do que haviam tentado fazer seus colegas de Curitiba, o ramo brasiliense do MPF planejou montar uma fundação para administrar a dinheirama. Dessa vez, com a ajuda da Transparência Internacional. O arquiteto da operação seria o conselheiro da TI e assessor informal da “lava jato”, Joaquim Falcão.
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O depósito relacionado ao acordo de leniência da holding da JBS foi feito na última quinta-feira (3/12).
Prontamente, Augusto Aras alertou a subprocuradora-geral da República Maria Iraneide Olinda Santoro Facchini, coordenadora da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão, informando-a de que a destinação correta do dinheiro seria o Fundo de Direitos Difusos ou revertidos em favor da União.
O ofício, obtido pela ConJur, acompanhado de documentos, foi entregue na sexta-feira (4/12), ao órgão incumbido dos acordos de leniência.
Nele, Aras associa a manobra à que foi bloqueada por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. No caso, o ministro suspendeu acordo semelhante do consórcio da “lava jato” de Curitiba que previa a criação de uma fundação com R$ 2,5 bilhões da Petrobras.
Em parceria com a Transparência Internacional, procuradores do Distrito Federal assinaram em 2017 um memorando que integravam as autodenominadas operações greenfield, sepsis, cui bono e carne fraca — que atingiram a holding J&F e levaram os executivos do grupo a fazer um acordo de delação e a leniência para a empresa.
Há a pretensão de destinar parte dos recursos desse acordo, no valor total de R$ 10,3 bilhões, para um projeto de investimento na prevenção e no “controle social da corrupção”. Custo dessa “campanha educativa”: R$ 2,3 bilhões.
O acordo firmado pelos procuradores do consórcio da capital federal previa que a ONG Transparência Internacional colaborasse com o desenho e a estruturação do sistema de governança e fundação de uma entidade “para atender a imposição de investimentos sociais” das obrigações impostas à J&F.
Tal parceria é uma espécie de “clone” da fundação que seria criada pelos procuradores de Curitiba com recursos da estatal de petróleo.
A parceria entre os procuradores da franquia lavajatista e a Transparência Internacional é antiga.
Reportagem da Agência Pública, publicada em setembro, apresentou uma série de mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol e o diretor-executivo da filial brasileira da Transparência Internacional, Bruno Brandão.
Os arquivos com os diálogos foram entregues ao The Intercept e provocaram uma série de reportagens publicadas pelo site e veículos parceiros sobre os padrões de atuação do consórcio de Curitiba.
As conversas divulgadas mostram proximidade entre o procurador e o diretor-executivo da ONG que, por vezes, defendeu os métodos da autodenominada força-tarefa em veículos de imprensa. Muitas dessas manifestações de apoio à “lava jato” foram diretamente pedidas por Deltan.
Além da blindagem midiática, o executivo da ONG chegou a opinar sobre o controverso projeto de uma fundação que seria criada com parte dos fundos recuperados da Petrobras e que teria os tarefeiros em seu conselho.
“Bruno, será que a TI conseguiria soltar algo (equilibrado, como sempre) sobre liberdade de expressão até a próxima segunda?”, questionou Deltan em um dos trechos revelados.
Na época, a Transparência Internacional afirmou que esse tipo de relacionamento entre agentes públicos e a ONG faziam parte da natureza de seu trabalho e missão e atacou o trabalho dos jornalistas envolvidos na reportagem.
O MPF, por sua vez, alegou que Deltan e Bruno Brandão “sempre se deram de modo republicano”.
Obsessões bilionárias
A primeira tentativa de criar uma fundação que possibilitasse que os procuradores se tornassem gestores de fundos bilionários foi em 2016.
O Ministério Público Federal teve uma brilhante ideia: pegar os valores recuperados com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e, em vez de devolver para empresa, criar um fundo para combater a corrupção. Fundo esse, logicamente, seria gerido por integrantes do consórcio, sob a liderança de Deltan.
Na época, o relator da “lava jato” no STF era o ministro Teori Zavascki, morto em janeiro de 2017, que negou categoricamente a ambição pecuniária dos procuradores. O magistrado ressaltou que a estatal é uma empresa de capital misto e que, tendo sido lesada, devia ela receber a totalidade do que for recuperado. Não haveria nenhuma razão, portanto, para a União (leia-se MPF) ficar com esse dinheiro.
Os procuradores do consórcio de Curitiba também atuaram junto a autoridades dos Estados Unidos na aplicação do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) para punir empresas brasileiras. A norma permite que autoridades norte-americanas investiguem e punam fatos ocorridos em outros países. Para especialistas, ela é instrumento de exercício de poder econômico e político dos norte-americanos no mundo.
