Patrick Mariano: No dia em que a Constituição Cidadã fez 27 anos, Eduardo Cunha determinou corte de luz de audiência com indígenas
Tempo de leitura: 6 minEnterrem meu coração na curva do rio
por Patrick Mariano, especial para o Viomundo
Dee Brown nasceu em um campo madeireiro em Alberta, no estado da Louisiana. Seu pai era madeireiro e Dee passou a infância ouvindo histórias do Velho Oeste do seu avô, principalmente sobre a Guerra da Secessão e a febre do ouro da Califórnia. É autor de um livro fantástico, cujo título peguei emprestado para este texto.
Enterrem meu coração na curva do rio é um relato comovente e trágico acerca da história do extermínio dos índios norte-americanos, contada a partir dos discursos das vítimas em audiências públicas oficiais e acordos firmados com o homem branco. Acordos reiteradamente descumpridos pelo Estado, por sinal.
De certa forma, o livro de Brown foi reescrito ontem na Comissão de Constituição, de Justiça (CCJ) e de Cidadania da Câmara dos Deputados por 200 indígenas, catadoras de flores, vazanteiros, quilombolas, pescadores e camponeses da Articulação dos Povos e Comunidades Tradicionais.
Fui convidado pela Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS), para falar em uma audiência pública em que se discutiria a violência de milícias privadas contra esses povos. A sessão começou às 15hs e, quando estava para terminar, por volta das 19hs, foi tomada a decisão de que eles permaneceriam e continuariam a falar. A decisão, comunicada por um cacique, surpreendeu a todos.
Cacique Babau, dos Tupinambás, pegou o microfone da CCJ e lembrou-nos que há exatos 27 anos a Constituição da República havia sido promulgada e que, em sua defesa, eles permaneceriam onde estavam para chamar a atenção do povo brasileiro quanto ao desrespeito aos direitos daqueles povos, violência e descaso dos poderes. Ficariam também para denunciar o desmonte da Constituição Cidadã operada nos últimos meses pelo Congresso Nacional com a aprovação da redução da maioridade penal e tramitação da PEC 215.
Foi feita uma primeira tentativa de acordo pelo deputado Paulo Pimenta. Eles dormiriam na casa, se forneceria comida, atendimento médico e pela manhã seriam recebidos pelo presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O acordo foi feito entre a Polícia Legislativa e os representantes das diversas entidades que ali estavam. Eduardo Cunha, de forma truculenta, não só rejeitou como determinou a desocupação da Comissão como condição. Do contrário, enviaria a tropa de choque.
A tensão era evidente. Uma tragédia que se anunciava como certa. Entre as 200 pessoas que ali se encontravam, idosas e crianças. Débora Duprat, procuradora da República, que também havia sido convidada a palestrar na audiência pública decidiu permanecer e ajudar nas negociações.
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Ao acordo proposto foi recusado pelo presidente da Câmara e todos decidiram permanecer. A polícia legislativa comunicou que faria a retirada. Diante do impasse, Paulo Pimenta decidiu abrir uma nova audiência pública para continuar ouvindo os relatos dos presentes. Era a única saída para garantir a segurança de todos. Reaberta a sessão, foi proposto um novo acordo ao presidente Eduardo Cunha. A audiência pública entraria pela madrugada e assim que amanhecesse todos desocupariam as instalações e seriam recebidos em comissão por ele.
A proposta novamente foi aceita pela polícia e novo acordo foi firmado com as lideranças. Cacique Babau deu sua palavra e selou o acordo com o chefe da polícia legislativa diante do presidente da CDH, Paulo Pimenta, da procuradora Débora Duprat e de nós, convidados da sessão e assessores parlamentares.
O acordo pouparia a tragédia iminente e todos sairiam ganhando. Cunha novamente se recusou a receber dando mostras de sua inabilidade política e de seu desapreço pela democracia, determinou a retirada e o corte da energia. A polícia então preparou o suporte e começou a estratégia de retirada. Foi o momento mais tenso. Para evitar a tragédia, a audiência seguiu normalmente noite à dentro. A polícia, irresponsavelmente cortou a luz, mesmo tendo um parlamentar presidindo sessão de Comissão. O surrealismo da ação do presidente Cunha acabou reforçando a mística dos povos que ali estavam.
