Jornal que celebra golpe militar agora prepara caça às bruxas

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

Compartilhado por Gerardo Santiago, no Facebook, o editorial “Ressurge a democracia” foi publicado por O Globo logo depois do golpe que mergulhou o Brasil numa ditadura militar que durou 20 anos.

O “Julgamento da Revolução“, assinado por Roberto Marinho, é de 1984 e não deixa dúvidas sobre o que as Organizações Globo pensavam a respeito da quartelada, em plena ditadura.

Histórico, também, é o editorial publicado nesta quarta-feira, 12.02.2014, em que o jornal prega o macartismo em sindicatos, partidos políticos e universidades, usando a comoção que cerca a morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade.

O jornal explicitou que não aceita as críticas feitas aos barões da mídia corporativa e tenta confundir a opinião pública, igualando o exercício da liberdade de expressão dos blogs à incitação ao crime.

Quem diria: a família Marinho, que apoiou e cresceu graças à sua relação umbilical com uma ditadura militar que censurou, torturou, matou e desapareceu, tirando proveito político do cadáver de um trabalhador!

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• O assassinato de Santiago jogou luz sobre a atuação, em várias níveis, de grupos autoritários. Agora, partidos, sindicatos etc. têm de mostrar, às claras, de que lado estão

EDITORIAL

Publicado: 12/02/14 – 0h00

Se grupos radicais buscavam um cadáver nas manifestações de rua, conseguiram. Mas não foi o que poderiam imaginar.

Em vez de jogar mais combustível na ferocidade do vandalismo em cima do corpo de um manifestante, mataram um repórter-cinegrafista no exercício de uma atividade essencial para a democracia, relatar os fatos para a sociedade. Atingiram a própria democracia, que tanto desprezam.

A morte de Santiago Andrade tem de servir, ao menos, para uma intensa e profunda reflexão sobre distorções escondidas nos subterrâneos de militâncias expostas em perfis falsos nas redes sociais que difamam pela internet, em sindicatos de jornalistas aparelhados e desconectados da profissão, em universidades transformadas em centro de doutrinação política, em funções desvirtuadas em assessorias de partidos políticos — para citar os pontos de intoxicação ideológica autoritária mais visíveis.

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, propõe alterações na legislação para melhor tipificar e, portanto, punir, manifestantes delinquentes. Boa sugestão. Mas o importante agora é ampliar o debate sobre o que está por trás da morte de Santiago, além de processar e punir seus responsáveis diretos e indiretos. Não se pode perder esta oportunidade, até mesmo em homenagem a ele. Entender e expor o que se passa é a única maneira de se começar a agir para prevenir outras tragédias.

O crime jogou luz sobre a inaceitável atuação do gabinete do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) em defesa de vândalos. Ele e partido precisam explicar a função dupla de Thiago de Souza Melo, assessor do deputado, pago, portanto, pelo contribuinte, e, ao mesmo tempo, advogado de black-bloc e similares.

Não pode, também, deixar de responsabilizar a campanha, sistemática, via internet, contra os veículos da imprensa profissional, chamados pejorativamente de “mídia corporativa”, quando é a publicidade privada que garante a independência de fato deles, ao contrário de sites, blogs e publicações bancados por verba pública.

Criou-se um ambiente tal de hostilidade que repórteres viraram alvo de marginais travestidos de manifestantes, até chegarmos ao assassinato de Santiago.

É óbvio que a punição tem de ser exemplar, para sinalizar os limites que têm de existir num país democrático em qualquer manifestação popular.

Também são de praxe as declarações de pesar feitas por políticos, inclusive Freixo, já encontrado no passado em atos típicos de quem deseja mais “acirrar contradições” do que trabalhar pelo apaziguamento em conflitos sociais e políticos.

Agora, é preciso ir muito além do declaratório. Tem-se de repudiar estes grupos e agir para que eles, garantidos todos os direitos estabelecidos em lei, sejam de fato contidos e punidos.

Partidos, organizações sociais, sindicatos têm de, às claras, mostrar de que lado estão: da violência justificada pelos fins ou a favor do estado de direito democrático, no seu sentido mais amplo.

PS do Viomundo: Como o editorial menciona “verba pública”, confiram com seus próprios olhos logo abaixo quem é que recebe o grosso do dinheiro público na mídia brasileira. Esclareça-se, também, que este site é mantido pelas assinaturas de nossos leitores.

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Comentários

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Paulão

São mesmo muito caras de pau. Enquanto lhes interessa usam os protestos para reduzir o poder dos políticos e dos governos, estaduais ou federal, aos quais se opõe. Mas quando é conveniente os protestos passam imediatamente a fazerem parte de tramas contra íntegros jornalistas “corporativos”. Só mesmo rindo já que eles estão cansados de saber de onde vem os financiamentos.
Na verdade é um jornalismo oportunista e partidário.

Rodrigo

GLôbo! Mostra o DARF

abolicionista

A Dilma precisa ficar atenta quanto ao controle das forças armadas. É preciso manter por perto as parcelas do exército brasileiro que são favoráveis à manutenção do Estado Democrático de Direito.

O discurso golpista voltou a crescer, e muito, no seio de nossas forças armadas!!!

Atenção, presidenta Dilma. Todo cuidado é pouco.

