Fernando Siqueira: a Pemex e os mitos forjados contra a Petrobrás
03/05/2013
Vice-presidente da Aepet rechaça supostas vantagens da abertura do setor do petróleo, iniciada por FHC
Em visita ao México, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, desmentiu mitos sobre as supostas vantagens da abertura do setor de petróleo no Brasil, iniciada por Fernando Henrique, e esquentou o debate naquele país cujo atual presidente, Pieña Nieto, tenta privatizar a Pemex (Petróleos Mexicanos). A visita foi a convite da Associação dos Engenheiros da Pemex.
por FERNANDO SIQUEIRA
Em 2008, a Associação dos Engenheiros da Pemex, face a iminente privatização da petroleira pelo Presidente Calderón, que propagava na mídia o sucesso da abertura do setor petróleo no Brasil, convidou a Aepet para mostrar a realidade para os mexicanos.
Assim, estivemos, eu e o engenheiro Murilo Marcato, por uma semana, naquela capital. Fizemos conferências em vários lugares, como a Universidade Federal, a Câmara Federal, a Associação dos Engenheiros da Pemex e vários outros.
Daí, resultou entrevista no segundo jornal do País, o La Jornada, de quatro páginas. Essa entrevista levou a CNN en Español a nos entrevistar por 25 minutos.
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Nesta entrevista, concluímos com a frase: “Não é a Pemex que deve imitar a Petrobrás, mas a Petrobrás é que deve imitar a Pemex e voltar a ser a executora única do Monopólio Estatal do Petróleo, da União”.
Esses fatos repercutiram fortemente, tendo a CNN levado ao ar a entrevista por cinco vezes no dia seguinte. Isto ajudou a paralisar o processo de privatização da PEMEX, fazendo com que Calderón mudasse de estratégia, passando a fazer contratos ilegais com empresas estrangeiras, entre elas a Schlumberger.
Como o presidente atual, Pieña Nieto, resolveu retomar o processo com argumentos novos, entre eles os mitos plantados pela mídia brasileira, fomos novamente convocados para desmontá-los.
Assim, fizemos duas conferências na cidade de Guadalajara, além de uma conferência de duas horas no Senado Federal, coordenada pelo Senador Manuel Bartlett Diaz, que presidiu o evento.
MITOS E REALIDADES SOBRE A PETROBRÁS
Assim como o chamado PIG – Partido da Imprensa Golpista, que defende o interesse do capital estrangeiro no Brasil –, no México também prevalece essa mídia predatória, que, integrada com a brasileira, copiou e faz marketing com os mitos lançados no Brasil.
Por esta razão, os mexicanos convidaram a AEPET para, a exemplo de 2008, rebatermos os argumentos do novo presidente, Pieña Nieto, que afirma que foi boa a abertura do monopólio do petróleo no Brasil, e utiliza os mitos da mídia. Desmentimos esses mitos em Guadalajara, no Senado e na TV CNN em Español, que nos entrevistou por 30 minutos através da competente âncora Carmen Aristegui (a mesma de 2008).
Os Mitos que desmentimos:
1) “A abertura do setor petróleo foi boa para Brasil”.
Falso: A Lei 9478/97, de Fernando Henrique Cardoso, foi muito má para a Petrobrás e péssima para o Brasil.
— Para a Petrobrás, porque teve 36% de suas ações vendidas na Bolsa de Nova York. Assim, a Petrobrás teve que submeter-se à lei americana “Sarbanes–SOxley”, que é uma lei muito rigorosa, promulgada depois de uma série de quebras de companhias americanas importantes, como Enron e Worldcom. O objetivo desta Lei foi evitar novas quebras.
Então a Petrobras perdeu a autonomia de poder fazer seu orçamento e seu próprio planejamento. Perdeu também sua liberdade de escolher seus melhores investimentos. Todos os meses os presidentes de Petrobrás têm sido obrigados a ir a Nova Iorque para prestar contas e submeter-se a questionamentos de acionistas estrangeiros. Muitos deles associados às companhias competidoras da Petrobrás.
— Para o Brasil, porque, por esta Lei, em seu artigo 26, todo o petróleo produzido passou a ser propriedade de quem o produz. Hoje, as companhias estrangeiras produzem 5% da produção do País e 100% desta produção é delas.