Esqueceu o presidente da Casa que ali todos estavam acostumados a cantar e falar no escuro, tendo somente as estrelas e a lua de iluminação. Diante da prepotência e autoritarismo, eles cantaram e continuaram a fazer denúncias no escuro e sem microfone. Sem dúvida, uma audiência pública histórica.
Mesmo sem luz, água e ventilação, denunciaram que em 2013, segundo a CPT, 8.836 famílias que viviam no Pará foram afetadas pela violência no campo. Destas, 477 tiveram suas casas destruídas, 264 tiveram suas roças arruinadas e 2.904 foram vítimas de alguma ação de pistolagem.
Diante do autoritarismo, desrespeito e descaso com essa gente sobre qual Darcy Ribeiro tanto falou e tentou defender, continuamos a ouvir no escuro, através de caciques e quebradeira de coco, o que o relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) destacou: o número de assassinatos em conflitos no campo em 2014 foi de 36, dois a mais que no ano anterior, quando foi registrado o assassinato de 34 pessoas. O que chama a atenção em 2014 é que, diferentemente dos anos anteriores, em que se destacava entre os assassinados indígenas e quilombolas, o alvo principal em 2014 foram sem-terra (11); assentados (8); posseiros (7). Mas foi o número de tentativas de assassinato que apresentou o crescimento maior, de 273%. Passaram de 15 em 2013, para 56 em 2014.
No escuro também ouvimos que presidenta Dilma Rousseff teve a pior média de homologação de terras indígenas de todos os presidentes pós 1988 e que isto, somado com a falta de reforma agrária efetiva,é o que estimula o conflito.
Retratos e relatos de uma sociedade que ainda não rompeu com os seus laços escravocratas e mantém os grilhões aos pés de negros, pobres e mulheres. Grilhões que são a base da manutenção da desigualdade e injustiça social por séculos.
A mesma bala disparada por policiais da UPP contra o peito de Herinaldo Vinicius de Santana, negro, de 11 anos, na comunidade Parque Alegria, no Complexo do Caju quando saia para comprar bola foi a que vitimou Chico Mendes, Irmã Dorothy e os 5 trabalhadores rurais sem terra em 2004, no acampamento Terra Prometida, em Felizburgo/MG.
As balas que retiram a vida de índios, quilombolas, sem terra e do povo negro na periferia são disparadas para manter uma ordem social fundamentada em alarmantes dados de injustiça e exclusão desigualdade social.
O capitalismo não foi capaz de resolver o problema da desigualdade. E Piketty [1] demonstra que não resolveu porque não quis, não quer e não quererá. O montante de riqueza produzida no mundo, descontadas as depreciações e dividido de forma igual, daria 760 euros mensais para cada habitante do globo. No entanto, 1 bilhão de pessoas passa fome e a cada 3,5 segundos um ser humano morre por não ter o que comer.
Atílio A. Boron [2], em artigo que vale a leitura, expõe a encruzilhada na qual o governo Dilma está metido. Neste estudo, o professor argentino tira o véu das chagas do nosso sistema econômico ao apontar que 42,04% da riqueza brasileira vai para o setor financeiro em juros e amortizações da dívida pública, 4,11%, em saúde, 3,49%, em educação e, pasmem, 1%, no Bolsa Família.
Enquanto transcorria a audiência, militantes de direitos humanos e advogados foram proibidos de entrar na Comissão e fizeram uma vigília em solidariedade. Foi preciso intervenção da OAB para que uma advogada e um advogado pudessem entrar. No calor, em condições insalubres, se ouvia:
“Ninguém ouviu um soluçar de dor/No canto do Brasil/Um lamento triste sempre ecoou desde que o índio guerreiro foi pro cativeiro e de lá cantou/Negro entoou um canto de revolta pelos ares no Quilombo dos Palmares onde se refugiou”.
Eduardo Cunha pode cortar o microfone de uma Comissão, acabar com a ventilação e a luz, mas não pode tirar a mística desse povo tão sofrido, mas ao mesmo tempo tão aguerrido.