Reportagem da ConJur mostrou o elo entre o advogado Modesto Carvalhosa e a “força tarefa”. Eles seriam sócios no negócio de R$ 2,5 bilhões da Petrobras.
Comentários
Bíblia do 17
esse esquerdismo doente criminalizando doações de bom grato, é um ato imundo. Daqui a pouco vão querer fazer o mesmo com as doações para o filho do amado presidente
Nelson
Se não foram alçados à condição de divindades – quase chegaram lá – Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato são vistos como entes enviados por Deus para nos salvar da corrupção e da sem-vergonhice dos políticos.
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A operação Lava Jato seria o instrumento que receberam do alto para depurar nosso país.
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Tantos os impolutos, supostos, quanto sua operação só chegaram a tal status por que avassaladora propaganda os “turbinou”. Uma mostra de que, infelizmente, o povo brasileiro não aprende mesmo ou não quer aprender.
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Vimos sendo enganados, ludibriados, engrupidos, engabelados há várias décadas pela mídia hegemônica e seus comentaristas – há inúmeros episódios a comprovar isto – e o povo brasileiro foi, uma vez mais, cair na lábia dessa turma.
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Nos debates com colegas e outras pessoas, eu procurava abrir-lhes os olhos. Dizia a eles que nunca tinha visto a mídia hegemônica homenagear personagens excepcionais da nossa história.
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Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Milton Santos e vários outros, que dedicaram praticamente todas as suas vidas à construção de um país grande e justo para todo o seu povo, nunca receberam homenagens compatíveis com sua grandeza.
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A mídia hegemônica não rendeu o tributo merecido a gente sabidamente comprometida com nosso país e nosso povo. Assim, será que eu deveria acreditar que, agora, com Sérgio Moro e seus procuradores esta mesma mídia estaria a nos apresentar pessoas verdadeiramente comprometido conosco?
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Um raciocínio desse tipo já seria suficiente para que o povo pelo menos desconfiasse de tanta propaganda. Afinal, minha mãe já alertava: “Quando a coisa é muito oferecida ou é podre ou é fedida”.
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Mas, como grande parte do povo, ao que parece, optou por abdicar de pensar …. a propaganda enganosa venceu novamente.
Zé Maria
Bandidagem infiltrada no Ministério Público Federal
praticando Extorsão das Empresas Investigadas.
Zé Maria
OPERAÇÃO MAMA-JATO
Excertos:
O acordo firmado pelos procuradores do consórcio da capital federal previa que a ONG Transparência Internacional colaborasse com o
desenho e a estruturação do sistema de governança e fundação de
uma entidade “para atender a imposição de investimentos sociais”
das obrigações impostas à J&F.
O depósito [de R$ 270 milhões da J&F] relacionado ao acordo de
leniência da holding da JBS foi feito na última quinta-feira (3/12).
Prontamente, [O Procurador-Geral da República] Augusto Aras alertou a subprocuradora-geral da República Maria Iraneide Olinda Santoro Facchini,
coordenadora da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão, informando-a
de que a destinação correta do dinheiro [R$ 270 milhões da J&F] seria
o Fundo de Direitos Difusos ou revertidos em favor da União.
O ofício, obtido pela ConJur (íntegra: https://www.conjur.com.br/dl/oficio-aras.pdf),
acompanhado de documentos, foi entregue na sexta-feira (4/12),
ao órgão incumbido dos acordos de leniência.
Nele, Aras associa a manobra à que foi bloqueada por decisão
do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
No caso, o ministro suspendeu acordo semelhante do consórcio
da “lava jato” de Curitiba que previa a criação de uma “fundação”
com R$ 2,5 bilhões da Petrobras.
A parceria entre os procuradores da franquia lavajatista e a Transparência Internacional é antiga.
Reportagem da Agência Pública, publicada em setembro, apresentou
uma série de mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol
e o diretor-executivo da filial brasileira da Transparência Internacional,
Bruno Brandão:
https://apublica.org/2020/09/a-alianca-da-lava-jato-com-a-transparencia-internacional/
Tal parceria é uma espécie de “clone” da fundação que seria criada
pelos procuradores de Curitiba com recursos da estatal de petróleo.
https://www.conjur.com.br/dl/oficio-aras.pdf
https://www.conjur.com.br/2020-dez-06/aras-270-milhoes-va-uniao-nao-fundacao-lavajatista
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