Fanático por Aécio em Minas não paga salários e escala o Batalhão de Choque
Tempo de leitura: 4 minA obra de Chatô e os jornalistas de MG
Por Fernando Morais, no Facebook, via Altamiro Borges
Quem sai do elevador no segundo andar do prédio da Avenida Getúlio Vargas, 291, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, e vira à direita, a caminho da catraca que separa a redação do jornal Estado de Minas do resto do mundo, dá com um retrato, esgarçado pela passagem do tempo e pelo desmazelo, de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, o personagem a quem chamei de o Rei do Brasil na biografia que escrevi e foi transformada em filme com a direção de Guilherme Fontes.
Antes de morrer, Chatô fez o possível para evitar que seu império de comunicação ficasse nas mãos de sua família e fosse dilapidado pela falta de profissionalismo.
Criou um condomínio e deu o poder aos funcionários de confiança. Porém, os anos passaram e hoje quem comanda os Diários Associados é a família Teixeira da Costa.
O quinhão da família da histórica cidade de Santa Luzia veio de Geraldo Teixeira da Costa, o Gegê, que comandava o Estado de Minas à época de Chatô.
Gegê morreu jovem ao ser baleado por seis tiros de cartucheira na porta de sua mansão. As balas foram disparados pelo pai de uma adolescente de 15 anos que o comandante dos Associados em Minas havia seduzido. A adolescente trabalhava na casa dele como doméstica.
Álvaro Teixeira da Costa, o filho de Gegê, é o diretor-presidente dos Diários Associados.
Dr. Álvaro, como gosta de ser chamado, é engenheiro de formação e foi durante muitos anos diretor industrial dos Associados. Com habilidade política conseguiu costurar com os outros condôminos e assumir o grupo em todo o país.
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Quem manda de fato no grupo, porém, é o filho de Álvaro; Geraldo Teixeira da Costa Neto, o Zeca, como gosta de ser chamado. Zeca é um jornalista que nada fez de grandioso na profissão.
Na alta sociedade de Belo Horizonte e é conhecido por duas paixões que beiram o fanatismo: Aécio Neves e o Clube Atlético Mineiro.
Pai e filho ditam as regras de um grupo que flerta com a bancarrota e representam tudo que Chatô não queria. Os Associados se tornaram uma empresa familiar.
A ruína acontece por vários motivos, que vão da crise mundial ao modelo de negócio. Mas é inegável que a gestão errônea contribui para a derrocada do grupo.
A disputa entre funcionários e patrões deu visibilidade às cicatrizes expostas dos Diários Associados. Aquele que um dia foi o maior império de comunicação do país enfrenta uma profunda crise econômica.
O mês de janeiro está no fim e os trabalhadores da TV Alterosa (afiliada do SBT em Minas Gerais) e do Jornal Estado de Minas ainda não receberam o décimo-terceiro salário.
Fosse apenas o atraso do salário, talvez os funcionários tivessem suportado, fortes que são e habituados a levar pancadas. Mas somam-se ao débito vários atrasos nos repasses de FGTS, INSS, horas extras não pagas e um rosário de acintes à legislação trabalhista.
O descaso foi tanto que os funcionários da Alterosa e Estado de Minas fizeram uma paralisação geral no dia 28 de dezembro do ano passado.
Diante da falta de proposta para o pagamento os jornalistas do Estado de Minas (principalmente os repórteres) cruzaram os braços no dias 14 e 15 de janeiro. Se não foi algo inédito é surpreendente.
Quem vê de fora talvez não compreenda o que representa jornalistas fazerem greve. Não é comum.
As opções de trabalho são poucas, muitos não se veem como trabalhadores e se julgam parte de uma elite, apesar de seus contracheques mostrarem que estão longe disso.
O que os jornalistas dos Associados fizeram é algo histórico para a atual geração. De acordo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, sabe-se de duas greve. Uma no início da década de 1990, dos trabalhadores da Rede Globo e outra, em 1963, dos funcionários dos Diários Associados.
Os funcionários, aliás, não podem ser acusados de radicais. Seus representantes sindicais participaram de mais 40 audiências de mediação.
A intransigência dos condôminos dos Associados se escora em uma ameaça de redução de 30% da folha pagamento do grupo, o que representará um imenso corte no número de funcionários e, é claro, serve como ameaça para intimidar os jornalistas a não seguirem com as paralisações.
Acompanho de perto os movimentos em Minas Gerais e, se escrevesse uma edição atualizada de “Chatô”, uma das cenas que poderia ilustrar bem a atual conjuntura teve como cenário a Avenida Assis Chateaubriand, uma das principais de Belo Horizonte, onde está a sede da TV Alterosa.
No dia 29 de dezembro, uma manifestação dos funcionários na porta da TV Alterosa, inteiramente pacífica, foi surpreendida pela chegada de mais de cem policiais militares do Batalhão de Choque.
Segundo informação dos próprios militares, eles foram chamados por um funcionário da empresa, que ainda não foi identificado pelo comando dos Diários Associados.
Se chamar a polícia para bater em jornalistas ainda não é o fim, é algo muito próximo disso. Aos meus colegas de profissão desejo apenas que não esmoreçam.
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Comentários
FrancoAtirador
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Havia desconfiança de que os Esquadrões da Polícia Militar
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eram mandados pelos Donos de Jornal e TV. Agora há Prova.
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