Manifesto denuncia: Proposta do governo pode acabar com o SUS

Tempo de leitura: 5 min

FRENTE NACIONAL CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE, via e-mail

Manifesto de Repúdio à Proposta do Governo Federal de Subsidiar os Planos Privados de Saúde

A Frente Nacional contra a Privatização da Saúde repudia o conjunto de medidas que, segundo notícia veiculada na Folha de S. Paulo em 27/02/2013), o Governo Federal prepara desde o início do ano e que amplia a trilha da privatização da saúde em curso, através da radicalização do favorecimento já amplo ao mercado de planos e seguros de saúde.

Na reportagem é relatado que a própria Presidenta, pessoalmente, vem negociando com grandes empresas que atuam no mercado de planos privados de saúde – a maioria controlada ou com grande participação do capital estrangeiro e grandes doadoras da campanha presidencial de Dilma Rousseff – um pacote de medidas que transferirão mais recursos públicos para suas já vultosas carteiras através de redução de impostos, novas linhas de financiamento e outros subsídios a expansão do seu mercado.

Tal proposta consistiria na prática em universalizar o acesso à saúde das pessoas através de planos e seguros privados, e não através de serviços públicos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O preceito constitucional da saúde como direito é ferido mortalmente, ao ser substituído por uma abordagem da saúde como mercadoria a ser mais amplamente consumida, especialmente para as chamadas classes C e D, para impulsionar o atual modelo de desenvolvimento.

Esta pode ser a formalização final para a instituição de um seguro saúde e criação de um Sistema Nacional de Saúde integrado com o setor privado, tendo como consequência acabar com o SUS ou torná-lo um sistema focalizado, consagrando o processo de universalização excludente que vem ocorrendo desde os anos 1990 com a saída dos trabalhadores melhores remunerados que foram impulsionados à compra de serviços no mercado privado devido ao sucateamento do SUS.

Esse movimento faz parte do mesmo processo de aprofundamento da subordinação do país ao grande capital financeiro, atrelado aos interesses do imperialismo. Contra fatos não há argumentos: há um crescimento no número de usuários de planos de saúde de 34,5 milhões, em 2000, para 47,8 milhões, em 2011, tendo o Brasil se tornado o 2º mercado mundial de seguros privado, perdendo apenas para os Estados Unidos da América.

A referida medida que beneficia os planos privados é anunciada poucos meses depois da venda de 90% da AMIL, maior operadora de planos privados de saúde do Brasil, para a empresa norte-americana United Health, e do anúncio do seu fundador, Edson Godoy Bueno, um dos maiores bilionários brasileiros, da meta destes planos atingirem 50% da população brasileira, ou seja, duplicar a sua cobertura para 100 milhões de brasileiros. A estratégia anunciada pela United Health para o Brasil é crescer entre o público de baixa renda.

Tal política não responde aos interesses da maioria da Nação: sistemas de saúde controlados pelo mercado são caros, deixam de fora idosos, pobres e doentes, são burocratizados e desumanizados, pois as pessoas são tratadas como mercadorias. Se o SUS hoje não responde aos anseios populares por uma saúde universal de qualidade de acordo com a Constituição de 1988 não é pelas deficiências do modelo – há modelos de sistemas universais como Reino Unido e Cuba, amplamente bem considerados pela população e com indicadores de saúde melhores dos que o sistema de mercado da nação mais rica do planeta, os EUA – mas porque os governos não alocam recursos suficientes, não cumprem a legislação e porque a democracia, expressa no controle da sociedade sobre o sistema de saúde, não é respeitada.

O que se constata é que o Estado está cada vez mais mínimo para o SUS e máximo para o mercado. A privatização desta vez não é de forma travestida de modernização da gestão, como no caso dos “novos” modelos de gerenciamento: Organizações Sociais (OSs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), Fundações Estatais de Direito Privado (FEDPs), Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e Parcerias Público-Privada (PPPs). Ou mesmo na forma da complementariedade invertida, em que a rede privada em vez de ser complementar à pública, tem absorvido 62% dos recursos públicos destinados aos procedimentos de alta e média complexidade, através de convênios e contratação de serviços da rede privada pelo SUS.

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A atual inflexão, se confirmada, vaticina uma total derrota do Movimento da Reforma Sanitária, que na 8ª Conferência Nacional de Saúde defendia uma progressiva estatização do setor, pois o inverso é que se materializaria. Tornar- se-ia absoluta, e em níveis nunca antes vistos nesse país, a tendência da nossa história recente de alocar cada vez mais os fundos públicos para o setor privado da saúde em detrimento da ampliação do setor público para a garantia do direito de todos à saúde e do dever do Estado de prestar serviços à população.

