Luciano Martins Costa: A imprensa quase no fundo do poço

Tempo de leitura: 3 min

Na Veja, fotomontagem junta Sininho e black blocs

RUAS EM TRANSE

O jogo perigoso da desinformação

Por Luciano Martins Costa em 15/02/2014 na edição 785

Do Observatório da Imprensa

Os três principais jornais de circulação nacional, que ainda definem a agenda institucional no país, fecham a semana com uma proeza digna de figurar na longa lista de trapalhadas da imprensa, cujo troféu mais lustroso é o caso da Escola Base. Por uma dessas ironias da história, no dia 22 do mês que vem completam-se vinte anos do noticiário que inventou um caso de pedofilia numa escola infantil de São Paulo, e o roteiro se repete perversamente.

A morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido na cabeça por um rojão de alta potência durante manifestação no Rio de Janeiro, tem todos os ingredientes para se tornar uma versão revista e ampliada desse que foi o marco do jornalismo espetaculoso e irresponsável no Brasil.

Os ingredientes para uma grande farsa estão reunidos: os dois jovens que foram identificados como autores do homicídio são compulsoriamente representados por um advogado que ganhou dinheiro com a defesa de milicianos e – colocados no grande liquidificador da mídia –, produzem uma sucessão de declarações que, a rigor, não poderiam ser incluídas num inquérito. E tudo que dizem – ou alguém diz que disseram – vira manchete.

Na sexta-feira (14/2), o alvo do noticiário é uma lista de doadores que contribuíram para a realização de uma festa, no dia 23 de dezembro do ano passado, intitulada “Celebração da Rua – Mais Amor, Menos Capital”. O evento foi realizado na Cinelândia, no centro do Rio, com coleta de doações em benefício de moradores de rua e vítimas das enchentes, juntando militantes de todos os tipos, inclusive professores e ativistas contra a Copa do Mundo. Os jornais citam vereadores, um delegado de polícia e até um juiz do Tribunal de Justiça, insinuando que eles estavam apoiando o movimento chamado Black Bloc.

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Nessa corrente de declarações, suposições e especulações, a imprensa já afirmou que os atos de vandalismo que acompanham a onda de protestos no Rio de Janeiro têm o dedo do deputado Marcelo Freixo, do PSOL; depois, o Globo citou uma investigação que acusa o deputado e ex-governador do Rio Anthony Garotinho, do PR, de incentivar a violência.

Um exemplo desse jornalismo de fancaria: o título publicado no domingo (9/2) pelo portal G1, do grupo Globo: “Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado Marcelo Freixo”.

O fundo do poço

Nas edições de sexta-feira (14/2), os jornais fazem malabarismos para concentrar a denúncia no PSOL, PSTU e numa organização pouco conhecida chamada Frente Independente Popular.

A citação dessas organizações foi tirada de uma frase do auxiliar de limpeza Caio Silva de Souza, acusado de haver acendido o petardo que matou o cinegrafista. Segundo os jornais, o jovem disse acreditar que os partidos que levam bandeiras às manifestações são os mesmos que pagam a ativistas que se dedicam a depredações e a enfrentamentos com a polícia. Nenhuma referência às investigações sobre a participação de militantes ligados a Anthony Garotinho, ainda que tais informações tenham como fonte um inquérito oficial em vez de declarações fora de contexto.

Exatamente como no caso da Escola Base, o julgamento apressado produz desinformação: pinta-se um perfil bipolar dos dois jovens, ora como se fossem perigosos terroristas, ora como se se tratasse de duas criaturas desamparadas que foram aliciadas por forças políticas interessadas em uma espécie de “revolução bolivariana”, para usar a expressão irônica da colunista Barbara Gancia, na Folha de S. Paulo.

Nas duas versões, o enredo vai compondo um painel cujo resultado parece a cada dia mais claro: a demonização da política partidária, com foco muito claro em agremiações de pouca expressão eleitoral, todas coincidentemente alinhadas à esquerda do espectro político.

Pode-se discordar de objetivos e estratégias de partidos, indivíduos e organizações que se consideram artífices de uma revolução, pode-se acusá-los de tentar compensar a falta de correligionários com bumbos e palavras de ordem, mas o jogo torna-se muito perigoso quando a imprensa, hegemonicamente, atua no sentido de criminalizar o direito à manifestação pública de opiniões sobre o que quer que seja.

Nas redes sociais, esse noticiário tendencioso e irresponsável alimenta o extremismo reacionário ao ponto de inspirar chamamentos ao crime.

Se não é o fundo do poço para a imprensa, estamos quase lá.

