O maior fenômeno do antijornalismo no Brasil

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Pesquisa da PUC: “a Veja e o antijornalismo”

31/10/2010

Por Juliana Sada, no Escrevinhador

Criada em setembro de 1968, a revista Veja é a publicação semanal brasileira de maior tiragem, teoricamente com cerca de um milhão e duzentos mil exemplares. Criada por Mino Carta, atualmente diretor de redação da Carta Capital, e Victor Civita – estadunidense filho de italianos, fundador do Grupo Abril – a revista foi por um longo período paradigma para o jornalismo brasileiro. Por sua redação, passaram nomes importantes da profissão; e, por suas páginas, grandes personagens da história – entre seus entrevistados estão Vinícius de Moraes, Yasser Arafat, Salvador Dalí, Tarsila do Amaral e Sérgio Buarque de Holanda.

Mas, em anos recentes, a revista tornou-se alvo de intensas críticas. Na internet, disseminam-se pequenas e grandes iniciativas de informação e contraponto ao tipo de jornalismo feito por lá. Esse mesmo Escrevinhador denunciou a entrevista que nunca existiu, mas que a revista publicou; e mostrou a história do professor que foi alvo de manipulação pelo veículo, além da peculiar análise do semanário sobre a Bolívia.

O jornalista Fábio Jammal Makhoul decidiu debruçar-se sobre a revista Veja para formular sua tese de mestrado em Ciência Política para a PUC de São Paulo. A dissertação analisou a publicação durante o primeiro mandato de Lula , de janeiro de 2003 a dezembro de 2006. Fábio constatou que houve, de modo deliberado, uma cobertura tendenciosa com o objetivo de desestabilizar o governo. Os números são impressionantes: “40,6% da cobertura de Veja sobre o primeiro governo petista noticiou os escândalos do Planalto e, conseqüentemente, Lula e o PT de forma negativa”. O governo ocupou “54 capas de Veja, das 206 publicadas no período”, destas “32 tratavam de escândalos, segundo classificação da própria Veja, ou seja, 59,3% do total”.

Segundo Fábio, esse sistemático ataque levou ao surgimento de inúmeras críticas que “abalaram a própria revista, que se sentiu na obrigação de reafirmar sua ‘imparcialidade e independência’ a todo o tempo em 2005 e 2006”.

O Escrevinhador entrevistou Fábio Jammal Makhoul para expor e debater seu estudo e o papel desempenhado pela revista. Confira a seguir.

Como surgiu a ideia de estudar a revista Veja?

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O principal motivo que me levou a pesquisar a revista Veja é jornalístico. A degradação do jornalismo da revista nos últimos anos foi assustadora. Veja é a maior revista semanal de informação do Brasil, com tiragem superior a 1,2 milhão de exemplares. Um número muito maior que o das demais publicações do segmento. Veja é a quarta maior revista de informação do mundo e seu jornalismo já foi referência para toda mídia impressa brasileira. Mas, nos últimos anos, o semanário também se transformou no maior fenômeno de antijornalismo do país.

De 2005 para cá, a revista se perdeu completamente em reportagens baseadas em ilações e xingamentos, que ignoraram as regras mais básicas do jornalismo e rasgaram todos os códigos de ética da profissão. Virou um verdadeiro pasquim, com matérias que se revelaram fantasiosas e recheadas de ataques e manipulações da informação. Isso não quer dizer que o PT e o governo Lula sejam os bonzinhos da história e nem as vítimas da grande imprensa. Pelo contrário, houve erros gravíssimos na administração federal, que precisavam ser apurados e divulgados pela mídia.

Entretanto, o jornalismo da grande imprensa conseguiu ser mais antiético que os próprios políticos que eram acusados, com erros grosseiros que comprometeram a imagem desses veículos, principalmente a da revista Veja, que foi a mais engajada na tentativa frustrada de derrubar o presidente da República em 2005 e 2006.

