Jeferson Miola: Procuradores da Lava Jato estão destruindo provas que os incriminam

Tempo de leitura: 2 min

Procuradores estão destruindo provas que os incriminam

por Jeferson Miola, em seu blog

O teatro do absurdo do regime de exceção alcançou o apogeu.

Procuradores da república e juízes envolvidos em denúncias aterradoras, como práticas ilícitas e associação mafiosa, continuam nos respectivos cargos públicos e, para espanto geral, livres de qualquer investigação.

Agora chegamos a um ponto em que esses procuradores, assomados por um sentimento de proteção das instituições e de impunidade, se dão ao luxo de comunicar, por meio de nota oficial da repartição pública da qual deveriam ter sido afastados há pelo menos 10 dias, que estão destruindo provas que os incriminam.

Às 18:35h desta quarta-feira, 19/6, véspera de feriado, enquanto Moro prestava depoimento no Senado, a força-tarefa da Lava Jato divulgou comunicado [aqui] para informar que

“os procuradores descontinuaram o uso e desativaram as contas do aplicativo ‘Telegram’ nos celulares, com a exclusão do histórico de mensagens tanto no celular como na nuvem. Houve reativação de contas para evitar sequestros de identidade virtual, o que não resgata o histórico de conversas excluídas”.

Em português claro, excluir “mensagens tanto no celular como na nuvem” e não resgatar “o histórico de conversas excluídas” significa apagar e eliminar, talvez para sempre e de modo dificilmente recuperável, o conteúdo probatório que estava armazenado nos celulares funcionais dos procuradores ou em depósito virtual [na “nuvem”].

A destruição de documentos públicos armazenados em celulares funcionais é mais um ardil dos procuradores na luta desesperada pela sobrevivência e na guerra contra a verdade.

Ao dar sumiço nas provas, eles ingenuamente pretendem impedir a eventual auditoria e a comparação dos conteúdos oficiais com aqueles já revelados e com os que ainda serão revelados pelo Intercept.

A estratégia de defesa da Lava Jato, coordenada com a Rede Globo, está clara.

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Por um lado, inventaram uma falsa invasão por hacker e criminalizaram a fonte de informação do Intercept para tentar anular o conteúdo que comprova as práticas criminosas continuadas de Moro, Dallagnol e de outros agentes públicos e privados.

Por outro lado, ao destruir os documentos públicos para dificultar a comprovação material da autenticidade dos conteúdos revelados pelo Intercept, o comando Globo-Lava Jato passará a sustentar outra farsa: a de que os diálogos mantidos entre Moro, Dallagnol e interlocutores são falsos, foram adulterados, ou, mais absurdo, que sequer existiram [sic].

Esse ardil, entretanto, é insustentável. Isso porque, quando das primeiras revelações, tanto Moro como Dallagnol reconheceram e confirmaram a autenticidade das mensagens. Além disso, a autenticidade pode ser atestada por outros métodos e técnicas que não a confrontação com os originais.

O procedimento dos procuradores se enquadra como crime de supressão de documento público tipificado no artigo 305 do Código Penal: “Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor”. A pena, neste crime, é de 2 a 6 anos.

Não é crível que procuradores continuem ocupando os mesmos cargos que usaram para perpetrar crimes e que Moro continue se desempenhando como ministro da justiça e chefe direto da Polícia Federal, a polícia judiciária que, em tese, deveria investigar as denúncias.

Indiscutivelmente estamos diante daquilo que o ministro do STF Gilmar Mendes nomeou como uma organização criminosa.

Essa organização está incrustada no aparelho de Estado brasileiro e perpetrando, com a mais absoluta consciência e liberdade de agir, crimes continuados contra o Estado de Direito e a democracia.

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Comentários

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André Gomes

Isso me chateia bastante. Não dá pra acreditar que excluir foi sugestão da Polícia Federal, porque todo mundo sabe que a solução para proteger arquivos é criptografar. Não há hacking possível para ler dados criptografados corretamente, a única forma é sabendo a senha. Na verdade, deve ter até lei que determine criptografar esse tipo de documento. Os procuradores poderiam usar esses arquivos como álibi, sem contar o valor histórico dos mesmos. Por isso tudo a gente deve desconfiar BASTANTE dessa decisão de apagar, que só faz sentido como malandragem mesmo.

Zé Maria

“A Lava Jato, a joia da coroa do moralismo postiço brasileiro,
foi para o brejo”

O Que Significa o Colapso da “Vaza Jato”?

Por Jessé Souza, via GGN: https://t.co/0Ijxn2L7Sh

Glenn Greenwald, com sua coragem, mudou a vida da sociedade brasileira contemporânea.
Aquilo que só iríamos descobrir quando nada mais importasse, como na ação americana no golpe de 1964, sabemos agora, quando os patifes – e eles são muitos – ainda estão em plena ação.
Muito ainda está por vir, mas todos já sabemos o principal:
a Lava Jato, a joia da coroa do moralismo postiço brasileiro, foi para o brejo.