Se o presidente Lula não tivesse mudado a lei, com o pré-sal, as estrangeiras iriam aumentar sua participação na produção até que se tornassem donas de todo o petróleo do Brasil.
Esta era a intenção do presidente Fernando Henrique: desnacionalizar a Petrobrás e o petróleo brasileiro. Tentou até mudar o nome para Petrobrax, para facilitar a pronúncia para seus futuros donos anglo-saxões. Diante da forte reação nacional, teve que desistir da ideia.
2) “A Lei de FHC, fez a participação do petróleo no PIB passar de 3% a 12%”
Falso: A causa foi o aumento do preço do petróleo: nessa época, o preço do barril era de 10/12 dólares; hoje, está em cerca de 115 dólares por barril.
3) “A abertura permitiu o descobrimento de pré-sal”.
Falso: A Petrobrás iniciou as pesquisas do pré-sal na década de 1960, a partir da teoria das placas tectônicas. Como a profundidade do oceano é muito grande, de mais de 2.000 m, os investimentos eram muito altos e o risco também.
Assim, a Petrobrás teve que esperar o avanço da tecnologia da sísmica para ter a segurança de que a perfuração chegaria ao objetivo com precisão.
Quando a sísmica avançou em seu desenvolvimento tecnológico e alcançou a terceira e a quarta dimensões, isto permitiu eliminar as distorções e adquirir mais segurança na perfuração além de mais conhecimento das características dos reservatórios petroleiros.
Assim, em 2006, se iniciou a perfuração do primeiro poço do pré-sal e se descobriu a maior província petrolífera do mundo atual.
Cabe recordar que esta área do pré-sal esteve durante 13 anos sob o controle das companhias estrangeiras por conta dos contratos de risco do governo de Ernesto Geisel. Portanto, se não fosse a Petrobrás, jamais se teria descoberto o pré-sal.
4) “A abertura permite a introdução de novas tecnologias”
Falso: As companhias petrolíferas contratam empresas independentes que se encarregam de resolver os três principais gargalos tecnológicos. Não são as companhias petroleiras estrangeiras que criam a tecnologia, pois elas a adquirem de companhias especializadas que prestam seus serviços a qualquer petroleira privada ou estatal.
Quem primeiro demandou essa tecnologia foi a Petrobrás que, assim, ajudou as empresas nesse desenvolvimento tecnológico sendo, portanto, a que mais conhece. De sorte que realizam a perfuração companhias especializadas neste serviço. É importante recordar que as companhias estatais têm sobre si o controle da sociedade e não incorrem em riscos que comprometam a segurança.
A título de exemplo se pode citar a perfuração no campo de Macondo, aqui, no Golfo do México, em que a perfuradora Transocean perfurou um poço para a British Petroleum. Esta última ordenou que a Transocean deixasse de fazer a cimentação completa do poço por economia. Esta falta de cimentação adequada levou a um acidente que afundou a plataforma e, inclusive, provocou a morte de onze trabalhadores.
A Transocean também perfurou para a Chevron, no campo de Frade, no Brasil, e teve sério acidente. A Chevron também lhe mandou economizar no investimento e não realizou o revestimento necessário para isolar o primeiro nível do reservatório petrolífero, condição necessária para avançar ao segundo reservatório, mais abaixo.
Existia o risco de que este último tivesse uma pressão mais alta, o que ocorreu, provocando a ruptura do reservatório do primeiro nível com um grande derrame que não puderam controlar até este momento.
A Transocean teve que aumentar o peso da lama de perfuração e ultrapassou a resistência mecânica do reservatório superior, o que causou o rompimento do invólucro externo do reservatório, provocando um derrame permanente de petróleo.
Por outro lado, a Transocean já perfurou mais de 25 poços para a Petrobrás no pré-sal sem que houvesse qualquer acidente.
A diferença consiste em que a Petrobrás, sendo una empresa estatal, controlada pela sociedade, não põe em risco a segurança. Não busca somente o lucro, como as petroleiras privadas. Ela se preocupa muito mais com a estratégia nacional, com o meio ambiente e com o bem estar da sociedade. Os outros gargalos tecnológicos são a completação submarina e a linha flexível.