Muito se fala sobre cobertura parcial da Veja. Por meio da sua pesquisa, foi possível constatar a veracidade dessas observações?

Sim, e nem precisava de uma pesquisa acadêmica ou mais aprofundada. Basta uma leitura simples da revista para constatar que Veja tem um lado quando o assunto é política. Hoje temos uma bipolarização partidária no Brasil, com PT e PSDB monopolizando a disputa eleitoral. E a revista Veja está claramente do lado do PSDB e completamente contra o PT. Se você pesquisar a revista desde o início dos anos de 1980 vai constatar que o Partido dos Trabalhadores e o próprio Lula nunca tiveram um tratamento positivo nas páginas de Veja.

Essa história de imparcialidade da imprensa não existe. Os veículos de comunicação são empresas e têm seus interesses e preferências políticas. O jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, sempre foi conservador e nunca escondeu isso. Assumir uma posição ideológica ou política não é ruim. É até saudável e democrático, os grandes jornais da Europa e dos Estados Unidos fazem isso. Pelo menos, o leitor sabe claramente qual é a orientação editorial da publicação. O problema é quando se abandona o jornalismo para se transformar num panfleto político-partidário. E foi o que aconteceu com Veja de 2005 para cá.

Nos dois primeiros anos do primeiro mandato de Lula, o semanário ainda fez jornalismo, mas, ao apostar que poderia derrubar o presidente da República em 2005, perdeu a aposta e a credibilidade. Com o escândalo do “mensalão”, Veja captou o antilulismo e o antipetismo da chamada classe média que lê a revista e iniciou sua campanha pelo impeachment do presidente. Só que a questão política serviu para que Veja se sentisse à vontade para cometer os abusos que quisesse. Uma coisa é a crítica política que se viu no Estadão e n’ O Globo, por exemplo. Outra coisa é partir para o xingamento, como fez Veja.

Você poderia citar capas e matérias que seguramente continham distorções, inverdades, ataques ou parcialidade?

Há muitos exemplos, principalmente em 2005 e 2006. Uma das capas que mais me chamaram a atenção foi a da edição de 16 de março de 2005. A revista tentou fabricar uma crise para os petistas, com uma reportagem que prometia ser “bombástica”. A manchete da capa era: “Tentáculos das Farc no Brasil”. Em letras menores, a revista diz que “espiões da Abin gravaram representantes da narcoguerrilha colombiana anunciando doação de 5 milhões de dólares para candidatos petistas na campanha de 2002”.

A capa é chamativa, cheia de dólares ao fundo e uma foto do militante petista que teria recebido dinheiro das Farc. Embora a revista tenha considerado a reportagem forte o suficiente para ser a capa da edição, no corpo da matéria há três ressalvas de que o semanário não tinha como comprovar as acusações.

O tema foi repercutido por um mês até sumir das páginas de Veja. O Ministério Público e o Congresso Nacional investigaram e não acharam nada e a revista sequer se desmentiu o publicou o final da história. Capa parecida foi a de 2 de novembro de 2005, que dizia que a campanha de Lula recebeu dólares de Cuba. A matéria é toda fantasiosa e com denúncias em off que nunca se confirmaram.

Uma das partes da sua dissertação se intitula “O discurso político das capas”. Você poderia explicitar qual é este discurso?

Nos quatro anos do primeiro mandato de Lula, o governo e o PT foram os principais temas da capa de Veja, ocupando mais de um quarto das manchetes do período. Com 49 capas negativas, a revista lançou mão de uma estratégia discursiva que visava claramente dar a Lula o mesmo destino de Collor: o impeachment.

Sem sucesso neste intento, o semanário passou a trabalhar para evitar a reeleição do petista. A revista não foi nada sutil em sua estratégia, pelo contrário, foi arrogante, agressiva, preconceituosa. O preconceito, aliás, foi uma das modalizações discursivas contra o governo mais utilizadas pela publicação, principalmente na capa.