Por volta da meia noite, outros parlamentares como Chico Alencar, Sibá Machado, Moema Gramacho, Lindbergh Farias, Odorico, Elvino Bohn Gass, conseguiram furar o bloqueio e entrar na Casa. O que se anunciava como tragédia, se tornou uma vitória dos povos tradicionais. A truculência de Eduardo Cunha foi derrotada pela mística do quilombo e pela força dos caciques e quebradeiras de coco.
Lá pelas 3 horas da manhã, com a garantia de que não haveria desocupação, fomos para casa tomar banho e descansar. Menos Paulo Pimenta, Débora Duprat e Moema que decidiram dormir na Comissão para garantir o acordo.
Às sete da manhã, cumprindo com a palavra, a sala da CCJ foi desocupada. Entidades, miltantes e advogados populares fizeram um café para recebê-los e nova mística se realizou na entrada do anexo II da Câmara.
No dia em que se comemorou os 27 anos da Constituição Cidadã assinada por Ulisses Guimarães, Eduardo Cunha tentou enviar a tropa de choque para acabar com uma audiência em que se ouvia pescadores, vazanteiros, catadores de flores, quilombolas, sem terras e povos indígenas. Depois soube que a tragédia só não aconteceu porque a PM/DF se recusou a enviar a tropa.
No entanto, prefiro acreditar que a solidariedade e as danças rituais de purificação da Câmara realizadas pelos povos tradicionais deu algum tipo de efeito. Quem é ateu e viu milagres como eu, já diria Caetano.
Uma pena que as falas de mulheres e homens na audiência pública que rolou pela madrugada não irão para os anais do Congresso. Não importa, pois o maior legado do que ocorreu ontem é a certeza que é possível derrotar a truculência, estupidez e covardia com solidariedade e estratégia.
Aqueles homens e mulheres que ali estavam deram uma lição à Câmara dos Deputados e seu presidente. Mostraram que a única escuridão que ali existe é a da sua inteligência democrática, somada com as denúncias protocoladas no STF ainda não devidamente explicadas.
Enterrem meu coração na curva do rio foi reescrito ontem, mas seu desfecho, felizmente, foi uma vitória contundente contra a escuridão do fascismo, do autoritarismo e da estupidez daqueles que tentam destruir pela força bruta o legado da Constituição da República e, com isso, fazer curvar o povo brasileiro aos seus próprios e escusos interesses.
[1] PIKETTY, Thomas. O capital no século XXI. Temas e debates, Lisboa, p. 101.
[2] http://www.ihu.unisinos.br/noticias/538057-dilma-e-a-decisao-de-nomear-como-ministro-da-fazenda-um-chicago-boy
Leia também:
Comentários
Sérgio
SALVO-CONDUTO!!!
Sérgio
Enquanto o mandato de político for o-conduto salvo para todo e qualquer tipo de pilantra, será sempre isso.
Julio Silveira
O Cunha já está desmascarado, e é só mais um desses casos bizarros que acontecem num país que se permite ser dirigido por bizarrices, cultuar bizarrices.
Infelizmente acredito que não terminaremos nossos problemas no Cunha, quando a tornozeleira for enfim ao seu encontro. Por que, na casa que deveria ser o esteio da democracia, já a muito tempo vem proliferando um tipo de erva que faz a cabeça das pessoas, dando a elas a capacidade de aceitar conviver com bizarrices. E se alguem pensar que me refiro a canabis, ledo engano, por que a pior erva, a maldita mesmo, e a maldita erva daninha humana. Essa que forma viciados para fazê-las proliferar e chegar no congresso e de lá dominar o país. Por que ninguem se engane, esse tipo de erva daninha é estremamente inteligente e eficiente quando o assunto e a própria sobrevivencia, mesmo que isso signifique a longo prazo tornar seu habitat improprio a propria existencia.
thila
Absurdo! O PT tem que criar um Denunciômetro urgente!! Para a população sem acesso a Internet tomar conhecimento desses absurdos. Inclusive sobre corrupção!!
Jair Fonseca
Os ratos vão abandonando a canoa furada em que embarcaram, mas com honra… rarara.
marcio ramos
Ditadura de merda, ta na hora da direita comer chumbo.