Bonifa

A pomposidade do editorial da Globo é risível. A tentativa de jogar um pouco de veneno global sobre o PSOL e um deputado em particular, cheira a fuxico de politiquinha paroquial de boteco. A Globo quer o caos nas ruas, desde que o caos recaia em sentimento negativo da população para com o governo federal. Ela não pode abordar o affair das manifestações de maneira séria e consistente, e então se dá ao luxo de pensar que poderá limpar as manifestações de aspectos esquerdistas, para que sigam apenas aos propósitos da emissora: Inundar o Brasil de sentimento de caos e negatividade sem qualquer objetivo político claro, é isto o que mais querem e é este o objetivo pelo qual mais trabalham, hoje. O sentimento negativo difuso, mais oculto que o rosto de um black bloc, é o que a Globo quer das manifestações, para que, não tendo um propósito claro, desabem nas costas do governo federal. Quem irá levar a sério esta hiena desdentada? Uma hiena desdentada que se julga capaz de amedrontar a todos sem ver que sua decadência está mais do que evidente aos olhos de todos? A própria extrema direita já a rejeita, furiosa pelo absurdo e tardio perdão que andou pedindo aos brasileiros por ter apoiado a ditadura.

Urbano

A propósito, e o terrorismo midiático será contemplado na tal Lei antiterrorismo? Se não, já começou sendo uma lei de fancaria em seu nascedouro…

    Urbano

    E sem falar no terrorismo econômico e financeiro?

Luiz Otavio

Globo Overseas é de um cinismo monumental. Desvirtuou e convocou manifestações com a intenção de desestabilizar o governo Dilma e agora discursa contra as vozes que sistematicamente a desmascaram. Nesta história toda, através das verbas publicitárias, o governo federal termina por financiar não apenas esses editorais cretinos, mas também uma série de outros ‘pérolas’ como as opiniões a la Shehazade, os gráficos padrão GloboNEWS e as ‘denúncias-mico’ como o do jantar em Portugal. Tudo isso mostra o total desprezo da mídia corporativa aos avanços sociais nas últimas décadas e as vozes dissonantes, enquanto segue cada vez mais rica e atrelada a interesses escusos.

Edmilson

“Também são de praxe as declarações de pesar feitas por políticos, inclusive Freixo, já encontrado no passado em atos típicos de quem deseja mais “acirrar contradições” do que trabalhar pelo apaziguamento em conflitos sociais e políticos.”
Seria verdadeira tal frase se trocássemos “políticos” por “jornalistas da mídia corporativa” e “Freixo”, “da Globo”…

FrancoAtirador

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A Globo evidencia o nome do Freixo para colocá-lo na cadeia.

Calar vozes dissonantes, que se manifestam contrariamente

aos seus interesses políticos e econômico-financeiros,

sempre foi a estratégia das Mafiosas Organizações Globo.
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ricardo silveira

A Globo é o maior câncer da sociedade brasileira.

Leo V

Pois é,

E o governismo que ficou criminalizando manifestação a quem serviu? Não aos trabalhadores, mas à burguesia.

Eu havia comentado em outra matéria já que a estratégia dos governistas era burra. Em vez de procurar trazer as manifestações pro seu lado, estavam criminalizando-as e deslegitimando-as como a burguesia, e isso se voltaria contra eles próprios.

Estava mais que óbvio que a fantasia dos “black blocs” e sua criminalização era apenas o início para tentar criminalizar manifestantes e movimentos sociais, e todos que se colocam em alguma medida contra os interesses do capital.
Mas os governistas só olham para pesquisas eleitorais, e assim ajudaram a criminalizar toda a esquerda.

zequinha

Acabou-se o tempo em que um nóia metido a jornalista usava o palanque eletronico da televisão para ditar suas falsas verdades. Hoje todos querem conversar, interagir, e não apenas ouvir os profetas da verdade. A midia corporativa, sim, que se prepare para essa nova realidade.Todos queremos falar, palpitar, discordando ou concordando, mas deixar o nosso recado. Chega de formadores de opinião de araque que só agem a soldo de seus patrões.

FrancoAtirador

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Será que a Globo está fazendo um apelo aos Quartéis-Generais?

Abriu a metralhadora giratória contra as instituições políticas.

Esse Editorial é um atentado contra a República Democrática!
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Luís Carlos

Os governos do PT foram inúmeras vezes criticados, com razão, por posição adotada quanto a Globo e demais mídias corporativas. Com o PSOL não será diferente. Aplaudiu de pé e apoiou moralismo da Globo e demais contra PT, agora receberá retribuição de sua aliada tática, contra PT, por isso.

Luís Carlos

O cinismo da Globo só não é maior do que a própria arrogância.

Luís Carlos

Por mais que o texto possa ter razão em alguns aspectos, não é a Globo mensageira fidedigna de possível verdade. Na boca da Globo, a verdade se macula e vira sujeira e imoralidade, pois o passado e o presente a condena, bem como seus interesses espúrios e inconfessáveis.
Sobre Freixo, não tenho dados e fatos, mas o PSOL inequivocamente exibiu apoio em página do partido, através de dirigente da executiva nacional, e depois retirado da página, e tem tido seus deputados convocando para manifestações em tuitando chamados e depois apagando, para não se “comprometer”.
O que me pergunto é se de fato, quem levou esses jovens a agirem como agiram vão se esconder covardemente no silêncio e nas penas a serem cumpridas por eles, ou assumirão publicamente suas responsabilidades? Em que se diferenciam daqueles que acusam com esse comportamento?
Agora, sobre a “independência” da mídia corporativa estar relacionada a publicidade privada, é a grande peça de ficção do texto, sendo o real motivo da impossibilidade de qualquer imparcialidade da Globo e demais mídias corporativas. Ou divulgam nomes de instituições que as patrocinam quando essas estão envolvidas em situações constrangedoras, como por exemplo, corrupção? Vide o caso do IPTU em SP, entre outros tantos.

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