Desde o primeiro ano do mandato, em 2003, a revista procurou tematizar sobre a ética no PT. O enunciador sempre deixou claro que ela não passava de discurso para chegar ao poder, mas, assim que os escândalos começaram, Veja tratou de provar que o PT era pior que os demais partidos neste quesito. Entre os muitos preconceitos despejados pelo enunciador na capa está a associação entre o PT e bandidos; de traficantes a assassinos.

A suposta falta de escolaridade e de atenção dos petistas com a educação também foram bastante exploradas, sendo que o enunciador não se intimidou para fazer alusão ao animal burro em diversas ocasiões. O esquerdismo do PT também foi apresentado negativamente e de forma preconceituosa. Veja mostrou aos leitores que a máquina pública foi tomada pelos petistas, que aparelharam o Estado como fizeram os soviéticos. Aliás, autoritarismo foi outro tema explorado, que procurou mostrar um PT stalinista e ditador.

A corrupção, entretanto, foi o tema mais explorado nas capas que retrataram o PT e o governo Lula. Com uma série de escândalos em pauta, a revista usou uma das estratégias mais controversas e criticáveis: a comparação entre Lula e Collor. Comparações são sempre complicadas, mas o enunciador de Veja, posicionado e ideológico, relacionou os dois presidentes de forma simplista e forçada.

Com esta modalização discursiva, Veja pôde finalmente trabalhar pelo impeachment de um Lula sem moral, sem ética, corrupto, chefe de quadrilha, despreparado e que fez um primeiro mandato pífio, segundo as capas do semanário. Assim, a revista ousou também decretar o fim do PT.

Errou em todas as apostas. Para justificar suas derrotas, Veja encontrou uma explicação baseada e mais preconceitos. Na edição de 16 de agosto de 2006, quando as pesquisas apontavam vitória fácil de Lula na disputa pela reeleição, Veja veiculou uma capa com a foto de uma jovem negra segurando o título de eleitor. A manchete era: “Ela pode decidir a eleição”. O subtítulo explica quem é ela: “nordestina, 27 anos, educação média, 450 reais por mês, Gilmara Cerqueira retrata o eleitor que será o fiel da balança em outubro”.

Ou seja, ela é o retrato do Brasil e não dos leitores da revista, que são das classes A e B. Para esses, que o enunciador de Veja aposta que sabem votar, resta a resignação, já que os negros, pobres, analfabetos e nordestinos vão decidir as eleições.

Na introdução do seu trabalho, você apresenta a revista Veja como protagonista de escândalos. Ao que você se refere ao chamar a Veja de protagonista?

Podemos dizer que praticamente toda a chamada grande imprensa aproveitou os erros e desmandos do PT na primeira gestão do Lula para denegrir a imagem do partido e impedir a reeleição do presidente.

Mas a revista Veja foi protagonista porque foi a mais enfática na campanha contra os petista e a que mais cometeu erros do ponto de vista jornalístico. Além disso, suas reportagens serviram tanto para iniciar um escândalo como para mantê-lo na pauta da mídia. Em muitos momentos, principalmente durante o escândalo “mensalão”, as reportagens de Veja alimentaram os jornais diários e a própria TV.

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Você afirma que “ao todo, Veja publicou 206 edições entre 1° de janeiro de 2003 e o dia 31 de dezembro de 2006. Neste período, a revista produziu 621 reportagens sobre o primeiro governo do PT. Dessas, 252 trataram dos escândalos.” Isso quer dizer que, na média, havia três matérias sobre o governo por edição e sempre uma sobre algum escândalo?

Sim, e mesmo quando a matéria não era sobre escândalos, o enfoque que era dado ao Lula e ao PT era negativo. No meu trabalho deixo claro que o Partido dos Trabalhadores, uma vez no poder, cometeu uma série de irregularidades que deveria sim ser apurada e noticiada. Mas a forma com que a grande imprensa fez a cobertura, principalmente a Veja, visava apenas derrubar o PT do poder e não denunciar as mazelas do nosso sistemas político e eleitoral brasileiro, que estão no cerne do “mensalão” e de vários outros escândalos e que continuaram intactos. Muitos desses problemas que geram toda sorte de abuso de poder são antigos e foram mostrados por diversos autores.