Em ambos os casos, a Petrobrás ajudou no desenvolvimento da tecnologia, mas são essas companhias que fabricam e vendem, para ela e para todas as petroleiras.
5) “As empresas estrangeiras geram mais empregos no País”
Falso: A Petrobrás é a empresa que mais compra e contrata serviços no País.
Ela já chegou a comprar 95% dos materiais e equipamentos no País. E, repassando tecnologia, ajudou a criar 5.000 empresas fornecedoras de equipamentos do setor petróleo, as quais foram destruídas pelos governos Collor (redução de 30% das tarifas de importação) e Fernando Henrique (emissão do decreto 3.161, o Repetro, que isenta as empresas estrangeiras de imposto de importação e não isenta as nacionais).
ATAQUES
Além de desmentir os mitos, mostramos um pouco da semelhança entre a criação e os ataques à Pemex e à Petrobras. Um mês e onze dias após a nacionalização do petróleo mexicano pelo presidente Lázaro Cardenas, o presidente Getúlio criou o Conselho Nacional do Petróleo e nomeou o general Horta Barbosa para presidi-lo.
Barbosa foi levado à demissão, por pressão da Standard Oil. Mostramos trechos do discurso de Horta Barbosa no Clube Militar, que gerou o maior movimento cívico do País: a campanha “O Petróleo é nosso”. Mostramos ainda a carta-testamento de Getúlio Vargas, que explicita o nível de pressões das multinacionais.
Falamos que, em 2001 o Credit Suisse First Boston apresentou ao presidente Collor um plano para privatizar a Petrobras por partes: vender as suas subsidiárias (o que ocorreu) e depois dividir a holding em unidades de negócio, transformá-las em subsidiárias para privatizar.
A Aepet lutou muito contra essa divisão e FHC a adiou para 1999. Mas, em 1992, a Pemex foi dividida em sete subsidiárias, com 7 sub-administradores, o que gerou grande confusão na gestão da Companhia.
Hoje, a Pemex tem 42 sub-administradores e a Petrobrás 40 unidades de negócio, que começaram a ser privatizadas pela REFAP.
A Aepet subsidiou o Sindipetro-RS, o qual entrou com uma ação e ganhou a liminar, interrompendo o processo; assim como a Pemex, a Petrobrás sofre interferências indesejáveis do Governo Central.
A Pemex está em pior situação, pois o Governo controla o seu orçamento, estrangula a companhia e fica com 70% da renda do petróleo.
Mostramos um pouco da geopolítica do petróleo, a sua importância estratégica e a dependência e insegurança energética dos países desenvolvidos; mostramos um pouco da formação e o potencial do pré-sal, a Lei de FHC que entregava todo o petróleo a quem produzisse e o esforço do Governo Lula para rever essa legislação que lesa a Pátria.
Por fim, mostramos os telegramas do Wikileaks trocados entre as multinacionais e suas matrizes, e do consulado americano para a Casa Branca, que falam, entre outras coisas, o seguinte:
1) “O contrato de partilha é ruim para nós. A propriedade do petróleo sai do nosso controle e volta para a União, que é a dona”;
2) “A Petrobrás sendo a operadora única, prejudica as nossas empresas de fabricação de equipamentos de petróleo. A Petrobrás compra no Brasil”. (Esclareci que a Petrobrás, como operadora, inibe os dois maiores focos de corrupção na produção de petróleo: o superdimensionamento dos custos de produção – as produtoras são ressarcidas em petróleo – e a medição do petróleo produzido);
3) “Vamos intensificar o lobby no Congresso Nacional para rever tudo isto, usando o IBP, a Fiesp e a Onip; mas temos que ter muito cuidado para não despertar o nacionalismo dos brasileiros”.
Esta última gerou uma fala de um dos integrantes da mesa do Senado que concluiu a sua intervenção: “Vamos a partir de agora trabalhar para despertar o nacionalismo dos mexicanos para defendermos nossas riquezas minerais”.
Conclusão importante foi a exortação geral pela criação de uma frente parlamentar e tecnológica latino-americana, liderada por Brasil e México, para defender os nossos recursos naturais e a nossa tecnologia. O senador Manuel Bartlett, anfitrião e presidente do evento, gostou muito quando lhe dissemos que o senador Roberto Requião se colocou à disposição para liderar a frente parlamentar no Brasil.
