Luciano Martins Costa: A chanchada de Barbosa com a “imprensa bandida”
Tempo de leitura: 3 minJOAQUIM BARBOSA
O magistrado e a imprensa bandida
Por Luciano Martins Costa em 28/01/2014 no Observatório da Imprensa
Os três principais diários brasileiros de circulação nacional registraram com zelo a mais recente manifestação do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, que viaja pela Europa em férias oficiais, com direito a diárias e cobertura regular da imprensa. Desta vez, o ministro se queixa da Folha de S. Paulo, que publicou entrevista com o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que foi condenado na Ação Penal 470 mas não pode começar a cumprir sua pena porque o presidente do STF não deixou o mandado assinado. De quebra, atira para todo lado, ao se referir a uma tal “imprensa bandida”.
O noticiário em torno do magistrado ganha contornos de chanchada, aqueles velhos filmes feitos na “Boca do Lixo”, em São Paulo, tal o conjunto de falsos improvisos e dramas capazes de fazer rir.
Observe-se, por exemplo, como o ministro aparece sempre em situações de aparente casualidade, fazendo compras numa loja de departamentos típica da classe média, sentado na poltrona da classe econômica de um avião e caminhando pelas ruas como um cidadão comum. É preciso muita comunicação entre assessor de imprensa e repórteres para criar esse clima de improviso.
Registre-se que os correspondentes e enviados especiais dos jornais estão sempre um passo à frente, esperando-o nos embarques e desembarques, estão informados de que ele chegará em tal lugar a tal hora, e podem contar que ele terá uma frase de efeito para assegurar um lugar de destaque na edição seguinte.
Detalhe: embora tenha recebido regularmente suas diárias como se estivesse a serviço, por conta de palestras que proferiu na França, o presidente do STF encontra-se oficialmente em gozo de férias, mas a cobertura é de chefe de Estado.
Também há muita comicidade nos diálogos, ou melhor, nas falas do ministro, sempre recheadas de expressões fortes e pontuadas por um mau humor digno do Seu Madruga, o irritadiço personagem da série televisiva “Chaves”. Se o observador isolar a severidade que as carrancas do magistrado tentam induzir em suas manifestações, o conjunto apresentado pela imprensa ganha ares de comédia popular.
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Mas jornalistas não deveriam aceitar a imputação geral de “imprensa bandida”.
Roteiro de chanchada
Vejamos, então, o capítulo apresentado nas edições de terça-feira (28/1): em outra circunstância “casual” que a imprensa não explica, o presidente da Suprema Corte declara a jornalistas do Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo que a imprensa não deveria ter publicado entrevista com o deputado João Paulo Cunha, porque, tendo sido condenado à prisão, o parlamentar tem que permanecer no ostracismo.
À parte o natural questionamento que deveria se seguir a essa afirmação no mínimo controversa, não ocorreu a nenhum dos repórteres observar que o deputado deu a entrevista porque está fora da prisão, e só não foi preso porque o ministro viajou sem emitir o respectivo mandado.
Afora o fato de que os editores do Estado de S. Paulo confundem os sentidos das palavras “mandado” e “mandato”, registre-se que o principal motivo de irritação do ministro foi uma frase do parlamentar condenado, na qual ele afirma que a omissão do presidente do STF, ao viajar sem ter assinado o mandado, foi manobra planejada para se manter no noticiário, mesmo em férias e ausente do país. Foi, segundo o deputado, “pirotecnia para ter mais dois minutos de repercussão”.
O Estado também cita, mas os demais jornais não tiveram acesso, ou preferiram ignorar, uma entrevista concedida pelo magistrado à Radio France Internationale, na qual ele declarou o seguinte: “Há uma certa imprensa bandida no Brasil, com pessoas pagas com fundos governamentais que estão aí para me atacar, enquanto eu faço o meu trabalho”.
“Faço o meu trabalho e estou pouco ligando. Minha honestidade cabe aos brasileiros avaliarem, não a esses bandidos”, completou o ministro, numa demonstração de que se leva em altíssima conta.
Na interpretação do diário paulista, ele se referia à denúncia de que estaria recebendo diárias no valor de R$ 14 mil, mesmo em viagem de férias. O jornal vestiu a carapuça, ao lembrar ter sido o veículo a revelar a informação sobre as diárias, o que coloca seus editores na obrigação de responder ao xingamento.
A menos, claro, que os editores do Estado de S.Paulo acolham a ofensa, e como nas histórias de “amores bandidos”, aceitem apanhar em silêncio.
Isso também é típico das chanchadas.