Talvez o melhor lugar para se buscar conhecimento sobre o funcionamento da política seja na obra de Nicolau Maquiavel. Não é à toa que sua bibliografia é chamada de realismo político. Lá se encontra a pura realidade sobre a política. Para divagar um pouco, me arrisco a fazer um paralelo entre Maquiavel e o governo Lula.

O PT sempre empunhou a bandeira da ética e bradou que é possível ter “pureza” dentro do jogo político e eleitoral brasileiro. Mas, para chegar ao poder, teve de lançar mão das mesmas práticas que condenava em outros partidos, assim como fez para governar o país.

Um jornalismo investigativo sério e isento poderia constatar isso e denunciar de forma séria e isenta. Assim, o PT mostraria o realismo político, que desnudaria os problemas que assolam nossos sistemas político e eleitoral.

Uma cobertura sóbria, que não fosse tendenciosa ao ponto de mostrar que o governo do PSDB sim foi puro, poderia causar uma indignação suficiente para que o Brasil finalmente fizesse uma reforma que melhorasse efetivamente os nossos sistemas político e eleitoral. Mas, ao fazer uma cobertura parcial e tendenciosa, o jornalismo chamou mais a atenção do que os escândalos que noticiava, não contribuindo em nada com o país.

As capas analisadas, de 2003 a 2006, seguiram sempre o mesmo tom ao tratar do PT? É possível delimitar períodos de maiores ofensivas ou recuos?

Veja só se manteve recuada nos ataques no primeiro ano do mandato de Lula, 2003. Em 2004, começou sua ofensiva, embora de forma meio tímida. Mas em 2005 e 2006, Lula e o PT foram os principais temas da capa. Em 2005, das 52 edições, Lula e o PT aparecem de forma negativa em 24 capas, sendo 18 delas classificadas pela própria Veja no tema escândalo. Ou seja, quase a metade das edições abordaram o presidente negativamente.

Em 2006, último ano de governo, Veja publicou 15 capas sobre Lula e o PT, todas desfavoráveis em pleno ano eleitoral.

Nos quatro anos do primeiro mandato de Lula, o governo e o PT foram os principais temas da capa de Veja, ocupando mais de um quarto das manchetes do período. Foram 49 capas negativas, sendo 39 só em 2005 e 2006.

Comparativamente à atuação de governos passados, o tratamento da imprensa e de Veja à gestão Lula foi muito desigual. Durante a era tucana, por exemplo, as denúncias contra o governo federal não tiveram muito destaque.

Em 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso foi acusado de comprar votos para a aprovação da emenda que permitiu sua reeleição, havia denúncias sobre as privatizações e corrupção em vários órgãos ligados ao governo federal, como a Sudam e a Sudene.

Naquele ano, apenas uma capa foi feita sobre as acusações, com a foto de Sérgio Motta, então ministro-chefe da Casa Civil, e a chamada da capa era: “Reeleição”.

Já em 2005, com Lula na presidência, forma dezoito capas sequenciais durante quatro meses de puro bombardeio. Veja chegou a defender o fim do PT e que isso seria benéfico para a política brasileira, já que até na oposição sua atuação foi prejudicial para o país.

Veja nunca havia defendido o fim de nenhum partido e nem usado tantos adjetivos negativos como usou para falar sobre os petistas.

Em 2006, em pleno período eleitoral, a revista veiculou cinco capas negativas para o governo, entre 23 de agosto e 25 de outubro. Isto quer dizer que as capas de metade das edições de Veja que circularam enquanto as eleições se definiam eram ruins para Lula.