Houve “armação política” de servidores públicos, procuradores e juízes, que, por dever de função, deveriam manter-se imparciais.

Em resumo: traíram seu país e sua função enquanto servidores públicos para enganar a justiça e a sociedade. São, portanto, objetivamente, criminosos e corruptos.

A verdadeira “organização criminosa” estava no Ministério Público (MP) e no âmago do Poder Judiciário. Simples assim.
FHC e outros cretinos da mesma laia vão tentar tapar o sol com a peneira. Mas não vai colar.
Perdeu, playboy!

Isso vale não apenas para Moro e Dallagnol que já morreram em vida, embora ainda não saibam, mas também para boa parte do aparelho judicial-policial brasileiro envolvido na “Vaza Jato”.
Para o juiz e o jurista “a ficha ainda não caiu”, mas em breve serão tratados como quem possui uma doença incurável e transmissível.
Se não se livrar de Dallagnol, o MP irá ao esgoto com ele.
Se não se afastar de Moro, o Judiciário perderá o pouco de legitimidade que ainda lhe resta.
Segue pelo mesmo caminho esse pessoal do judicial-policial que quis aproveitar a “boquinha” de ocasião, fazendo o “serviço sujo” para a elite e sua mídia venal de afastar o PT por meios não eleitorais e se apropriando, sem peias, do Estado, das riquezas públicas e do orçamento público.

Na outra ponta do “acordo”, os operadores jurídicos ficavam com as sobras do banquete.
Tramoias bilionárias, como o fundo da Petrobras, para Dallagnol e sua quadrilha, e cargos políticos, como a vaga no STF, para o “trombadinha da elite do atraso” Sérgio Moro.

Alguns irão dizer que é precipitado afirmar isso, visto que eles ainda são poderosos, têm os interesses dos bancos e a Rede Globo ao lado deles, envolvida até o pescoço no esquema criminoso.
Bolsonaro ainda é presidente e ele faz parte dessa armação podre, e a elite quer colher os milhões do esquema, este sim, verdadeiramente criminoso.

É verdade, não tenho “bola de cristal” e confesso que não sei quanto tempo a farsa ainda vai durar.
O que eu sei, no entanto, é que toda ação humana precisa ser justificada moralmente.
Pode-se provocar mudanças na realidade exterior, mas sem legitimação moral essas mudanças têm vida curta.
Toda a história humana nos ensina isso.

Desde 1930 a elite brasileira desenvolveu, com seus intelectuais orgânicos que pautavam a direita e a esquerda, uma concepção de moralidade – da qual eu trato em detalhes no meu livro A elite do atraso:
Da escravidão a Bolsonaro – que amesquinha a própria moralidade, ao ponto de abarcar apenas a suposta “corrupção política”. Para os brasileiros, moral deixa de significar, por exemplo, tratar todos com dignidade e ajudar os necessitados, como em todos os países europeus que transformaram a herança cristã em social-democracia, para se resumir ao suposto “escândalo com o dinheiro público”, desde que aplicado seletivamente aos inimigos da elite.
A elite de proprietários pode roubar à vontade.
Seu roubo “legalizado” passa a ser, inclusive, uma virtude, uma esperteza de negociante.

Como a mesma elite possui como aliada a imprensa venal, e, por meio dela, manipula a opinião pública, a “escandalização”, sempre seletiva, é usada como arma de classe apenas contra os candidatos identificados com interesses populares.
Assim, a função real dessa pseudomoralidade amesquinhada passa a ser, ao fim e ao cabo, criminalizar a própria soberania popular e tornar palatáveis golpes de Estado sempre que necessários.
O esquema pseudomoralista foi utilizado contra Vargas, Jango, Lula e Dilma, ou seja, todos que não entregaram o orçamento do Estado unicamente para o saque da elite via juros extorsivos, isenções fiscais criminosas, perdão de impostos, livre sonegação de impostos, “dívida pública” e outros mecanismos de corrupção ilegal ou legalizada.

Só a sonegação de impostos da elite em paraísos fiscais, uma corrupção abertamente ilegal, chega a mais de 500 bilhões de dólares, segundo os especialistas de universidades britânicas que compõem o Tax Justice Network.
Isso é centenas de vezes maior que o dinheiro recuperado pela “Vaza Jato”, mas a imprensa venal da elite nunca divulga essas informações.
É como se não existisse, até porque é crime compartilhado pelos barões da mídia. Lógico que a corrupção política dos Palocci e dos Cunha é recriminável e tem de ser punida.
No entanto, não é ela quem deixa o país mais pobre nem quem rouba nosso futuro.

Mas a estratégia da elite é “desviar” o foco do seu assalto sobre todo o restante da população e criminalizar a política e o Estado, que são, precisamente, quem pode diminuir o crime de uma elite da rapina, que domina o mercado e o Banco Central, sobre uma população indefesa.
Indefesa posto que lhes foram retirados os mecanismos para compreender quem provoca sua ruína e sua pobreza.