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Comentários
Eduardo
No inicio de seu governo, Lula disse que abriria a caixa preta do judiciário.Com a indicação do Joaquim Barbosa, Lula esperava que ele ajudasse neste proceso.Nada disso! Decepção! Gostaria muito de saber a opinião do Lula sobre isso, mas acho que ele se arrepende muito de sua decisão.Penso que os Ministros do Supremo deveriam ser submetidos a avaliações psicológicas e psiquiátricas cuidadosas antes de serem empossados! Que a lição sirva para os próximos indicados!
Fernando
Copa, PMDB e Joaquim Barbosa, as três heranças malditas do bom presidente Lula.
Jose C. Filho
O JB gasta 14 mil reais de dinheiro público em gozo de férias, o fato é ignorado pela mídia mafiosa. A Dilma e comitiva jantam em Portugal ao retornar de reunião oficial em Davos e o estardalhaço midiático (inclusive com representação dos tucanos) denuncia a presidente por suposto gasto de dinheiro público com o jantar e uma diária de hospedagem. Os 14 mil reais embolsados pelo JB., certamente pagaria todas as despesas do jantar da comitiva presidencial com direito a troco. Qual a diferença? A Sra. Dilma é a presidente da república, enquanto o JB não é nada, apenas um funcionário público erroneamente indicado pela ingenuidade de Lula.
J Ferreira
O sujo falando do mal lavado. Tanto a imprensa é suja quanto o JB.
JB não dá meia hora de conversa com o povo. Será desmascarado imediatamente no primeiro debate. Só quem curte um tolo é outro tolo.
Messias Franca de Macedo
… Afora que o PIGolpista desconhece (sic): o deputado federal João Paulo Cunha (PT/SP) tem mandato popular! O joaquim, o gilmar, o fux… Foram “mandados” para o STF!…
Passa a régua que eu preciso espirrar tanta estupidez!…
República da [eterna] ‘Anã’ oPÓsição ao Brasil! “O cheiro do PÓ ‘cheiroso’ e dos cavalos ao do povo!”
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo
Fabio Sp
Meu ídolo…!!! Parem de pegar no pé dele!!! Pôs os corruptos na CADEIA!!!
Gersier
Tem certeza? Então nos conte onde o Alckmim,o fhc,o serra,o azeredo,o demóstenes que como ele passeou por Paris,o policarmo,aquele que instala câmaras em corredores de hoteis e suborna funcionários do mesmo só para espionar petistas estão presos.
Marat
Chanchada me lembra mulher de malandro… Quanto mais apanha, mais se apaixona… Eis mais um (triste) papel de nossa prostituída impren$$$a 50 tons de marrom!
Marat
Chanchadas da Boca do Lixo? rsrsrsrsrsrsrsrs – O Supremo está se transformando em “Sala Especial” – Quem tem mais de 40 sabe o que eu digo!
romildo
Não acho o Joaquim Barbosa hilário. Ele sempre foi uma pessoa de má índole que deve ter tido muitas frustrações na infância, que se transformou em um justiceiro. A escolha de Lula foi terrível pois ele sem querer mandou para o STF uma pessoa que desmoralizou a justiça brasileira.
Under_Siege@SAGGIO_2
Verdade, Romildo.
Eu me emocionei quando o Pres. Lula indicou este batman para o Supremo, um “orgulho” para a raça Negra, um resgate dos anos de escravidão…
E aí o cabra se revela um Capitão do Mato, serviçal da midia cachoeira, a verdadeira #MidiaBandida…
Este batman é muito, muito pior que o péssimo Gilmar Mendes filhote do fhc…
A que ponto chegamos… é muito traíra para um só país!
:((
Gersier
““Faço o meu trabalho e estou pouco ligando.Minha honestidade cabe aos brasileiros avaliarem,não a esses bandidos”,
HUMMMMMMMMMMMMMMM…uma declaração explícita de megalomaníaco assumido.
Pois então é bom ele saber que milhares de brasileiros,sou um deles,o julga um lacaio da casa grande,um capitão do mato,um bate pau(jagunço em algumas regiões do Brasil) dos marinhos,dos frias e confraria,uma mariposa que adora a luz de um holofote bajulador.
Serei um dos que dará a resposta a ele e sua turma no dia 3 de outubro próximo.
Euler
Como assim “uma certa imprensa bandida”? É bandida por que o ataca, ou por que recebe dinheiro do governo? Ou ainda: por que recebe dinheiro do governo para atacá-lo?
Para um cidadão comum chamar a imprensa de bandida, tudo bem. Porém, para um presidente do STF, fazer esta afirmação grave e generalizada deveria produzir consequências.
Praticamente toda a imprensa brasileira recebe dinheiro de governos. A Globo recebeu alguns bilhões do Governo Federal e do Visanet, que serviu de base para o chamado Mensalão. Logo, por este critério, toda a imprensa se enquadraria no perfil de “bandida”.