Enquanto isso, Geraldo Alckmin (PSDB), seu principal adversário, não apareceu negativamente em nenhuma capa de Veja neste período. Pelo contrário, neste período o candidato do PSDB era mostrado de maneira positiva. Só no período do segundo turno das eleições, Lula foi alvo de quatro reportagens de Veja e em todas elas ele aparece de forma negativa. Já Geraldo Alckmin aparece em duas matérias neste período. Ambas com abordagens positivas para o tucano.

As manchetes veiculadas nas capas estavam de acordo com a reportagem produzida ou havia discrepâncias com o intuito de chamar a atenção do leitor?

As manchetes eram mais sensacionalistas, mas as reportagens também seguiam a mesma linha. Ainda assim, é possível perceber muitas discrepâncias, como aquela capa das Farc que eu já citei.

Na capa, Veja afirma que o PT recebeu dinheiro das Farc e na matéria há três ressalvas de que o repórter não conseguiu nenhuma prova.

Outra capa que chama a atenção é aquela que eu também citei sobre a nordestina, negra e pobre que iria decidir a eleição em favor de Lula. O subtítulo diz que Gilmara Cerqueira tinha 27 anos. Mas na foto é possível observar a data de seu nascimento no título de eleitor e pode-se ver que ela tinha 30 anos na época e não 27 como rebaixou Veja para enquadrá-la ao perfil do eleitor médio. Ou seja, vale até mentir a idade da moça para montar um perfil da qual ela não se enquadra totalmente.

Além das capas, você analisou também os editorais da Veja. Foi possível encontrar correspondência entre a posição oficial da revista e o conteúdo por ela produzido, que em tese é independente?

As críticas que a revista Veja recebeu durante o primeiro governo Lula, principalmente nos dois últimos anos, abalaram a própria revista, que se sentiu na obrigação de reafirmar sua “imparcialidade e independência” a todo o tempo em 2005 e 2006.

Durante a crise do “mensalão”, Veja usou a maior parte dos editoriais de junho a dezembro de 2005 para justificar a matéria da semana anterior e ratificar seu compromisso com um jornalismo sério. Logo no primeiro editorial do início da crise do mensalão, em 1º de junho de 2005, Veja garante que “não escolhe suas reportagens investigativas com base em preferências partidárias ou ideológicas”. E o curioso é que todos os editoriais das edições seguintes eram para justificar suas reportagens, sempre reafirmando uma imparcialidade que não se via nas reportagens.

Você discute o paradigma da imparcialidade e neutralidade no qual é baseado o discurso dos meios de comunicação entretanto você apresenta argumentos sobre a inviabilidade destes paradigmas se concretizarem. A partir da sua pesquisa, é possível concluir se a parcialidade da revista Veja é fruto de uma política deliberada ou consequência da inviabilidade de se fazer um jornalismo imparcial?

É fruto de uma politica deliberada. É claro que é quase impossível fazer um jornalismo totalmente isento. Mas você pode pelo menos buscar a isenção, ouvindo os dois lados, dando o mesmo peso para as diferentes versões e não utilizando adjetivos, por exemplo.

Veja nem tentou ser imparcial, pelo contrário. Ela tinha uma estratégia discursiva e a seguiu até o fim com um objetivo bem claro: derrubar Lula da presidência.

Ao se contrapor ao governo Lula e ao PT, a revista Veja apresentava qual projeto para o Brasil apoiava ou qual setor o representava?

A primeira edição após a reeleição de Lula, publicada em 8 de novembro de 2006, é a que mostra mais claramente a posição da revista. A matéria de capa defende que é preciso deixar para trás a “visão tacanha” de que a miséria pode ser superada pelo “princípio bolchevique” de tirar dos ricos e dar aos pobres.

Para Veja, a miséria só será superada pela produção de riqueza e para isso “o gênio humano não concebeu nada mais eficiente do que o velho e bom capitalismo, com seus mercados livres, empreendedores ambiciosos e empresas inovadoras”.