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Comentários

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Maria Laura(ENSA)

Ao ler reportagens como essas começo a acreditar que nada no Brasil consegue funcionar sem falcatrua,sem visar somente o interesse de uma disputa,a qual no final quem sai realmente perdendo somos nós o povo brasileiro.Sempre soube que no jornalismo deveria ter a função referencial ( tem como característica expor dados da realidade de modo objetivo, não fazer comentários, nem avaliação…ser imparcial),aquela que presa a transmissão da informação sem se preocupar com a opinião que o receptor vai adquirir.Mas acabei de perceber que isso foi antes,quando a moral e a dignidade das pessoas valia mais que dinheiro ou poder,hoje os jornais não se contentam em apenas distorcer ,eles inventam,fazem montagem…sem pensar na vida das pessoas que eles irão ter que derrubar para alcançar os “poderosos”.Enquanto essa disputa desmedida não acabar,iremos ter vários problemas seja no governo de Dilma,Lula,Aécio entre outros.O que nos resta é fazer com que essas revistas e jornais passem a ser vistos com o seu verdadeiro objetivo,o qual no momento pode ser tudo menos informar o leitor da maneira correta.

Ernesto

Caro Maria Apafrecida, infelizmente a midia golpista ainda resiste à extinção porque os jovens são os que mais compram as porcarias da rede bobo, assistem aos folhetins pornograficos, chamados vulgarmente de novelas, e o programa de “DEPRAVAÇÃO” chamado de bbb, alem de outras “XAROPADAS” que só faz “EMBURRECER” os jovens, há um programa noturno que é a “FINA FLOR” da hipocrisia, e que tinha um grupo de “QUARENTONAS” chamadas de “MENINAS DO …”, que se esmeravam para “MENTIR, DIFAMAR E CALUNIAR” o presidente LULA, o jornalismo da plin plin, é de dá “NOJO”, até as transmissões esportivas é “INASISTIVEL”, pois até aí, a plin plin, “DESPEJA” todo o seu “FEL”, para mim a imprensa “ACABOU” faz muito tempo, a unica revista que presta, é a CARTA CAPITAL, pois é imparcial, os jornais e revistas da plin plin e a “INVEJA”, é pura “LAMA”. Recetenteme foi publicado uma enquete, onde o bbb 14 tem “REJEIÇÃO” de 88% da população brasileira, e infelizmente e quem assistem a esse programa de “DEPRAVAÇÃO MORAL”, são os jovens, inclusive crianças, os filmes exibidos pela plin plin, são uma autentica “AULA DE COMO TORNAR-SE UM CRIMINOSO”, as novelas, é aula de “POS GRADUAÇÃO” de como as jovens ser tornar “GAROTA DE PROGRAMA”, se ainda tem estomago forte, assista a uma novela, que se diz indicada para os/as adolescentes, é uma “DEPRAVAÇÃO TOTAL”, imagine se não fosse.

FrancoAtirador

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‘RUPERTMURDOCHIANOS BRAzILEIROS’:
NA INGLATERRA ESTARIAM PRESOS


(Foto: Armando Paiva/Fotoarena/Estadão Conteúdo)*

A foto original de Sininho, a Fadinha de Copacabana,

que foi ‘remasterizada’ no ‘photoshop’ da Revista Veja.

O Grupo Abril virou uma associação de Naspers com Fox.

*(http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/sininho-presta-depoimento-em-inquerito-sobre-morte-de-cinegrafista.html)
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    FrancoAtirador

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    SEM EUFEMISMOS

    O articulista LMC foi condescendente com a Mídia Empresarial

    ao se utilizar de eufemismos para tentar (des)qualificá-la.

    “Jornalismo de fancaria” uma ova! A Globo praticou um crime!

    Vigesse aqui no Brasil regulamento similar ao Ofcom Britânico,

    e essas empresas de comunicação seriam rigorosamente punidas

    e esses bandidos midiáticos estariam presos por suas práticas.
    .
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    FrancoAtirador

    .
    .

    Independent regulator and competition authority
    for the UK communications industries

    Content Board

    Functions and Role

    Content Board members will consider
    content issues in three categories:

    1. It covers matters principally concerning harm and offence,
    accuracy and impartiality, fairness and privacy.

    (http://www.ofcom.org.uk/about/how-ofcom-is-run/content-board/functions-and-role)
    .
    .

Marcelo

Tadinho da Esquerda, são tantas coincidências contra ela, tadinha eu nunca vi um lado tão azarado.

É MUITA coincidência.