Todos os eventos tiveram grande repercussão.
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Comentários
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[…] Como no Brasil, mídia predatória do México age pela privatização […]
Eduardo Guimarães: JN transforma notícia boa em desgraça – Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Como no Brasil, mídia predatória do México age pela privatização […]
Miguel do Rosário: Pelo amor de Deus, Damatta, quanta besteira! – Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Como no Brasil, mídia predatória do México age pela privatização […]
Nelson
AS privatizações têm ganhadores certos; foram pensadas e implementadas para isso. E, entre esses ganhadores, não encontraremos trabalhadores, estudantes, as donas de casa, o povo de um modo geral. Isto vale para o Brasil e também para qualquer outro país.
Esses ganhadores certos são as grandes corporações, os grandes empresários; enfim, o grande capital, nacional ou estrangeiro.
Nelson
“Falamos que, em 2001 o Credit Suisse First Boston apresentou ao presidente Collor um plano …”.
Há um problema na frase acima. Em 2001, o presidente era FHC e não Collor.
Marcelo Gaúcho
A Pretrobrás é o alicerce para o Brasil virar potência.
Carlos Tautz: O BNDES e nós, os perdedores nacionais – Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Fernando: Pemex deve copiar Petrobras, não vice-versa […]
Ana Cruzzeli
NOSSA, FOI NA TESTA do Pig mexicano
E esse presidente mexicano hein…Oh cara mais safado,igual ao nosso traidor mor.
O Lula teve muito estomago para ir lá e tirar foto com a criatura, afinal os pobres mexicanos é que estavam na jogada e como ele sempre diz: Se preciso for para ajudar os pobres até me alio ao diabo.
P.S. Fica claro que Dilmita quando criou legislação sobre o pré-sal foi altamente PATRIOTA, e fica clarissimo que a partilha dos 30% das reservas se deve ao grande TRAIDOR da pátria, o nosso Corno Diamante, o sociologo de MERDA, nosso mamífero quadrúpede de estimação, Bambi.
Siqueira: Petrobrax ia quebrar o Brazil | Conversa Afiada
[…] Fernando Siqueira: Como no Brasil, mídia predatória do México age pela privatização do petróle… […]
augusto2
Agora mesmo, outro mexicano, Herminio Blanco disputa com o brasileiro roberto azevedo a chefia da OMC, sigla inglesa WTO – A organizaçao mundial do comercio.
Depois q ficou claro que o ‘sul’ todo vai para o lado do brasileiro, os europeus escolheram o mexicano. Acontece que o cara é cavalo de troia de uoxington, formado até na tristemente famosa escola de chicago.
Mesmo que a gente falhe e naoganhe, segue como novo passo no processo mundial para jogar no lixo toda a estrutura das “instituiçoes multilarais [FMI,BID, WTO,AIEA, OEA etc] que tornou possivel manter o poder e a fachada democratica do hemisferio norte por tanto tempo.
É lutar para demolir essa bastilha. Pena q a Dilma achou que um maria.vai.coas.outras no Itamaraty ajudaria alguma coisa.
Mardones
Podem fazer um estágio lá na Venezuela e aprender como nacionalizar o petróleo e dirigir os lucros de sua exploração para a população e não para os exploradores internacionais.
Vem aí mais uma rodada de leilão do nosso petróleo. Dilma, Gleisi e Graça estão alegres com esse crime.
Sérgio Luis J.
fhc foi o pior presidente que o Brasil já teve.
O mais baixo, vil e vendido.
Em seu funeral, farei questão de cuspir em seu caixão.
Fabio Passos
O roubo e global. Os interesses imperialistas utilizam a mesma tecnica para promover o saque. Primeiro identificam e aliciam entreguistas entre a “elite” local. A midia-lixo-corporativa e a ponta de lanca. Foi exatamente assim que praticaram o butim no Brasil.
Um traidor como fhc, que vendeu o pais para interesses estrangeiros, merece que punicao?
Julio Silveira
O mundo sob influencia Yanke tranborda em vendidos que, pelas verdinhas e interesses menores, se associam em apoio mutuo com argumentos para enganar os tolos.
Urbano
A cretinice está estampada: ‘e pode facilitar a privatização’. Como que estivessem maquiando a porcaria para vender a algum troxa…
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