Veja aconselha Lula a “aposentar para sempre a ideia de palanque de que o Brasil é como um sobrado – em que só há andar de cima e andar de baixo e, portanto, o único trabalho é fazer com que todos passem a habitar o pedaço de cima. Isso é uma interpretação tão tosca da sociedade brasileira que, na sua estupidez simplificadora, neutraliza o papel crucial e dinamizador exercido pela classe média”.

Veja diz que falta ao presidente maior clareza sobre como promover de maneira mais vigorosa as condições para que a iniciativa privada produza mais conhecimento tecnológico de ponta, inove mais e multiplique seus índices de produtividade.

E acrescenta: “Para fazer o país avançar, produzir riqueza e gerar justiça, o presidente Lula tem muitos desafios para superar – e um deles começa em casa. O Partido dos Trabalhadores, que se transformou numa usina de escândalos, divulgou uma nota oficial cobrando que no novo mandato Lula faça um ‘governo de esquerda’. Ninguém sabe exatamente o que isso quer dizer, mas é certo que significa mandar às favas o equilíbrio fiscal e o controle da inflação em troca de um crescimento econômico tão duradouro quanto um voo de galinha”.

Essa é a primeira vez na cobertura do governo Lula que Veja assume com todas as letras que fala em nome das classes mais abastadas e que defende uma política e um projeto de Estado mais à direita do que voltados para o social.

Sua intenção é proteger o capital como fica claro neste texto. Para a revista, é preciso esquecer a ideia de que “o único trabalho é fazer com que todos passem a habitar o pedaço de cima”.

Ou seja, não interessa colocar os mais pobres no mesmo patamar dos ricos é preciso “promover de maneira mais vigorosa as condições para que a iniciativa privada produza mais conhecimento tecnológico de ponta, inove mais e multiplique seus índices de produtividade”.

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Comentários

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Julio Silveira

Tomara que paguem uma indenização tão grande que afundem de vez.

revenger

Fusão de veja com exame: Vexame! Editora 1º de abril!

Rose PE

A revista preferida dos coxinhas.

Marcos Lima

Essa maior tiragem temos que ver que o maior número é comprado pelo governo São Paulo. Assim até a revista do meu bairro teria o maior número em circulação. Outra coisa é, enquanto não for mudado essa história de inventar a mentira pra vender e ficar com o dinheiro da venda. O certo era que se não fosse provada a reportagem o dinheiro de todas as revistas vendidas teriam que ficar para o que foi caluniado. Aí queria ver inventar fatos para vender. O que acontece hoje é quedismo que o caluniado processe a revista ela ganha mais que a indenização. Então fica nessa de inventar e ter lucro.

FrancoAtirador

.
.
PREMEDITAÇÃO DA CALÚNIA E DA DIFAMAÇÃO CONTRA O PT:

COMETA G.A.F.E.* ARTICULOU, RAMIFICOU E GENERALIZOU

A CAMPANHA ANTIPETISTA EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL

Foi Montada a Maior Organização Criminosa do Brasil,
Nunca Antes Vista Na História Deste País, nem em 1964,
onde se agruparam as Quadrilhas do Mercado Financeiro,
os Bandos de Políticos Corruptos e a Máfia Midiática.

Sem contar as Gangs de Latifundiários da Zona Rural,
os Cartéis Econômicos, Oligarquias Empresariais Urbanas,
e o Aparelho Interno que Opera nas Instituições Estatais.

E Neste Segundo Turno da Eleição[?], consorciaram-se
os Grupos AndreaN, BandaPodrePF, Cachoeira & BanqBandDD,
em torno de AérioNéco (PSDB), o Boneco de Papelão de FHC.

O Consórcio de Mídia Empresarial Tucana Abutre*
está armando um Clima de Desestabilização do Governo,
como ocorreu nas Eleições Presidenciais da Venezuela,
sob Comando Logístico e Coordenação dos United States.

#CapoDiTuttiCapiMarinoCivitaFriasMesquita

G.A.F.E.* = Cosa Nostra, Sluzala, Camorra e Ndrangheta.
.
.
Agora, estão espalhando Factóides contra Petistas nos Estados

que ocupam cargos ou exercem mandatos estaduais e federais.