    Fábio

    Também é muita coincidência tudo isso acontecer em um ano eleitoral, onde os candidatos do espectro fascio-conservador se encontram em franca desvantagem. Além disso, claro que nossa imprensa nunca mentiu ou distorceu fatos, nunca, né?. Ninguém lembra do Boimate…

    Marco Freitas

    Tadinha da direita, vai perder mais uma eleição.

lulipe

Adorariam uma imprensa aos moldes cubano ou chinês, ou seja, a serviço do partidão…Podem chorar, nunca terão!!!

    Ulisses

    Apareceu o Lázaro. Ressuscitou? Depois de atropelado pelo trensalão tucano, finalmente teve capacidade de digitar algo. E contra o PSOL e PSTU, dois partidos dito de esquerda que de tanto girar fizeram 180º e viraram direita, são contra a copa, PT e apoiam José Serra. E até o Lázaro bate. Mais ridículo não pode.

    Fábio

    Ninguém quer uma mídia controlada, mas só uma mídia que não minta e forje os fatos, pois isso dá no mesmo que uma mídia controlada pelo Estado, sendo que esse controle – o não-Estatal – é de outra ordem, é interno e feito pra você crer que os que te oprimem são, em realidade, teus benfeitores.

    O ódio de você chega a tal ponto que a até o DIREITO de ser bem informado vira pó diante da vontade imporem tuas visões políticas de exclusão e higienismo social. Por que tanto ódio? Por que tanta falta de amor?

    Roberto Magalhães

    ESTE “LULIPE” É DAQUELES PROVOCADORES CONTRATADOS PELA ANDREIA NEVES! AH É SIM !
    Vejamos Lulipe, vc acredita realmente que a grqnde imprensa brasileira é imparcial e isenta. Vou te indicar duas leituras: CHATÔ biografia escrita por Fernando Morais, sobre o Assis Chateaubriand e o editorial de O Globo de 2 de abril de 1964. Quem sabe voce consiga perceber o quê que um monopólio da informação consegue fazer com a cara mais limpa do mundo…

    Luiz (o outro)

    Não acredito que ele receba pra isso… se fosse pra pagar, acho que eles encontrariam gente um pouquinho mais inteligente fácil, fácil…

    Gabriel Braga

    Me desculpe,mas seu comentário é de uma imbecilidade sem tamanho.

    Ninguém quer uma imprensa controlada.O que se exige apenas é que a imprensa apure os fatos antes de noticiá-los como se fossem verdade.

    A manchete do G1 ao qual o texto faz referência é um absurdo,pois não diz absolutamente nada mas é capaz de causar um estrago,que talvez não seja revertido,na reputação de uma pessoa.

    Aline C. Pavia

    Amigos, responder a trolhas é absoluta perda de tempo. A meia tonelada de cocaína dos Perrella que o diga.

    Marco Freitas

    Eu adoraria uma imprensa livre, jornalismo de verdade. Nunca teremos, choremos todos.

nina rita

Não sei porque ir lá trás ressuscitar o caso da Escola de Base, ao falar nos descalabros da midia, quando estamos vivendo ainda o caso muito mais escabroso desta, que foi o julgamento midiático dos petistas. Desconfio da seletividade da indignação de quem faz esse tipo de crítica da midia, porque parece ignorar toda perseguição que vem sofrendo os petistas, Haddad agora é a principal mira deles. Querem dizer, a meu ver, que contra petistas podem cometer assassinatos de reputações quanto quiserem, mas, se tocam num dos SEUS cidadãos plenos, começam a chiar todos indignados como se isso fosse uma novidade, com um único precedente lá no passado.

Maria Apafrecida Jube

Se no fundo do poço existir um chiqueiro, então é onde a tal da grande mídia está, ainda bem que a juventude não se mistura mais a essa podridão, eles preferem a internet e eu também, apesar de estar muito longe de ser jovem na idade, prefiro mil vezes os ditos blogs “sujos”, onde pelo menos as notícias são limpas. Tenho certeza que logo, logo a tal grande mídia será a pequena mídia, em todos os sentidos, pois no caráter já o é.

Fabio Passos

…quase no fundo do poço?
Errado.

O PiG está é deitado no fundo da fossa!

Ninguém aguenta mais o esgoto reacionário de globo, veja, fsp, cbn despejado sobre o Brasil.

Livrar-se do PiG é questão de saúde pública.

    nina rita

    Pra mim ele está é fazendo um elogio à midia, quando, nessa altura do campeonato, ainda desconfia que a midia está quase chegando ao fundo do poço ( ! )

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