Por que o governo tem recursos para subsidiar o setor privado e não tem para ampliar a rede pública de saúde? Por que o governo não atende às demandas dos movimentos sociais, das Conferências Nacionais de Saúde e dos Conselhos de Saúde para destinar 10% da receita corrente bruta da União para a saúde pública? Por que a regulamentação da Emenda 29 não trouxe recursos novos para o SUS como estava previsto? Por que se aprofunda a precarização da força de trabalho na saúde e a terceirização dos serviços de saúde? Por que se mantém a DRU (Desvinculação das Receitas da União)? Porque há uma Lei de Responsabilidade Fiscal draconiana e nenhuma lei de responsabilidade sanitária ou social? Por que não se respeita o controle social?

A Frente Nacional contra a Privatização da Saúde tem empreendido lutas contra todas as formas de privatização que vem ocorrendo após os anos 1990. Contra o desmonte do SUS público estatal e às medidas do atual governo de fortalecimento do setor privado de saúde, a Frente reafirma suas bandeiras:

• Defesa incondicional do SUS público, estatal, universal, de qualidade e sob comando direto do Estado.

• Contra todas as formas de privatização da rede pública de serviços: OSs, OSCIPs, Fundações Estatais de Direito Privado, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares; e Parcerias Público Privadas.

• Contra a implantação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), impedindo a terceirização dos Hospitais Universitários e de ensino federais.

• Pela Inconstitucionalidade das Leis que criam as Organizações Sociais (OSs) e a EBSERH.

• Defesa de investimento de recursos públicos no setor público.

• Pela gestão e serviços públicos de qualidade

• Defesa de concursos públicos RJU e da carreira pública no Serviço Público.

• Contra todas as formas de precarização do trabalho.

• Pelo fim da Desvinculação das Receitas da União (DRU).

• Exigência de 10% da receita corrente bruta da União para a saúde.

• Defesa da implementação da Reforma Psiquiátrica com ampliação e fortalecimento da rede de atenção psicossocial, contra as internações compulsórias e a privatização dos recursos destinados à saúde mental via ampliação das comunidades terapêuticas.

• Pela efetivação do Controle Social Democrático.

• Por uma sociedade justa, plena de vida, sem discriminação de gênero, etnia, raça, orientação sexual, sem divisão de classes sociais!

FRENTE NACIONAL CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE

Março/2013

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clodoaldo

No Brasil existiu,em um certo tempo, um governo que era e ainda o são os políticos do partido que o loteou totalmente contra o serviço público gratuíto aos que não possuiam condições. Isso é tão fato que foi um período em que a indústria da educação (privada) mais evoluiu neste país deixando-nos muito aquém dos padrões presvisto, as universidades federais e o ensino de base foram os mais prejudicados, dentre outras atrocidades que foram feitas por aquele governo refém dos organismos internacionais de crédito. Tudo isso é fato e não falácea e alguns ainda acreditam neles incluo aí tambeém o PIG que defende os seus interesses. Acordem não deixem se enganar, pois tudo isso que o PIG está lançando e ainda vai lançar no ar já faz parte da campanha de 2014, não sejamos tolos. Eles podem rir de nós antes de dormir se acreditarmos.

Magda Maria Magalhães

Não sei se é mentira mas, onde há fumaça há fogo. Na Prefeitura de Belo Horizonte tinha clínica para os servidores e era pago só co-participação. Por exemplo, uma consulta com o cardiologista custava entre R$15,00 e R$20,00. No mandato passado (PSB + PT + PSDB, os principais) acabaram com a clínica, com a Beprem (tratamento dentário praticamente gratuito), implantaram a Unimed, além de co-participação paga-se mensalidade. Privatizaram, esta é a palavra.

Monica Fortes

Esse manifesto foi feito BASEADO EM UM ARTIGO EQUIVOCADO feito pela Folha. Equívocos dos quais não deveríamos mais nos surpreender.
A resposta do MINISTÉRIO DA SAÚDE a esse artigo equivocado do qual se baseou esse manifesto é esse aqui.

“Monica, vimos que você tuitou para o @padilhando, sobre o artigo questionado, ele não cita fontes oficiais, bem como outras notas e matérias a respeito. O Ministério da Saúde não está estudando ou analisando qualquer proposta deste tipo.
As únicas medidas em curso são ações de defesa do usuário de planos de saúde e suspensão daqueles que não atendem seus clientes nos prazos previstos. O ministro Padilha detalhou hoje em coletiva que os planos terão de justificar por escrito as negativas de cobertura. Saiba mais: http://bit.ly/YaZQS7
Continuamos à disposição para mais esclarecimentos.

