Política cultural
Verba pública financia microsséries da Globo que fracassaram no cinema
Por DANIEL CASTRO, em 24/11/2013 · Atualizado às 17h06
A Globo exibirá em janeiro no formato de microssérie dois filmes brasileiros lançados recentemente. Em comum, O Tempo e o Vento e Serra Pelada têm o fato de terem sido financiados por dinheiro público e de terem fracassado nos cinemas. Juntos, consumiram mais de R$ 13 milhões em renúncia fiscal e só arrecadaram R$ 11,7 milhões até o último dia 17.
De Jayme Monjardim, diretor de novelas da Globo, O Tempo e o Vento é uma superprodução para os parâmetros brasileiros. Segundo a Ancine (Agência Nacional do Cinema) custou R$ 14 milhões. Quase metade desse orçamento (R$ 6,5 milhões) saiu dos cofres públicos, via incentivos fiscais para a produção de filmes.
Nos cinemas, O Tempo e o Vento recuperou pouco mais da metade de seus custos. Segundo o site Filme B, que monitora bilheterias nacionais, até o último dia 17 o longa havia arrecadado R$ 7,6 milhões. Foi visto por 707 mil espectadores.
A Globo exibirá O Tempo e o Vento em três capítulos, de 1 a 3 de janeiro, depois de Amor à Vida. Se der 20 pontos no Ibope da Grande São Paulo, terá sido cinco vezes mais visto do que nos cinemas.
Já Serra Pelada teve produção mais modesta. Custou R$ 8,4 milhões, dos quais R$ 6,8 milhões, ou 81%, foram financiados por incentivos fiscais. Segundo o Filme B, foi visto por 389 mil espectadores, arrecadando R$ 4,1 milhões. A Globo a exibirá em quatro episódios, de 21 a 24 de janeiro.
Globo sócia
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O dinheiro público, via vários mecanismos de incentivos fiscais, é o principal instrumento de política cultural no Brasil. Sem esses mecanismos, pelos quais empresas (a maioria estatais, como Petrobras e Caixa) deduzem de impostos a pagar o que investem em filmes e projetos culturais, não haveria cinema nacional.
A Globo participa dessa “engenharia” por meio da Globo Filmes. Entra como sócia dos filmes cedendo diretores, atores e mídia, ou seja, publicidade. Sem colocar dinheiro diretamente, geralmente fica com 15% dos direitos dos longa-metragens. E tem a preferência para exibir os filmes na TV, às vezes os transformando em microsséries.
Outro lado
A Globo reconhece que O Tempo e O Vento e Serra Pelada “foram financiados por dinheiro público, via incentivos fiscais aplicados por empresas estatais”.
Mas não concorda com a afirmação de que “dinheiro público financia minisséries” da emissora. “A Globo não captou dinheiro público para fazer a minissérie. Através da Globo Filmes, que é coprodutora dos dois filmes, captou para fazer os filmes, pois esse é o principal modelo de fomento do cinema nacional’, argumenta a área de Comunicação da rede.
PS do Viomundo: Confesso que não entendi a distinção feita pela Globo. Como diria o Zé Simão, tucanaram a lei Rouanet. Aliás, num país em que o Ministério da Cultura “patrocina” o Holiday on Ice…
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Comentários
Sala Fério
Concordo que é bola fora patrocinar o Holliday on Ice (gostaria até de saber como isso funciona e a razão das aspas). As minisséries também acabam sendo uma mamata, já que o patrocínio é para Cinema. Se fossem exibidos na tv como filmes, não acho que haveria nada de extraordinário, já que vários filmes são exibidos como tal na tv.
Marise de Morais
A globo não perde nunca, os filmes financiados com dinheiro público e transformados e minisséries serão comercializadas no mercado a preço de ouro.Pra fechar o ótimo negócio dos milionários irmãos marinhos só falta a Petrobras comprar uma cota de patrocínio.
Messias Franca de Macedo
O CINISMO DA REDE GLOBO “EXIGE QUE O BANCO DO BRASIL RECUPERE OS QUASE SEIS MILHÕES CREDITADOS NA CONTA DA PRÓPRIA GLOBO”! Pausa para rir! ENTENDA A LAMBANÇA!
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Banco do Brasil cobrará na Justiça verba desviada por mensaleiros
Instituição financeira tentará recuperar os R$ 73,8 milhões desviados do fundo Visanet
Gabriela Valente (Email)
Publicado: 23/11/13 – 20h30
Atualizado: 23/11/13 – 21h33
FONTE, pasme: http://oglobo.globo.com/pais/banco-do-brasil-cobrara-na-justica-verba-desviada-por-mensaleiros-10866340
RESCALDO: “a pobre” da jornalista provavelmente ainda “não tomou conhecimento do ‘protagonismo’ dos patrões nesta história, digamos, macabra…”!
EM TEMPO: “As elites são tão estúpidas que desprezam as próprias ignorâncias!” Eduardo Galeano, eminente escritor e pensador humanista uruguaio
República de ‘Nóis’ Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo
Marat
É aquela questão do sim negativo e do não positivo. Creio que aprenderam com o Rolando Lero!
FrancoAtirador
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Realmente, a Rede Globo não capta dinheiro.
A Globo ‘captura’ dinheiro público e privado.
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FrancoAtirador
(http://oantipig.blogspot.com.br)
[email protected]
Azenha, além do Holiday on Ice o Ministério da Cultura financia, também, o Cirque du Soleil. Bão, né?
Nelson
O que será dos competentes, pujantes e eficientes empresários privados no dia em que a generosa “vaca de divinas tetas” cortar-lhes os financiamentos quase a fundo perdido?
Mardones
Um país onde os ministério são ocupados por candidatos derrotados ou preteridos em pleitos eleitorais só pode dar nisso.
Na semana passada, precisei procurar na internet o nome do ocupante da pasta da Cultura.
As ações do ministérios da Cultura têm sido tão ‘impactantes’ que nem lembrava o nome do ocupante da pasta. rs rs rs.
Mário SF Alves
É… mais essa. Pelo visto, somos mesmo crianças vivendo só de esperança.
Em tempo: Sem trocadilho. Por favor. Favor???
pierre
Enquanto a gente fica gastando saliva e, muitas vezes, provocando até inimizades desdizendo o noticiário “honesto” e os comentários “otimistas” da globo em relação ao governo, este mesmo governo, apedrejado pela globo, enche o seu caixa com dinheiro público. Dar murro em ponta de faca, por mais nobre que seja a causa, cansa, dói.
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