Cláudio
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: * * * * 19:13 * * * * Ouvindo A Voz do Bra♥S♥il e postando:
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Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
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Luiz Fernando
Esse livro do Dee Brown merce ser lido
Luiz Fernando
Esse livro do Dee Brown é muito bom
FrancoAtirador
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Notícias Sobre Coronéis e Capangas do Mato Grosso
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ESTUPRO DE VULNERÁVEL
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Empresário MatoGrossense é Preso por Tentativa
de Estupro de uma Funcionária de 14 Anos
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A Própria Vítima Menor registrou o Abuso em Vídeo
num dos Instantes em que estava sendo Molestada.
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A Adolescente entregou a Gravação à Policia Civil,
que, após Investigações no Inquérito Instaurado,
pediu à Justiça a Prisão Preventiva do Criminoso.
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Junto com o Indiciado foram também Presos o Filho Dele
e o Segurança que estava Armado no Estabelecimento.
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Foram ainda apreendidas Duas Armas de Fogo no Local
e uma Terceira no Apartamento onde o Comerciante reside.
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Há poucos dias, um Jardineiro e um Fazendeiro
foram Presos pela Prática do Mesmo Crime
sendo então recolhidos à Cadeia Municipal.
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Ironia Cruel: Sorriso é o Nome da Cidade.
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(http://www.mtnoticias.net/sorrisourgente-pc-prende-empresario-mercadista-e-preso-suspeito-da-pratica-de-estupro)
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(http://www.mtnoticias.net/mt-ex-governador-deve-depor-em-cpi-sobre-fraudes-fiscais-nesta-terca)
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Deve ser isso que os Fascistas UltraLiberais
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chamam de ‘Livre Iniciativa Empresarial’.
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Urbano
No intuito de poder implantar em definitivo a sua república bandida, os escroques da oposição e pavor ao Brasil acabam de criar uma nova tecnologia avançadíssima, qual seja: a autoblindagem.
Urbano
Ô risibá! Se não cantas igual ao sabiá, então é melhor se calar. Sei não, mas creio que a burrice está se alastrando numa velocidade incrível nas hostes petistas. Devem ser água e cafezinho batizados, que estão disseminando essa peste…
Urbano
‘Te calar’ fica bem mais adequado…
Cláudio
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: * * * * 17:13 * * * * Ouvindo As Vozes do Bra♥S♥il e postando:
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Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
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FrancoAtirador
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Onde “a Propriedade Vale Mais Que a Vida e Um Boi Vale Mais que um Índio”
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(https://www.facebook.com/pages/Articula%C3%A7%C3%A3o-dos-Povos-e-Comunidades-Tradicionais/724437294328088?sk=videos)
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A Câmara Federal viveu mais um Dia Triste na Recente História de Desmandos
e Autoritarismos Praticados por Eduardo Cosentino da Cunha (PMDB/RJ).
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Ontem, 5 de Outubro, no dia de Aniversário da “Constituição Cidadã”,
o Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cosentino da Cunha,
se negou a receber as Lideranças da Articulação dos Povos e Comunidades Tradicionais,
que decidiram, então, iniciar uma Vigília na chamada ‘Casa do Povo Brasileiro’.
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No Final da Noite, entretanto, Cunha mandou a Polícia cercar o Plenário 1, sitiando-o,
além de determinar o Desligamento do Ar-Condicionado e das Luzes da Sala Sem Janelas,
com o Intuito de expulsar os cerca de 200 Indígenas, Quilombolas, Pescadores e Camponeses.
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“Então cortaram o microfone, o ambiente ficou abafado
com o ar desligado e logo a luz foi cortada.
Nesse momento, apareceram os policiais
do Choque na porta do plenário”,
conta Cléber Buzatto, Secretário Executivo
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
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Ainda assim, mesmo no Calor e na Escuridão, a Mobilização,
no Interior da Câmara, continuou Madrugada Adentro
e os Indígenas entoavam Cantos Rituais e dançavam o Toré.
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O Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara,
Deputado Paulo Pimenta (PT/RS), com o auxílio das Redes Sociais,
confirmava as informações e ressaltava o clima tenso no Plenário 1.