Ministério da Saúde” – http://www.twitlonger.com/show/l88om1

O vídeo da coletiva do qual fala a mensagem é esse http://www.youtube.com/watch?v=C-WxIQPX3U0

Até por uma questão de responsabilidade jornalística. O mesmo destaque que foi dado aqui para os artigos equivocados e manifestos baseados nesses artigos equivocados, deve também ser dado para a resposta do Ministério da Saúde. Se não é o suficiente a resposta q o Ministério me deu, acho que não é difícil vcs obterem uma resposta mais ampla.

Espero encarecidamente não apenas a liberação das minhas mensagens aqui nos Comentários. Mas que acrescentem ao final da divulgação desse manifesto e dos artigos que postaram aqui esse tema a NEGATIVA do Ministério da Saúde sobre qq possibilidade de privatização do SUS.

A maioria que entra aqui, apenas lé os artigos e não se interessa pelo que comentamos sobre eles. Assim, precisa fazer-se mais clara a NEGATIVA do Ministério e do Ministro Padilha. Espero que vocês entendam e ATENDAM meu pedido.

Desde já um gradeço e abraços a todos.

    Cláudia Barcellos

    Seguem abaixo 2 links para o site de Consulta Pública do Ministério da Saúde – ambas já encerradas e com as colaborações contrárias completamente ignoradas(acho que fica bem clara a posição do governo federal):
    http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2012/Nov/13/CP19.pdf – Política Nacional de Atenção Hospitalar – PNHOSP
    http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2012/Nov/13/CP20.pdf – Contratualização Hospitalar
    Se, após a leitura, as pessoas que não acreditam que a saúde pública está sendo privatizada não mudarem de idéia, só me resta sugerir um curso de interpretação de textos.

    Monica Fortes

    Preciso de um curso de interpretação urgente. Pq li e não vi nada do jeito q vcs falam e gostei muito do que li.

carlos saraiva e saraiva

Acho extremamente irresponsável, lançar um manifesto, baseado em especulações, veiculadas por uma imprensa interessada no aprofundamento da privatização da saúde. Digo aprofundamento, pois a abertura à privatização está no capitulo da constituição que originou o SUS. A promiscuidade público-privada, sempre existiu, seja ao nível institucional, seja ao nível dos profissionais da saúde, em especial médicos. Esta promiscuidade exacerbou-se nos governos neoliberais. Os programas de saúde pública, vem sendo incentivados, aumentados, melhorados nos governos petistas. Mesmo na área de tecnologia médica, área universitária e de pesquisas.Quanto aos planos de saúde, traduzem uma realidade social e o governo ao contrário tem atuado firme, em seus desvios. Portanto, o foco da luta está desfocado, irresponsável e leviano.

lulipe

Vão ter que encontrar novas formas de eufemismos e malabarismos para tentar explicar este absurdo.Mãos à obra!!!!

ma.rosa

Valeu Conceição. Pedi e fui atendida. Estas matérias, textos e artigos, que denunciam o desmonte da saúde pública do país, tão discutida, batalhada por diversos segmentos da nossa sociedade desde antes da década de 80 e que viabilizou o SUS, precisam ser divulgados sempre. Estamos todos nós brasileiras(os)sob ataque de forças nem tão ocultas, da ganância privatista de empresários e corporações, entidades e políticos que fazem da saúde mero negócio!!!
Valeu, Viomundo.
PS: parabéns homens e mulheres do bem. Hoje o dia de todas(os).

    Fora Ebserh

    Há outra privatização envolvendo a saúde pública federal que é a criação da Ebserh, empresa pública de direito privado, que irá substituir a gestão das Universidades Federais sobre os Hospitais Universitários, num claro ataque à autonomia universitária e à saúde pública.

    O projeto (petista) de criação da Ebserh é do período Lula e foi aprovado este ano.

    Esta empresa permite a privatização e contratação terceirizada para os Hospitais Universitários Federais.
    O governo diz que inventou a Ebserh para substituir as contratações por Fundações, mas os números provam o contrário. Além disso, poderiam ter proibido as contratações por Fundações e autorizado mais concursos.
    É privatização mal disfarçada.