A “Vaza Jato” é a forma moderna desse esquema criminoso e faz o mesmo que Lacerda fez com Getúlio Vargas em 1954.
Com o apoio da mesma Rede Globo, dos mesmos jornais e da mesma mídia.
Também não ficara provado que Getúlio tivesse roubado um centavo, assim como não ficou provado que Lula tivesse cometido qualquer ilegalidade.

Mas a “Vaza Jato” fez mais que Lacerda.

Uma turma de deslumbrados medíocres meteu os pés pelas mãos e comprometeu a dignidade do MP e da Justiça ao fazer justiça com as próprias mãos.

Processos sabidamente falsos e manipulados mudaram a vida política brasileira e empresas criadas com o esforço e a luta de várias gerações de brasileiros foram entregues de bandeja aos americanos e seus aliados.

A elite nacional fica com as sobras desse roubo.

Tudo graças ao “trombadinha da elite do atraso”, Sérgio “Malandro” Moro, e à sua quadrilha no MP.

Mas o pior componente dessa história é o fator que explica a colaboração maciça da classe média branca ao seu herói:
o racismo covarde contra os mais frágeis, os negros e os pobres.

Se a elite quer roubar à vontade, a classe média branca, majoritariamente italiana em São Paulo e no Sul – como o próprio Moro – e portuguesa no Rio de Janeiro e no Nordeste, quer humilhar, explorar e impedir qualquer ascensão social dos negros e pobres.

Nossa classe média branca, importada da Europa, foi criada para servir de bolsão racista entre elite e povo negro e mestiço.

Se retirarmos a capa superficial de “moralidade”, mero enfeite para Moro e sua quadrilha, o que sobra unindo e cimentando a solidariedade de toda essa corja é o racismo cruel e covarde contra a população negra e mais humilde, o foco do lulismo.

Em virtude disso, o ódio a Lula é a mera “personalização” do ódio ao negro e ao pobre.

Como o racismo entre nós não pode ser explicitado, nem por psicopatas como Bolsonaro e Witzel, devido à nossa tradição de “racismo cordial”, a “corrupção seletiva” sempre apenas dos líderes populares foi criada para ser uma capa de “moralidade” para o racismo real.

Assim, todos os canalhas racistas que elegeram Bolsonaro e se identificam com Moro podem, ainda, dormir com a boa consciência de que representam a “fina flor da moralidade”.

É com essa canalhice brasileira que a revolução de Glenn Greenwald está ajudando a acabar.

https://twitter.com/luisnassif/status/1142146499880595457
https://jornalggn.com.br/artigos/o-que-significa-o-colapso-da-vaza-jato-por-jesse-souza-2/

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/D9irQpyXUAMm5pZ.jpg
A Mando do Juiz Sergio Moro, os Procuradores da República do Paraná, Deltan Dallagnol Carlos Lima, tramaram a exclusão da Participação da Procuradora Laura Tessler na audiência do interrogatório do ex-presidente Lula, na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Isso só já seria suficiente para declarar a Suspeição do Juiz.

https://twitter.com/MidiaNINJA/status/1141850821287694337

Nelson

Bueno. Como me disse um colega, quando eu afirmei que Lula foi preso sem provas: “provas neste momento são irrelevantes”.

Ademais, como o próprio Dallagnol afirmou, quando da apresentação do famoso Powerpoint, “eu não tenho provas, mas tenho convicção de que Lula é culpado”.

Assim, essa regra não deveria valer agora para imputar culpa a Moro e ao procurador temente a Deus?

Zé Maria

As mensagens só serão excluídas definitivamente do Telegram,
se todos os membros do Grupo, sem exceção, desativarem a conta.

“O Telegram garante que pode recuperar as mensagens
se um dos destinatários não as apagou.
Ficam guardadas no servidor do aplicativo.”

https://www.esmaelmorais.com.br/2019/06/telegram-pode-recuperar-mensagens-de-moro-diz-aplicativo/

Zé Maria

Bomba! Vazou o último diálogo entre Moro e Dallagnol:

-Liminha: A coisa do Telegram tá ficando perigosa…
-Dallagnol: Eu tô com Deus e não tenho nada a temer.
-Moro: É Verdade. Quem não deve não teme…
-Fux: Deixa que eu mato no peito.
-Tessler: In Moro, We Fucks … With Lula.
-Moro: Pensando bem, por via das dúvidas, aproveitem que tá um dia de céu limpo, ensolarado e ‘sem nuvens’,
e DELETA TUDO, PelamorDeDeus!!! …

Zé Maria

Pra variar, a Inoperância da Cúpula do Judiciário
e do Próprio MPF está engavetando a ilicitude
de seus Membros.
Da Controladoria Geral da União nem se cogita…

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