Se a definição acabada de “bandido” estiver vinculada somente à soma de dois fatores: receber dinheiro de governos e criticar ou atacar o presidente do STF, então a fala do ministro assume um tom imperial, de um ditador, que não aceita críticas. O que é grave, e mereceria abertura de um processo de impeachment no Senado Federal.
Por outro lado, se ele acusou o governo (seja ele federal, estadual ou municipal) de estar pagando uma certa imprensa “bandida” para atacá-lo, teria que provar, pois isto constitui crime. Mas, quem seria o acusado? O governo federal, que o indicou para ministro do STF? Somente os que o atacam ou todos os que recebem dinheiro dos governos, como Globo, Veja, Estadão, Folha de São Paulo, entre outros, e que não se cansam de bajulá-lo, principalmente (ou somente) pelos serviços prestados durante e após a AP 470?
José X.
idi amin é um caso crítico, mas a raiz de todos os problemas é a hipertrofia do judiciário e do mp brasileiros, que na prática formam uma aristocracia medieval que não responde ao poder do povo. É preciso uma PEC para moralizar essa sem-vergonhice toda. Infelizmente eu sei que vou ficar só na vontade, essa PEC nunca vai sair.
carlos
Eu gostaria fazer uma enquete a quem interessar possa, o que está faltando para enquadrar esse bandido de toga e leva-lo as barras do tribunal de Haia, pórque alguem tem que tomar uma atitude severa contra esse cidadão antes do golpe fatal.
marcosomag
Imaginem a seguinte situação: eu, você ou outro leitor qualquer deste site, vai sair de férias. Sabe que a empresa, caso fale em seu nome em eventos no período de férias, paga suas despesas.
Aí, liga para um colega na cidade de outro Estado no qual pretende gozar seu descanso, e diz: “arruma pra mim aí uma “boquinha” para que eu possa “filar” uma grana extra da firma nas férias. Coisa que eu não me canse muito. Falar meia horinha, faturar uma boa diária… Cê sabe, sou um cara “esperrto” e não iria deixar de “morder” esta, tá certo?”
Uma pilantragem! Só que feita com o NOSSO dinheiro!
#forabarbosa
Alemao
A Folha e o Estadão deveriam dar voz ao Fernandinho Beiramar entre outros do PCC e Comando Vermelho tb…
Ah esse PIG …
Helenita
Azenha, tenho dito que o repórter Felipe Recondo seria muito feliz de nos brindasse com uma boa matéria sobre a produtividade de joaquim barbosa no serviço público por onde passou… Tantos concursos e tantas bolsas no exterior possivelmente o mantiveram longe de processos, pareceres, denúncias etc, que tanto exigem do servidor público…
No serviço público há uma casta que ali chega com o fito de estudar e ganhar salários ao mesmo tempo, e dane-se o contribuinte; trabalhei por 20 anos no serviço público federal e sei bem como é isso: há os que trabalham, produzem e acodem o interesse da Administração e do contribuinte, lado a lado com quem sempre dá um jeito de não fazer nada e não ser cobrado por isso.
Todavia, estou convicta que o nosso ministro joaquim barbosa sempre foi do time que produz, haja vista a sua produção desde que foi guindado ao supremo tribunal desse indigitado País.
Helenita
Caríssimo VLAD, seja bonzinho e explique em detalhes para nós essa estória dos “lençóis de seda” para confortar o Apolo de Itajubá!!! Sim, por favor!
Edwaldo
Bom mesmo seria se o editor do Estadão respondesse, a minha preocupação e sobre o emprego do jornalista que chafurdou no lixo.
Maria Thereza
“jornalistas” com muito faro para encontrar jb na hora e lugares certos, mas pouco tino pra fazer perguntas.
Rogério Ferraz Alencar
“…Há uma certa imprensa bandida no Brasil, com pessoas pagas com fundos governamentais que estão aí para me atacar, enquanto eu faço o meu trabalho…” Essa declaração, a meu ver, acusa o governo brasileiro de pagar a imprensa bandida para que ela ataque Joaquim Barbosa. Acho que não só a “imprensa bandida” deve responder a Joaquim Barbosa, mas Dilma Rousseff também.
Titico
AOS POUCOS VAMOS DESCOBRINDO OS VERDADEIROS BANDIDOS.
Vlad
Mas então não houve interrupção das férias para o tal evento como deisseram algumas figuras menores?
Mas que disparate! Nunca me enganou tal ministro.
Só falta agora descobrirem que pagou 23 mil com dinheiro público para repousar a buzanfa em lençóis de seda por uma noite.
É o fim.
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