NOTA OFICIAL DO DEPUTADO FEDERAL REELEITO ELVINO BOHN GASS (PT-RS)

Excerto de Parecer do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot:

“Não foi demonstrado pela autoridade representante (DPF),
NENHUM ELEMENTO CONCRETO MINIMAMENTE RAZOÁVEL
a justificar a medida de busca e apreensão
tanto na residência do deputado [Elvino], ora investigado,
como, mais grave ainda, dentro do Parlamento Brasileiro,
no Gabinete do Congressista.”

Conheço profundamente as dificuldades do campo.

Sou filho de agricultores familiares.

Tornei-me sindicalista rural (anos 80) muito por conta da vontade de transformar esta realidade.

Por isso, também, nos quatro mandatos parlamentares como deputado estadual e federal mantive a agricultura familiar como eixo prioritário.

Neste universo, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, é a mais abrangente política pública de suporte a esta atividade.

Portanto, deve ser preservado, fortalecido e não pode ser fraudado ou destruído.

Sou mandatado para defender a agricultura familiar onde financiamento e crédito – o que inclui renegociação de dívidas – são pautas históricas presentes em todas as reivindicações anuais das representações de agricultores.

A busca por soluções para garantir a renda e a qualidade de vida dos trabalhadores rurais é, portanto, um trabalho que faço há quase 40 anos! E nada, absolutamente nada que possa ter outra finalidade, terá de mim qualquer respaldo.
Muito menos o enriquecimento ou o financiamento de campanhas eleitorais.

Fui eleito pelo povo. É meu dever defender os interesses desse povo.

Assim, talvez, eu devesse ser criticado por NÃO cumprir o meu dever,
jamais por fazê-lo.

Nestas décadas de luta, tomei conhecimento de centenas de casos em que a propriedade familiar se inviabilizou por conta das dívidas.
E, sim, ouvi relatos de situações que levaram até a suicídios.

Na região de Santa Cruz do Sul, há décadas se fazem investigações e muitos e vastos estudos científicos sobre esta questão.

Estudei vários destes trabalhos e pude verificar que o preço pago aos fumicultores é, historicamente, baixo;
e que há hipóteses fortes que ganharam até mesmo a sustentação de trabalhos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dando conta de que o uso intensivo de venenos na cultura do fumo, mais precisamente dos organofosforados, tem como consequência a depressão, causa maior dos suicídios segundo apontam estes mesmos estudos.

Para enfrentar estas duas questões – endividamento e uso de venenos – tenho lutado pela mudança do critério de preço para os fumicultores e contra o uso abusivo de agrotóxicos.

Por isso, sofro uma fortíssima oposição das indústrias fumageiras.

Agora mesmo, em Brasília, fui relator e dei parecer favorável ao projeto do deputado Assis do Couto que tenta, mais uma vez, garantir a presença do agricultor na hora da classificação do fumo.

Outra medida que visa garantir direitos aos produtores de fumo é o projeto que tramita em Brasília e que trata de oferecer segurança aos trabalhadores rurais que atuam na condição de integrados.

Esperamos votar e aprovar estas medidas, em que pese o poderoso lobby das indústrias.

Por que defendemos estes direitos?
Ora, justamente para que o agricultor seja melhor remunerado.

Por isso, tenho certeza de que os colonos sabem quem, verdadeiramente, os defende.

As transcrições que surgem na investigação só comprovam o meu trabalho a favor dos colonos.

Na única vez em que minha voz aparece, estou falando justamente disso, de renegociação de dívidas.

Só nos anos de 2013/14, foram oito (8) medidas – Decretos, Resoluções e Medidas Provisórias – que trataram da renegociação de dívidas e que beneficiaram MAIS DE 2 MILHÕES E 760 MIL CONTRATOS DE AGRICULTORES FAMILIARES NO BRASIL INTEIRO.