    Desde 2006, os órgãos de fiscalizações como o TCU já notificaram o governo federal a substituir os terceirizados, nas Universidades e nos HUs por servidores concursados estatutários, mas o governo preferiu manobrar e criar a Ebserh com contratação CLT e possibilidade de terceirização.
    O prazo para a substituição dos terceirizados foi várias vezes prorrogado, mas o governo nunca cumpre, tampouco autoriza vagas em concurso em número suficiente.

    Esta empresa Ebserh está sendo implantada atropelando a comunidade universitária em vários HUs, inclusive recentemente na Universidade do Triângulo Mineiro.

    Sugiro uma matéria sobre o papel da Ebserh na precarização dos HUs e como ataque à autonomia universitária e ao atendimento público da saúde no âmbito federal.

    É importante salientar que em muitos municípios do país, a única alternativa de atendimento via SUS é o atendimento em um Hospital Universitário Federal.

    A jornalista Elaine Tavares é servidora de uma universidade federal e conhecedora desta realidade, bem como os servidores destas universidades. Assim como parte da direção da Fasubra que não foi omissa durante a votação no Congresso.

    Em defesa da saúde pública e do SUS.

Mardones

E o pior é que é isso – a Dilma – que o PT tem a oferecer ao país em 2014. Mais e mais neoliberalismo e ‘distribuição’ de renda, mais ”nova” classe C, mais concessões, mais, mais e mais.

Essa versão petista já deu – literalmente – o que tinha de dar.

Monica Fortes

Eu escrevi de manhã para o @viomundo e não vi em nenhum lugar a resposta. Bem, lá vou eu de novo. Já postei em outro artigo sobre esse assunto e ainda não vi liberarem a postagem. Já comentei no twitter do @viomundo e também não obtive resposta e nem a divulgação aqui. Assim, insistirei e espero que seja divulgada a resposta do Ministério da Saúde.
Eu fiquei estarrecida com as matérias sobre a privatização do SUS e enviei uma pergunta ao ministro Alexandre Padilha. Ele me respondeu e desejo que a resposta dele e do Ministério da Saúde sejam divulgadas aqui.

https://twitter.com/padilhando/status/309616006853173248

https://twitter.com/padilhando/status/309646356685938688

https://twitter.com/minsaude/status/309693432186675200

Agora, eu fiz esses questionamentos simplesmente usando o canal de comunicação com o Min. Saúde no twitter. Se eu consegui, eu imagino que vocês conseguiriam. Por que não fizeram? Para ouvir o lado do Ministério da Saúde e do Governo Federal? Espero encarecidamente a DIVULGAÇÃO desse esclarecimento. Importante.

Abraços.

    Ernesto

    Larga de ser enjoada, contra fatos não há argumentos. Você vive onde? No país das maravilhas da Alice? A maioria do que foi exposto aqui está ocorrendo descaradamente dia após dia. Já sei, aposto que você não usa o SUS, ou usa? Por que você não tenta responder as perguntas que o autor do artigo fez? Aprenda a interpretar textos e vá ser feliz. Tem mala pra tudo.

FrancoAtirador

.
.
Ao menos uma explicação o governo federal

deveria dar ao seguinte questionamento:

Por que os planos privados de saúde

se utilizam da estrutura física,

desde hospitais até equipamentos,

da rede pública que deveria servir

exclusivamente aos usuários do SUS?

Isto é, por que os planos de saúde

não possuem infraestrutura própria?
.
.

Beatrice

Nada a surpreender se lembrarmos que em meio ao fogo cerrado da campanha de 2010 dona Dilma teceu elogios ao sistema das OS implementado pelas aves bicudas em SP.
Com a palavra o Doc SOS SAUDE de Michael Moore, cada vez mais atual.

J Souza

Vai aparecer aqui um monte de petistas dizendo “não é bem isso…”, “isso é boato!”, “qual a prova de que é verdade?”… E ai, quando se vir, já estará tudo implementado, imposto, como o novo plano de carreira do magistério superior, a EBSERH, a desoneração dos ricos das multinacionais, mais empréstimos do BNDES para empresas mal geridas e por ai vai…

Afinal de contas… É para isso que a patrulha ideológica do PT serve nas redes sociais e blogs… Para tentar calar qualquer voz que seja discordante diante das práticas neoliberais do partido…

Nos tornamos eleitores órfãos…

Fabio Passos

Excelentes as bandeiras da Frente Nacional Contra a Privatizacao da Saude.
E realmente lamentavel que o governo Dilma promova aventuras privatas na saude.
Saude nao e mercadoria para corporacoes fazerem lucro. Saude e direito.
Deveriamos acabar com os planos de saude e garantir atendimento igualitario para todos os brasileiros pelo SUS.

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