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Numa tentativa de evitar a Ação Policial, Pimenta chegou a reabrir a Sessão
da Audiência Pública sobre a Ação de Milícias Armadas Contra Povos Indígenas,
Quilombolas e Camponeses, que havia se iniciado por volta das 3 horas da tarde.
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Além das Lideranças de Povos e Comunidades Tradicionais, estavam presentes Parlamentares
e a Coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria-Geral da República (PGR),
Deborah Duprat.
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Os Representantes dos Brasileiros Nativos e os demais Participantes da Mesa
se alternavam nas falas na Audiência Pública, denunciando as Ações Criminosas
historicamente praticada contra as Pessoas daquelas Comunidades Indefesas.
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A Imprensa foi proibida de se aproximar do Recinto
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Do lado de fora da Câmara, Apoiadores da Causa Indígena
se aglomeraram esperando o Desfecho da Situação.
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A Solidariedade tomou conta de Centenas de Postagens
e Mensagens de Apoio nas Redes Sociais,
a tod@s os que mantinham a vigília,
além de frases de repúdio ao presidente da Câmara.
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Para a Imprensa, a Assessoria de Cunha afirmou que o Presidente da Casa*
não havia solicitado a Tropa de Choque (mesmo com fotos desmentindo a afirmação)
mas que de fato havia solicitado o desligamento da energia elétrica e do ar-condicionado
com o objetivo de que todos saíssem de ‘forma pacífica’.
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Pacífica, porém, era a Vigília que reivindicava a Demarcação de Terras Indígenas
e em Posição Contrária à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215,
além de denunciar a Ação de Milícias e Grupos de Extermínio
contra as Lideranças em Luta pelos Direitos Comunitários.
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De acordo com dados da Violência no Campo,
sistematizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT),
nos Últimos 10 Anos, Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais
enfrentaram 5.771 Conflitos;
4.568 Pessoas foram Vítimas de Violência;
1.064 sofreram Ameaças de Morte;
178 sofreram Tentativas de Assassinato
e 98 foram Assassinadas.
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Por outro lado, a Vigília pretendia lembrar dos 27 anos da Constituição Federal
e do quanto a ‘Carta Cidadã’ ainda não é cumprida, principalmente no que se refere
à Garantia de Direitos e Cidadania, sobretudo para os Povos e Comunidades Tradicionais
– e já vem sendo Desconstruída, conforme os Interesses de Grupos Políticos e Econômicos.
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Daniel Guarani e Kaiowá lembrou o Sofrimento de seu Povo no Mato Grosso do Sul
e lembrou que no Brasil os Direitos de Uns Valem Mais do que os Direitos de Outros:
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“Uma Propriedade Vale Mais Que Uma Vida?
No Meu Estado, Um Boi Vale Mais que a Vida de um Índio”.
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Conforme o deputado Paulo Pimenta, em vídeo postado nas Redes Sociais,
a Vigília transcorreu de Forma Pacífica, e os Atos de Violência
foram de Responsabilidade do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
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Diante das Pressões Populares, surgidas de todos os lados,
Cunha teve de desistir da Desocupação Forçada do Plenário 1,
mas não pediu a religação da energia elétrica e do ar refrigerado.
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E tod@s continuaram a cantar na Escuridão,
como no Poema de Thiago de Mello:
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FAZ ESCURO, MAS EU CANTO
(Thiago de Mello)
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Faz Escuro, mas eu canto,
Porque a Manhã vai chegar.
Vem Comigo, Companheiro,
Ver a Cor do Mundo Mudar.
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Vale a Pena não dormir
Para cantar e esperar
A Cor do Mundo Mudar.
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Já é Madrugada,
Vem o Sol, quero Alegria,
Que é para esquecer que eu sofria.
Quem sofre fica Acordado
Defendendo o Coração.
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Vamos juntos, Multidão,
Trabalhar pela Alegria,
Amanhã é um Novo Dia
[Que vai se chamar NAÇÃO]
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(http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=12405&poeta_id=313)
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(http://jornalggn.com.br/noticia/cunha-corta-luz-e-amedronta-com-tropa-vigilia-de-indigenas-na-camara)
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(http://cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8392&action=read)
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