Tratei sobre renegociação de dívidas como fiz
com outros inúmeros agricultores ou seus representantes,
seja do MPA, da FETAG, da CONTAG, da FRETRAF.

Da mesma forma como fazem os que representam a agricultura empresarial.

E repito o que já manifestei: continuarei lutando pela renegociação de dívidas de agricultores sempre que isto for justo e necessário.

Neste sentido, busco estabelecer a relação mais direta possível com quem está na lavoura, para fundamentar minha ação parlamentar.

E me assessoro de pessoas ligadas aos trabalhadores e suas entidades.

Nestes estranhíssimos Vazamentos Seletivos à Imprensa,
sempre às vésperas do 1º e do 2º turno,
há, ainda, uma outra menção ao meu nome.

São terceiros, um deles sequer identificado, que emitem opiniões,
inclusive sobre meu caráter e comportamento.

Não há qualquer concretude, absolutamente nenhuma prova, sequer um indício consistente que possa me vincular a irregularidades supostamente cometidas.

Seja pela ASPAC ou pelo Movimento dos Pequenos Agricultores [MPA].

Todas as minhas prestações de contas da campanha são públicas.

A de 2010, que como as demais foi aprovada,
sofreu rastreamento nota por nota nesta investigação.

Nada foi localizado de irregular. E nunca será. Porque não há.

CONCLUSÃO

Não tenho envolvimento com nenhum ilícito
e repudio todo e qualquer ato que possa prejudicar
o homem ou a mulher do campo.

Defendo a apuração rigorosa de toda e qualquer irregularidade
e, a estas alturas, o maior interessado na transparência
desta investigação sou eu.

Sobre isso, quero manifestar algumas estranhezas:

primeiro, em relação à nítida má intencionalidade,
o direcionamento e, mais grave, a evidente manifestação política
a que se presta esta investigação às vésperas de uma eleição.

Nada devo, nada temo. Mas sofro a dor da suspeição que se joga contra mim
e que persiste mesmo após a análise minuciosa dos fatos
realizada pelo senhor Procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
cuja conclusão é a seguir transcrita:

“Não foi demonstrado pela autoridade representante (DPF),
NENHUM ELEMENTO CONCRETO MINIMAMENTE RAZOÁVEL
a justificar a medida de busca e apreensão
tanto na residência do Deputado [Elvino], ora investigado,
como, mais grave ainda, dentro do Parlamento Brasileiro,
no Gabinete do Congressista.”

Ainda assim, mesmo não havendo quaisquer elementos “minimamente razoáveis”, a tônica dos vazamentos e suas posteriores divulgações faz crer que o principal alvo sou eu. E reitero: não há razão concreta para que assim seja. O conjunto de procedimentos beira, portanto, a irresponsabilidade.

AGRADECIMENTO

Dirijo-me, por fim, aos meus amigos e minhas amigas, companheiros e companheiras, militantes e especialmente os homens e mulheres da agricultura familiar.

É dolorosa a suspeição. Ainda mais por que ela se lança sobre um trabalho que consome horas, dias, anos, décadas. O que está sendo posto em dúvida é o esforço, a dedicação, o respeito e o amor que nutro pelas coisas da agricultura familiar.

Estranho, sim, e muito, que a cada vez que se realiza uma eleição, se levantem suspeições que, depois, jamais de confirmam. Mas, por óbvio, sempre causam algum prejuízo eleitoral e um enorme desgaste pessoal e de imagem. Mesmo assim, a confiança que tenho no agricultor tem sido, sempre, retribuída por ele. E, apesar das difamações, aumento minha votação.

Por isso, apesar de tudo, quero dizer-lhes: muito obrigado.

Deputado Federal Elvino Bohn Gass (PT-RS)
(http://www.bohngass.com.br/bohngass)

http://www.bohngass.com.br/bohngass/noticias/item?item_id=1689686
.
.

realista

ESTARRECEDOR

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